quarta-feira, 30 de abril de 2014

OS BACHARÉIS
João Eichbaum

Sabe vossa senhoria como se faz salsicha?
Ah,não? Também não sei. Mas sei como se faz "justiça".
Assim, ó. Como existem muito mais faculdades de Direito do que fábricas de salsichas, o povo não vai nessas, mas engrossa as fileiras daquelas. O indigesto resultado no vestibular da Universidade Federal não termina com o sonho de ser bacharel. Sempre há vaga garantida com cifrão em estabelecimentos congêneres.
No fim, pagando ou não faculdade, gatos e minas fazem festa de formatura com balões, vídeos, fotografias de quando eram nenês, espumante, palmas, lágrimas, sorrisos, discursos de agradecimento para o papai, a mamãe, a titia, a vovó, o escambau.
Depois a turma se divide em: quem precisa e quem não precisa trabalhar. Os primeiros, por via das dúvidas, continuam no empreguinho de antes, vão fazer qualquer coisa na vida, ou se encostam nos grandes escritórios para exercer a advocacia ilusória de carregar processos e copiar e colar petições esteriotipadas.
Vinhos de outra pipa são os que não precisam trabalhar: os filhinhos de papai ou mamãe, aqueles que nasceram com a região glútea focada na lua. Senhores e senhoras de juízos e tribunais, procuradores disso ou daquilo, advogados bem sucedidos, empresários e profissionais liberais, por exemplo, querem o melhor para os seus.  E os seus não querem um empreguinho qualquer. Querem emprego com ótimo salário, as mesmas garantias de quem rala no batente pendurado na CLT e muito mais: férias em dobro, poder, vitaliciedade, e outros penduricalhos, como auxílio moradia, licença prêmio, etc, etc, etc... Tudo sem o ônus da responsabilidade civil, que ameaça qualquer cidadão  destituído de vitaliciedade.
Claro que uma boca rica dessas atrai bacharéis às pencas, mas na ponta do funil escoam poucos. E aí, quem não precisa trabalhar, porque tem bancados casa, cama, comida, bebida, roupa, calçado e balada, leva vantagem, já que tem todo o tempo do mundo, além de grana para custear cursos e estudar Direito. Sim, exclusivamente Direito. E unicamente com a bagagem do Direito, aprovados num concurso para a magistratura, esses moços e moças ficam encarregados de fazer "justiça".
Só que o homem não foi feito para o Direito. Pelo contrário, o Direito é que foi feito para o homem. Quem não conhece o homem fatalmente aplicará mal o Direito.  Mas isso exige experiência, uma experiência que não se aprende nas letras jurídicas e, sim, com a vida. Porque só a experiência ensinará que o discurso lógico e simples de uma criança, por exemplo, não é o campo para a aplicação imediata do Direito, sempre encharcado de ritos e formalidades, que podem perder para os imprevistos da vida.
Mas esse é o sistema empregado pelo Poder Judiciário para fazer “justiça”: basta conhecer o Direito e traduzi-lo em cruzinhas, como se faz com a loteria.
 Os erros que advêm dessa seleção não lhe arrancam “mea culpa”. E pífias explicações transitam  em julgado, mesmo quando a deficiência do sistema desaba como avalanche sobre um inocente, que lhe veio apenas pedir socorro – e não Justiça.



terça-feira, 29 de abril de 2014

PLANETACHO


A INVEJA

Estão todos sentados à mesa do botequim, quando Oscar Wilde vangloria-se:
- O número dos que nos invejam confirma as nossas capacidades...
Salvador Dali, ajeitando o bigode, não fica para trás, nessa cena surreal, rebatendo:
- O termômetro do sucesso é apenas a inveja dos descontentes...
Sêneca tenta baixar a bola de Oscar e Salvador:
- Evitamos a inveja, se guardarmos as alegrias para nós próprios...
Aristóteles, como se falasse com seus discípulos em Atenas explica
- Geralmente são os bens que provêm do acaso que provocam inveja.
- O Marquês de Maricá então com sua postura nobre e piscando um olho esquerdo, elogia a franqueza de Oscar Wilde:
- Ora, meu rapaz, a sinceridade é muitas vezes louvada, mas nunca invejada...
Felicité Gentilis aprofunda o papo
- Lembrem: as qualidades do espírito produzem invejosos; as do coração, amigos...
Laurence Sterne não se segura e larga essa:
- A censura é o imposto da inveja sobre o mérito...
Emanuel Wertheimer em cima contrapõe:
- É, mas a inveja é a primeira a descobrir todos os méritos...
Khalil Gibran, com toda sua sabedoria árabe, tenta encerrar o assunto:
- Só o mudo inveja o falador...
Valesca Popozuda arremata:
- Beijinho no ombro pro recalque passar longe...
Oscar Wilde chama o garçom e pede a conta.




segunda-feira, 28 de abril de 2014

IGREJA E CRISTIANISMO

João Eichbaum

Parece que alguns confundem Igreja e cristianismo. E aí dizem que a Igreja foi fundada por Jesus Cristo, pelos apóstolos, ou ainda por Saulo de Tarso, vulgo São Paulo.
Igreja e cristianismo não se confundem. O cristianismo é uma seita, ou uma filosofia de vida, que tem raízes no judaísmo. Jesus Cristo era judeu, circunciso, consagrado no templo e, ao que consta, não comia churrasco. Era um judeu autêntico, com selo e tudo, criado sob a lei do Moisés. E foi ele que lançou os fundamentos do cristianismo, aconselhando a dar a outra face do rosto, depois da primeira bofetada, ao invés de quebrar os dentes ou arrancar os olhos do agressor. Ele pregou o amor ao próximo, a humildade, o espírito pacífico e outras virtudes que mitigam a animalidade.
Portanto, foi Jesus Cristo que fundou o cristianismo, com algumas regras que correm na contramão da religião judaica.
Mas a ideia de Jesus Cristo não comportava organização, cronogramas, movimentação financeira, nem isenção fiscal. Nesse item, aliás, ele foi muito claro: “dai a César o que é de César”. E mais: o desapego aos bens materiais foi um dos temas constantes nos seus discursos “Olhai os lírios do campo, as aves do céu, batei e abrir-se-vos-á, procurai e achareis” são alusões à Providência Divina que, segundo ele, cuidaria de tudo.
Claro que não é bem assim. Todo mundo está careca de saber que do céu só cai avião, neve, chuva e cocô de passarinho. Ah, sim, e de vez em quando algum meteorito. E por isso foi necessário criar a Igreja, cuja história nada tem de divino. Dentro da Igreja, como organização, nunca se registrou alguma coisa de edificante, mas de seus anais constam assassinatos, roubos, ambição, luxo e orgias sexuais.
Ontem, por exemplo, numa festa que reinado nenhum no mundo até hoje experimentou, foram “canonizados” dois papas. Ora, Jesus Cristo nunca falou em “canonização”, que outra coisa não é senão a glorificação de pessoas. O que Jesus Cristo pregava era justamente o contrário: a humildade e não a glorificação.

Então, decididamente, Jesus Cristo nada tem a ver com a Igreja.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

MISSA POR NOSSA CONTA

João Eichbaum

O padre José de Anchieta, aquele que recusou virgens nuas, preferindo o deleite que lhe prometiam no céu, tem nos custado caro. Fundou a cidade de São Paulo, esse inferno cheio de arranha-céus, que abriga multidões, políticos corruptos, crime organizado e desorganizado e acolhe paus-de-arara que acabam engambelando todo mundo, a ponto de, mesmo sem saber escrever uma frase, receberem o título de “doutor honoris causa”.
O povo lá se mata trabalhando, sofre uma barbaridade para ir de casa para o batente e do batente para casa, quando tem onde morar, não tem direito a uma praia tranquila, sem engarrafamento, enfrenta greves de metrô e ônibus, se rala, enfim. Mas, paga imposto. Paga imposto, porque o padre Anchieta fundou São Paulo. Se não tivesse catequisado os índios, se tivesse ficado lá na Europa, se não tivesse fundado o Colégio de Piratininga, nada disso que atormenta os paulistas hoje teria acontecido.
Agora, mais uma do padre Anchieta: ele inventou de ser canonizado. E aí, gente boa, sobrou pra nós. Como não existe canonização sem missa, o papa, o torcedor do San Lorenzo, que ganhou do Grêmio, rezou uma bela missa para festejar o espetáculo da canonização do Anchieta.
Então, sabem o que aconteceu? O Calheiros, isso, o Renan Calheiros, o rei do gado, junto com o Ricardo Ferraço, ambos do PMDB, se tocaram para o Vaticano, a fim de assistir à tal de missa, representando o Congresso Nacional.
Sim, sim, como vocês estão imaginando: a missa não nos saiu de graça. Cada um deles, além da viagem e da estadia pagas com o nosso dinheiro, ainda vai receber nove mil reais. Não, não me enganei: são nove mil reais, que vamos desembolsar para eles assistirem à missa do padre Anchieta.

Viram o quanto está nos custando o padre Anchieta?

quinta-feira, 24 de abril de 2014

CRÕNICA MALVADA

João Eichbaum

Na véspera da ressurreição de Jesus Cristo, fui agraciado com alguns adjetivos nada cristãos. Eu diria adjetivos que não poderiam ser musicados em eventuais inspirações para o Aleluia.
A missivista, que me pareceu, pela indignação demonstrada, uma senhorita de uns noventa e três anos mais ou menos, me atribuiu desrespeito ao mencionado senhor Jesus Cristo.
Não sei donde teria ela tirado esse suposto desrespeito. Afinal, escrevo tanto sobre esse famoso personagem que, sem identificação do texto ou do órgão em que foi divulgado, me fogem elementos de defesa.
Suponho, apenas suponho, que a moça tenha se abespinhado com a crônica intitulada “Casado ou em União Estável”, publicada na minha coluna das quartas-feiras, no jornal A Razão, de Santa Maria.
Se assim foi, ela não interpretou corretamente o papel do cronista. O tema principal da crônica foi um achado arqueológico. Um papiro datado da época em que teriam sido escritos os evangelhos, conhecido como o “evangelho da mulher de Jesus Cristo”, mencionava alusões do dito Cristo à sua mulher, que seria também sua “discípula”.
Para emprestar coerência ao achado, o cronista foi aos textos dos evangelhos adotados pela Igreja, que são os de João, Mateus, Marcos e Lucas, buscando as evidências de que Jesus Cristo era um ser humano, como qualquer um de nós. Se ele fosse deus, não teria necessidade de acasalamento, pelo menos na visão da teologia cristã. Se não tivesse natureza humana, o papiro estaria desmoralizado.
Entre as manifestações e emoções desse integrante da Santíssima Trindade, a crônica salientou o mau humor e o medo, se limitando aos textos evangélicos que revelam tal fraqueza do dito Messias.
Nada do que o cronista escreveu foi por ele criado, pois se limitou a citar as passagens dos evangelhos que pintam Jesus Cristo como um homem sujeito a emoções. Nada mais.
A irada missiva, portanto, não tem razão de ser, porque não foi o cronista que escreveu os evangelhos, nem descobriu o papiro. O cronista não passa de um metido, que não entende a falta de racionalidade provocada pelas religiões. Só isso. Mas isso basta para que os energúmenos se manifestem e se ponham a defender seus deuses, como se tivessem procuração para fazê-lo.
Seja como for, tudo isso dá assunto, nem que seja para passar o tempo.






quarta-feira, 23 de abril de 2014

O HOMEM
João Eichbaum


O homem inventou a filosofia, para se conhecer a si e a suas circunstâncias. De nada adiantou, porém. Já se gastaram rios de tinta e montanhas de papel, com filósofos misturando poesia e metafísica num gongorismo intragável, ditando teorias. Mas o homem ainda não sabe a que veio. Noves fora os prazeres da vida, porque a dor não conta como vida.
A única certeza que se tem - e isso graças à biologia, e não à filosofia - é de que o homem é um animal. Como todos os outros animais, gregário, mas contraditoriamente egoista. E como nenhum outro animal, racional, mas, hipócrita e imprevisível.
Em compensação, há algumas criaturas que emprestam dignidade a essa raça egoista dos bípedes batizados e cristãos.
Nesses últimos quinze dias, tivemos exemplos gritantes que, mais do que hipóteses ou blablablá filosófico, são constatações.
Um jovem da periferia de São Leopoldo, que ganha a vida em serviços gerais e mora com a mãe numa casinha de duas peças, nos fundos da casa de uma tia, encontrou na rua o que, para ele, era uma fortuna: seiscentos reais. Entre as cédulas, havia uma conta que vencia naquele dia. Sem se deixar atarantar pela deslealdade, procurou uma lotérica e fez o que São Tomaz de Aquino e outros filósofos nunca fizeram: pagou a conta. Depois, preocupado com a angústia da pessoa que havia perdido o dinheiro e o documento, tratou de localizá-la. Conseguiu através de amigos nas redes sociais, encontrou-se com a dona do dinheiro e lhe devolveu os cinqüenta centavos que haviam sobrado.
Um morador de rua, penalizado com um cachorrinho perdido, magro e faminto, adotou-o, passando a repartir com ele a proteção de marquises e viadutos e os restos de comida catados no lixo. Semana passada adoeceu e foi levado para o hospital. Algum tempo depois, ofegante, mas sacudindo o rabinho, lá chegava também o quadrúpede sem batismo no hospital. Ficou junto à porta, respeitando os próprios limites, por horas e horas, até que deram conta de sua presença. Atraindo a misericórdia dos funcionários do hospital, lá foi alimentado e dessedentado. Para que não ficasse ao relento, alguém o encaminhou a um canil. Mas, ninguém sabe como, de lá fugiu o bichinho e retornou para o hospital. Agora, como medida terapêutica para o dono, os médicos permitiram que o cão lhe faça companhia por quinze minutos cada dia. Nesses momentos, a emoção transborda num e noutro, e se abraçam como velhos e bons amigos, que só sabem falar a linguagem da fidelidade.
Um menino de doze anos, saudável e benquisto, cujo único defeito era se queixar da saudade que o mortificava desde a morte da mãe e de falta de afeto, foi assassinado. Não por facínoras profissionais. Foi assassinado por algum bípede cristão que, em dignidade, não chega aos pés do cachorrinho perdido; em honestidade, fica longe  do jovem  de São Leopoldo, que deu para a vida o que a vida lhe negou. Foi assassinado para aplacar o demônio das paixões e das ambições, que não infetam os quadrúpedes, mas infestam este mundo povoado de madrastas e brancas de neve.



terça-feira, 22 de abril de 2014

PLANETACHO



Com o aumento de 29% na conta de luz, só mesmo rezando para equilibrar o orçamento doméstico...
Mas, por garantia, é bom acender uma velinha também.

Com reza ou sem, o certo é que a luz passará a custar um terço a mais.

Enquanto isso o governo quer fixar o mínimo em R$ 779,79 em 2015.
O reajuste é de 7.71%.
Não sei se deu para entender, mas com um reajuste desses na conta da luz, é impossível ser mais claro.

INDECISÕES

A inflação voltou! Pode apostar...Ou melhor: não pode.
O cartão da mega-sena a partir de agora vai custar 25% a mais...

O escândalo da Petrobrás nem tem Graça...Ou tem. Sei lá.

O tatu-bola deve perder o seu posto de símbolo da Copa no Brasil. Dizem que o mais adequado seria o robalo.

Com o aumento do preço da erva, agora vai ser tudo na base do xeque-mate.

Tudo se encaminha para que no futuro, ao invés do coelhinho entregar os ovinhos, esta tarefa passe a ser de um carro-forte.

Com isso, até a mais tradicional cantiga de Páscoa terá que mudar de letra:
Carro-forte da páscoa
Que trazes pra mim
um ovo, dois ovos,
três ovos, enfim...

É como diz o coelho: “são os ovos do ofício!”


sexta-feira, 18 de abril de 2014

A PAIXÃO DE JESUS CRISTO


João Eichbaum


Não sei por que foram escolher logo essa palavra, “paixão”, para comemorar a chamada “sexta-feira santa”.
Tá certo que ela é registrada nos dicionários como sinônimo de “sofrimento prolongado, desgosto, mágoa”, mas comumente não se usa nesse sentido, salvo quando a causa é o amor,  um amor não correspondido, um chute no traseiro, ou um amor detonado pela cornice.
Sim, quando o amor é transformado em paixão, o sofrimento vem de carona. Não existe paixão amorosa sem sofrimento: a distância da pessoa idolatrada, ou o ciúme (onde estás, como estás, com quem estás agora?).
E é tão comum, tãp forte esse sentido da palavra paixão, que ela não soa bem nos ouvidos, quando a gente ouve falar da “paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo”.
Mas, vocês notaram que usei o verbo “comemorar”, me referindo à “sexta-feira santa”?
Estarei errado? Você viu alguém chorando por causa de Jesus Cristo, na “sexta-feira santa”?
Não?
Então estamos comemorando e não deplorando essa sexta-feira.
Os mercados não estavam cheios ontem, com gente à procura de peixe e de vinho?
Sexta-feira santa é dia de comemorar com um bom almoço, coisa que não acontece todos os dias, peixo frito, peixe ensopado, à escabeche, filé de peixe com camarão, bacalhau à portuguesa, tudo regado com aquele vinho tinto!
E as crianças, felizes, alvoroçadas, já estão preparando os ninhos para o Coelho da Páscoa.
Ninguém chora, ninguém se lamenta, ninguém se deixa deprimir pelo desequilíbrio químico das lágrimas. Nem o Papa.
Ninguém deplora a “sexta´feira santa”. Muito pelo contrário. Além do bom almoço, tem aquilo que é melhor, o feriadão. É gente se mandando pra serra, pra praia, esticando a folga.
Quer dizer, tudo é motivo de festa. E festa a gente comemora.
Só que ninguém se lembra de agradecer a Jesus Cristo por ter ele escolhido uma sexta-feira para morrer, principalmente quando essa sexta-feira emenda numa preguiçosa segunda-feira, e essa graças ao Tiradentes.
Então, não me tirem a razão: o povo comemora, sim, essa sexta-feira da Paixão. Mas, dominado pelo mito e para cumprir o rito da abstinência de carne, tem nêgo por aí que, de noite, faz a mulher se fantasiar de sereia.





OS MACACOS HUMANOS

quinta-feira, 17 de abril de 2014

NOSSO DINHEIRO NO COLO DA DILMA


João Eichbaum


Vocês viram o que a Dilma fez? Gastou dois bilhões e trezentos milhões em propaganda de seu governo, só no ano passado.
Já pensaram quantos hospitais poderiam ser construídos? Quantas escolas? Quantos concursos para médicos da saúde pública? Quantas obras de saneamento básico? Quantas estradas,para evitar acidentes e baratear o transporte?
Mais uma perguntinha,para encher o saco de vocês: e em que proporção contribuiu essa gastança para dar tesão ao PIB brasileiro?
E, no outro lado: vocês viram quanto dinheiro do povo ela gastou, tentando se manter no poder?
A desculpa, mais do que esfarrapada, completamente nua - como a gente gostaria de ver a Gisele Bündchen- é de que houve a campanha contra o “crack”, o programa “Mais Médicos”..
Ora, ora, será que a Dilma pensa que todo mundo é burro?
Ou será que ela acha que o pessoal que usa “crack” está sempre de olho na televisão, ou lendo jornais? Será que ela não sabe o tipo de gente que ocupa a “Cracolândia” em Sâo Paulo e outros lugares semelhantes pelo Brasil afora? Isso lá é povo de se ligar em propaganda de governo?
Combate-se o “crack” e outras drogas, dona Dilma, com instrução, com educação, com tratamento. E tudo isso o governo pode fazer, sem necessitar de propaganda. Ao invés de dar dinheiro para agências de publicidade, por que é que seu governo não o aplica na educação e na saúde?
E o programa “Mais Médicos”, hein? Então quer dizer que, além de pagar tudo aquilo para os irmãos Castro de Cuba, a senhora ainda gastou com propaganda?
Aquilo que é bom não precisa de propaganda. O que é bom se propaga por si mesmo. O “boca a boca” é a melhor propaganda. Ou a senhora não sabe disso, Dona Dilma?
Enfim, minha gente, agora vocês sabem onde vai parar o assaque que o “Leão” faz todos os anos e que tira o nosso sono, muitas vezes. Falo no Imposto de Renda, porque é o que mais pesa, o que mais dói no bolso. Mas, além dele, temos todos os outros imbutidos que comem com a gente na mesa, vão para o banho junto, pegam carona no nosso carro e até na passagem que pagamos no ônibus.
E porque a dona Dilma gastou o nosso dinheiro com propaganda, continuaremos pagando saúde, segurança e educação particular, mas ficaremos sem boas estradas, mesmo pagando pedágios.
Dá para continuar sonhando?


quarta-feira, 16 de abril de 2014

CASADO OU EM UNIÃO ESTÁVEL?
João Eichbaum

Não sei se Jesus Cristo existiu ou se foi criação mitológica do cristianismo. A hipótese mais provável é de que tenha existido, sendo posteriormente pintado pelos cristãos com caracteres mitológicos. Sou por essa hipótese: Jesus Cristo existiu, foi um animal humano como eu, tu, ele, nós, vós, eles. Dotado de forte liderança, empreendeu um discurso que agradava a plebe judaica, se dizendo o Messias enviado por Javé para salvar o povo de Israel. Esse era o discurso prometido nas escrituras judaicas, que calhavam na época, porque Israel estava sob o jugo do império romano, e o povo não tolerava isso: latim não combinava com aramaico. A pregação caiu em solo fértil, porque era exatamente o que o povo queria: viver sob um governo judeu, com saúde e boa vida.
Jesus Cristo era um ser humano igual aos outros. Um pouco acima da média, digamos. Mas, biologicamente, não era superior a quem quer que fosse. Por exemplo, quando criança, piá de doze anos, escapou à vigilância dos pais, deixou os velhos na pior e, depois de muito custo, foi encontrado a discutir com sacerdotes do templo. Levou um pito da mãe, claro, como qualquer guri levaria.
Outro exemplo: sentia fome. Com a barriga já roncando, viu uma figueira e se entusiasmou, pensando que ia enganar o estômago. Mas, qual o quê, a figueira estava seca, sem fruto algum. Então ele, como faria qualquer macaco humano, ficou pê da cara, e mandou a inocente árvore para aquele lugar: "que nunca mais dês fruto algum". A mesma raiva ele botou no chicote contra os camelôs do templo. E teve sede também. Depois de levar uma tunda e tendo que carregar a cruz até o Calvário, foi pregado na madeira e não aguentou: "tenho sede" (sitio).
Pouco antes do "pega pra capar", lá no horto de Getsêmani, ele se arrepiou, sentiu medo, aquele imenso e humano frio na barriga, até meio que duvidou da capacidade de Javé: "pai, se possível, afasta de mim esse cálice..."
No curso de sua vida, também mostrou que tinha as fraquezas do macho. Convidado para um ágape na casa das irmãs Marta e Maria, lá ficou se entretendo com a Maria, enquanto a Marta ralava na cozinha. E quando a Marta reclamou que a irmã não ajudava, ele se saiu com essa:"a Maria escolheu a melhor parte".
Esse lado humano, descrito nos evangelhos, se ajusta às regras biológicas a que está submetido o macaco pensante e falante. Mas, para ganhar pontos e plateia, o cristianismo agregou poderes divinos ao Nazareno. Isso era necessário para que ele não ficasse em patamar inferior aos demais deuses criados pela mitologia adversária.
Hoje, a ciência começa a despi-lo desses caracteres mitológicos. Um fragmento de papiro, analisado por cientistas das Universidades de Harvard, Colúmbia e MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussetts) revela alusões de Jesus Cristo à sua "mulher", que poderia ser "sua discípula" .

Nada de extraordinário. A análise científica revela apenas que o Nazareno, admitida sua existência, foi um homem cheio de boas intenções e biologicamente igual a qualquer um de nós, você, eu, o Lula e o resto da turma que curte cabecinha de mulher no ombro.

terça-feira, 15 de abril de 2014

PLANETACHO


COMO DIRIA ANITTA

A minha rua* anda parecida com uma luta da MMA: a média gira em torno de quatro assaltos por dia.
Seu Jorge,proprietário de um pequeno mercadinho de frutas, fechou as portas esta semana, depois de ser assaltado sistematicamente. Cansou de tanta violência ou de passar o tempo inteiro com os braços para cima, enquanto quem tem poder para fazer algo os cruza.

É tanto assaltante, mas tanto assaltante, que deveriam até usar crachá para não roubarem um do outro. A polícia realmente não está dando mais conta.

Uma manchete desta semana no jornal da cidade falava da demora para se registrar uma ocorrência na delegacia. A fila de espera é tão grande, que alguns desistem de fazer o BO. Não se sabe se por impaciência ou por medo de ser assaltado na própria fila.

Quem diria que a rua da minha infância, onde a gurizada brincava de cowboy, se tornaria mais perigosa do que a verdadeira Tombstone do xerife Wyatt Earp. Naquele tempo corríamos livres entre os quintais das casas vizinhas, as mesmas que hoje estão cercadas por grades de ferro, com cercas elétricas.

Hoje, em pleno século vinte e um, voltamos ao tempo do lendário e violento oeste americano. Apesar de tudo, a tecnologia é tanta que um meliante que se preze pode até abrir mão de um revólver ou de uma faca**, mas não pode ficar sem uma maquininha de cartão.

Vem aí o assalto no débito ou no crédito. É como diz Anitta, a grande compositora moderna: prepara...

*Moro na esquina da Ali Babá com a Ronald Biggs
**Esta semana um sujeito chegou ao extremo de tentar assaltar um mercado com uma lingüiça. Não me perguntem o calibre.



segunda-feira, 14 de abril de 2014

A NOVA INQUISIÇÃO

João Eichbaum

Jesus Cristo é quase unanimidade. Poucos, pouquíssimos são os que se atrevem a lhe atribuir desvalia.
Mas, a mensagem dele, embora seja repetida de boca em boca, até hoje não conseguiu obter resultados plenamente favoráveis. Há ódio no mundo, ódio que gera guerras. Há ambição de poder, que também gera assassinatos e guerras, se for preciso. Há hipocrisia, um instrumento que é usado para chegar ao poder, de qualquer forma. E aquela história de “amar ao próximo como a si mesmo” é pura balela.
A mensagem de Jesus Cristo, que ergueu igrejas, catedrais e basílicas como verdadeiros portentos de arquitetura, se presta até hoje mais como meio de enriquecer do que de transformar o bicho homem num ser domesticável.
A serviço da mensagem de Jesus Cristo já se usou tortura e morte, queimou-se muita gente nas fogueiras da Inquisição.
Mas, nem isso adiantou. A Inquisição perdeu a moral, os homens continuaram a ser o que eram, sem aquela unanimidade de amar o próximo.
Agora, aqui no Brasil, está voltando a Inquisição. Todo mundo está sendo obrigado, por lei, a amar o próximo, seja qual for a sua cor e a sua preferência sexual. A lei é dura, o crime é inafiançável. Qualquer deslize, qualquer emoção fora de controle, qualquer palavrão inconsciente, impensado, serve de motivo para chamar a polícia, registrar ocorrência, etc.
Recentemente tivemos o caso de um jogo de futebol em Bento Gonçalves que está rendendo manchetes até hoje. Andaram botando bananas em cima do capô do carro do árbitro daquele jogo, e aí deu o maior bafafá. O clube acabou perdendo os pontos e sendo rebaixado de categoria. E o árbitro se tornou um herói, só por causa das bananas. Agora, é homenageado, dá entrevistas, está se transformando numa espécie de ser humano invulnerável. Tudo por causa das bananas.
É a Inquisição voltando. Perdemos a liberdade de expressar nossa indignação contra certo tipo de pessoas. Banana, agora, é instrumento de crime. Os seres humanos passaram a ser divididos entre os que são macacos e os que não são macacos. Aqueles que podem e os que não podem ser macacos.
É a hipocrisia oficializada.
Bom. O Clube Esportivo, de Bento Gonçalves, perdeu pontos,  foi rebaixado, por causa das bananas. Aconteceria a mesma coisa para o Grêmio, para o Internacional, para o Corintians e outros famosos?
O que acontecerá para a seleção brasileira se, eliminada pela  atuação de um árbitro cor de ébano, provocar a ira da torcida do país da Dilma, a ponto de fazer chover banana sobre o campo?





sexta-feira, 11 de abril de 2014

PENSAMENTOS COM FRONTEIRAS E LIBERDADE DE BLABLABLÁ


João Eichbaum


Há dois, digamos assim, “eventos culturais” que, não sei se a cada ano ou a cada dois anos, se realizam em Porto Alegre: o “Forum da Liberdade” e o “Fronteiras do Pensamento”.
Consistem em palestras variadas, proferidas por palestrantes mais variados ainda. O auditório é composto, na maioria, por vaidosos, cuja ignorância é disfarçada pelo dinheiro que têm. Mas há exceções, claro. Tenho amigos, intelectuais de alta estirpe, que comparecem a esses eventos, na esperança de aprender alguma coisa. Mas, no fundo, acho que se decepcionam.
Os eventos custam grana. Palestrante nenhum viaja por amor às suas ideias.
Vocês querem saber que tipo de gente vem dar palestras?
Por exemplo, um dos tais foi o badalado Jorge Gerdau. Isso, isso mesmo que vocês estão pensando, o conselheiro da Dilma, um dos que deu o “sim” para aquela negociata da Petrobrás, da qual, ele é também fornecedor, segundo noticia o Jorge Ferrão.
Então, o tal de Gerdau, que é conselheiro e fornecedor da Petrobrás, casamento que não combina com o pior conceito de ética que alguém possa ter, veio dizer para a distinta plateia que o serviço público é ineficiente.
Grande coisa, né, grande novidade!!!
Você seria tão idiota a ponto de pagar para ouvir isso?
Ainda mais ouvir do senhor Gerdau, que está à frente da “Câmara de Gestão, Desempenho e Competitividade” do governo da Dilma? Por que não explicou ele o que está fazendo lá?
Bom, figurinhas assim também aparecem no “Fronteiras do Pensamento”.
Por exemplo, sabem quem está sendo anunciado como um dos palestrantes? O tal de Salmon Rushie, que se diz poeta, e entre as asneiras que escreve houve uma que ofendeu seus irmãos muçulmanos. Aí ele teve que fugir, se esconder, se borrando de medo de ser assassinado por seus companheiros de crença, que o haviam condenado à morte.
Vocês pagariam para ver um cara sem culhão como esse?
Pois olha, gente, para mim só tem “fronteira” o pensamento dos ignorantes, e no “Forum da Liberdade”, nome que não diz merda que preste, só pode ser palestrante quem é mestre na arte de fazer os outros perderem tempo, sem coisa melhor do que coçar o saco.

Certamente, depois da dica do professor de filosofia Antônio Kubitschek , de Brasília, a próxima convidada será a “grande pensadora”  Valesca Popozuda, abordando o tema “Beijo no Ombro”.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

 Honestidade ainda existe, sim...

Eucardio Derrosso*

Karine ia fagueira de moto, pagar uma conta no banco.  No caminho, perdeu o boleto com o dinheiro junto (600 reais). Desesperada, voltou para casa, refazendo o caminho e nada encontrou.
Qual não foi a sua surpresa, pouco depois, quando recebeu, em sua casa, uma pessoa, chamada carinhosamente de Dudu (seu nome verdadeiro é Marcos Antônio). Trazendo o boleto pago (acreditem) e ainda alguns reais de troco que sobraram.
O fato aconteceu em São Leopoldo, no RS, na semana passada, trazendo um questionamento ético favorável de como existem, ainda, pessoas honestas neste mundo de tanta iniquidade.
Como se deu o acontecimento? Dudu, que disse ter perdido uma vez 50 reais, para pagamento de uma conta e sabe o que isso representa, ao encontrar o boleto, resolveu praticar a sua boa ação do dia, foi a uma lotérica pagou a conta. Que vencia naquele dia. Só dizendo: “fiz o que tinha que fazer, não foi grande coisa”. Que bela expressão de solidariedade e humildade!
E a Karine agregou: ”ele foi um anjo que apareceu na minha vida”. Mas como ele a encontrou? Ah! A vantagem das redes sociais. Com o endereço e nome no boleto, não foi difícil localizar a moça pela Internet.
E lá se foi o rapaz para devolver a conta paga, como um ato comum, de sua vida honesta.
E lá se praticou mais uma conclusão ética e lógica do Dudu e que deveria ser o comportamento normal e usual na sociedade: ”me sinto orgulhoso de ter feito a coisa certa”.
Parabéns ao Dudu pelo fato que deveria ser copiado e seguido pelos nossos políticos e governantes. Sem mais palavras... 
 * jornalista



quarta-feira, 9 de abril de 2014

SEIS POLICIAIS E UMA MULHER GRÁVIDA

João Eichbaum


As dores do parto de Adelir Goes foram interrompidas pelo pânico, na madrugada de primeiro de abril. Quando, atendendo às batidas, abriu a porta, viu que na frente de sua casa havia se instalado um palco de guerra, com seis policiais armados, viatura e ambulância.
Não era pegadinha de bobo. Era a Justiça, com uma arrasadora lufada de autoridade, se antecipando ao destino e transformando a maternidade em caso de polícia: Adelir tinha que juntar suas roupinhas e embarcar na ambulância.
Já que não tinha cursado faculdade de Direito, quer de corpo presente, quer à distância, nem tinha feito concurso para promotor ou juiz, Adelir não sabia que a Constituição Federal assegura no inciso II do artigo 5º: “ninguém é obrigado a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei.” Por isso, contra a vontade, se entregou ao bisturi da Justiça: cortaram-lhe a barriga e lá de dentro retiraram mais um futuro contribuinte da Receita, queira Deus, para garantir o subsídio de juízes e promotores.
A partir daquele momento, a indigente dialética dos doutores e dos  bacharéis propalou pelo ar perguntas que a todos instigam: qual é a lei que obriga a mulher a se submeter a uma cesariana? Que tipo de procedimento autoriza a se “violar a vida privada” de alguém, arrastando o vivente sob escolta policial, como um bandido ordinário, para se submeter a um procedimento cirúrgico, quando a Constituição Federal assegura no inciso X do mesmo artigo 5º que “ a vida privada é inviolável”?
Tal lei não existe, porque a Constituição não deixa fenda para alternativas. O Ministério Público foi cavoucar uma “medida protetiva” no artigo 101 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que foi feita para esses e não para nascituros.
Por não ser criança, o ente abrigado no ventre materno nem de longe é mencionado no referido Estatuto. Dele se ocupa o Código Civil. Por isso, o promotor não pôde cumprir o que exige o art. 102: a regularização do registro de nascimento.
E por não haver, naquela lei, dispositivo algum que autorize o promotor a requerer e o juiz a determinar o parto cirúrgico, o representante do Ministério Público se valeu, de certo, do inc. V do artigo 101, que lhe permite a “requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial”. Só que, entre “requisitar tratamento” e cercear a liberdade individual, medeia oceânica distância.
Quem sabe ler, e lê o artigo 152 do ECA, não consegue fugir à conclusão de que qualquer medida “protetiva” desata um procedimento sujeito às normas “previstas na legislação processual vigente”. E a lei processual não dispensa o contraditório.
Mas, já que foi tudo feito na calada do noite, ao arrepio da lei e com violação expressa da Constituição Federal, no procedimento não houve lugar para o contraditório, para os recursos, para o direito de defesa, enfim, para nada que garantisse a legalidade do processo. Foi um processo impermeável ao Direito, todo feito na primeira pessoa e costurado no absoluto, com um fio só: sentença, execução e coisa julgada. Como se a Justiça fosse a senhora da vida e da morte, que essa, sim, não recebe apelação.


terça-feira, 8 de abril de 2014

PLANETACHO


O polvo gasta tudo o que ganha em desodorante.

A DIFERENÇA ENTRE UM LEITO DE HOSPITAL E UM TÁXI É APENAS O TAXÍMETRO.

Despertador de vampiro nunca toca ao meio-dia.

As formigas costumam confundir língua de tamanduá com escada rolante.

Os Estados Unidos enviaram cerca de um bilhão de dólares para a Ucrânia. Uma mixaria. Não dá nem para comprar uma refinaria em Pasadena.

Morreu o velho centroavante. Foi falta de assistência.

Na porta do curso de retrógado:
VOLTE SEMPRE



segunda-feira, 7 de abril de 2014

A COPA DA FIFA E DO PT

João Eichbaum

Não fui eu que comecei. Mas fui atrás, depois de constatar o entusiasmo dos petistas e dos aliados.
Pensei: se o governo do PT está muito interessado na Copa do Mundo, é porque esse negócio vai render alguma coisa.
Para quem não sabe, o PT só se interessa por coisas que rendem votos ou dinheiro. Porque os votos rendem dinheiro e o dinheiro rende votos.
Então, quando me dei conta de que o PT estava interessadíssimo na Copa da Fifa, já fui contra.
Agora vejo que tem muita gente contra. Não sou só eu. Tem gente protestando nas ruas contra a realização da Copa, tem gente escrevendo contra essa verdadeira calamidade, que será a Copa da Fifa para o povo brasileiro
Ontem, o que mais me chamou a atenção foram duas manifestações de pessoas que nem se conhecem, não falam o mesmo idioma, não têm os mesmos interesses, e um oceano os separa um do outro.
Falo do ministro do desenvolvimento da Alemanha, Gerd Mūller, e do jornalista esportivo brasileiro Juca Kfouri. Ambos desandam contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, denunciando barbaridades, sendo que o ministro alemão é mais contundente, atribuindo  irresponsabilidade aos governantes e à Fifa.
Imagine que o ministro do desenvolvimento da Alemanha veja coisas que nenhum ministro brasileiro vê: um gasto sem retorno, rios de dinheiro jogados fora, para fazer um estádio em Manaus, por exemplo, à custa do povo, que não tem saúde, segurança, moradia, emprego e educação. E eu acrescento, que nem terá condições para adquirir um ingresso para o espetáculo da Fifa.
E o ministro alemão vai mais longe, denunciando as barbáries praticadas no Katar, por conta da Copa do Mundo de 2.022 lá: supressão dos direitos humanos, escravidão no trabalho, tudo para agradar à Fifa.
O Juca Kfouri, que vive de futebol, que nunca viveu outra profissão senão a de jornalista esportivo, que tira o leite para suas crianças dos milionários chutes de bola, mostra sua decepção com as obras atrasadas, mal feitas e com o custo em vidas humanas, como já aconteceu no Itaquerão, o estádio do Corintians, que servirá de palco principal para a Copa.
Mas, para o PT está tudo bem, ninguém fala mal da Copa da Fifa.
Só o partido do Lula não enxerga o mal que ele e a Fifa estão causando ao Brasil. Mas, Lula e o seu PT estão tranquilos, porque nós pagaremos a conta.