segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

MAS, VAI ADIANTAR?

João Eichbaum

Ainda bem que existem  bandidos, que não usam gravata, no Maranhão. Se não fossem eles, se eles não tivessem utilizado seu direito de “visita íntima” para estuprar as mulheres que iam visitar maridos e companheiros, na prisão, se não tivessem sido torturados e decapitados, se não tivessem matado mais de sessenta presos, se não tivessem incendiado um ônibus e matado uma inocente criança, ninguém saberia dessa vergonha de domínio público, que é o Maranhão dos Sarney.
Graças a essas monstruosidades, o Brasil e o mundo ficaram conhecendo a história. Foi lá que um desembargador deu o pontapé inicial na carreira política de seu filho, que até Presidente da República já foi, e tem o poder na mão há mais de meio século, manobrando da direita para a esquerda, com uma facilidade de tirar doce de criança.
O glorioso patrício José Ribamar, vulgo Sarney, está em toda a parte onde se encontra o poder. Manda no Judiciário, barganha com o Legislativo e garante maioria para o Executivo, esteja lá quem estiver sentado no trono, seja general ou operário sem dedo.
Funcionário público sem concurso, levado pela mão do pai, desembargador, para o Tribunal de Justiça do Maranhão, de lá saiu para conquistar o poder nesta potência gloriosa e corrupta chamada Brasil. E estendeu seus tentáculos por toda a parte: da presidência da República à Academia Brasileira de Letras, não há o que resista ao poder do Sarney.
 No Maranhão, então, onde ele, quando de corpo presente, é digno de veneração pública, nem se fala. Lá ele e sua família são donos de tudo, até das consciências. Enquanto alguns de seus filhos tocam os negócios para dar aparência legal ao enriquecimento da família, outros se aproveitam da carreira política como baluarte para tapar eventuais fracassos financeiros: negócios e política, para os Sarney, é tudo a mesma coisa.
Mas, agora com o terror comandando os presídios, a coisa veio a furo, revelando a incompetência da governadora, que, por coincidência, é filha do patriarca Sarney. E no rasto dessa incompetência veio tudo o mais: a vergonha de existir um povo miserável e ignorante, tratado como marionete dos Sarney.
Não fossem os bandidos sem gravata, as notícias não teriam revelado a existência dos bandidos de gravata.
Mas, infelizmente, vai dar em nada. Neste país do futebol, o time da Semvergonhice sempre ganha do time da Vergonha na Cara. Tanto que o ministro da Justiça, de gravata, já esteve no Maranhão, não tugiu nem mugiu sobre as mortes e atentados, e com cara de pau passou a bola para a incompetente Roseana Sarney.





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