terça-feira, 8 de maio de 2018


ENTRE DOGMAS E HIPOCRISIAS
João Eichbaum
A paixão pode ser cúmplice do silêncio. Mas o fim de todas as esperanças tem força para violá-lo. Com lesões na cabeça e nos membros inferiores, uma mulher, ao ser medicada na emergência do hospital, não revelou a origem dos ferimentos.
Instauradas a partir do boletim médico do hospital, as investigações policiais tropeçaram no silêncio oposto pela mulher. Só um ano depois raiou o dia impossível da revelação. A paixão dera lugar ao fim de todas as esperanças de reconciliação, transformando os suspiros em lágrimas: seu agressor era um padre, a quem a mulher se entregava em noites furtivas.
A Igreja Católica desfralda a bandeira da castidade como mentira romântica do celibato sacerdotal. Quer dizer, usa a hipocrisia para estimular a fantasia popular sobre aquilo a que denomina “mistérios de Deus”.
Não é segredo algum: todo mundo sabe que o sexo é uma função biológica. As glândulas de reprodução são os instrumentos usados pela natureza para a preservação do gênero animal, de que o homem é espécie. Sem o sexo, o homem já teria desaparecido da face da terra.
Trata-se, portanto, de uma das funções essenciais da natureza animal. É a que ocupa o cume na escala dos prazeres da vida, exatamente para mostrar que a vida depende dela.
 Por outro lado, perversidades e deserções do estado clerical demonstram a hipocrisia do celibato como distinção outorgada aos “escolhidos por Deus”. E, como se não bastassem os incontáveis casos de pedofilia, que despertam apenas “angústia apostólica” no Sumo Pontífice, o Rio Grande do Sul apimenta agora a história negativa da Igreja, com o padre de Caxias do Sul que espancou a amante.
Tendo levado a sério as lições do apóstolo Paulo que mandava as mulheres se submeterem aos homens, o padre vai ser indiciado como um joão ninguém qualquer, desses que enchem a cara no sábado e descontam suas frustrações em cima da patroa: Lei Maria da Penha nele.


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