segunda-feira, 27 de agosto de 2012

VIRAM SÓ, NO QUE DEU?




João Eichbaum

Deu no jornal: “após três anos de convivência sob o mesmo teto, duas mulheres e um homem decidiram regularizar a situação matrimonial e estabelecer, em cartório, as mesmas regras atribuídas ao casamento”. Foi lavrada e publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo a “Escritura Pública de União Poliafetiva”.
O quê? Vocês estão escandalizados?
Sei, sei, apreensivos pelo que pode acontecer: a porteira está aberta. Depois daquela aberração histórica do Supremo Tribunal Federal, permitindo que a bicharada toda saísse dos armários, tudo é possível. Está tudo permitido pelo voto do Luiz Fux, aquele ministro que não sabe escrever e faz rodeios e viravoltas, não sabe como chegar ao assunto, mas vai fundo, mesmo atropelando o vernáculo. Olhem só as asneiras antológicas que o Fux prega:
Tem-se, pois, que a proteção constitucional da família não se deu com o fito de se preservar, por si só, o tradicional modelo biparental, com pai, mãe e filhos.
Bem ao contrário, a Constituição de 1988 consagrou a família como instrumento de proteção da dignidade dos seus integrantes e do livre exercício de seus direitos fundamentais, de modo que, independentemente de sua formação – quantitativa ou qualitativa –, serve o instituto como meio de desenvolvimento e garantia da existência livre e autônoma dos seus membros.
Dessa forma, o conceito constitucional pós-1988 de família despiu-se de materialidade e restringiu-se a aspectos meramente instrumentais, merecendo importância tão-somente naquilo que se propõe à proteção e promoção dos direitos fundamentais dos indivíduos.
Viram só?
Não sou eu que digo. Está escrito, mal escrito, mas escrito no voto do Luiz Fux, que foi acolhido até pelo ex-seminarista Peluzo, sobrinho do bispo. Todo mundo fora do armário.
Não tem mais essa de “modelo biparental”. Não existe mais modelo de família, quer do ponto de vista qualitativo, quer do ponto de vista quantitativo.
E quem conhece o voto do Fux sabe que, para o boneco, (vocês não acham que ele tem cara de boneco de ventríloquo com aquela peruca pastosa e ondulada?) entre os direitos fundamentais do indivíduo assume papel relevante a liberdade sexual, no pior sentido: de dar o quê e para quem quiser...
Estamos cada vez mais perto do fundo do poço, meus amigos! Estão querendo acabar com a terceirização dos serviços de cama! Estão querendo eliminar aquela figura tradicional que alavanca o PIB de qualquer país, movimentando o comércio de jóias e presentes, e rendendo bons honorários para advogados e detetives: a amante.

Um comentário:

Gigi disse...

De fato, é demais. Onde irá parar "isso". Teses absurdas, acolhidas pela maioria (ou unanimidade) no Supremo. Famílias de dois pais, de duas mães, fora do modelo "biparental". Que se pode fazer, Eichbaum?