terça-feira, 31 de julho de 2018


A SOPA QUE CONSERTA O MUNDO
Mariléia Sell

Há quem vá arrumar gavetas. Outras caminham. Eu cozinho sopa. Não importa se é inverno ou verão, quando preciso organizar meus pensamentos e consertar o mundo, o meu mundo, lanço-me a picar legumes. Eu poderia acabar com a fome do planeta nesses dias. Mas falta-me uma panela maior!

Minhas sopas agora são sem veneno; arrumei um fornecedor de alimentos orgânicos. As cenouras e os tomates são mais honestos; não fazem promessas que não podem cumprir. Não ostentam aquela arrogância lustrosa e gigante. Já o chuchu continua o mesmo de sempre; com ou sem veneno é sem graça. Posso até ver minha mãe partindo em defesa do legume. Para ela, o chuchu é mal compreendido: “é porque tu nunca provou a sobremesa de chuchu com melado”. 

As batatas sem veneno são miúdas e cheias de pontos pretos, mais difícieis de descascar. Levando o conceito de economia a extremos e sempre administrando a pobreza lá de casa, minha mãe fiscalizava a espessura das cascas que iam para a lavagem dos porcos. Eu quase partia os dedos tentando corresponder às expectativas maternas. Hoje, não consigo deixar de sentir uma satisfação interna ao ver as cascas dos meus legumes quase transparentes. É a satisfação de não desapontar a minha mãe: “mãe, eu consegui, tornei-me uma  descascadora competente”. Preciso, porém, fazer uma ressalva para a moranga; essa é impossível de descascar aplicando os princípios da minha mãe. As cascas ficam vergonhosamente grossas!

Com o aipim me reconciliei tardiamente na vida. Na infância, éramos obrigados a comer, quer quiséssemos ou não. “Quando vocês levantarem a tampa da panela de vocês, aí vocês escolhem a comida”, dizia o meu pai, pragmático e com preocupações mais urgentes do que o nosso paladar infantil. Confesso que nutria um ódio secreto pelo aipim e quando comecei a levantar as tampas das minhas próprias panelas, foi o primeiro a ser banido da cozinha. Depois de anos levando o aipim para o divã, resolvi dar uma segunda chance a ele, e ao meu pai.

Minha relação com a batata doce também passou por um longo recesso. Eu e meus irmãos comíamos o tubérculo até no café da manhã, com schmier (dou um prato de sopa para quem adivinhar o ingrediente principal da geleia!). Levávamos a batata de lanche para a escola, comíamos no almoço e quando mais fosse necessário para complementar a dieta. Mas não há adversidades suficientes para limitar a criatividade materna: levávamos também pão com ovo frito e, nos tempos de muita opulência, pão com bife.

A nossa mãe assava as batatas no forno, depois de tirar as fornadas de pães. O mundo todo recendia a batata. Talvez por essa identificação com a batata, sempre acatamos, resignados, quando nos chamavam de “alemão batata”. Enjoei terrivelmente da batata doce. Ultimamente, porém, tenho dado passos importantes para a nossa reaproximação. Descobri que ela é indispensável na dieta de quem faz atividade física. Quem diria! Minha velha conhecida é admirada no mundo fitness! Redimi a batata.

Recentemente, experimentei colocar uma prima da batata na sopa. Tenho uma relação afetiva de tempos primevos com o cará. Minha bisavó fazia pão de cará e contava histórias, histórias sobre a eternidade, sobre o céu e sobre  o inferno. A eternidade, dizia ela, equivale ao tempo que um pássaro leva para bicar uma rocha inteirinha. O detalhe é que o pássaro vem a cada cem anos dar uma bicadinha de nada. Esse era o tempo que ficaríamos no inferno, se fossemos mal comportados. Até hoje o tempo para ficar no inferno me parece exagerado! Mas, voltando ao cará, não adianta, cada um tem uma vocação na vida e a do cará não é para estar na sopa. Sua textura fica melhor no pão, no pão da minha bisavó.

A sopa está pronta. O cheiro está promissor. Sento-me e chamo toda a família, os daqui e os do outro mundo. É tempo de reconciliação. É tempo de juntar tudo em um caldo reconfortante. Pai, tem até aipim na minha panela!

Mariléia Sell é Professora Doutora dos Cursos de Letras e Comunicação da Unisi

domingo, 29 de julho de 2018


PLANETACHO

VERDES
A descoberta de água em Marte esta semana deixou a comunidade científica mundial espantada e curiosa. Especialmente pesquisadores gaúchos. Seriam os marcianos homenzinhos verdes de tanto tomar chimarrão?

ESPECIALISTA
Já em Brasília  estourou como uma bomba a notícia de que o tal doutor Bumbum teria trabalhado no Planalto. Teria sido assessor de Meirelles para aumentar os investimentos na área da poupança.

LÁ COMO AQUI
Já em Michigan, nos Estados Unidos, o novo prefeito de Omena é pequeno, peludo, e tem quatro patas. Um gato de nove anos, conhecido como Sweet Tart, que foi eleito na semana passada. Ele concorria  ao cargo com um pavão, uma galinha, 13 cães, uma cabra e dois outros felinos. Lá também os gatos atuam na área política.

TÉCNICO
Tite renovou com a CBF até 2.022. Com uma campanha semelhante à do Dunga na Copa de 2.010. Tite contou com o apoio da Globo. A principal diferença é que um fala muito enquanto o outro só resmunga.

LISTA
E na lista dos dez melhores jogadores do mundo da Fifa, nenhuma surpresa. Neymar caiu fora...

GÁS
O gás já aumentou este ano cerca de 27%. Os fogões já tratam os botijões respeitosamente como “meus caros”.

VICES
Um astronauta e um príncipe surgiram esta semana como opções para ocupar a vice-presidência, mas isto necessariamente não quer dizer que o nível da campanha eleitoral vai estar lá em cima ou que o partido terá mais espaço no horário nobre.

ATUAÇÃO
Neymar durante a copa jogou pouco. Após, pôquer...

A RUA
A antiga cantiga de criança “Se esta rua fosse minha” foi levada ao pé da letra pelo prefeito de São Paulo. Dória Júnior é dono de uma rua em Campos do Jordão. A rua estava ao lado de seu terreno na cidade. Dória pegou a rua para ele, mas teve que devolver a área pública. Agora ele a comprou da Prefeitura por C$ 173 mil. Só falta ladrilhar com pedrinhas de brilhante.

sexta-feira, 27 de julho de 2018


FRASES SEM EFEITO
João Eichbaum
Ao negar validade para a complementação do valor das consultas das cooperativas de saúde, a dona Carmen Lúcia, presidente do STF, concluiu sua decisão em tom evangélico: “saúde não é mercadoria, vida não é negócio”.
Digamos assim: o sujeito está incomodado por uma diarreia daquelas de desmanchar a alma, a ponto de remetê-la para as partes baixas, através dos canais competentes. Ele chega numa farmácia e pede remédio contra tal malefício. O farmacêutico lhe alcança o medicamento, o cara dá de mão na coisa e some da farmácia. Logo adiante é preso, acusado de furto. Para livrá-lo, seu advogado apresenta na polícia a seguinte tese: “saúde não é mercadoria”. Vocês acham que o delegado vai dar um tapinha nas costas do elemento, dizendo “vai em paz, mermão”?
Ou então essa: o playboy enche a cara de uísque, sai com sua Mercedes em alta velocidade, atropela um poste, arrebenta as ventas e esfacela o crâneo. Levado ao hospital é submetido a cirurgia de altíssimo risco. O procedimento médico lhe devolve a vida, ele sai lépido e faceiro e não paga a conta do médico, nem do hospital. Chamado a juízo para pagar o que deve, seu advogado apresenta a seguinte tese: “vida não é negócio”. Salvo casos de pane nos neurônios, juiz nenhum acolheria tal tese, para negar o direito da equipe médica à remuneração, consciente de que o trabalho não remunerado é trabalho escravo.
 Todo mundo sabe que os remédios são produto de laboriosas e dispendiosas pesquisas. Exigem formação e preparo do pesquisador, materiais apropriados, nem sempre disponíveis. Em suma: custam dinheiro. Para chegarem ao consumidor, exigem investimentos dos distribuidores e das farmácias. Ora, tudo o que envolve custo, mercado, oferta, procura, mão de obra e cifrão, senão é mercadoria, negócio é.
O custo da saúde e da vida é consequência da convivência social. Ninguém, no grupo social, se basta a si mesmo: sem trocas, não há convivência. Do escambo nasceu a economia, que gera empregos e riqueza. Dessa roda giratória não há atividade que escape do selo da mercadoria ou do negócio. Só o indivíduo que dispensa essa convivência e se entoca no mato poderá ter saúde grátis, sobrevivendo com ervas medicinais.
A Justiça existe para resolver os conflitos que nascem da convivência social. Ao juiz incumbe assentar juízos de valor, calcados em argumentos jurídicos, axiológicos. Não é de seu ofício fazer poesia inútil, cerzir frases, ou construir pensamentos que se volatizam por sim mesmos. Necessidades primordiais do ser humano, saúde e vida clamam por soluções eficazes e não por veleidades literárias.

terça-feira, 24 de julho de 2018


MALDITO  FRUTO DO TEU VENTRE
Mariléia Sell

Nesta semana, a pesquisadora e professora de direito da Universidade de Brasília, Bebora Diniz, recebeu ameaças de morte por seus posicionamentos sobre os direitos das mulheres. A professora é referência internacional em bioética e tem na sua pauta as agendas feministas, os direitos humanos e os direitos reprodutivos. Ela é reconhecida como uma das cem mais importantes pensadoras do mundo por seu trabalho sobre as grávidas que contraíram o zika vírus. Em suas palestras e entrevistas, ela tem defendido a descriminalização do aborto. Ou seja, ela é do demônio. Não fosse a vigilância de pessoas preocupadas com a vida, com os costumes e com a moral, provavelmente descambaríamos para a barbárie.

O debate sobre a descriminalização do aborto, no Brasil, é feito prioritariamente por homens, homens que fazem as leis, homens tementes a Deus, homens que misturam igreja e política, em franca inobservância da nossa legislação. Homens que controlam os discursos sobre os corpos e sobre as escolhas das mulheres desde o período neolítico. Homens que, baseados em sua experiência milenar, sabem que a realização da mulher se dá na maternidade e na domesticidade. Homens que comprovaram, na ciência do século XIX, que as mulheres são seres não pensantes, justamente por terem um útero. Por isso mesmo, os homens é que pensam por elas. A eles cabe a elevada tarefa dos contratos sociais!

No Brasil, as mulheres podem interromper a gravidez somente em três situações:  em casos de estupro, risco de morte para a mãe, ou diagnóstico de anencefalia. Abortos que extrapolem esse espectro são considerados crime e dão cadeia de um a três anos para a mulher. No Brasil, acontecem cerca de um milhão de abortos clandestinos por ano. Desses, 250 mil resultam em internações por complicações e a cada dois dias uma mulher morre no país. De acordo com dados do Datasus, em 2016 foram gastos R$ 46.779.250,35 com as internações. Não precisa ser versado em política e economia para concluir que esse dinheiro poderia ser investido em políticas públicas de saúde, em planejamento familiar, em informação. Em países que adotam essa prática, como a França, o Uruguai, a Espanha e Cuba, os índices de aborto baixaram drasticamente, o que invalida o argumento de que a legalização transformaria o aborto em um método contraceptivo.

Os métodos para abortar são os mais variados e vão desde o consumo de remédios ao uso de objetos como agulhas. O recorte de classe aqui é inevitável: as mais pobres morrem mais. Quem tem dinheiro recorre a clínicas e com aproximadamente R$ 5 mil resolve a situação. Uma coisa é certa: pobre ou rica, na legalidade ou na ilegalidade, nada impede uma mulher de fazer aborto. Outra coisa é certa também: isso nunca acontece sem sofrimento e sem devastação psicológica.
Em culturas marcadamente machistas como a brasileira, os filhos acabam sendo responsabilidade maior das mulheres. É a mulher que fica, muitas vezes, impedida de trabalhar e de estudar porque não tem onde deixar seus filhos.  5,5 milhões de crianças brasileiras sequer são registradas pelos seus pais e cerca de 100 mil processos correm contra pais que não pagam a pensão alimentícia. Além disso, as tarefas domésticas, que envolvem o cuidado com a vida da família, esse trabalho invisível e extenuante, ainda são responsabilidade da mulher. Em comparação ao homem, a mulher gasta três vezes mais tempo com a casa. Não seria razoável, então, ouvir as mulheres sobre essa questão da legalização do aborto?

A legalização do aborto é um debate urgente e deve ser feito sem hipocrisias e falsos moralismos. Sem as hipocrisias de quem ‘defende a vida’, mas que convive muito bem com o abandono e a miséria das crianças brasileiras. Sem o descaramento daqueles que são contrários à legalização do aborto, mas que defendem que bandido bom é bandido morto, ou que querem jogar as crianças que deram errado na cadeia. A miséria, a cadeia, o abandono de todas as ordens (incluindo o intelectual), a violência e a morte, aliás, são muito bem assimiladas pelos moralistas, o que não se tolera nesse país é a ideia de a mulher decidir sobre o seu corpo. A ideia de uma mulher pensadora tomar o microfone e defender direitos. Afinal de contas, há limites para o que pode ser tolerado, não é mesmo?

Mariléia Sell é Professora Doutora dos Cursos de Letras e Comunicação da Unisinos


domingo, 22 de julho de 2018


PLANETACHO

AO PÉ DA LETRA
As previsões foram confirmadas. Neymar deitou e rolou na Copa da Rússia.

RECORDE
Nunca antes na história deste país teve um número tão grande de pedidos de habeas corpus.

ENCONTROS
Putin está organizando mais um encontro com Trump. Pra muita gente essa amizade é o fim do mundo. Muita besta para pouco Apocalipse.

CARRO
O novo carro mais caro do mundo custará R$ 67 milhões. É o Pagani Sonda HP Barcheta. Aqui no Brasil ele pode custar bem mais, se estiver de tanque cheio.

SOBE E DESCE
No Rio Grande do Sul a variação da temperatura é tão grande que até São Pedro ficaria gripado.

QUEM?
Meirelles diz que a impopularidade de Temer não atrapalha sua candidatura. Aliás, quem é mais impopular no Brasil neste momento, Temer ou o Doutor Bumbum?

O MAIOR
Gilmar Mendes quer a condenação do promotor que o chamou de o maior laxante do Brasil. Os conservadores concordam com o Gilmar e acham que o maior é o Lacto Purga.

ROMANCE
Marquezine diz que não está pensando em morar com o Neymar agora. Ela está certa: ele tem uma grande queda por ela, mas pode ser mais uma simulação.

sexta-feira, 20 de julho de 2018


E O PUTIN HEIN?
João Eichbaum
Mandaram a Dilma tomar, com licença da palavra, naquela fenda apertada, em cuja zona ribeirinha a mamãe dela passava Hypoglós. Lembram? Lembram da Copa do Mundo de 2014, aquela dos 7x1, aquela em que os jogadores brasileiros mais choraram do que jogaram bola?
Parece que o brado retumbante do Itaquerão, falando de traseiros ultrajados, varou mares, céus e oceanos e desembocou na Rússia. Pensem bem: onde se meteu o chefe daquela tirania democrática, durante os jogos, na festa mundial da bola, lá realizada?
Terá sido Putin realmente eleito pelo povo? Ou só foi eleito pelas urnas? Se foi eleito pelo povo, por que não esteve de corpo presente, nos jogos dos quais participou a Rússia? Por que não apresentou nos estádios aquela cara de escrivão do Juízo Final? Por que não compareceu, comemorativo e faceiro, aproveitando o sucesso do goleiro Igor, a quem as mulheres russas pediam que lhes fizesse um bebê?
Quem viu, nos entrementes do jogo Rússia x Croácia, as cenas de camaradagem da presidente da Croácia com o primeiro ministro russo, está até hoje se perguntando: por que não foi o Putin aproveitar a ocasião de fazer companhia àquela loira radiosa, de olhar esfuziante e muito bem apanhada nas demais partes, e cuja presença é de deixar de olho vidrado qualquer exemplar da garbosa alcateia masculina?
Deve gerar pânico a corneta do povão, mandando o cara entregar o fiofó para um desbravador. Principalmente quando as urnas dizem o que o povo não disse. Putin preferiu não ouvir o que a Dilma ouviu. Por isso só foi ao estádio, na partida final, quando a massa se dividia entre croatas e franceses.  Mesmo assim, se manteve na retranca, sumido, arisco como galo que tem medo de ser tomado por galinha, enquanto o Macron e a presidente Kolinda Grabar-Kitarović atraíam as câmeras.
Mas, para que o Putin não precisasse comparecer ao estádio, encerrando a solenidade de uma copa do mundo, com a Rússia disputando a partida final, só uma derrota poderia salvá-lo.
Sobrou então para um brasileiro, o ex-jogador do Grêmio, Mário Fernandes: no pênalti decisivo, o rapaz botou a bola rente à trave, direitinho, pelo lado de fora, conforme mandava o figurino. Deixou a Rússia fora da Copa e salvou o Putin de ouvir coisas alusivas àquelas suas partes reservadas para o dedão do proctologista.


terça-feira, 17 de julho de 2018


ASSIM FALOU EVERALDO
Mariléia Sell

Seriam quase quatro horas até Restinga Sêca. Outras quatro para retornar a Novo Hamburgo. No meu kit de viagem estava O Conto da Aia, dois artigos sobre gênero e sexualidade e fones de ouvido. Eu era uma criança numa despensa de doces: como gastaria essas oito horas? Mas Everaldo queria conversar. Conversamos, então. “Importa-se com música”? Não me importo.

Ao som da sua melhor coletânea de Amado Batista e Odair José, o motorista me explicou que passa a maior parte da vida no carro e que tem o melhor emprego do mundo. “Que trabalho te paga para ficar passeando”? É impossível rejeitar a lucidez do seu argumento. Concordo. Eu mesma sempre quis um trabalho que me pusesse na estrada. Ele me explicou que faz muitas horas extras, “não pelo dinheiro, não preciso de muito”. Everaldo só precisa o suficiente para viver e para dar as coisas para o filho. Gosta mesmo é de ser útil. Se tem luxos? Gosta de carros e está reformando um opala antigo: “uma verdadeira jóia”.

Everaldo foi casado durante 26 anos, confidenciou-me. Separou-se recentemente. “Com o tempo, a gente vê que nada dura para sempre”. Agora, ele não quer mais nada sério com ninguém: “casar é do tipo de coisa que só se faz uma vez na vida”. Do pen drive de Everaldo, Amado Batista chora o seu ex amor. Mas que ninguém se engane com Everaldo. Ele não está fechado para o amor; em absoluto. Tem até uma namorada, “bem linda”, com a diferença que agora não faz mais planos: “nada que seja para além de um mês”.  Eu tive um amor. Amor tão bonito. Daqueles que matam. 

O que restou dos 26 anos de casamento coube no porta malas do carro: “por isso não vale a pena acumular nada; hoje só tenho o que posso carregar”. Ao invés de construir outra casa, Everaldo decidiu agora investir em prazeres mais fugazes. “Tu já conhece Gramado, né”? Cadê você? Que nunca mais apareceu aqui. Que não voltou pra me fazer sorrir?

Todo mundo, de forma mais ou menos consciente, um dia já se perguntou sobre o sentido da vida. Com Everaldo não é diferente. Porém, pouco inclinado a chafurdar nas incertezas existenciais, resolve a questão de forma pragmática: “eu vivo pelo meu filho; todos dizem que quando adotamos o Gabriel nós o salvamos, mas foi ele que nos salvou”. Chega um ponto na vida, explica, que a gente já viveu tudo, já casou, já descasou, já trabalhou muito, já construiu casa, já saiu dessa casa, já acumulou doenças, já perdeu as ilusões e aí bate um certo vazio. “Se não é o Gabriel, nada tem graça”.

Odair José continua lamentando-se no rádio de Everaldo: Não se vá, eu já não posso suportar essa minha vida de amargura. Não se vá. Com o sol mais lindo e mais vermelho afundando no horizonte, ponho-me a refletir sobre a nossa pobre condição humana. Corremos muito, trabalhamos demais, queremos estabilidade, desejamos solidez. Perseguimos o controle, ansiamos por garantias, queremos que as coisas durem a idade de um camelo até que, cansados, finalmente abraçamos a inconstância da vida. De repente, meu pensamento afunda e não consigo levar as minhas considerações adiante. Uma mulher acabava de morrer em uma sala de cirurgia, jovem e grávida, sem tempo de se despedir de seu amado. Não teve tempo, ao que parece, de abraçar as suas contradições e reconciliar-se com a vida. Amor perfeito. Existia entre nós dois. Sem esperar que depois. Fosse tudo se acabar.

Mariléia Sell é Professora Doutora dos Cursos de Letras e Comunicação da Un


domingo, 15 de julho de 2018


PLANETACHO

JUIZ
Do jeito que o STF, STJ. TRF-4 e todo o Judiciário têm aparecido no noticiário aqui no País, é surpreendente que o juiz do final da Copa não seja brasileiro.

FINAL
E o galo francês vai encarar hoje ao meio-dia a Croácia, a grande zebra em xadrez vermelho.

BICHANOS
A conta de luz deve aumentar por conta das ligações clandestinas. Ironicamente essa questão foi decidida pelo Congresso Nacional. Que é onde tem mais gatos.

FRANÇA
E os franceses comemorando sua data nacional, que marca a queda da Bastilha, não param de exclamar: liberté, egalité, fraternité e Mbappé.

POR OUTRO LADO
Vendo pelo lado positivo, a eliminação do Brasil foi precoce, mas pelo menos escapamos do trauma de ser eliminados pela França mais uma vez.

DIFERENÇA
A diferença entre Neymar e Temer é que um é impopular porque cai demais, o outro é porque não cai...

SALÁRIO
Cristiano Ronaldo, agora na Juventus de Turim, recebe o terceiro maior salário do mundo. O CR7 bem que poderia mudar a sua marca para CR$!

COTAÇÃO
No Brasil a cotação do dólar tem perdido de goleada para o botijão de gás de cozinha.

sexta-feira, 13 de julho de 2018


ADUL SAM-ON
João Eichbaum
Uma chuva torrencial sem pausa, sem alívio, inundou o acesso do complexo de cavernas onde se encontravam doze meninos e seu treinador de futebol, na Tailândia.  Proscritos da vida, na escuridão de noites de pedra, sem dia e sem estrelas, à mercê da umidade, com temperatura de 30 graus e escasso oxigênio, eram vizinhos da morte. Mas, heroicos mergulhadores, venciam uma travessia de 11 horas entre ida e volta, provendo-os de alimento e oxigênio, e para não desperdiçar esperanças. Um desses heróis deu sua vida pela causa dos meninos. O outro, um menino de 14 anos, chamado Adul Sam-on, foi o instrumento da salvação de seus companheiros.
Desde os seis anos de idade Adul é um apátrida. Mora ilegalmente na Tailândia, porque o seu país natal, Mianmar, está entregue à guerra civil, ao contrabando de drogas e à produção de ópio. Seus pais o tiraram de lá porque na Tailândia ele teria melhor formação.
Graças ao seu domínio do inglês, foi possível o contato com os mergulhadores britânicos. Nenhum de seus companheiros de infortúnio teria essa capacidade. A partir de suas primeiras informações, foram tomadas as providências necessárias para o resgate do grupo. Ele é uma das muitas criaturas maravilhosas que vivem na parte sombria da máquina infernal da sociedade. Além do inglês, Adul domina o birmano, o chinês e o Wa, um dialeto de Mianmar. Como se tudo isso não bastasse, é exímio jogador de futebol, toca piano e guitarra.
As criaturas maravilhosas não estão nas manchetes. Os nomes das criaturas maravilhosas não aparecem em letras garrafais na capa dos jornais, nem são pronunciados com entonação importante nas chamadas de televisão. As criaturas maravilhosas não servem como matéria para cadernos inteiros de assuntos banais. Ninguém se ocupa das criaturas maravilhosas para dizer que elas sentiram uma fisgada na panturrilha, que tiveram de operar um dedinho do pé, ou estão com resfriado.
O mundo está do jeito que está, porque os homens, dominados por mentes viciadas e malucas, não cultivam valores: cultivam vaidades, banalidades, superstições enraizadas em deificações mitológicas. O mundo não vai dar certo, enquanto só o banal contar como sucesso.
O banal deforma e esvazia as criaturas. O banal, que mede a dignidade pelo cifrão, não ensina as famílias a fazerem como os pais de Adul que, se sobrepondo às turbulências da tragédia, enganaram a dor, escrevendo num bilhetinho para o filho: “não esqueças de cumprimentar e agradecer polidamente a cada um dos teus salvadores”.



terça-feira, 10 de julho de 2018


O OLHO DE CATHARINA
Mariléia Sell
Ela se comportava como se estivesse diante de uma plateia de mães. Só as mães entenderiam a severidade do seu castigo. Muitas mães, algumas até conhecidas, que compartilhavam entre si a tragédia do exílio, já haviam, assim como ela, recebido a maior punição de todas: a desgraça de enterrarem seus próprios filhos. Catharina chegava ao terceiro ciclo de sua jornada. Às vezes aterrorizada de constatar, de repente, um rosto tão familiar, o rosto do seu filho crescido, brotar de um amontoado de flores amassadas, dentro de um caixão de verdade; às vezes plácida, trazendo no rosto a obediência heroica de quem se curva ao sacrifício cobrado às mães de boa vontade.
Catharina afagava o rosto duro e frio do seu filho, num misto de ternura e de loucura. Beijava-o, arrancando-o do caixão e embalando-o como só as mães sabem embalar. Acomodava o corpo grande em seus braços pequenos e murchos, de mulher idosa. Enterrar três filhos é demais para qualquer mãe, preferia estar morta a perceber-se merecedora do exagero de castigos tão exasperados. Ainda hoje sentia os peitos inchados do leite que João e Maria não tiveram energia para sugar, do leite que empedrara e que lhe causara febres horríveis. Seus filhos morreram com fome! Se ficasse bem quieta, conseguia ouvir o choro tísico dos bebês. Não era bem um choro, era mais um gemido, o gemido de quem não tinha pulmões para berrar suas dores ao mundo. Não houve tempo para que recebessem o sagrado sacramento do batismo, os recém-nascidos, e as leis da igreja, naquele canto do mundo, eram muito claras a esse respeito: os filhos ilegítimos de Deus não podiam gozar dos mesmos direitos de ocupação do cemitério. Proscritos que eram, deviam ser enterrados no canto mais distante e mais abandonado do jardim dos mortos. Inconformada, a mãe passaria a vida toda lutando contra o mato que avançava agressivamente sobre os túmulos dos seus bebês. Na tentativa de restituir-lhes a dignidade, plantava flores. Plantava margaridas, suas favoritas. Ultimamente, levava também bolachas; a ideia da fome eterna a aterrorizava.
Deus devia odiá-la muito, Deus provavelmente odiava as mulheres! Soluçando, ela cantava para o filho velhas canções dos imigrantes. Talvez ele estivesse apenas dormindo e precisasse de algum descanso; afinal, o arado é um dos trabalhos mais extenuantes que há nesta terra de exilados. Ajeitava, com rigor matemático, o véu transparente que o cobria; talvez estivesse com frio. Que trouxessem uma manta! Cada ponta era milimetricamente alinhada e as flores, indefinidamente rearranjadas. As margaridas brancas eram de uma beleza tão despretensiosa que Catharina as olhava com certo espanto, o espanto de alguém que vê algo pela primeira vez. Depois, gritava desesperadamente para acordar o filho, sacudindo-o violentamente. Já estava na hora de abrir os olhos, que parasse com essa brincadeira sem graça. Os filhos, às vezes, pregam peças nos pais e nas mães, só pelo prazer de ver as suas caras de susto. Então, rezava orações que aprendera de seus pais, em um tempo remoto, em uma língua mestiça. Talvez tivesse falhado no tamanho de sua fé e, por isso, Deus nunca esquecia de castigá-la.
Não havia sermão e nem padre que dessem conta da pungência da situação; partidas antecipadas sempre causam inconformidade, uma revolta disfarçada mesmo. Claro que não convinha uma afronta direta à vontade divina, mas sempre surgiam, entre a população, inadvertidos sentimentos de rebelião contra a arbitrariedade das regras do jogo. Livre para dizer, porque as mães que enterram seus filhos estão autorizadas a dizer qualquer coisa, Catharina questionava abertamente a competência divina: onde andava Deus numa hora dessas? Descabelava-se e, no meio da sua agitação, parava, de repente, para declarar a quem quisesse ouvir, para horror do padre e das almas mais tementes: “Deus não existe”.
Exausta na sua cadeira, Catharina examinava, com olhos muito arregalados e muito azuis, a todos em volta e depois olhava com espanto para o caixão. Revirava o seu rosto e buscava nos olhos alheios alguma explicação: o que estava acontecendo? Os olhos de Catharina perseguiriam o juízo de todos. Olhos que já viram demais e agora, livres da prisão da lucidez, escancaravam a falta de sentido da vida. Quem estava deitado ali, tão imóvel? Quem a trouxera para ali em horário que ainda deveria estar na cama? Logo seria a hora do seu café com bolachas Maria. Que a levassem para casa sem demora.
Mariléia Sell é Professora Doutora dos Cursos de Letras e Comunicação da Unisinos



domingo, 8 de julho de 2018


PLANETACHO

QUEDA
O Brasil do Neymar caiu...E dessa vez não foi uma simulação.

MUDANÇA
A grande questão do país agora é se Tite sai ou continua... Enquanto isto, Temer respira aliviado...

ARBITRAGEM
Na Rússia não se ofende a mãe do juiz. Só a matrioska...

DESESPERO
Galvão Bueno depois da eliminação da seleção canarinho solta palavras de ordem: “A Copa continua!!!”

ENQUANTO ISTO
O último recurso dos advogados de Lula vai ser o árbitro do vídeo.

DIMINUITIVO
Paulinho, Fernandinho, Coutinho, Neymarzinho...

CANTO DA TORCIDA
Em 58 foi Pelé, 62 foi Mané, mas em 2.018 Neymar não conseguiu parar em pé.

OUVIRAM
O Brasil desafinou depois do hino nacional.

CARTOLAS
Fiasco, mas fiasco mesmo é os dirigentes da CBF não acompanharem a seleção, para não serem presos pelo FBI.

sexta-feira, 6 de julho de 2018


DEUS E A COPA DA RÚSSIA
JoãoEichbaum
O padre é um operário de Deus, encarregado de salvar almas. Mas, como não tem carteira assinada para exigir de Deus os direitos trabalhistas, o padre tem que se virar: reza missa, a tanto por defunto, batiza, a tanto por cabeça, e ainda recolhe um dinheirinho por fora, para cobrir suas despesas pessoais, nos dias de missa.
O PCC, que tem um canal de informações tão eficiente quanto o do SNI, (Serviço Nacional de Informações) sabe disso. E imagina que, não tendo família constituída, nem vivendo em pecado com alguma paroquiana, os padres acabem amealhando para si o apurado nos serviços de Deus.
Com base em tais informações, sabendo que era dia de missa, três rapazes foram encarregados de visitar uma paróquia no município de Farroupilha. Chegaram na casa paroquial à tardinha, devidamente informados de que o vigário a essa hora estava sozinho. Acionaram o interfone, como o faziam as boas ovelhas do rebanho paroquial: “louvado seja...” E a resposta com sotaque de padre, a que se seguiu a abertura do portão da casa paroquial, foi imediata: “para sempre seja louvado”.
Com o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo na boca, os rapazes foram recebidos pelo padre, que já os esperava na porta e teve um revólver apontado para a cabeça.
Antes que lhe rebocassem com pólvora ou hematomas a rubicunda face, o servo de Deus perdeu a palavra: a sua e a de Deus. Esvaziado então de todos os pensamentos, salvo o do medo de encarar a vida eterna, o vigário foi encerrado no banheiro. Só recobrou a voz para gritar por socorro, depois de ouvir ao longe o ronco do motor de seu automóvel, onde estavam seu celular e o dinheiro.
A resposta para a embaraçosa pergunta sobre a omissão divina, numa hora dessas, está na Copa do Mundo. A julgar pelo número de jogadores que erguem para o céu os braços tatuados, agradecendo a Deus pelo gol que fizeram, a distribuição das graças divinas está concentrada nos estádios da Rússia. E parece que Deus, ocupadíssimo, gosta mais de agradecimentos do que de pedidos.  Aí acontecem coisas, como o padre assaltado e a Argentina de Sua Santidade o Papa eliminada, apesar das pungentes preces do piedoso Diego Maradona...


terça-feira, 3 de julho de 2018

UM TRATADO LINGUÍSTICO DA FALA DOS MACHOS 
 Mariléia Sell 

Em junho, durante os jogos da copa do mundo, um grupo de machos brasileiros, entre eles um advogado, um tenente e um engenheiro, achou por bem dar uma animada na sempre tão fria Rússia brincando com uma nativa. Foi uma brincadeira porque a russa aderiu, de livre e espontânea vontade, como explicou um dos integrantes do grupo de verde e amarelo. Ela foi cercada pelo grupo de torcedores que a incentivou a repetir “boceta rosa’ sem que ninguém a forçasse a isso. E para que não reste nenhuma dúvida de que foi realmente uma inocente brincadeira, o grupo postou o evento nas redes sociais. Se fosse algo condenável, ninguém postaria, não é mesmo? Se fosse algo que ferisse outra pessoa, minimamente todos fariam isso às escondidas, afinal de contas, quem não está atento às possibilidades de receber julgamentos negativos? Quem gosta de passar vergonha? É tudo tão óbvio, mas o povo tem mania de fazer tempestade em copo d´água, todos estão sempre ávidos por destruir a reputação de pais de família e trabalhadores. Coisa feia! 

Ainda em junho, dias depois de o Brasil ser o epicentro de debates sobre machismo, tivemos outro evento (sim, o Brasil é um celeiro de eventos dessa ordem), que nada mais foi do que uma simples e rotineira entrevista com a deputada estadual e pré-candidata à presidência, Manuela D´ávila, à moda do bem-conceituado e isento jornalismo brasileiro. Entrevistas são eventos sociais em que é normal homens e mulheres serem interrompidos a toda hora, como esclarece uma das entrevistadoras, a jornalista Vera Magalhães, do Jornal O Estado de São Paulo. Vera vai mais longe, ela diz que já entrevistou vários homens e que todos foram interrompidos, mas que diante de uma mulher, no caso Manuela, a interrupção virou ‘manterrupting’. Além de desconhecer um princípio básico da interação, que diz que cada falante fala por vez e que interrupções devem ser logo resolvidas, a jornalista parece achar normal que a entrevistada (a que todos querem, supostamente, ouvir) não consiga sequer concluir uma ideia. Isso, para dizer pouco, passa muito longe de jornalismo sério. Além disso, para a jornalista agora tudo é machismo. Não se pode falar mais alto com uma mulher, não se pode interromper, não se pode nem fazer brincadeiras. É natural que os homens estejam meio perdidos. O que, afinal de contas, ainda é permitido? 

Manuela D´ávila foi entrevistada por um grupo de jornalistas, no Programa Roda Viva, e a condução gerou inúmeras polêmicas porque a pré-candidata à presidência foi interrompida 62 vezes (em um programa com duração de 70 minutos) e um dos entrevistadores, Frederico d´Ávila, coordenador da campanha do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), foi especialmente ‘assertivo’. Assertividade, como sabemos, é uma qualidade dos homens. As mulheres costumam ser menos assertivas, são mais inseguras, não conseguem terminar uma linha de raciocínio e ainda pedem a confirmação do interlocutor sobre a validade de suas ideias. Em um programa de entrevistas, o que conta são os argumentos, nada mais do que isso. Se a deputada não tinha argumentos para discutir a castração química, o comunismo e os rumos do Brasil, ela que não fosse ao programa. Aliás, não fosse por Frederico d´Ávila não saberíamos que a cultura de estupro sequer existe.
 Afinal, o que esses dois episódios têm em comum, além de demonstrações explícitas e vergonhosas de machismo e misoginia? Os dois eventos evidenciam o papel da língua nas relações de gênero. É pela língua que realizamos todas as ações no mundo. É também pela língua que nos constituímos como sujeitos no mundo, mais especificamente pela língua do outro, que nos devolve a imagem de nós mesmos, como uma espécie de espelho. Ora, se a devolução dessa imagem do outro (o grande Outro, de Freud) é de aniquilamento (seja pela interrupção violenta ou pela redução da pessoa à sua genitália), significa que o outro não reconhece a nossa humanidade. Não bastasse a doença do machismo que nega reiteradamente a face das mulheres (no caso da mulher russa e de Manuela, mas também de todas as mulheres do mundo no dia-a-dia), preocupa ainda mais a própria negação da doença em si. Quanto maior o desconhecimento, mais distante a cura.

 Mariléia Sell é Professora Doutora dos Cursos de Letras e Comunicação da Unisinos

domingo, 1 de julho de 2018


PLANETACHO
SE FOSSE ASSIM

Imagine o Galvão Bueno narrando os atos de corrupção política no Brasil: - Olha o que ele fez...olha o que ele fez...

MUROS  
Os mexicanos nesta segunda esquecerão o muro intransponível de Donald Trump para fixar suas atenções no mano do Muriel.

QUE FIQUE
Neymar tem que entender que nestas partidas contra os mexicanos em especial dar chapeuzinho em sombreiro é uma redundância.

ESCALAÇÃO
O Brasil só tem uma dúvida para a partida contra o México: o penteado do Neymar Júnior.

HINO
O Hino Nacional cantado à capela fica tão grandioso quanto a Catedral de São Basílio.

TRANSMISSÃO
Nas transmissões da Copa, quando um burro fala o outro narra.







A PARTIR DE HOJE, SÓ HAVERÁ TRÊS PUBLICAÇÕES SEMANAIS: AOS DOMINGOS, ÀS TERÇAS E QUINTAS.