segunda-feira, 31 de maio de 2010

CRÔNICAS IMPUDICAS

TRINTA DINHEIROS A JUROS

João Eichbaum

Trinta dinheiros foi o valor embolsado por Judas, um dos apóstolos, para entregar Jesus Cristo, o filho de uma certa Maria, de Nazaré, que era noiva de um tal de José, e de cujo casamento, por sinal, até hoje não se tem notícia.
Trinta dinheiros devia ser preço de tabela, porque os consumidores não reclamaram. Nem barganha houve, pelo que se sabe: foi toma lá e dá cá, me passa a grana e pode levar o Cristo.
Assim começou o cristianismo, com um capital inicial de trinta dinheiros.
Não fossem os trinta dinheiros, não haveria cristianismo, o filho da Maria não teria sido crucificado, teria morrido de velho e aí não haveria graça nenhuma. Iriam vender o quê os cristãos, para conseguir o capital, iriam captar onde os recursos para a montagem do seu negócio?
Tudo isso me ocorreu ao ouvir a seguinte publicidade, conclamando turistas, numa emissora do interior: “ a paróquia de Flores da Cunha estará promovendo, na próxima quinta-feira, a grande festa de “Corpus Christi”, com animação de banda, churrasco, jogos e diversões. Venha participar da festa, apreciando também as ruas enfeitadas para a procissão”.
Tudo de graça? Hã! Aqui, ó!
O corpo do Cristo até hoje está rendendo, a partir daqueles trinta dinheiros. Olhem as maravilhas da cristandade, as enormes igrejas, as basílicas, as obras de arte de valor inestimável, o fausto e a pompa do Vaticano, o apostólico turismo dos papas, e me digam: não foram realmente os trinta dinheiros que pariram toda essa riqueza?
Quem de vocês conhece algum capital que tenha rendido tantos juros?
Por isso, minha gente, festa e festa, com direito a feriado na próxima quinta-feira, todo mundo folgando, tudo por conta do corpo de Cristo que custou só trinta dinheiros. Amém.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Vigilante acusado de conivência em furto não ganha indenização por danos morais

A transportadora de valores Prosegur não terá que pagar indenização por danos morais a ex-empregado, apesar de tê-lo acusado injustamente, em boletim de ocorrência, de conivência em furto ocorrido nas dependências de um cliente. A decisão unânime é da 8ª Turma do TST (Tribunal Superior do Trabalho), que acompanhou voto da relatoria, realizada pela ministra Maria Cristina Peduzzi. Segundo ela, a descaracterização da justa causa por decisão judicial, por si só, não autoriza a condenação em indenização por dano moral, uma vez que não implica violação à honra do empregado, nem acarreta prejuízos de ordem moral e material. Para reconhecer o direito à indenização, seria necessária a constatação de conduta ilícita do empregador, o dano provocado e a relação de causalidade entre um e outro.
O TST acredita que a condenação da empresa foi baseada no registro de ocorrência policial referente ao furto. No entanto, explicou a relatora, o boletim de ocorrência, por si só, não acarreta dano ao trabalhador, porque teve como propósito apenas a apuração dos fatos, já que o empregado estava presente no momento do furto. Assim, como não foi constatada a prática de ato ilícito por parte da empresa, nem ficou comprovado efetivo dano moral no caso, a 8ª Turma decidiu excluir da condenação o pagamento de indenização por danos morais.
A decisão contrariou a sentença de primeira instância, que por não receber comprovação do envolvimento do trabalhador no furto, converteu a demissão por justa causa do empregado em dispensa imotivada e condenou a empresa ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 5.000. Para o TRT (Tribunal Regional do Trabalho), ao acusar o trabalhador com 13 anos de serviços prestados, de forma precipitada e sem provas, a empresa cometeu ato ilícito que merecia reparação.
No TST, a Prosegur argumentou que não ficaram caracterizados os elementos configuradores do dano moral (ato ilícito, dano sofrido e nexo de causalidade). Além do mais, o fato de o empregado ter sido demitido por justa causa (depois revertida por decisão judicial) não enseja indenização por danos morais, pois, no mínimo, houve culpa concorrente dele no episódio do furto.
METO MEU BEDELHO
João Eichbaum
O vigilante é um pobre diabo. Pode até ser cúmplice no caso do assalto. Mas não deixa de ser um pobre diabo, um marginal porque, seja ele culpado ou inocente, está à margem da sociedade. Tanto que suas queixas não encontram ressonância na justiça de segundo grau, que é formada pela elite dos apadrinhados, ou seja, o cume da sociedade. Para quem não sabe, os juízes do TST são todos apadrinhados: uns são juízes de carreira que, para chegarem lá, terão que beijar os pés de alguém: de políticos, de ministros, e até do presidente da República. Os outros componentes nunca foram juízes, são juízes por oportunidade e não por vocação: são oriundos do Ministério Público e da Ordem dos Advogados, onde o que vale é o compadrio e não a competência.
Nesse caso todo, o único que se salva é o juiz de primeiro grau, que prolatou a sentença (não deve ter sido escrita pelo assesssor): é um juiz concursado, que ingressou na magistratura pelos próprios méritos. E como não deve favores a ninguém, jamais teve que se socorrer de padrinhos para ser juiz, ele teve independência suficiente para decidir contra uma poderosa empresa que lida com dinheiro. Dinheiro, viram?
É. Dinheiro é a mola mestra do mundo - já dizia um ladrão filósofo, quando indagado pela polícia porque roubava. Isso há quarenta anos atrás.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

COM A PALAVRA JANER CRISTALDO

NÁPOLES É UM CASO À PARTE

Heitor, um leitor, me escreve:"Faz tempo que o Janer não vai à Europa! O Porto tem flanelinhas e na Boavista! E Nápoles tá cheio de trombadinhas. Só que lá as mães acompanham nos assaltos."
Não, não faz tanto tempo assim. Ocorre que Nápoles é exceção na Europa. Sempre teve uma tradição de assalto a turistas. Não são trombadinhas. São trombadões. É certamente a cidade mais suja do continente e onde o visitante está mais exposto a ser roubado.
Há uns dez anos, em Roma, passei numa agência de turismo, para reservar um hotel em Nápoles. O agente foi curto e grosso:- Não vá a Nápoles. Você vai se arrepender.
Como?- Vá a qualquer cidade da Itália. Menos Nápoles.
Mas eu queria conhecer Nápoles. E se eu ficar numa cidade próxima e for visitá-la rapidamente?
- Qualquer cidade na Itália é melhor que Nápoles – insistiu meu interlocutor.
Por meu acento ao falar italiano, ele logo intuiu que eu era brasileiro. Fez uma ressalva:
- Claro que não é como no Brasil. Lá você morre por qualquer trocado. Aqui, o assaltante avalia: até que ponto vale perder a liberdade por pouca coisa? Você não será assassinado, nem ferido. Mas provavelmente será assaltado.
Estava bem informado sobre o Brasil, meu agente. Mas havia uma solução. Sair com pouco dinheiro na rua, bem protegido, e sem documentos.
Acabei desistindo de Nápoles. Ocorre que o trem atrasou e chegaria muito tarde a Sorrento. Não gosto de procurar hotel no meio da noite. Decidi ficar na cidade que o italiano desrecomendava. Procurei ficar perto da estação, para não expor-me muito.Hotel imenso, de arquitetura solene, decadente. E com um fedor abominável, proveniente sei lá de onde. Seriam umas cinco da tarde. Resolvemos – eu e minha mulher - dar um giro pelo centro antigo. Na primeira entrada do bairro, uma italiana nos advertiu: “cuidado com o bolso”. Em cada esquina, grupos ameaçadores. Avançamos sem medo, afinal não levávamos nada roubável. Mas voltamos logo para o hotel fétido e no dia seguinte, na primeira hora, rumamos a Sorrento. A poucos quilômetros dali, mas com uma diferença abissal. Podia-se andar pelas ruas na madrugada sem sensação alguma de insegurança.
Quer dizer, não vale citar Nápoles. É uma das raras cidades na Europa – senão a única – onde você é assaltado pelos nativos. Nas demais, você será assaltado por árabes, ciganos, paquistaneses, romenos e até mesmo ex-iugoslavos.
Quanto a Portugal, está cada vez pior. Estive há umas duas décadas em Porto, não havia flanelinha algum. Nos últimos anos, tive notícias de que já havia alguns em Lisboa. Não eram portugueses. E sim brasileiros, que quiseram introduzir o ofício na cidade. Pelo que me consta, foram presos.
De qualquer forma, nos dias de hoje não é muito salutar flanar pela noite no Rocio e Praça do Comércio. A ameaça não são os lusos. Mas os africanos. Estive em Lisboa em novembro passado e preferi não passear à noite pelo centro.
O mesmo está ocorrendo em Barcelona, onde todo imigrante tem direito a assaltar qualquer turista, desde que não roube mais que 400 euros.
A verdade é que a Europa de hoje não é mais aquela de uns trinta anos atrás, quando se podia flanar tranqüilamente pelas madrugadas em suas capitais.
Mas a violência não parte dos europeus. Parte dos imigrantes.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS

UM TORNEIRO MECÂNICO CHAMADO LUIZ INÁCIO

João Eichbaum

O gado que vota – e o que não vota também – tem elevado a popularidade do torneiro mecânico de profissão Luiz Inácio, hoje se aproveitando do voto dos trouxas, dos nordestinos preguiçosos e deslumbrados, dos pscicopatas de esquerda, ou dos eleitores descomprometidos, para embebedar seu ego e alimentar sua vaidade como presidente desta república, que só poderia ter sido fundada por portugueses, chamada Brasil.
“Nunca na história política deste país” aconteceu algo parecido: um cidadão semi-alfabetizado levando a faixa de presidente.
O Lula, como é conhecido o referido torneiro mecânico, tem seu nome pronunciado em todas as bocas e é lembrado internacionalmente como um dos personagens políticos de maior evidência na mídia.
Será tudo isso o fruto das virtudes e qualidades dele?
Alguém aí é capaz de apontar uma só virtude do Lula?
Que virtude – no sentido próprio da palavra – pode ter uma criatura que, de berro em berro, sem ter contribuído para a previdência social durante um tempo que corresponda exatamente ao período em que efetivamente trabalhou, acumulou uma “aposentadoria” de fazer inveja?
Para quem não sabe: Lula foi muito mais sindicalista do que operário e muito mais político do que sindicalista.
Qual foi a última vez que ele pegou no pesado, trabalhando como operário? Quando foi mesmo?
Então, virtudes ele não tem. Não é virtuoso quem se aproveita da contribuição dos outros para gozar uma bela “aposentadoria”.
Bem, de qualidades ele tem a principal, que é o instrumento de sucesso de qualquer político: sabe enganar.
É por isso que ele tem alto índice de popularidade: porque engana esse gado que vota, chamado povo, esse gado que não tem vontade própria, personalidade, inteligência, vergonha na cara, e é teleguiado pelas notícias da Globo.
E a capacidade de enganar do Lula é tanta que até na esfera internacional ele consegue lugar. Políticos de antigamente como Lincoln, Willy Brandt, Churchill, e muitos outros não tiveram a popularidade que tem o Lula. Por dois motivos: primeiro, porque naquele tempo não havia tanta mídia; segundo, porque o homem de hoje, graças à massificação, está voltando para o estado primitivo de sua espécie: não pensa, porque entrega sua tarefa de pensar, ao “líder” ou ao Google.
Nessa decadência, o lugar do Lula, como “líder”, é garantido.

terça-feira, 25 de maio de 2010

COM A PALAVRA, JANER CRISTALDO

COITADINHOS DOS ATEUS!

O ateísmo é a condição natural do ser humano, costumo afirmar. Todos nascemos ateus. Ninguém nasce com a idéia de deus ou deuses na cabeça. Esta idéia é decorrente da educação. Surge na família, na escola, na igreja, na sociedade. Crianças, não temos mecanismos de defesa contra o que nos é enfiado a machado na cabeça. Nos tornamos então crentes. Passamos a temer a morte e deste temor surge a crença na imortalidade, em castigos ou recompensas após o fim do prazo de garantia.
Sem a morte, não existiriam religiões.Uma vez adulto, você tem duas opções. Ou continua ingerindo placebos, ou deles se liberta. A maior parte das gentes prefere os placebos e inclusive vive bem com eles. Outros, mais audazes – ou lúcidos, se quisermos – consideram uma fuga viver dependendo de ilusões post-mortem. Estes somos nós, os ateus. É decisão adulta de quem não suporta viver embalado por mentiras. Nada a ver com aquele ateísmo de infância. Na infância, do mundo nada sabemos.Ser crente é fácil. Basta crer e estamos conversados. Ser ateu é mais complexo. Além de negar a crença em um ser superior, precisamos nos libertar das decorrências dessa crença. Para isso, precisamos conhecer religião melhor do que o crente. Ele não está preocupado em libertar-se de nada. Nós estamos.
Em nada espanta que um ateu conheça melhor a Bíblia que um católico. O católico vai atrás do que o padre disse. Nós vamos aos textos. O fato é que hoje nem os padres conhecem a Bíblia. Têm apenas vagas noções do catecismo aprendido nos seminários. Na verdade, nem os papas conhecem muito os textos sacros. Bento XVI, sem ir mais longe, quando fala de religião dá a impressão de não ter lido sequer os Evangelhos.
Ao contrário do que pretendem certos meninos que fazem do ateísmo uma religião, em minha seis décadas de vida jamais me senti discriminado por ser ateu. Há alguns anos, fui violentamente atacado por outros meninos que, se pretendendo católicos, do catolicismo não conheciam sequer os dogmas. Eu, ateu, tive de introduzi-los pacientemente nos meandros do catolicismo. Não por acaso, eram todos discípulos do astrólogo aquele que se pretende cristão, como se cristianismo fosse compatível com astrologia. Diz Isaías, entre outros: “"Já estás cansada com a multidão das tuas consultas! Levantem-se pois, agora os que dissecam os céus e fitam os astros, os que em cada lua nova te predizem o que há de vir sobre ti. Eis que serão como restolho, o fogo os queimará; não poderão livrar-se do poder das chamas; nenhuma brasa restará para se aquentarem, nem fogo para que diante dele se assentem".
Mas não era disto que pretendia falar. Ser atacado por defender determinadas convicções faz parte da vida. Quem quer que pense terá de confrontar-se com quem pensa o contrário. Desde meus primeiros artigos, lá pelos quinze anos, em um modesto jornalzinho do interior, fui atacado por meus adversários. Inclusive por um de meus professores. Quando fazia jornalismo em Porto Alegre, as cartas me xingando – e também as me defendendo – eram tantas, que a coluna dos leitores tornou-se mais interessante que a minha.Ao longo de meu trabalho, fui chamado, mais ou menos pela ordem, de:
- comunista
- anarquista-
- devasso
-M imoral
- pachá dos pampas
- porco chauvinista (insulto dos anos Simone de Beauvoir)
- machão
- bicha
- agente do Dops
- agente do SNI (promoção nacional)
- agente da CIA (promoção internacional)
- porco sujo imperialista
- reacionário (disto até hoje me chamam)
- sionista (quando condenei o terrorismo de Arafat)
- anti-semita (quando comentei as prescrições absurdas de Maimônides)
- Robin Hood às avessas: rouba de todos e não dá nada a ninguém
- Savonarola às avessas: nos condena por não pecarmos
E certamente mais algumas gentilezas, que agora não recordo. Nos dias de universidade, enquanto eu depunha no DOPS tentando provar que não era comunista, na universidade era pichado como agente do DOPS.
A mais curiosa acusação surgiu há uns três ou quatro anos. Uma leitora, judia ortodoxa, me apodou de católico fanático. Essa conseguiu surpreender-me. Jamais imaginaria que era católico e muito menos fanático.Perdi amigos e namoradas por tais acusações. Também faz parte da vida. Quem não tem inimigos, não tem amigos. Jamais lamentei tais perdas. Considerei-as normais e segui tranqüilamente meus rumos.
Insultos e agressões são rotina na vida de quem escreve. Há dois ou três anos, consegui reunir uma curiosa comunidade de desafetos, a dos ornitólogos. Em função de um singelo artigo que escrevi – “A periculosidade social dos ornitólogos” – fiquei recebendo bicadas dos defensores de pássaros por mais de ano. Paciência.
Recebi, nos últimos dias, uma revoada de mails indignados de um setor que me espanta até mais que a leitora judia. Dos ateus. Todos me xingando, porque afirmei não ter visto discriminação contra ateus no Brasil. Eu, o ateu, o inimigo figadal dos religiosos, tornei-me de repente alvo dos ateus. Perdoem-me os leitores minha falta de modéstia: isso exige algum talento.
Os argumentos são basicamente dois. O primeiro, de pessoas que perderam empregos por se professarem ateus. Confesso que jamais vi isso em minha vida, e meus interlocutores não me apresentam casos concretos. Se você vai a um hospital, é sempre interrogado sobre sua religião. É cuidado que o hospital tem, inclusive para tratar de sua alimentação. Judeu não come porco nem moluscos. Muçulmano come moluscos mas não porco. E por aí vai. Mas jamais tive notícia de empresa que perguntasse pela religião de um candidato a emprego. Se perguntar, tanto faz como tanto fez. Você não responde e pronto. A uma empresa deve interessar a eficiência e não a fé do funcionário. Se prevalece a fé, tome distância dessa empresa.
Verdade que, em décadas passadas – e talvez até hoje – havia universidades e jornais onde você não entrava se não fosse marxista. Mas aqui a religião era outra e implicava você ser ateu. Eram épocas em que as águas eram divididas. Hoje, o mundo está cheio de católicos comunistas.
O segundo argumento é o mais divertido. Recebi não poucos mails de meninos que sentiram discriminados ao perderem uma namorada por se revelarem ateus. Coitadinhos! Como se perder uma namorada fosse critério de discriminação.
Quando investimos em uma mulher, estamos fazendo uma aposta. Podemos perder ou ganhar. Ora a moça nos considera feios, ou incompetentes, ou chatos, ou baixinhos, ou altos demais. Pode até não gostar de nós porque somos petistas. Ou porque não somos petistas. Porque somos ateus. Ou porque somos religiosos.Só o que faltava uma mulher ter a obrigação de gostar do primeiro candidato que se apresenta.
Perdi não poucas mulheres em minha vida e nunca me senti discriminado. Não gostou de mim? Ok, é direito dela. Acontece que o mundo está cheio de mulheres. Uma mais amável que a outra. Se uma não nos quer, outra nos adora. E é claro que esta outra está deixando de lado – ou discriminando, como diriam os aprendizes de ateus – dezenas de outros homens.Pode até acontecer que a musa eleita o considere feio e desinteressante. Para não magoá-lo, a moça alega que você é ateu. Ora, está sendo apenas gentil.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS

GRANDE PIADA, OLHEM SÓ:

A Associação Nacional dos Magistrados Estaduais e do Distrito Federal e Territórios – ANAMAGES e a Associação de Magistrados da Bahia - AMAB, tendo em vista a matéria publicada no dia 18 do corrente, sob o título RECESSO, no jornal A TARDE, divulgando manifestação do Desembargador Antonio Pessoa Cardoso, do Tribunal de Justiça da Bahia, questionando a postura pública do Ministro César Peluso, Presidente do STF, acerca das férias da magistratura, vêm a público:
a) externar integral apoio ao Ministro César Peluso, que, de forma comedida e revelando profundo conhecimento das peculiaridades da carreira, defende a manutenção do atual sistema de férias, em respeito à história dos direitos e prerrogativas dos magistrados;
b) discordar das afirmativas do Desembargador por não refletirem a realidade dos fatos, porquanto:
I - o juiz trabalha em estado de plantão permanente, seja quando designado, seja quando age fora de seu expediente, sem limite mínimo de jornada de trabalho e sem remuneração extra, em condições estafantes, além de estarem submetidos a desgaste bio-psíquico, em face da peculiaridade de suas atribuições e da responsabilidade do cargo.
II – os Juízes, cônscios das angustias do povo, levam trabalho para casa exatamente para agilizar a prestação jurisdicional e assim o fazem em decorrência da falta de estrutura de pessoal e material.
III – Não existe paralisação de processos em razão de férias, tendo em vista a convocação de juízes substitutos para atuarem nos feitos.
Assim, as associações subscritoras, sempre abertas ao debate, vêm dizer que entendem que férias de 60 dias não se constituem privilégio, mas sim um direito consagrado em diversos Países, em razão da importância da atividade do juiz para a garantia dos direitos dos cidadãos.
Salvador, 20 de maio de 2010.


Agora meto o meu bedelho

João Eichbaum

Você conhece algum juiz que “trabalha em estado de plantão permanente”?
Sempre que, em casos de necessidade, você foi procurar um juiz, você o encontrou?
Você conhece algum juiz “em condições estafantes”, “submetido a desgaste bio-psíquico”?
Você conhece algum juiz “responsável”?
Você conhece algum juiz “cônscio das angustias do povo”?
Você já viu algum juiz levando “trabalho para casa”?
Você já teve algum processo sentenciado por algum juiz substituto nas férias do titular?
Se você responder “sim” a todas as perguntas, admito que exista algum juiz, neste Brasil, com tão excelsas virtudes. Será exceção, porém, tenha certeza.
Em primeiro lugar, nem nas horas de expediente a gente encontra um juiz no foro. Experimente ir ao foro às seis horas da tarde, numa sexta-feira. Se encontrar algum juiz, você ganhou a sena.
O juiz deve sofrer desgaste “bio-pasíquico”, enquanto está presidindo uma audiência, contra sua vontade, que essa seria de estar nos braços do amante ou da amante, ou dando suas aulinhas numa Ulbra, numa Unisinos, numa Unicruz, numa La Sale e outras faculdadezinhas de igual calibre, mas menos votadas, ou ainda assistindo ao treino do seu clube de futebol, do qual é conselheiro.
O juiz, com seus belos salários, está se lixando para o povo. O que ele gosta, mesmo, é de manchete, de prender ricos e famosos ou dar qualquer sentença que vá parar nos jornais e na televisão.
Levar trabalho para casa? Aqui, ó! Quem faz o trabalho dos juízes são os secretários, os assessores, os estagiários, ou até a senhora do cafezinho, que provavelmente também é estudante de direito... Pelo teor das sentenças, pelas barbáries jurídicas, pelo português canhestro, não dá para concluir outra coisa.
E aí, se pode chamar de “responsável” um togado desses?

sexta-feira, 21 de maio de 2010

COM A PALAVRA, JANER CRISTALDO

VELHO SAFADO NEGA PASSADO

Leio na Agência Estado que Fernando Gabeira, o candidato do PV ao governo do Rio de Janeiro, reagiu com indignação às declarações feitas neste domingo passado pela ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy sobre a sua atuação no seqüestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, em 1969. "Esse sim sequestrou", disse a petista, afirmando que caberia à Gabeira a incumbência de matar o embaixador.
A vestal do PV reagiu indignada: "Ela está equivocada, está inventando coisas, está mentindo. Não havia escala para isso (para um assassinato). Lamento que ela use esse tipo de coisa na campanha eleitoral. Até porque tem muita gente dentro do PT que sabe bem dessa história", afirmou.
Ao acusar Gabeira, Dona Marta respingou Franklin Martins, um dos seqüestradores do embaixador e hoje ministro da Comunicação Social no governo do PT – et pour cause.
De Madri, o velho terrorista apressou-se a autorizar o outro velho terrorista: "O Gabeira não foi escalado. Não tinha ninguém escalado para matar. A participação do Gabeira era ser basicamente o responsável pela casa."
Ora, se você seqüestra alguém isto significa que não vai libertá-lo se não obtiver satisfação às suas exigências. E se o governo não atendesse as reivindicações dos terroristas? Estes iriam devolver Elbrick intacto à embaixada americana? Se assim fosse, para que seqüestrar então? Seqüestro implica sempre uma ameaça de morte. Armas servem para matar. Que mais não seja, ser responsável pela casa em que se guarda um seqüestrado é ser cúmplice do seqüestro. Gabeira disse que não pretende processar a petista pelas declarações. "Vou ignorá-la. Como ela merece, de uns anos para cá".
Nem teria como processá-la. Por acaso Dona Marta disse alguma inverdade? Há um ar de indignação nos jornais, a afirmação de que a ex-prefeita “apelou”. Apelou como? Quem não sabe que Gabeira teve um passado terrorista? Há até quem fale em pós-dedo-durismo. São lindos os neologismos. Têm a virtude de “enjoliver” uma realidade suja.
Gabeira, se alguém não lembra, é também o deputado que não hesitou em beneficiar-se da farra das passagens aéreas, para visitar sua filha no Exterior. Que deitou verbo contra as bolsas-ditadura de dois vigaristas do Pasquim, Ziraldo e Jaguar, ao mesmo tempo em que reivindicava uma bolsa-ditadura junto à Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, pelos dias em que passou puxando fumo em Estocolmo.
Gabeira é a vestal que, como se nada tivesse a ver com as falcatruas do Senado, escreveu em sua coluna na Folha de São Paulo, em julho do ano passado: “Não se trata só de um constrangimento ao ver o Senado definido como casa de horrores. Mas o de conviver um grupo de homens idosos, movendo-se com uma desenvoltura criminosa, unindo nos lábios do povo as palavras velho e safado, como se fossem gêmeas que nascem ligadas. Tempo de tormentas”.
De sua militância comunista, Gabeira não escapou ao velho vício stalinista, o de devolver qualquer acusação a quem o acusa. Minha mãe, não. É a tua. Velho e safado, quer hoje negar seu passado como terrorista.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS

TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI: VOCÊ ACREDITA?
João Eichbaum

Os boas vidas, os sacanas, os mentirosos, os sem caráter, estão lá, cheios de glória e poder, com a conta bancária engordando.
Eles não são como os comuns dos mortais, que dirigem seus automóveis adquiridos em longas prestações, ou esperam de pé, por longo tempo, nas paradas de ônibus, ou ziguezagueiam com suas motos, espreitados pela morte, atrás de alguma coisa que lhes garanta a sobrevivência.
Não. Os boas vidas andam em carrões adquiridos com o nosso dinheiro, com motoristas pagos com o nosso dinheiro e com o combustível também pago por nós. Falo dos políticos, dos ministros dos tribunais, dos “diretores de departamentos” e de muitos outros canalhas de menor calibre que, estando acima da lei, vivem melhor do que ninguém em Brasília.
A gente sente no ar a imponência deles, a arrogância, a embriaguez pelo poder.
Enquanto o povinho se rala em serviços pesados ou em serviços de subserviência - operários, empregadas domésticas, garçons, motoristas de táxi, etc. - trabalhando num dia para comer no outro, vivendo sua rotina suburbana, esses senhores espertos, os políticos, os ministros dos tribunais de Brasília e os “diretores”, dotados de poder, vivem nababescamente, à distância do povo, longe dos problemas que o dia-a-dia coloca na frente de quem precisa trabalhar para viver.
Uns enganam o povo, mentindo sem só, para se tornar políticos. Outros se fazem ministros, ou chefes, à custa de apadrinhamentos (leia-se puxação de sacos).
Nenhum deles é melhor, nas suas funções, do que o motorista de táxi, a doméstica, a faxineira, o garçon, a garçonete, o pedreiro, o motorista de caminhão, o fodido pela República, enfim. A diferença é que uns fazem parte do poder, perto do qual chegaram, usando engodos ou servindo de capachos, enquanto outros só trabalham para sustentar aqueles sacanas.
Tente entrar no Palácio da Alvorada, no Senado, na Câmara ou nos Tribunais de Brasília. Tente entrar, com todo o direito que você tem, de cidadão livre, vivendo num país democrático, usando sua liberdade de ir e vir, que a mentirosa Constituição assegura. Você será barrado, meu caro, você será revistado, passará por um detector de metais, terá que se identificar, se cadastrar, esperar pela boa vontade do funcionário que o barrou e ainda posar para uma fotografia, contra sua vontade. E sentirá que o poder está tirando um sarro de você.
Porque eles, os senhores do poder, têm segurança garantida e “otimizam sua participação na zorra toda”. Mas, você, que paga o luxo, a moradia, os festivais de gastronomia e até as putas que eles comem, você não tem garantia nenhuma. Você é apenas um número e não merece a atenção do poder. Você tem que se foder mesmo porque, se acabarem com você num assalto, por exemplo, você não fará falta, pois há muitos bobalhões trabalhando para substituir você e pagar as mordomias deles. Você cai fora, mas surge outro, entendeu?
É por isso que os políticos defendem a “democracia”...É na democracia que eles vivem bem.
Agora, me diga uma coisa: para você, viver numa democracia ou numa ditadura, faz alguma diferença?
Vá uma vez a Brasília. E depois me diga se não tenho razão.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

ESPETO CORRIDO

HUGO CASSEL

Bandidos

Ser um bandido não é somente matar ou roubar, ou ainda cometer algum ilícito penal. Em muitas outras circunstâncias alguém pode ser chamado de bandido. Político bandido, por exemplo. Suas ações e atos podem causar também prejuízos morais, materiais e físicos. No Brasil temos muitos exemplos desse tipo. Nenhum porém supera José Ribamar Ferreira de Araujo Costa, vulgo José Sarney. Esse sobrenome foi adotado pelo avô do Zé, que desejou homenagear um inglês amigo que era conhecido como "Sir Ney". O pai do nosso Zé Sarney chegou a desembargador no Maranhão e foi o primeiro professor de chicanas, manobras políticas, traições e corrupção ativa e passiva que fizeram do atual presidente do Senado, o expoente máximo da bandidagem político-legislativa no Brasil. Nos últimos 20 dias, para não perder a validade usei algumas milhas do Smile, para viajar "lá para cima". Encontrei Brasília suja, esburacada, trânsito engarrafado e muito lixo pelas calçadas em pleno plano piloto, na zona dos hotéis de luxo. A Esplanada dos Ministérios é ocupada por todo tipo de gente em barracas e acampamentos, sem higiene. Em Salvador fui assaltado e roubado em dia claro, na Praça 7 de Setembro, por trombadinhas que arrancaram uma corrente e medalha do pescoço. Um policial informou que os turistas não vão mais ao Pelourinho e Bonfim, onde pululam assaltantes, que segundo ele são mais de 100.000. Encontrei uma cidade que perdeu a alegria, pois as pessoas, mesmo atendendo bem, mostram grande preocupação. Sujeira por toda parte. Buracos idem. O governo, adivinhem, é PT. Quase tudo muito caro, menos o coco a 1 real, gelado.

Ilhéus
Sir Winston Churchill disse, depois da guerra, sobre a RAF: "Nunca tantos deveram tanto a tão poucos". Eu digo: Nunca tantos deveram tanto a alguém como Ilhéus deve a Jorge Amado. Embora a cidade seja o berço da cultura do cacau, só passou a ser notada depois dos livros do maior escritor brasileiro de toda a história. Tudo gira em torno dos personagens e locais do livro e novela Gabriela Cravo e Canela. O Restaurante Vesúvio, o Cabaré Bataclan, Gabriela e seu Nacib, a casa onde o escritor viveu algum tempo, transformada em museu. São Jorge de Ilhéus, que já foi um dos maiores produtores de cacau do mundo, vive hoje crise sem precedentes. Um fungo indestrutível vem dizimando as lavouras em até 70%. Dezenas de fábricas de chocolate já fecharam, restando poucas, entre elas a pioneira "Chocolates Caseiros Ilhéus", do engenheiro Hans Tosta Schaeppi, colega jornalista da Abrajet, que dirige também o Ilhéus Praia Hotel, no quarteirão mais central da cidade, e possui lojas em vários aeroportos do Brasil. Ilhéus é tipicamente, pelo menos nesta época, cidade de interior. Caindo a noite, no centro, fica praticamente deserta, sobrando pouco para o turista freqüentar, a não ser dois ou três bares no calçadão, como o point mais procurado, que é o também tradicional "Barraquitico", nome herdado da primeira barraca na praia, que era bem "raquítica", segundo informou o amigo Daniel, proprietário do local, onde se pode assistir jogos dos campeonatos e comer divinos bolinhos de bacalhau e quibes. Por tudo isso e pelo carinho com que recebem, vale a pena visitar Ilhéus, desfrutar dessa hospitalidade e, é claro, degustar o seu famoso chocolate caseiro, detentor de inúmeros prêmios internacionais .

Al Capone
Escrevi uma vez aqui sobre José Dirceu e o chamei de "Al Capone" brasileiro. Quero me penitenciar, esse outro Zé Sarney deixa o Dirceu reduzido a um réles "trombadinha" em matéria de safadeza. Seu incrível trajeto e da "famiglia" Sarney está no livro que comprei, intitulado "Honoráveis Bandidos", proibido no Maranhão. Vale a pena.

Vanerão rasqueado
Os meninos bailarinos do Santos não gostaram da dança gaúcha na Bailanta do Olímpico. Prometem vingança. Quarta pode ter "reboletion" ou chula.

terça-feira, 18 de maio de 2010

COM A PALAVRA, JANER CRISTALDO

OEA IGNORA CALOTE DOS PRECATÓRIOS E DEFENDE CELERADOS QUE UM DIA
QUISERAM DESTRUIR O BRASIL

Anistia, dizem os dicionários, é o ato pelo qual o poder público declara impuníveis, por motivo de utilidade social, todos quantos, até certa data, cometeram determinados crimes, em geral políticos, seja fazendo cessar as diligências persecutórias, seja tornando nulas e de nenhum efeito as condenações.
A anistia anula a punição e o fato que a causa. Só tem sentido quando torna nulas as condenações das duas ou mais partes em beligerância. Foi o que ocorreu com anistia concedida pelo governo João Baptista Figueiredo em 1979, para conciliar a sociedade brasileira. Foi também o que aconteceu na Espanha, em 1977, quando o Parlamento espanhol, dois anos após a morte de Franco, decretou anistia a todos os envolvidos na Guerra Civil Espanhola, que ocorreu entre 1936 e 1939.
Ocorre que, para as esquerdas, a anistia tem de ser unilateral. Só os assassinos de esquerda devem ser anistiados. Os de direita, jamais. As esquerdas consideram impunidade a anistia concedida ao adversário. Ocorre que anistia não é julgamento, muito menos absolvição. É um acordo mútuo entre facções que se combateram. Eu ignoro teus crimes, tu ignoras os meus, e a vida recomeça. Este é o sentido da anistia. Que até hoje as esquerdas não entenderam. Ou não querem entender.
No Brasil, os antigos terroristas, hoje encarapitados em ministérios e contemplados com gordas indenizações, querem revogar a lei de anistia de 1979. Ou melhor, reformulá-la. Anistia para nossos crimes, tudo bem. Anistia para os crimes dos militares, nada feito.
A questão foi parar no Supremo Tribunal Federal, onde o desejo de vendeta das esquerdas foi derrotado por 7 votos a 2. Mas para bom militante, sentença do STF e papel higiênico dá no mesmo. A luta continua na OEA (Organização dos Estados Americanos). Para quem a decisão de suprema instância de um país soberano – ou supostamente soberano – continua sendo equiparada a papel higiênico.
A OEA, ignorando solenemente a decisão do STF, quer uma nova definição sobre a Lei de Anistia para o início do próximo semestre, antes das eleições presidenciais. Nos próximos dias, o governo brasileiro sentará no banco dos réus da Corte Interamericana de Direitos Humanos para a última audiência em relação à Lei de Anistia.Mês que vem, uma missão da Comissão de Direitos Humanos da OEA visitará o Brasil para tratar do assunto e a entidade promete intensificar a pressão sobre o País diante da recusa do STF em permitir o julgamento de casos de tortura durante o regime militar.
Para a OEA, poder judiciário brasileiro não tem poder algum.Na Espanha, foi um pouco diferente. O juiz Baltasar Garzón, para quem o planeta é sua comarca privada, decidiu revisar a lei de 1977, que anistiava os envolvidos na Guerra Civil. Foi suspenso de suas funções por seus pares. Garzón foi acusado de prevaricar porque negou a lei de Anistia, ao decidir investigar os crimes do regime franquista. Bem entendido, Garzón queria incriminar os últimos sobreviventes que lutaram ao lado de Franco. Os que mataram em nome de Stalin e do comunismo ficam fora de seus ímpetos justiceiros. Em momento algum estiveram na mira de Garzón os assassinos de Paracuellos del Jarama.Mas os anistiados anistiados estão e não se fala mais no assunto, decidiu a Audiência Nacional.
Desculpem-me os humanistas de plantão, mas sou defensor incondicional de Franco. Franco matou? Matou. Não há guerra sem mortes. Mas matou para defender a Espanha, vítima de uma brutal invasão soviética. Em 1937, a União Soviética já havia colocado na Espanha pilotos de guerra, técnicos militares, marinheiros, intérpretes e policiais. A primeira presença estrangeira em terras de Espanha foi a soviética, com o envio de material bélico e pessoal militar altamente qualificado, em troca de três quartas partes (7800 caixas, de 65 quilos cada uma) das reservas de ouro disponíveis pelo Banco de España. Pagos adiantadamente.Neste mesmo ano, a URSS já tinha na Espanha mais de cem aviões de combate. Os mais utilizados foram os I-15 (biplanos), conhecidos com Chatos, e os I-16 (monoplanos), conhecidos como Moscas. No ano seguinte continuaram chegando à zona republicana mais aviões soviéticos, entre estes vários bombardeiros, cada vez mais aperfeiçoados, alguns ultrapassando a velocidade de 300 milhas, como os Katiuska.
Franco salvou a Espanha das ambições continentais de Stalin. Salvando a Espanha, salvou a Europa. Dominasse Stalin a Espanha, Portugal cairia no dia seguinte. Dominada a península, teria controle do mar do Norte, Atlântico e Mediterrâneo. França e Itália ficariam estranguladas. E todo o sul da Europa estaria dominado por Moscou. Este é o homem que Baltasar Garzón quis julgar postumamente.
Curiosamente, a OEA não deu um pio sobre a decisão da Audiência Nacional de suspender o juiz de suas funções. Aqui no quintal, a OEA sente-se mais à vontade. Verdade que não disse água quando os credores de precatórios – calote de 60 bilhões de reais aplicado pelo Estado brasileiro aos brasileiros – pediram junto à entidade que declarasse violação aos direitos humanos no Brasil a falta de pagamento de precatórios alimentares. Só no Estado de São Paulo, 500 mil pessoas têm recursos a receber do Erário. Outros 35 mil são credores da capital paulista. Nos dois casos, 70% têm mais de 65 anos. Só no Estado faleceram, antes de terem recebido seus precatórios de natureza alimentícia, vinte e cinco mil aposentados e pensionistas.
Pessoas estão morrendo sem receber o que lhes é devido, e os herdeiros pouca esperança têm de receber o que o Estado lhes deve. Isto a OEA ignora. Mas defende as pretensões dos celerados que um dia, à semelhança dos comunistas espanhóis, pretenderam reduzir o Brasil a uma republiqueta socialista tropical.
Os espanhóis não caíram nesta trampa.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS

A BELA DE BRASILIA

João Eichbaum

Ela passou rente a mim, cheirosa, com seus passos de leoa bela, olhando para a frente, fazendo caminho entre o povo que, entregue ao vazio da espera, fazia fila com cara de abestalhado, num porão sem janelas, sem ar corrente e sem a luz do sol, que servia como “sala de embarque” no aeroporto de Brasília.
Era uma mulher simplesmente bela. Uso o advérbio de propósito: simplesmente. Porque não necessitava de adereços, de maquiagem, de brincos e correntes, de unhas ardentemente vermelhas, de “pearsons, Era simplesmente bela, repito. A beleza estava nela mesma, naquele olhar duro, alheio aos idiotas que se postavam na fila, sabe-se lá quanto tempo antes do embarque. Era uma mulher tão bela, que existiu um só instante, mas permaneceu para sempre.
Primeiro me pareceu loira. Depois, examinando-a com uma observação lúbrica, vi que não era uma loira original, mas uma castanha clara, com fios dourados, que certamente haviam sido preparados num salão de beleza. A pele, essa sim, não era produto de maquiagem, mas uma pele verdadeira, clara e macia, parecendo polpa de maçã. Os olhos, acentuadamente negros, ofereciam o contraste perfeito para os fios dourados dos cabelos.
Pelos meus cálculos, já havia passado bem dos trinta. Não era nenhuma moçoila, nem gatinha descompromissada, mas tinha um corpo que imantava a qualquer homem: fofa, sem ser gorda; elegante, sem ser magra; coxas carnudas, bunda fornida, bem desenhada pela calça de brim, que não deixava um pedacinho de carne sequer, sem desenho. A blusa clara, solta, lhe escondia discretamente os seios, mas não impedia de lhes revelar a forma: eram grandes e duros.
Passou por mim, - dizia eu - de cenhos franzidos. E voltou, de cenhos franzidos, sem esconder sua beleza, e se postou próxima ao fim da fila, felizmente numa posição em que pude admirar seu rosto, sempre franzido, sem deixar de ser belo.
Ali, naquela posição ficou, por um tempo longo, mas para mim insuficiente, porque sua beleza superava a qualquer dimensão de tempo.
Viajamos no mesmo voo. Duas fileiras adiante lá estava ela e, em São Paulo, foi a primeira a se postar no corredor, para desembarcar, sem bagagem de mão alguma, apenas uma bolsinha de tamanho insignificante.
Eu nunca havia visto uma mulher tão linda e, ao mesmo tempo, tão carrancuda. Mas parecia que sua carranca era produzida especialmente para espantar as cantadas, as aproximações inconvenientes, os bobalhões e belos de plantão.
Que faria uma mulher daquelas entre Brasília e São Paulo?
Um executiva? Não. Uma executiva veste terninho, e usa o celular a todo o momento. Uma mãe aflita? Não. Ela não tinha jeito de mãe aflita, nervosa, com respiração curta, ansiosa, dessas que ficam a apertar um crucifixo contra os magníficos ubres. Uma filha, chamada ao leito de morte da mãe? Também não: não demonstrava desespero, nem impaciência, nem rezava por alma nenhuma.
Então, só restava uma hipótese: era a amante de um deputado, ou senador, ou ministro dos tribunais de Brasília, que ia a São Paulo, para quebrar qualquer galho pro seu amante e chefe. Por isso estava de cenho franzido: para não receber cantadas, para preservar o seu emprego na cama do deputado, do senador, ou do ministro.
Coisas comuns em Brasília, a corte.
Essa conclusão foi o meu consolo, ao vê-la descer apressada, rebolando discretamente aquela bunda carnuda e deixando um enorme vazio no avião cheio de gente.
É por isso, gente! É por isso que tanto marmanjo quer ser deputado, senador, ministro de tribunal, assessor de porra nenhuma ou até presidente da república, se não tiver coisa melhor: pra comer belas mulheres em Brasília, à nossa custa.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

COM A PALAVRA, JANER CRISTALDO

QUEM NÃO MENTE NÃO TRAI

Ciência, cientista e científico são palavrinhas que conferem autoridade a qualquer pesquisa. Só que estas palavrinhas são como o nome de Deus. Se desgastaram de tanto serem usadas em vão. Hoje, quando lemos que cientistas dizem, cientistas descobrem, cientistas afirmam, já ficamos com um pé atrás. Fascinados com pesquisas e metodologias, os tais de cientistas deixam de lado o óbvio e buscam resposta no inverossímil. Para que facilitar quando se pode complicar? Facilitando não se chega muito longe. Complicando, pode dar até Nobel.Muito já li sobre pesquisas que buscam o gene do homossexualismo. Ora, pode ser que, por disposição orgânica, algumas pessoas tenham uma tendência inata ao homossexualismo. Mas onde ficam aqueles que, tendo bebido das águas desta fonte, fizeram uma opção?
Tudo depende de gosto neste mundo sem fronteira, diz um poema da fescenina gaúcha. Que seria do amarelo se todos gostassem do azul? Pretender que homossexualismo tem raízes genéticas significa, em primeiro lugar, negar a liberdade de escolha do ser humano. Se homossexualismo é genético, perde a graça.
Em segundo lugar, esta concepção esconde uma ótica cristã segundo a qual prazer só é permissível entre homem e mulher. Os antigos gregos e romanos não pensavam assim. Foi o cristianismo que introduziu no Ocidente a idéia de que a relação homem/mulher era a única digna, justa e permissível. Estava preparada a cama para as neuroses e, conseqüentemente, a psicanálise.
Quanto ao gene da inteligência, anátema seja qualquer pesquisa. Pode acontecer que exista. E que certas etnias não o possuam. Toda e qualquer pesquisa nesta área é ipso facto racista. E não se fala mais no assunto.
Estes ilustres senhores, os cientistas, estão buscando agora um fator genético para a infidelidade. Estudos sugerem – diz hoje a Folha de São Paulo - que variações genéticas estariam relacionadas à dificuldade de ser fiel. Trabalho feito com 552 pares de gêmeos e seus parceiros, pelo Instituto Karolinska, na Suécia, avaliou um gene presente na maioria dos mamíferos, relacionado à formação de vínculos. Os homens que carregavam variações desse gene eram menos propensos a se casar: os que se casaram tiveram mais crises conjugais, e suas mulheres eram mais infelizes.
Para começar, considero abominável essa mania de fazer estudos de comportamento com ratos ou mamíferos outros e deles tirar conclusões relativas aos seres humanos. Bicho não tem consciência, não tem pensamento, não cria culturas. Não faz cinema, não faz música, não faz literatura. Não erige um Estado. Tampouco tem liberdade. Se determinado gene leva um rato a tal comportamento, gene algum forçará o homo sapiens a comportar-se conforme sua determinação.
Homem é capaz dizer sim ou não. Ou talvez ou quem sabe. Por outro lado, a reportagem não nos oferece um conceito de infidelidade, para que possamos discuti-lo sem incorrer em multivocidade de termos. Apanho então o conceito vigente, a atitude de um homem ou mulher que se relaciona com outros parceiros além do seu. Aí surge um problema: e se há um consenso entre dois parceiros – como muitas vezes há – em levar assim a vida? A meu ver, não estamos diante de um caso de infidelidade. Infidelidade há – penso – quando um parceiro oculta do outro suas relações por fora.
Pode-se falar em infidelidade no mundo islâmico, quando o Corão permite quatro mulheres a cada muçulmano? Obviamente não.Conheço pessoas que conseguem viver serenamente com um só parceiro e jamais lhes ocorreria pular a cerca. São raros – é verdade. Mas existem. A maioria não consegue suportar a monogamia. Têm pela frente dois caminhos. Estabelecer um acordo com o parceiro. Ou mentir. Me situo entre estes que não suportam a monogamia. Comecei minha vida afetiva com duas mulheres e nunca mais perdi o vício. Mas não cerro fileiras com os que mentem. Nunca consegui entender como pode alguém mentir para a pessoa com quem divide o teto, a mesa e a cama.Não creio ser necessária a existência de um gene para levar alguém à poligamia ou poliandria. Diga-se de passagem, cá no Ocidente pelo menos, é muito difícil encontrar parceiro exclusivo. As tentações estão no ar, como pólen, e muitas pessoas não vêem porque a elas resistir. Mais honesto é abrir o jogo.
Se infidelidade depende de um gene, fica mais fácil a vida dos maridos: "é genético, querida. Nada posso fazer".Em São Paulo, no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, surge voz mais sensata que a dos cientistas do Karolinska. Diz a psiquiatra Carmita Abdo: "Você olha um "pegador" e identifica, por atitudes e pela forma de se relacionar, que ele tem maior tendência à traição. Mas ainda não dá para dizer que foi programado geneticamente para agir dessa forma".
Alvíssaras! Mas resta ainda uma questão: por que associar ao pegador a idéia de traição? Trai quem mente. Quem não mente não está traindo ninguém.

terça-feira, 11 de maio de 2010

COM A PALAVRA, JANER CRISTALDO

SANCHO PANÇA
NUNCA MENTIU

Tanto El País como Le Monde elegeram Lula, no ano passado, como o personagem do ano. Ao conferir-lhe o título, estes prestigiosos jornais omitiram sua incultura, sua conivência com a corrupção e seu acobertamento de corruptos, desde a proteção a José Sarney e seu clã a sua leniência com mensaleiros e os ditos aloprados. Tampouco fazem qualquer alusão à desbragada corrupção familiar, quando um filho de Lula recebeu o aporte de R$ 5 milhões para sua empresa só porque era filho de Lula.
Quaisquer destes fatos manchariam irremediavelmente a reputação de qualquer dirigente europeu. Em Lula, sequer fazem mossa.
Tenho minha tese a respeito desta reverência incondicional ao Supremo Apedeuta. Os europeus sempre tiveram o coração à esquerda. Sempre acariciaram a idéia de um presidente operário. Là bas, loin de nous. Desde que não seja na Europa. Aconteceu com Lech Walesa, filho de um carpinteiro e mecânico de carros. Mas Polonia é Leste europeu, não é a boa Europa de cá. Operário na presidência na América Latina? Louvado seja. Se for operário, ipso facto é louvável, digno e justo. Mesmo que louve e apóie tiranos que os europeus abominam, como Castro, Chávez ou Ahmadnejad. Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena.
El País enviou ao Brasil seu fundador e ex-diretor Juan Luis Cebrián, para uma entrevista com Lula. Que não veio, evidentemente, para colocar o entrevistado contra a parede. As perguntas que urgiam ser feitas não foram feitas.
O jornalista voltou a seu país saudando Lula como um Sancho Pança quando governador da Isla de Barataria. Que tinha este nome “pela barateza com que se lhe dera o governo”, como escreve Cervantes. Neste episódio, o autor do Quixote satiriza a nobreza espanhola, já que o humilde Sancho se mostra audaz e judicioso e impõe uma lição de cordura aos nobres ociosos e desonestos.
Ora, cá entre nós, o Sancho de Garanhuns, mal acedeu ao governo, adquiriu todos os vícios da “nobreza” tupiniquim: corporativismo, compadragem, leniência com o crime, proteção de corruptos. Na verdade, é um Sancho às avessas.
Se Cebrián quis homenagear Lula elevando-o à condição de Sancho, na verdade reduziu o Brasil à condição de Barataria.Isto é o de menos. O que surpreende é ver um jornalista com tal currículo aceitar como fatos as mentiras deslavadas de Lula. Como esta:- Minha trajetória, meu perfil político, minha vida no sindicato, a criação do PT, caracterizam-me, sem dúvida, como um esquerdista.
Mas o próprio PT é uma novidade na esquerda mundial. Nasceu contra todos os dogmas dos partidos marxistas-leninistas, que obedeciam fielmente à Rússia ou à China.Ora, o DNA do PT é marxista-leninista. O partido nasceu em 1980, nove anos antes da queda do Muro, onze anos antes da dissolução da União Soviética, quando nenhum partido de esquerda ousaria denunciar como tiranias os regimes de Pequim e Moscou. Foi constituído basicamente por egressos do marxismo e trotskismo e militantes da esquerda católica. A carta programática do PT foi originalmente socialista. Mesmo após a queda do Muro e o desmoronamento da URSS, não ouvimos de nenhum dirigente petista um único pio contra as tiranias comunistas. Silêncio obsequioso e total. O máximo que um petista ousa falar é em “desvios do stalinismo”, sempre preservando o sagrado nome de Lênin, outro assassino de mão cheia. Crimes do comunismo é expressão que jamais maculará os castos lábios de um petista.
Sancho Pança não mentia. Que Cebrián desconheça o DNA do PT até que se entende. Mais difícil é entender como um jornalista experiente possa imaginar que, antes do desmoronamento do comunismo, apparatchiks marxistas fizessem críticas à China ou Rússia.
Mas tudo fecha. Cebrián é jornalista que dedicou sua vida a combater Franco, o homem que salvou a Espanha e a Europa das garras de Stalin.Lula, por sua vez, pertence àquela estirpe que cria uma mentira e passa a nela acreditar. O apedeuta pode ser apedeuta, mas sabe muito bem que o PT não “nasceu contra todos os dogmas dos partidos marxistas-leninistas, que obedeciam fielmente à Rússia ou à China”. Pelo contrário, desde o berço o partido afirmou estes dogmas. Num passe de mágica, Lula muda a biografia do PT.Cebrián engoliu bonitinho a potoca. Todo jornalista brasileiro tem consciência desta inverdade, que aos céus clama desmentido. Mas nenhum ousou denunciá-la. Daqui pela frente, o PT passa a ser um partido que sempre lutou contra o comunismo.

VOLTAREMOS SEXTA-FEIRA

segunda-feira, 10 de maio de 2010

CRÔNICAS IMPUDICAS

O ESPIRITO SANTO

João Eichbaum

Nunca entendi muito bem a história. Tem o Pai, tem o Filho, tem o Espírito Santo. Foi o que me ensinaram no catecismo.
Então são três deuses? Era a minha pergunta, era a pergunta de todos, era a pergunta até do padre.
Mas, o padre, ele mesmo, respondia: não, é apenas um deus, com três pessoas distintas.
Puxa, para a cabeça de uma criança era muita coisa, naquele tempo em que a gente vivia em função da religião: três em um.
Bom, hoje já é mais fácil, existem aparelhos que comportam até mais de três funções, mas é um só aparelho.
Então cheguei à conclusão de que o padre queria dizer que era um só deus, com três funções distintas, ou seja uma tripla personalidade. O Pai é o cara aquele que gosta de sangue, que gosta de judiar das pessoas, bota uma árvore no paraíso, mas proíbe as pessoas de tocarem nela, de comer do fruto que aquela árvore dá. Ele gosta de sangue porque quis que Abraão matasse o filho, o Isaac, para oferecê-lo em sacrifício.
Depois disse para o Abraão, que não era nada disso, que era brincadeira: não esquenta, cara!
Mas que ele gostava de sangue, isso gostava. E o pessoal matava pombinhos, cordeiros, etc, porque o que ele mais gostava era de sangue.
Então mandou o Filho, o tal de Jesus para a terra, para ele ser sacrificado tal como o cordeiro pascal: queria sangue, nem que fosse um pouco e se contentou com o sangue que saiu das mãos, dos pés e do peito do Filho Jesus, com a desculpa de que queria salvar a humanidade.
Só que a humanidade não foi salva de porra nenhuma até hoje, nem do Lula, nem do Chaves, nem do Fidel Castro, e ainda está aturando o Obama.
Bom, mas, e o Espírito Santo, afinal, qual era o papel dele?
Pelo que me ensinaram no catecismo, a principal missão do Espírito Santo foi emprenhar a Virgem Maria, deixando o José, noivo da dita Maria, com uma sensação de cornice que até hoje não teve explicação.
Mas a missão secundária do Espírito Santo é “inspirar” a Igreja, quer dizer, o papa, os cardeais, os bispos, os monsenhores, os padres, enfim, todos os que se dizem “representantes de Deus”.
Só que, num cômputo geral, o Espírito Santo não tem se dado bem. A história do papado não serve de exemplo para ninguém. E no particular também. Vejam, por exemplo, esse bispo de Porto Alegre: tiraram a enxada das mãos dele e lhe botaram livros no lugar dela. Agora ele não sabe o que fazer com o que aprendeu nos livros e só diz bobagens, pega a metralhadora da sua ignorância e sai atirando: “sociedade é pedófila”.
Ele se esqueceu de que faz parte da sociedade, ou está se confessando pedófilo, como Jesus Cristo, que pediu: “deixai vir a mim as criancinhas”?
Se o Espírito Santo é o inspirador de tanta bobagem, está na hora de ser substituído. Já se passaram mais de dois mil anos de história do cristianismo, o mundo não melhorou, e o que mais diverte o povo são os escândalos dos papas, dos cardeais, dos padres e dos bispos, como esse de Porto Alegre, que só abre a boca pra dizer asneiras.
Tudo isso pega mal pro Espírito Santo.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS

OS ARTISTAS

João Eichbaum

Primeiro foi o Luiz Inácio com o seu “Lula, o Filho do Brasil”, indo para as telas, à procura de multidões. Mas as multidões não vieram, e o filme ficou entregue às moscas, nos cinemas. Inventaram até uma promoção para “sindicalizados”, a preço de banana, mas nem essa turma estava a fim.
O único a lucrar com o filme foi o Fábio Barreto, que embolsou alguns milhões, graças à magnanimidade de alguns “empresários”, os patrocinadores da aventura no celulóide.
Agora foi a vez do Sarney.
Em meados de abril, a TV Senado – que é sustentada com o nosso dinheiro, o dinheiro que o fisco nos suga durante o ano todo – exibiu “José Sarney: Um Nome na História”.
Como certamente ninguém viu o filme (levante o dedo aí quem costuma ligar o seu aparelho - adquirido em módicas e longas prestações - na TV Senado), o negócio foi distribuir o DVD para os parlamentares – ou picaretas, como dizia o Lula antes de se enturmar.
Vocês sabem quem bancou a farra do filme e dos DVDs?
Bom, primeiro: R$ 650.000,00 foram embolsados graças à lei da renúncia fiscal. Quer dizer, em vez de ir direto para o fisco, o dinheiro fez a curva e parou nos bolsos dos vivaldinos que fizeram o filme. Segundo: a Eletrobrás forneceu quase um terço da grana do valor do filme. E, para encerrar: quem autorizou esse magnânimo patrocínio da Eletrobrás foi ninguém menos do que um afilhado político do Sarney, o Aloísio Vasconcelos, então presidente da estatal.
E adianta berrar, gente? E adianta dizer que a biografia do Sarney está borrada com todos os proveitos que ele aufere do nosso trabalho, do nosso suor, pela via irreversível dos impostos?
Nós podemos até gritar aqui no sul, mas o povinho do Sarney, lá no norte, e o do Lula, no nordeste, não ta nem aí pros nossos berros.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

COM A PALAVRA, PAULO MARINHO

SUSPEITO

Paulo Marinho



- Documentos.

- Como?

- Documentos.

- Pra quê documentos?

- Ora, pra quê! Porque sim.

- Não estou entendendo.

- Olha aqui, malandro, não está vendo que somos da polícia? Não notou a farda? O revólver?

- Claro que notei. Só não entendi porque eu. Estou aqui numa boa, vendo o movimento.

- Pois por isso mesmo.

- Ué? E desde quando ver o movimento é crime?

- É esta sua atitude.

- Que atitude?

- Atitude suspeita.

- Cada vez entendo menos.

- Este seu jeito de ver o movimento. Não sei, não. Esse olhar. As mãos no bolso, esta pastinha aí debaixo do braço.

- Que é que tem a pastinha? Ganhei no amigo secreto do pessoal da firma. É de couro e...

- Olha aí, ó. Já tá mudando de assunto.

- Foi o senhor quem falou na pastinha.

- Não queira me confundir. Vocês são assim mesmo.

- Vocês quem?

- Os suspeitos.

- Ih, agora virei suspeito. Antes estava só em atitude suspeita. Agora já sou suspeito. Qual é o critério de vocês?

- Qual é o quê?!

- O critério.

- Não vem com esta de falar bonito pra cima da gente. Que critério é esse?

- Epa. Não vale, eu perguntei primeiro.

- Perguntou o quê?

- Do critério. Como é que vocês saem assim, pedindo documentos para o primeiro cidadão que encontram olhando o movimento?

- Qualquer um, não. Só para os suspeitos. Documentos.

- De suspeito?

- Como assim de suspeito?

- Ué, eu não sou suspeito?

- É.

- Então. O senhor quer documento de suspeito. De suspeito, não tenho.

- Você está querendo nos enganar. Esta tática é velha. Própria dos que andam em atitude suspeita. Queremos ver os documentos.

- Acho que não estamos nos entendendo. Que documentos afinal o senhor quer?

- Os de suspei... não. Péra aí. Viu? Você nos confundiu. Queremos ver os seus documentos. Carteira de identidade, CIC, estas coisas...

- Serve título de eleitor?

- Não. Título de eleitor só para votar.

- E preencher ficha.

- Que ficha?

- Ora, qualquer ficha. Nas lojas, por exemplo. Nas lojas pedem o título.

- É, mas a gente não é da loja. Somos da polícia.

- Eu sei. Vocês preenchem outras fichas.

- Que fichas, pelo amor de Deus?

- As fichas corridas.

- Ahá! Não disse? Você tem culpa no cartório.

- Cartório?

- É, no cartório. Só quem tem culpa no cartório é que tem ficha corrida.

- Mas eu não tenho ficha corrida!

- Ah, agora vai negar. Acabou de dizer que tem ficha corrida.

- Eu?! Eu disse que tenho culpa no cartório. Não! Ficha no cartório!

- Tá nervosinho, é?

- Claro. Vocês chegam assim, sem mais nem aquela e...

- Aquela quem?

- É uma maneira de dizer. O senhor está complicando.

- Você é que está complicado. Agora vai ter que explicar que história é essa de culpa no cartório.

- Ficha.

- Que seja. Que história é esta de ficha?

- Todo mundo tem ficha no cartório.

- Mas então é uma quadrilha.

- Que quadrilha?

- A dos que tem ficha no cartório. Pensa que não ouvimos?

- Mas até o senhor tem ficha no cartório.

- Eu?! Você tá ficando louco. Isso é uma acusação grave.

- Da ficha?

- Lógico. Em atitude suspeita, com uma pastinha só com um título de eleitor dentro, e nos acusando de ser da sua quadrilha. Você é muito suspeito.

- Olha aqui, eu estava só olhando o movimento.

- Viu? Entregou-se. Teje preso!

- Preso?

- Claro. Querendo enganar uma autoridade! Que movimento você tá olhando, se não tem movimento nenhum a esta hora, hein? Vamos pra delegacia.

- E qual é a acusação?

- Não interessa, espertinho. Com a ficha que você tem... tá preso e acabou. Vamos lá, e não esquece de trazer esta pastinha, que ela também é muito suspeita.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

COM A PALAVRA JANER CRISTALDO

NA INGLATERRA, CITAR BÍBLIA JÁ VIROU CRIME

Mais cedo ou mais tarde iria ocorrer. Um pregador britânico foi preso depois de ter dito durante sermão na rua que homossexualismo é um pecado. Segundo o jornal britânico The Daily Telegraph, Dale McAlpine foi acusado de causar "alarme, intimidação e angústia" depois que um policial comunitário ouviu o pastor batista mencionar vários "pecados" citados na Bíblia, inclusive blasfêmia, embriaguez e relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo. Segundo o Daily Mail, o policial Sam Adams avisou o pregador, que distribuía folhetos e conversava com as pessoas nas ruas, que ele estava violando a lei. Mas ele continuou pregando e foi levado para a prisão, onde permaneceu por sete horas.
McAlpine prega nas ruas de Wokington, no noroeste da Inglaterra há anos, e disse que não mencionou homossexualismo quando fazia o sermão do alto de uma pequena escada, mas admitiu ter dito a uma pessoa que acreditava ser a prática contrária aos ensinamentos de Deus.
Se está falando do Deus cristão, lhe sobra razão. “Não te deitarás com varão, como se fosse mulher; é abominação”, lemos já no Levítico. Curiosamente, o Livro não tem nada contra mulher com mulher."
Eu me sinto profundamente chocado e humilhado por ter sido preso em minha própria cidade e tratado como um criminoso comum na frente de pessoas que eu conheço" – disse o pregador. Eu também. Mas por outras razões. É a primeira vez que ouço falar, no Ocidente, por ter repetido algo que consta do livro que embasa a cristianismo. Se a autoridade policial quiser ser coerente, terá de apreender também a Bíblia.Longe de mim condenar comportamentos sexuais. Muito menos condenar aqueles a quem homossexualismo escandaliza. Vivemos em uma sociedade onde não falta quem condene qualquer prática sexual antes do casamento. Para começar, a Igreja Católica, tão tolerante com seus ministros pedófilos, e tão intransigente com os leigos que querem bem gozar seus dias.Qualquer dia, ainda surge por aí algum fanático querendo proibir citar II Samuel, onde se fala das concubinas do sábio rei Davi. Ou I Reis, onde são enumeradas as 700 mulheres e 300 concubinas do sábio rei Salomão. Se bem que qualquer restrição ao heterossexualismo é bem-vinda. O que não mais se pode é não gostar de homossexualismo. Ser homossexual virou partido. Uma militância agressiva criminaliza quem quer que deles não goste.
Só acho que não será fácil criminalizar a Bíblia. A condenação ao homossexualismo, no Livro, é café pequeno diante das incitações dos antigos profetas ao ódio racial, genocídio, extermínio de nações, do qual não se excluí mulheres e crianças, nem mesmo animais. Se Jeová autoriza aniquilar amorreus, heteus, perizeus, cananeus, heveus e jebuseus, isso não autoriza um católico a sair matando evangélicos, espíritas, macumbeiros. Se Moisés – ou quem quer que tenha escrito o Levítico – condena o homossexualismo, nem por isso vamos proibir este livro ou proibir citá-lo.
Sam Adams, em pleno século XXI, agiu como fundamentalista que ainda não descobriu que, desde há séculos, no Ocidente, a Igreja separou-se do Estado. Agiu como muçulmano, que considera o Corão como constituição. A aguerrida tribo dos homossexuais está virando seita fanática.
Mais um pouco e a moda chega até nós.

terça-feira, 4 de maio de 2010

CRÔNICAS IMPUDICAS

PAPAI e MAMÃE de MENTIRINHA

João Eichbaum

Agora é oficial e já pode: homem com homem, mulher com mulher. A Justiça decidiu e liberou geral, ao permitir a “adoção” de uma criança por um “casal” de lésbicas.
Fim do recato, meus amigos. Fim do machismo. O recato feminino, que sempre foi um dos atrativos do macho, perdeu a sua razão de ser, à medida que as mulheres vão para os jornais, para a televisão, para as revistas e para o rádio, anunciar, para quem quiser ler e ouvir, sem peias, que são lésbicas.
Elas podem agora, segundo decidiu o Superior Tribunal de Justiça, desempenhar o papel de casal, que é um fenômeno exclusivo da natureza, regra absoluta da biologia, em razão da qual nascem os bebês de qualquer primata.
Agora, deu pra natureza, às favas com a biologia. O que vale é o papel desempenhado pelo desvalor do ser humano, pela sua entrega às baixezas do sexo.
Fim do machismo também. O machismo já não pode ser causa de orgulho, porque deixou de ser o grande trunfo daqueles que produzem espermatozódes.
O homens perderam aquele direito que ainda era exclusividade deles: o de ser pai. Agora, com a decisão da justiça, o que lhes resta é alugar, para fins de procriação e para o deleite das lésbicas assumidas, aquela estrovenga que qual escorrega o líquido animal reprodutor do macho, a porra.
Mas, não é só isso. O que será dessa criança, “filha” de um “casal” de lésbicas, quando lhe perguntarem os coleguinhas de escola sobre seu pai? Terá essa criança absorvido já a idéia de que o macho é dispensável na relação de filiação, ou terá que suportar a humilhação de ser uma criatura apartada pelo preconceito que, quer queiram ou não, ainda haverá de dominar, enquanto existir um primata humano dotado de racionalidade sobre a face da terra?
Na última edição da Veja, lê-se uma frase antológica de André Petry, que calha como uma luva, na demonstração da real condição do primata humano: “o pensamento religioso, traduzido na idéia de que somos criaturas divinamente concebidas, tende a turvar a percepção de que nossa condição natural é miserável”.
E a conclusão é de que, à medida que a religião está perdendo suas forças, estão se depreciando também os valores morais do ser humano, devolvendo-o, sem a indumentária da dignidade, à sua verdadeira condição animal, muito bem adjetivada por André Petry.
Mas ainda falta o troco, que certamente será dado pelo Superior Tribunal de Justiça, permitindo aos machos que dispensem os óvulos femininos, para que possam também ser "mamães".
Quem viver, verá.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

CRÔNICAS REPETITIVAS

RIMAR É BOM? RIMAR É RUIM?

Paulo Wainberg

Dom Cardume jurou de morte
Capo Dentinho,
chefe da família rival,
bandido sedutor e formoso
como nunca se viu igual.
Por ciúme.

Convocou Kid Legume,
seu capanga mais fiel,
violento e brutal,
sempre ansioso de passar o gume do punhal
em carnes nobres, de gente ou animal.

Dom Cardume amava Capitela,
a donzela com gosto de mel, motel
e sarapatel.
Quando estava com ela
sentia-se no céu
e longe do perfume dela
sofria de ciúme cruel.

Quando percebia Capo Dentinho,
com maroto jeitinho,
para Capitela arrastar a asa,
tinha assomos e chiliques,
desses de destruir a casa.

Além disso, o desafeto
dominava um território
que Dom Cardume
desejava ardentemente:
o Seleto Estuário,
xodó da comunidade,
onde o dinheiro fluía
abundantemente
para a aquisição do material
vendido à supina,
mas sem qualquer vergonha:
cocaína e maconha.

“Suprimindo o inimigo”,
pensava Cardume consigo,
“os negócios ficam todos comigo”.
Orgulhoso da própria finura
relatou o plano a Legume
sem omitir a mistura
e terminou, às gargalhadas:
– Mato um coelho com duas cajadadas.

Kid Legume sorriu azedo.
Um sorriso?
Não, um arremedo.
Seu punhal ia falar cedo,
muito cedo.

Entretanto Capitela,
de origem portuguesa,
cuidando da vida dela,
não dava sorte ao azar:
“Com um dos dois hei de ficaire,
afinal eu mereiço”
e para ambos dava trela,
levando a parelha no beiço.

Capo Dentinho,
que para bobo não servia,
também tinha seus segredos,
vislumbres e devaneios.
Dar cabo de Dom Cardume
era um dos meios para,
sem muita balela,
ficar com a donzela e
com aguda proficiência
eliminar a concorrência.

Convocou para a missão
Joe “Scare” Burburinho,
seu comparsa terminal,
homem cujos bofes maus,
famosos até em Macau,
jamais prestava socorro,
gato em árvore matava,
não tirava boi do morro
e nada achava mais lindo
do que o sangue,
quando jorrava.

Naquela noite fatídica,
Dom Cardume saiu do alfaiate
e foi para a boate.
E Capo Dentinho,
depois de tomar um mate,
foi para a mesma boate.

Capitela dançava o número dela:
strip-tease à capela.

Dom Cardume babava
e Capo Dentinho envesgava.
O corpo de Capitela,
por ambos frequentado,
era de não botar defeito,
de passar a mão com jeito,
de enlouquecer a clientela
do mais fino ao ordinário.

Cada homem ali presente,
mais ou menos perdulário,
suando no próprio bafo,
desejava ardentemente
nela passar o sarrafo ou,
como se diz no popular,
sem medo de vexame
ou de ser vulgar,
enfiar-lhe o salame .

Dom Cardume e Capo Dentinho,
olhando-se de soslaio,
imaginavam o outro
no fundo de um balaio
recheado com cimento,
duro, cinzento e frio,
em repouso e quietinho,
lá no fundo do rio.

Com o dedo indicador,
Dom Cardume deu a ordem
e Kid Legume avançou.

Com o dedo mindinho,
deu a ordem Capo Dentinho,
e Joe “Scare” Burburinho avançou.

Capitela lá no palco,
esfregando o mastro ou pau,
percebeu a calamidade
e amoleceu
tal qual mingau,
sabendo que era aquela
a hora da verdade.

Kid e Joe, frente a frente,
mostraram um ao outro
o que é ser cabra valente.
Caíram juntos no chão,
Kid com um tiro no peito,
Joe com o peito desfeito.

Ao seguir da confusão
um bafafá alarmante,
Cardume saiu por um lado,
Dentinho pelo outro,
para evitar o flagrante.

Naquela noite agitada,
quando quase não dormiu,
Dom Cardume tomou uma decisão
e na manhã seguinte,
bem cedinho
e apesar do frio,
convocou Capo Dentinho
para uma reunião.

Mal ele chegou
e sentou,
Dom Cardume depôs nele
um olhar gelado,
daqueles de tirar o brio.

Capo Dentinho devolveu
com um cinzento,
de causar calafrio.

Durante cinco minutos
se encararam,
em silêncio.
Então a ficha caiu
para os dois,
no mesmo momento.

Dom Cardume sorriu
e Capo Dentinho remexeu,
como se seus cabelos
estivessem
pelo vento agitados.
Perceberam que estavam
mutuamente apaixonados.

Ninguém sabe descrever
a loucura que seguiu:
abraços voluptuosos,
beijos linguados,
mãos nos lugares volumosos,
ofegos candentes,
uis e ais pungentes,
tremeliques, calafrios
e alucinantes desvarios.

Nunca mais brigaram
e em amorosa paz viveram
como um casal de sabiás
canoros,
enfeitando o crime organizado
com seu doce arrulhar
sonoro.

Capitela,
pobre dela,
ficou a ver navios.