sexta-feira, 29 de setembro de 2017

OS RECIBOS DA DONA MARISA
João Eichbaum

O processo tem seu cerimonial. A lei estabelece um modo de proceder que vai além dos atos do processo, porque limita também o comportamento dos operadores do Direito. Cada qual deles tem seu papel definido. O juiz representa a lei. As partes representam o exercício do Direito, dentro do ritual estabelecido pelo ordenamento jurídico.

A lei, antes de tudo, é impessoal, neutra. A partir dela, se assimilar seu espírito, o juiz incorpora essa impessoalidade, e com ela empresta à sua postura, na audiência, a autoridade que é da natureza da lei, despida de sentimentos, quaisquer que eles sejam.

O defensor, o acusador, a testemunha, o réu, enfim, qualquer partícipe da audiência, que encontrar no juiz, não a figura de um homem, mas a encarnação da lei, irá moldar seu comportamento de acordo com essa concepção.

Os processos do Lula em Curitiba, porém, não têm seguido esse modelo. Contaminados pela efervescência política, os feitos se prestam à teatralização, que influi no comportamento das pessoas, desatando irreverências, insidiosas hostilidades e rancores.

Sérgio Moro, caindo na armadilha da provocação, responde no mesmo nível. Ou eleva o tom de voz, para impor autoridade: a autoridade pessoal, não a da lei. E para mostrar imparcialidade no trato para com o réu, deixa-o à vontade, para falar como se estivesse em casa, a bater papos informais com amigos, desatrelado do cerimonial do processo.

Sem se dar por achado, o magistrado permitiu que se instalassem, várias vezes, entre ele e o réu, debates nascidos de perguntas mal feitas, ou de respostas insuficientes. Assim, longe das prescrições do § 2º do art. 187 do CPP, o interrogatório perdeu sua natureza processual, para desandar no terreno ocupado pelo homem juiz e pelo homem réu.

E foi como homem, e não como a encarnação da lei, que Sérgio Moro cometeu a impertinência de perguntar sobre os recibos de pagamento dos aluguéis do apartamento, que o réu jurava ser alugado. Lula titubeou, abatido pelo espanto do bom falante surpreendido, mas logo se recompôs e invocou dona Marisa: dessas coisas, ela é que cuidava.

Invertida a velha regra de processo penal, segundo a qual o ônus da prova é da acusação, agora aconteceu um fenômeno, para todo mundo ver e crer: dona Marisa providenciou de lá da eternidade os recibos, para descansar em paz.


quinta-feira, 28 de setembro de 2017

DA TEMPESTE

Carlos Maurício Mantiqueira*
“Da tempeste il legno infranto,
se poi salvo giunge in porto,
non sá più che desiar.
Così il cor tra pene e pianto,
or che trova il suo conforto,
torna l'anima a bear“

Nós, descendentes de ilustres marinheiros, que um dia descobriram uma “ilha”, de Vera Cruz, sigamos os exemplos avoengos.

Percebendo o engano de pensar ilha uma vasta terra, rebatizaram-na de Santa Cruz.

Mais tarde, quase por intuição, o coração ardente de seus filhos passou a chamá-la de Brasil.

Vencemos as tempestades!

A mais poderosa nau de sua época, a “Santíssima Trinidad” depois de perder todos os mastros na batalha, rendeu-se. Seu comandante , Cisneros, entregou a espada, que, por sua coragem e altivez, é até hoje guardada no museu dos vencedores.

Tão magnífica era a tecnologia da belonave que os captores decidiram rebocá-la até sua pátria para estudar suas técnicas construtivas.

A ira dos céus frustro-lhes o plano. Veio uma tempestade que os obrigou a cortar as amarras sob pena de também eles naufragarem.

Nós que sempre arvoramos a bandeira da Cruz, em mar e terra, nada temos a temer.

As palavras comovem mas o exemplo arrasta.

Caxias, Tamandaré, Barroso e mais tarde, Eduardo Gomes deixaram a maior das heranças: a Honra.

Seus discípulos não fraquejarão na hercúlea tarefa de libertar o país de rapinas e traidores.

*Carlos Maurício Mantiqueira é um livre pensador
Fonte: Alerta Total



quarta-feira, 27 de setembro de 2017

PENSAMENTOS DO RUI ALBERTO*

O Brasil, o tráfico e a bandidagem
Não se pode imaginar poder armado independente do governo convivendo sob a mesma bandeira do mesmo Estado. Se existe é porque de uma forma ou de outra se "entenderam" .
Um Estado soberano não pode ficar muito tempo à mercê de facção armada independente sob pena de dividir o governo. Acaba de acontecer na Colômbia. Agora, as FARC que produziam drogas têm seus representantes no governo, o Papa Francisco ficou feliz, porque havendo paz, está tudo bem. O preço da paz não lhes importa. O sangue que escorre das drogas parece invisível e movimenta a economia, uns se alimentando dos outros.
O Estado, em sua atuação deficiente ao longo dos últimos 20 anos de confusões propositais do que se entende de leis aplicadas a criminosos e a políticos corruptos, trouxe muita tristeza, dor, desespero, irritação ao povo brasileiro, pacífico por natureza. Foi abuso de menor, de incapaz, porque povo brasileiro morre mas não se revolta. O tráfico não! O tráfico mata, sim, mas não vende papo furado de político. Vende drogas que "aliviam" a dor causada por corrupção de políticos indistintamente de partidos, que a policia não prende, e que o STF alivia, maletas de dinheiro, bolsos, meias, sutiãs voando pelas fotos, vídeos e gravações todas legais porque se identificam os "atores autores" ...
Parte da população já prefere o tráfico até porque onde há tráfico não há ladrão, e traficante trabalha, político não...
E sendo assim, se há 30.000 homens para controlar a Rocinha, quantos milhões de homens e trilhões.000.000.000.000.000,99 de Reais vão ser necessários para cercar todas as favelas do Brasil... Não temos tudo isso...
Tem que se intervir no principal antro de ladroagem, bandidagem e permissividade da nação: Essa porcaria de homens e mulheres que pululam endinheirados nos 3 poderes nacionais ostentando falas e desculpas, todos de uma porrada só. Para endireitar e não para esquerdecer, que desses estamos fartos..
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terça-feira, 26 de setembro de 2017

CHICANAS & METÁFORAS
João Eichbaum

 “Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade”. Assim está determinado no art. 86 da Constituição Federal.

A clareza do dispositivo dispensa qualquer outra interpretação, que não seja a literal: a Câmara é a primeira instância, pela qual passará a denúncia, nos crimes comuns. O procedimento só terá curso judiciário no STF, se for aprovado por dois terços da Câmara.

Não foi isso que aconteceu com a segunda denúncia oferecida contra Michel Temer. Antes que a denúncia chegasse à Câmara, quem tomou conhecimento dela foram os advogados de Temer.

E os causídicos não perderam tempo. Não lhes permitindo o rito constitucional qualquer manifestação nos autos, eles usaram de um expediente barato: pediram a devolução da denúncia à PGR ou a suspensão de seu encaminhamento à Câmara, por haver, na peça, notícia de crime praticado fora do exercício do mandato.

Pior fez o ministro Facchin: recebeu o pedido dos advogados e o submeteu ao pleno. Ora, qualquer juiz sabe que, com relação à denúncia, só há as seguintes alternativas: recebê-la, não recebê-la, ou rejeitá-la. O titular da denúncia, em crime de ação pública, é o MP. Não cabe ao juiz devolver-lhe a peça acusatória, com recomendações para ajustá-la à lei.

A CF não oferece ao Supremo as alternativas acima mencionadas, senão depois de admitida a acusação por dois terços da Câmara. O que restava a Facchin então, seria simplesmente ignorar o pedido dos advogados, por falta de figura legal e forma de juízo.

O resultado não foi outro: na guerra do verbo ocioso, Gilmar Mendes levou dez a um. De seu discurso, alimentado menos por razões constitucionais do que por impulsos de conveniência, se infere o disparate de que o art. 86 da CF não passa de metáfora.

Sobre a força da literalidade, não prevalecem circunlóquios, conversas que rastejam, sem chegar a lugar nenhum. Alguns ministros, querendo mostrar erudição, acabaram revelando falta de objetividade e pobreza de raciocínio. O ministro Barroso, por exemplo, chegou a dizer que se tratava de um tema de “extrema complexidade”. Donde se pode imaginar quão imensa teria sido a dificuldade de seus mestres em alfabetizá-lo.

Mas, enfim, uns e outros, ainda que por caminhos tortuosos, impediram que o Direito fornicasse com a chicana.


segunda-feira, 25 de setembro de 2017

PLANETACHO
DEPOIS DAS MALAS
Seria surpreendente agora é se a Polícia Federal encontrasse vários cofres cheios de roupas em algum apartamento em Salvador.

APOIO
Luana Piovani querendo dar apoio a Temer, o elogiou por “estagnar” a economia.

TRATAMENTO
Muito cuidado! Nos tempos atuais, tratar alguém por “excelência” passou a ser ofensa gravíssima.

PARCELANDO SEMPRE
O governador Sartori está de licença por problemas de saúde. Durante a consulta o médico pediu que ele dissesse trinta e três. O governador então falou: 1+2+5+5+10+2+5+3

FENÔMENOS
Tem gente que se vangloria de que no Brasil não tem furacão e nem terremoto, como se o impacto causado pela classe política fosse menor.

APOCALIPSE NOW
Um tal de David Meade afirmou que o mundo terminaria neste sábado dia 23 de setembro, com a chegada do famigerado Planeta X. Bem, se você está lendo este tópico é sinal  que o final dos tempos foi adiado.

MAIS UMA
No Brasil atual tudo vira polêmica. Somos um país dividido até por favoráveis e contra o horário de verão. Com certeza o tempo vai esquentar.



sexta-feira, 22 de setembro de 2017

RAQUEL E OS INDICIADOS
João Eichbaum

No Brasil só há três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. O Ministério Público não representa os órgãos de soberania do país, pois não é um poder. Vontade não lhe falta. Age como se fosse a cereja do bolo, mas não é um poder.

Isso significa que a PGR, sem o status de órgão de soberania, não está no mesmo nível dos Poderes da República. O estrato institucional que ocupa não exige aquela solenidade toda, aquela pomposa cerimônia que armou, para a posse de Raquel Dodge como Procuradora Geral da República.

Tal solenidade só serviu para botar o Brasil no mapa do ridículo, mais uma vez. Nenhum país, que cultive expectativas ordenadas, colocaria na mesma mesa, com toda a pompa e circunstância e o tratamento recíproco de Vossa Excelência, indiciados e acusadores.

Estampa de primeira página de alguns jornais mostra a nova chefe da Procuradoria Geral exibindo um sorriso fotográfico, tendo de um lado o presidente da República, Michel Temer, com o rosto tomado por um ricto que viaja entre a raiva e a vergonha. No outro lado, o presidente da Câmara de Deputados leva a mão à testa, traindo uma expressão de espanto, tipo assim “o que que to fazendo aqui”?

A cara do Temer e do Rodrigo Maia, assim como o sorriso arranjado de Raquel Dodge, refletem o malestar dominante na cerimônia. A operação Lava Jato, o maior instrumento contra a corrupção política, na história do país, foi sufocada por indigesto silêncio. De certo, a Procuradora Geral da República preferiu não falar em corda na presença dos enforcados...

Tudo isso mostra que a solenidade teve mais de constrangimento do que de festa. Em seu fraco discurso, no qual até quimeras do papa encontraram lugar, Raquel trata a corrupção como um substantivo que nunca se desprendeu de sua natureza abstrata. Os ideais que ressalta não são dela, mas constam do artigo 1º da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público.

Ao mencionar o “respeito e a harmonia entre as instituições”, porém, esqueceu da roupa suja: no seio do próprio Ministério Público, hoje, “respeito e harmonia” são virtudes desfiguradas.

Uma transmissão de cargo dentro de metros quadrados mais domésticos do que suntuosos, sem pompas, sem sorrisos amarelos e adulações da alta roda, esconderia as fraquezas do Ministério Público. Assim se evitariam duas coisas: o desconforto, nos personagens da peça, e a água, que botaram no chope do povo, impedindo um brinde à operação Lava Jato.


quinta-feira, 21 de setembro de 2017

BASTA AOS IDIOTAS
Carlos Maurício Mantiqueira*

A porcada está perdida; a cerca foi feita com mourão de aroeira.

O pilantra que se vê ecurralado, sairá com o próprio ralado.

Como no cassino, o “croupier” já declarou: “Mesdames et messieurs, les jeux sont faits; rien ne va plus”.

Se a bolinha cair fora da mesa, ouvir-se-á o toque de tambor. É caso de se impor!

O surgimento das redes sociais na internet foi, ao mesmo tempo, uma bênção e uma maldição.

Primeiro porque comprovou nossa suspeitas de que Fulano e Beltrano são idiotas. Por outro lado aumentou a quantidade e a arrogância de imbecis que passaram a nos torturar com suas “filosofias” baratas, publicadas em nossos perfis.

Para cada risada, dez bocejos.

O finado cronista social Ibrahim Sued classificou, nos anos sessenta do século passado, três níveis da sociedade brasileira :
O “high society”; o café society e o “Inêscafé” society.

Agora temos um quarto nível: café tina, também conhecida como mídia amestrada, a soldo do melhor postor (ou impostor).

O inefável Gabriele D'Annunzio disse que os não latinos eram todos bárbaros. Fazia uma honrosa exceção para Nietzsche.

O planalto já deu o seu último salto. Pós era do Grande Assalto.

O judas ciário agora entrou em seu calvário. Ou dá ou desce!

*Carlos Maurício Mantiqueira é um livre pensador.




quarta-feira, 20 de setembro de 2017

PENSAMENTOS DO RUI ALBERTO*

1958
Mildred negra, preta, retinta.
Richard branco
Foram condenados a um ano de prisão na Virginia, que seria perdoado pela lei "boazinha" se deixassem a Virginia e não retornassem por pelo menos 25 anos.
Amor entre preto e branco dava merda...
Eles foram para Washington.
Quem não entende este tipo de "transgressão" acaba vendo heróis em Lula, em traficantes...
1958 é logo ali atrás...
Eu ??
Eu amo o que está por detrás e dentro da pele. Pode ser humana ou animal, uma pedra ou uma planta. O Universo é meu lar. Homens posso amar. tenho um filho e tive um pai e um tio. Pra transar só mulheres. Mãe é outro tipo de amor, assim como filha. A quem ama gente do mesmo sexo, desejo que seja feliz mas que não me mostre seu orgulho. Engula-o como o choro. Quem mostra orgulhos arrisca-se ao orgulho dos outros. Democracia é outra coisa. Aliás... Para quem acredita, Deus nem é nada democrático. No buraco da agulha dele é mais fácil passar camelo que um ser humano. Deus não é humano.
Mildred e Richard foram felizes para o resto da vida.
Os dois são meus heróis.
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terça-feira, 19 de setembro de 2017

João Eichbaum

Na história do Supremo Tribunal Federal não se registram tantos pontos negativos como os dos últimos tempos. Críticas mordazes, comentários desairosos e indignação de juristas rasgaram o véu daquele tabernáculo. A justiça se banalizou, perdeu seus encantos, expôs sua nudez. Mas, mesmo nua, ainda se pavoneia com grandezas imaginárias.

Alguns ministros não têm preparo técnico: apanham do vernáculo, se embaraçam na dialética, resvalam em dificuldades no trato com algumas matérias do Direito. Outros ultrapassam os limites convencionais impostos à exposição pública e à vazão de opiniões pessoais.

Há os que viajam pelo mundo, quando deviam estar trabalhando, há os que mandam às favas a circunspecção e confundem sua pessoa com o Tribunal. O sentido literal da lei muitas vezes se submete a circunvoluções, que mais servem ao exercício individual do poder do que ao interesse público.

O julgamento da suspeição do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, arguida por Michel Temer, foi um episódio marcante nessa trajetória de declínio a que vem se entregando o Supremo Tribunal Federal. Mostrou que lá, cada um faz o que quer, porque não há lei, não há disciplina imposta ao indivíduo, para que ele contribua com a dignidade do grupo.

Gilmar Mendes estava no tribunal, mas não tomou parte da sessão, dando de ombros para o que dispõe o artigo 35, inc. VI da Lei Orgânica da Magistratura Nacional. Dias antes, abandonando-se à vulgaridade e descumprindo o inc. IV do mesmo dispositivo, tachara de “gestão de bêbado” a administração de Rodrigo Janot à frente da PGR.

Os tratos pessoais do ministro com Michel Temer e sua pública e notória antipatia para com Rodrigo Janot lhe comprometeram a isenção, o equilíbrio e a força moral para julgar. Então, ao invés de se dar por suspeito, se homiziou no gabinete: foi mais forte do que a lei, submetendo-a à sua vontade.

Sem disciplina e sem o apuro e a sensatez no cumprimento da lei, o luxo, a pompa e o ritual majestático não são suficientes para emprestar dignidade ao Tribunal. A dignidade está no homem e não na instituição, que se torna respeitável ou se deforma, a partir do comportamento dos indivíduos que a compõem.




segunda-feira, 18 de setembro de 2017

PLANETACHO

Farrapos da semana

As gravações do Joesley têm deixado membros dos três poderes mais assustados que velha em canoa

É tanta gente envolvida em corrupção que o povo fica com a boca mais aberta do que burro que comeu urtiga

E a economia segue mais devagarzito  que enterro de viúva rica

Dizem que Gilmar Mendes está mais nervoso que cascudo atravessando galinheiro

Com tanto escândalo, o eleitor fica mais perdido que cupim em metalúrgica

O Geddel ta mais enrolado que namoro de cobra

Enquanto isso, o emprego anda mais escasso que passarinho em zona de gringo

O Temer anda com cara mais amarrada que pacote de despacho

E quem ainda não foi descoberto anda mais escondido que orelha de freira


Enquanto isso, o país tá mais atirado que alpargata em cancha de bocha

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

O VERNÁCULO MALTRATADO NO SUPREMO
João Eichbaum
O ministro Edson Fachin mandou Joesley e Saud para a cadeia, destratando o vernáculo: “Trata-se de pedido de prisão temporária requerida pelo Procurador-Geral da República (fls. 02-14), com base no art. 1o, incisos I e III, l, da Lei 7.960/1989 em desfavor de Joesley Mendonça Batista, Ricardo Saud e Marcello Paranhos de Oliveira Miller, pelo prazo de 5 (cinco) dias”.
“Desfavor” é substantivo masculino, antônimo de “favor”. Algum integrante da área jurídica, ou de fora dela, conhece casos de prisão temporária “em favor” de alguém?
Ora, sendo “desfavor” o antônimo de “favor” e, não existindo a possibilidade de se decretar a prisão “em favor” de quem quer que seja, o substantivo perde sua natureza “ut oppositus sensus”. E, se deixa de ser empregado como antônimo, “desfavor” assume a condição de sinônimo de “desdém, desprezo, descrédito” etc...
Nesse último caso, perde completamente o sentido no texto de Fachin. Falta-lhe o termo correto, a palavra adequada. Só se pode pedir ou decretar a prisão de “alguém”, e não em “desfavor” de alguém.
Além de maltratar o idioma, usando expressão imprópria, a decisão de Fachin se enrosca num estilo árido, sinuoso, sem elegância, a ponto de deixar pendurado no fim do período, divorciado do adjetivo, o respectivo adjunto adverbial.
O vernáculo é, por excelência, o instrumento de trabalho de qualquer operador da área jurídica. O mau uso da linguagem, além de depor contra quem não se expressa corretamente, compromete o Direito como ciência, banaliza-o, joga-o na vala das coisas comuns, tira-o dos tratados, para transformá-lo em descomprometido linguajar de boteco.
Quem começa mal, não pode terminar bem. Analisada como expressão de um juízo de valor, a decisão de Edson Fachin revela pouca intimidade com a lógica. Emprestando à presunção o status de premissa, ela se embaraça num raciocínio truncado e sem a clareza que só o bom vernáculo pode produzir.
O povo festeja a prisão dos falastrões, mas os juristas se decepcionam com a pobreza de um silogismo mal construído. E cresce o descrédito no STF.


O VERNÁCULO MALTRATADO NO SUPREMO
João Eichbaum
O ministro Edson Fachin mandou Joesley e Saud para a cadeia, destratando o vernáculo: “Trata-se de pedido de prisão temporária requerida pelo Procurador-Geral da República (fls. 02-14), com base no art. 1o, incisos I e III, l, da Lei 7.960/1989 em desfavor de Joesley Mendonça Batista, Ricardo Saud e Marcello Paranhos de Oliveira Miller, pelo prazo de 5 (cinco) dias”.
“Desfavor” é substantivo masculino, antônimo de “favor”. Algum integrante da área jurídica, ou de fora dela, conhece casos de prisão temporária “em favor” de alguém?
Ora, sendo “desfavor” o antônimo de “favor” e, não existindo a possibilidade de se decretar a prisão “em favor” de quem quer que seja, o substantivo perde sua natureza “ut oppositus sensus”. E, se deixa de ser empregado como antônimo, “desfavor” assume a condição de sinônimo de “desdém, desprezo, descrédito” etc...
Nesse último caso, perde completamente o sentido no texto de Fachin. Falta-lhe o termo correto, a palavra adequada. Só se pode pedir ou decretar a prisão de “alguém”, e não em “desfavor” de alguém.
Além de maltratar o idioma, usando expressão imprópria, a decisão de Fachin se enrosca num estilo árido, sinuoso, sem elegância, a ponto de deixar pendurado no fim do período, divorciado do adjetivo, o respectivo adjunto adverbial.
O vernáculo é, por excelência, o instrumento de trabalho de qualquer operador da área jurídica. O mau uso da linguagem, além de depor contra quem não se expressa corretamente, compromete o Direito como ciência, banaliza-o, joga-o na vala das coisas comuns, tira-o dos tratados, para transformá-lo em descomprometido linguajar de boteco.
Quem começa mal, não pode terminar bem. Analisada como expressão de um juízo de valor, a decisão de Edson Fachin revela pouca intimidade com a lógica. Emprestando à presunção o status de premissa, ela se embaraça num raciocínio truncado e sem a clareza que só o bom vernáculo pode produzir.
O povo festeja a prisão dos falastrões, mas os juristas se decepcionam com a pobreza de um silogismo mal construído. E cresce o descrédito no STF.


quinta-feira, 14 de setembro de 2017

VIRTUDE E NÃO VIRTUDE

Renato Sant’Ana

Um dos personagens mais instigantes da literatura universal é o Príncipe Liév Nikoláievitch Míchkin: asceta e quixotesco, ele personifica o que pode haver de mais virtuoso num homem. Mas sua retidão de caráter, pureza de sentimentos e a desconcertante sinceridade, virtudes de um ser superior, colocam-no em conflito com a corrompida sociedade de Petersburgo (séc. XIX). Míchkin é personagem central do romance "O idiota", do magnífico Fiódor Dostoiévski, obra cujo título é uma ironia do autor. Como não pensar em Dostoiévski?

Depois do depoimento de Antonio Palocci, que dedurou Lula e Dilma, José Dirceu atacou: "É melhor morrer do que perder a dignidade e se tornar delator." Como quem diz: "é moralmente exigível que o criminoso tenha dignidade para não delatar seus companheiros". Mas os delatores da Lava Jato só praticaram os crimes processados precisamente por falta de dignidade... Aliás, Dilma Rousseff, antes de ser desmascarada, também censurava quem fazia a "delação premiada".

Palocci não traiu uma causa, mas ajudou a desvendar crimes. Se deixou mal os seus cúmplices, à Pátria fez bem. Logo, seu ato foi virtuoso, não indigno. O que não conta para Zé Dirceu, que, tendo de escolher entre o Brasil e os companheiros, elege a pandilha. E é de sua ideologia desprezar a verdade para favorecer o crime, se for conveniente ao partido. (É a lógica da esquerda revolucionária.)

Zé Dirceu é personagem paradoxal de sua própria ficção - dona de bordel pregando castidade. Ex-presidente nacional do PT e ex-ministro de Lula, sempre bajulando os pobres, ele ficou rico no governo. Condenado no mensalão, seguiu praticando delitos e ganhando muito dinheiro (inclusive na cadeia). Cumpre pena atualmente por condenação na Lava Jato. No discurso, ele incorpora as virtudes de Míchkin, enquanto sua vida dissoluta, numa comparação, faz a Petersburgo retratada por Dostoievski parecer uma sociedade angélica.

Agora acusa Palocci de haver sempre batalhado "pelos próprios interesses, não por uma causa coletiva", como se ele fizesse diferente. É que acusar o outro é um jeito de gravar no chip da militância: "eu sou o honesto que não trai o PT". O recado tem, pois, endereço certo: a lobotomizada raia miúda do PT, que necessita de crenças para seguir servindo e cuja cegueira de consciência ele fomenta com mistificações, fazendo-a acreditar em que Lula e Dilma, como os outros bandidos, não passam de vítimas, de perseguidos políticos, cordeiros inocentes.

Alejo Carpentier, precursor do "realismo fantástico", inquieta-se na eternidade: "Como foi que não imaginei um Zé Dirceu nem um PT?", pensa ele. É que a ficção petista e sua incrível capacidade de torcer os fatos supera a imaginação de qualquer romancista.


Renato Sant'Ana é Psicólogo e Bacharel em Direito.


Fonte: Alerta Total

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

PENSAMENTOS DO RUI ALBERTO*

Sejamos práticos!!!!
Todo dia vivemos uma nova etapa... A cada hora,minuto, segundo... somos uma continuidade viva no tempo. Antes do nascer e depois do morrer não há nenhuma etapa para nós.
Aproveitemos então cada etapa...
Se quer ir na praia mas está chovendo e não quer se molhar, leve guarda-chuva. Se não quiser arriscar, fique numa igreja ou em casa em frente ao santo de barro de estimação, e diga a Deus para a chuva parar....


Memórias da "bandidage"
Na época da "repressão" - em todo mundo- batiam, torturavam, martelavam...FALA!!!! FALA!!!!! e morriam sem falar...
Agora são apanhados e falam pelos cotovelos. Eles mesmos, os bandidos, se gravam uns aos outros e pra não pegarem as gravações. mandam para o exterior...Que luxo!!!
Os heróis, ou melhor, "oszeróis" se subverteram e viraram bandidos que entregam os companheiros pra salvar pelo menos 70% do produto do roubo...
Dilma andou assaltando muitos bancos nas décadas de 60 e 70 e disse ao Lula:
- Rapazes! Eu não preciso de tanta grana... Fico só com jóias e diamantes, e uns beneplácitos régios...
Na foto o elemento de tortura mais usado, o pau-de-arara, ainda em uso até hoje.

*Leia mais em "bar do chopp Grátis"

terça-feira, 12 de setembro de 2017

UMA EXPLICAÇÃO, POR FAVOR!
João Eichbaum

Todo mundo agora sabe que a semvergonhice não tem tamanho, cor, dimensão, tempo de validade e duração. Depois da descoberta de cinquenta e um milhões de reais em espécie, hospedados num apartamento de Geddel Vieira Lima, desapareceu o espaço destinado à honestidade nas instituições brasileiras.

Enquanto milhões de brasileiros não têm casa para morar, o dinheiro de Geddel Vieira Lima estava bem guardado e acondicionado num apartamento, à prova de chuvas, ventos, trovoadas, Receita e Banco Central.

A Receita Federal, que tortura a todos quantos abaixo dela se acham, cobrando de quem trabalha e sua às bicas para ter o pão de cada dia, para pagar o aluguel ou a prestação da casa, para pagar IPVA, IPTU, condomínio,  farmácia,  plano de saúde, a escola das crianças e tudo o mais que a vida exige, a Receita Federal  tem alguma explicação aos honestos contribuintes sobre a dinheirama do Geddel?

O que faz o Banco Central, guardião mor do sistema monetário, por cuja lisura tem que zelar, imunizando o dinheiro, protegendo-o contra a ruptura de seu hímen pela lavagem criminosa?

E vocês, eleitores baianos, podem fazer o favor de explicar aos demais brasileiros quem é Geddel Vieira Lima? Donde saiu esse gordinho com cara de chorão abobado, que vocês colocaram na Câmara de Deputados nada menos de cinco legislaturas? Quem o teria levado para a vida pública? Não haverá ninguém melhor do que ele nessa terra de poetas, sambistas, belas mulatas de olhos verdes em praias mais lindas ainda, sem falar nas igrejas douradas e nos acarajés apimentados?

Estarão perfilados Exército, Marinha e Aeronáutica para explicar aos brasileiros honestos, que constroem esse país, quais foram os grandes e heróicos feitos de Geddel Vieira, que lhe renderam a Ordem do Mérito Militar, a Ordem do Mérito Naval e a Ordem do Mérito Aeronáutico? E que chamas andou apagando o gordinho chorão em Pernambuco, para merecer a Medalha do Mérito Bombeiro Militar?


Alguma vez na vida teria Geddel trabalhado? Trabalhado em quê mesmo?  Que artes mágicas ou feiticeiras teria ele usado para se projetar como figura digna de tantos galardões? Ou a única resposta que teremos será o silêncio vergonhoso de quem não tem coragem para falar de um menino doente?