O SUJEITO DO SOFÁ
"O sujeito do sofá é um idiota incapaz de
entender uma polegada além do que lhe dizem os grandes grupos de
comunicação". Essa definição é da lavra do respeitável cronista, um dos
melhores do país, Percival Puggina, no texto intitulado “A Arrogância do Intelecto
vai nos ferrar”?
Sim, existe tal tipo. É aquele sujeito que, por
falta de cultura ou de leituras, despojado da capacidade de pensar, desconfiar,
duvidar e criticar, aluga seus olhos e seus ouvidos para os grandes canais de
comunicação como um penico que aceita tudo: líquido, sólido e gasoso.
Quando o resultado das urnas desmentiu
fragorosamente as previsões e os palpites de comentaristas e institutos de
pesquisas ligados a determinados grupos de comunicação, a casa ruiu para esses
grupos. A mamata deles, sustentada pelas fontes de arrecadação fiscal, secou. E
aí, desmamados, iniciaram essa guerra, que já dura quase três anos.
Empurrados contra o muro da falência, se
entregaram ao desespero, perderam a criatividade, se desfizeram das
propriedades que qualificam a boa imprensa, a imprensa séria, digna de crédito.
Agora não têm freios nos dentes para falar mal do presidente, de seus filhos,
de seus amigos.
É evidente que pessoas dotadas de inteligência,
com níveis de cultura não envenados por paixões políticas, por ideologias
dogmáticas infensas a contrarrazões, reunem condições de ponderar, avaliar,
medir os fatos, e não se dobram à lavagem cerebral a que aqueles grupos querem
submeter a população.
Essas pessoas, porém, são em menor número.
Cultura, capacidade de entender e de pensar não dá em touceira.
Mas, o sujeito do sofá existe e, desde que
apareceu a primeira emissora de televisão no país, se deixou dominar por ela.
Esse sujeito perdeu – se é que a teve alguma vez – a capacidade de pensar por
ele mesmo. Para ele, as melhores horas
do dia são aquelas em que ele se aboleta na frente do aparelho de televisão.
Dali não sai. A televisão exerce um fascínio inelutável sobre ele. Encantam-no
mulheres ou homens que aparecem em filmes, noticiários, programas de calouro, novelas, e claro, programas
pornográficos, como o tal BBB, de que se serve para satisfazer seu onanismo. O
que os narradores de futebol e o Tite dizem, pra ele é lei. Mesmo que a imagem
esteja mostrando o contrário.
Sim, esse é o sujeito do sofá, que certamente
nunca leu um livro na vida, ou se leu algum, já nem se lembra do título e,
muito menos, do autor. É o homem medíocre por excelência.
O sujeito do sofá é o objeto do desejo dos
noticiaristas e comentaristas da televisão. É com ele que contam os grandes
grupos de comunicação, para saírem do atoladouro que ameaça engoli-los. E
agora, com a colaboração de Renan Calheiros, Omar Azis e a jurisprudência
casuística do STF, bombas e mais bombas rondam o palácio do Planalto. Tudo,
porque os aproveitadores do erário têm certeza de que o sujeito do sofá lhes
garantirá a saída do Bolsonaro e eles voltarão a mamar nas tetas da república.
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