segunda-feira, 31 de julho de 2017

PLANETACHO

LEDO ENGANO
Ultimamente as contas de luz estão vindo com mais bandeira vermelha do que torcedor do Inter em dia de jogo da série B.

VEJAM SÓ
A popularidade de Temer anda tão baixa que nem o cãozinho da família balança o rabo, quando ele chega em casa.

O BOM DO LULA
O rádio do carro brada: Moro num país tropical...Lula desliga, chateado.

EU FORA
Temer se recusou a inaugurar o Plano de Demissão Voluntária.

ECONOMIA
Preocupação de Meirelles: a inflação está em queda mas o preço dos deputados continua pela hora da morte.

CONFUSÃO
Quem lê no noticiário que Neymar Júnior pode ir para o PSG para ganhar uma fortuna, pensa logo que ele está indo para algum partido da base do governo.

AGORA VAI
Finalmente uma saída para o Brasil. A Polícia Federal voltou a emitir passaportes.

SUMIU
Pelo jeito desviaram até o inverno.


CORTE
Cortaram tanta verba da Lava Jato que ela pode virar operação Banho Maria.

sexta-feira, 28 de julho de 2017



TROVINHAS DA SEMANA
João Eichbaum

Nove milhões na privada
(me refiro à previdência)
Um pobretão como o Lula
chegará à Presidência?

A merda que tá o país
confirma o que eu já ouvi:
se o mundo tivesse glúteo,
seu ânus seria aqui.

Nove milhões bem guardados.
Será milagre ou magia?
O nosso dinheiro some,

mas o do Lula dá cria

quinta-feira, 27 de julho de 2017

PROTE-CÃO CELESTIAL

Carlos Maurício Mantiqueira*
Quem tem mais prestígio no céu é o cão Bernardo.
Leva no pescoço uma barriquinha de conhaque para reanimar os caminhantes na neve.
Não sabe latim; sabe latir. Quando com algo não está concorde, também morde.
Bicho peludo, pelo sim pelo não, dá exemplo de educaCão.
Por suas sábias palavras (au! au!), defende a intervenCão.
Isto aqui está uma zona, Cãomandada pelo marido da bonitona.
Tenta flutuar até que outro esCãodalo venha à tona.
Não se importa com o fato de o país estar de ponta cabeça. Será vampiro até o último suspiro.
Chupar-nos-á o sangue pra sustentar uma gangue.
Já subiu imposto ferrando quem é obrigado a ser feito de otário no posto.
Subirá também em muros se dona Onça estiver com oxiúros?
A felina mostra-se um pouco impaciente. Saberá de algum escândalo mais recente?
Enquanto isso, no planalto-engano, até leão vira vegano.
*Carlos Maurício Mantiqueira é um livre pensador

Fonte: Alerta Total

quarta-feira, 26 de julho de 2017

RETRATO SEM RETOQUES DAS ZELITES

Carlos Maurício Mantiqueira*
1- Empresários                            
Salvo as honrosas exceções, são semi-analfabetos, inteligentes, espertos, sem escrúpulos, imediatistas e viciados em mamar nas tetas dos desgovernos, sem o menor pudor.
Há dois tipos: os que vendem a mãe e não entregam e os que cumprem a palavra.

2 - Intelectuais

A maioria faz o que pode; o faltante inteira-se com a pose.
A vaidade os aprisiona desde tenra idade. Dominam o idioma javanês.
Amam ser chamados de “Professores” – tal qual treinadores de futebol.
Ousam saber tudo sobre coisa alguma. São prisioneiros de convicções e falsos conceitos,
Pensam que a Mesopotâmia é a terra natal de metade dos hipopótamos.

3 - Advogados

Nos testes vocacionais da adolescência, são escolhidos quando mandados fazer uma dissertação sobre Jesus Cristo, alguns perguntam: “A favor ou contra?”

4 - Médicos

Sentem prazer (quase mórbido) em vender a cura bem caro.

Operam seus pacientes com máscaras, para não serem reconhecidos.

Enterram suas histórias de insucesso.

5 - Engenheiros

Os melhorzinhos; caso contrário a casa cai, literalmente.

Apenas pecam pelo excesso de cartesianismo e pela dificuldade em confundir a eficiência das partes com a deficiência do todo.

                                               6 – Jornalistas

Combinação daquilo que o 2 e 3 têm de pior, sempre prontos para morrer de cirrose, coração ou câncer, pelo estresse gerado pela convivência normal com o mundo e as pessoas que o cercam.

Geralmente, escrevem a História conforme ditada por seus patrões. Tirando raríssimas exceções, cultivam a ética das prostitutas.

7 - Religiosos

Vendem um lugar no Céu; em suaves prestações.

Prova cabal da existência de uma legião de otários.


A fé absoluta na mentira é o mais lucrativo negócio dos nossos tempos.

terça-feira, 25 de julho de 2017

JUSTIÇA OU BLEFE?
João Eichbaum

Quem veste a toga de juiz por vocação não se deixa levar pela turba, aquela que pode preferir Barrabás a Jesus Cristo. Nem decide compulsivamente, embalado pelas manchetes da imprensa. A sentença é um juízo de valor, que se constrói entre quatro paredes, sem exposição pública.

O juiz não pode condescender, nem pactuar com opiniões que venham de fora dos autos. Da mesma forma, nada pode excluir, exorcizando de sua consciência ou da lógica o que o conteúdo dos autos lhe sopra.

O juiz não pode ser intransigente, duro, inflexível, resistente às inovações a que se deve amoldar o Direito, quando o impelirem transformações sociais. Nem medir com a mesma vara, no Direito Penal, a todos os que lhe são submetidos a julgamento.

Mas, se não deve ser inflexível, o juiz não pode também ser mole ou fácil, frouxo como massa de moldar. Sua postura há de ser imune a influências emocionais que possam alterar, mitigar ou endurecer o espírito das normas legais ou a matéria “sub judice”.

Da prova clara, concreta, indubitável, que não seja contaminada pelo testemunho vesgo ou apaixonado, qualquer pessoa, mesmo que não seja juiz, poderá extrair uma conclusão razoável sobre a culpabilidade do réu. Não assim, diante do sinuoso conjunto indiciário, que não produz certeza absoluta.

Os indícios não desnudam, por si, a verdade. Eles são apenas fios, cujo desembaraço é necessário, para gerar convicção. São as pedras de montagem de um quebra-cabeça, de valoração genuinamente subjetiva, que varia de pessoa para pessoa.

O conjunto indiciário, que “doutores” mal informados chamam de “prova indiciária” (prova não é indício e indício não é prova), planta mais perguntas do que conclusões. Nele se instala a dúvida, diante da qual varia o comportamento dos juízes. E o resultado pode ser a justiça verdadeira, ou um blefe.

O juiz que se fez juiz para fazer justiça - diferente do juiz que se fez juiz porque queria emprego e passou num concurso, ou do juiz que foi apadrinhado, para vestir toga de desembargador ou ministro - submete o conjunto indiciário a um processo de decantação. Não se entrega à sanha da publicidade, porque tudo pode voltar à estaca zero.

Eis aí a diferença. O juiz, que o é por veia e jaez, se revela “homo ex hominibus sublatus, ad homines ipsos judicandum”: um homem tirado do meio dos homens, para julgar os próprios homens. Por isso tem consciência de suas fraquezas. Ele não encarna divindades, nem vive a glória: vive apenas o drama de ser juiz.




segunda-feira, 24 de julho de 2017

PLANETACHO
Semana cheia e tanque vazio...
MISTURADOR
Pois há trezes foi instalado no gabinete do Temer um aparelho para dificultar a captação de áudios. Trata-se de um “misturador de voz”. Uma máquina de fazer ficar tudo na base do dito pelo não dito. Na hora em que forem divulgadas essas gravações misturadas, provavelmente ouviremos o presidente com a voz de Sílvio Santos, dizendo:
- Quem quer dinheiro?
E uma galera de deputados de diversos partidos, respondendo com a voz do Faustão:
- Oh loco meu!

O IDEAL
Convenhamos que, se é para ter um misturador de som no gabinete presidencial, seria melhor eleger um DJ

UM VAZIO
De toda essa crise, só nos resta um grandicíssimo vazio...no tanque do carro

LEDO ENGANO
Todo mundo achando que o Temer não ia muito longe, mas com o aumento da gasolina quem não vai somos nós

CAIU FORA
Enquanto isso nos States, o porta-voz do Trump pediu os trinta. O presidente americano comete tantas gafes que Sean Spicer abriu mão do trampo.

APOIO AO GOVERNO
 A campanha nas redes sociais semana que passou era a seguinte: ajude o Temer a comprar mais um deputado. Encha o tanque.


sexta-feira, 21 de julho de 2017

LINGUAGEM
João Eichbaum

O esfigmomanômetro, o bisturi e a broca são instrumentos de trabalho de médicos e dentistas. O vernáculo é o instrumento profissional dos diplomados em Ciências Jurídicas e Sociais, curso comumente conhecido pelo nome de Direito.

De que haja médicos e dentistas incapazes de lidar com os respectivos instrumentos de trabalho não se tem notícia. Mas notícias aos borbotões há de bacharéis, mestres e doutores em Direito que não dominam o vernáculo, nos dias de hoje.

Vejamos alguns exemplos que fazem chacoalhar os ossos de Camões. Da lavra de Edson Fachin: “o representado apresentou petição protocolada sob o número 0030426, onde apresenta contrarrazões”. E essa: “em razão da regra do art. 53, § 2º, da Constituição da República, cuja interpretação restritiva superadora de sua literalidade considero a mais correta...”

Ao invés de “o representado apresentou petição, onde apresenta contrarrazões...” seria menos agressivo ao vernáculo dizer: “o representado  contra-arrazoou”. No excerto “em razão da regra do art. 53, § 2º, da Constituição da República, cuja interpretação restritiva superadora de sua literalidade considero a mais correta...” o pronome “cuja” foi despido de suas funções gramaticais de tal forma que o texto não comporta correção. E a “interpretação restritiva superadora” não passa de amontoado de vocábulos, sem sentido: quebram qualquer regra de sintaxe.

Do repertório de Marco Aurélio Melo: "no tocante ao recolhimento do passaporte, surgem ausentes elementos concretos acerca do risco de abandono do país, no que saltam aos olhos fortes elos com o Brasil”. Sem comentários, porque é muito difícil, senão impossível, destrinchar ideias enroscadas numa construção obtusa.

De Dias Tofoli: “as características morais têm sido designadas exclusivamente aos homens e mulheres...” Características são elementos ínsitos em alguém ou em alguma coisa. E, sendo elementos ínsitos, não podem ser “designados”, porque são imanentes nos seres que qualificam, não podendo migrar de um para o outro.

De Carmen Lúcia: “A matéria de que aqui se cuida é mais sujeita que o comum de quantas daquelas que são trazidas a este Supremo Tribunal aos opinamentos...” Essa é de uma ambiguidade de engasgar papagaio falante: “mais sujeita que o comum de quantas daquelas que são trazidas...”

O pleno domínio do vernáculo é a “conditio sine qua non” da interpretação e da aplicação da lei. Muitos erros judiciários advêm da deficiência nesse campo. Quem busca a Justiça, no Brasil, precisa mais de sorte, do que qualquer outra coisa. Afinal, os médicos e dentistas podemos escolher. Mas, os juízes, não.



quinta-feira, 20 de julho de 2017

Apatia ou Agancia?

Carlos Maurício Mantiqueira*
O povo pacífico e ordeiro é raposa e não cordeiro.

Já deu enormes demonstrações de repúdio à classe política.

Em São Paulo, pela primeira vez, elegeu-se um prefeito no primeiro turno em detrimento de quem tentava a reeleição.

Sabe que dona Onça entendeu bem o recado. Provavelmente está aguardando que aflorem inúmeros e mais escabrosos escândalos. Se a intervenção ocorresse antes disso, restaria sempre um foco de câncer no organismo social.

Já entramos no fase da luta de todos contra todos. Os corruptos enforcar-se-ão uns nas tripas dos outros.

Um sábio florentino disse, há mais de quinhentos anos, que os homens só atacam seus inimigos movidos por medo ou por ódio. Estão dadas ambas situações.

Assim, a população assiste os capítulos finais da tragicomédia, lavando-se em água de rosas.

Tanto faz quem vier a cair primeiro; um vampiro, um molusco, um janota ou um urubu.

No 'gran finale” surgirá impávida felina.

Medidas simples: fuzilamento para os traidores; cadeia para os ladrões; borrachadas para os idiotas.

Assim fez Floriano; assim fará Beltrano ou Sicrano.

Que são alguns momentos a mais de sofrimento para um povo abençoado por Deus ? Privações infinitamente menores que guerras, fome, frio, terremotos e ciclones.

*Carlos Maurício Mantiqueira é um livre pensador
FONTE: Alerta total

quarta-feira, 19 de julho de 2017

PENSAMENTOS DO RUI ALBERTO*

MICC- Movimento Internacional Contra Corrupção... Preso o chefão do Futebol Espanhol... Pezão foi pra um SPA de alto luxo em S.Paulo....2 policiais foram mortos e ele não foi no enterro. Ha um Pezão pra cada esquema, Dornelles é o pidão dos dólares... Pezão foi de táxi, auto, ou helicóptero... Pagou com o dinheiro dele, mas do salário ou da maleta...

Bom dia e preparem-se... A tal da frente fria
Vai ter geadas em Cabo Frio... Se passar um iceberg - "gelobergue" em português - desgarrado da Antártida, não se façam de rogados: Levem uma picareta nas costas, um saco de limões e de açúcar, e quando o abordarem, sentem-se e relaxem que não vai faltar gelo picaretado para as caipirinhas.
Ah.... Não esqueçam a cachaça, um bom agasalho, e um ar condicionado pra quente e frio... Senão vai nadar, nadar e morrer no iceberg...

A gata e o lagarto.
Sempre que vejo, digo "não" bem forte a uma gatinha muito inteligente que guardo para minha netinha: A Lalá !
Faz mais de uma semana que ela trouxe para casa um lagarto desses coloridos que correm de forma gozada pelos caminhos e jardins, com quase um palmo de comprimento. Eu disse "não", mas ela ficou brincando com ele. Imaginei que num par de horas o lagarto estaria morto e a Lalá vomitando.
Faz mais de uma semana, talvez duas, o lagarto está firme e forte, brincam de esconde esconde de vez em quando. Não imagino como ele se alimenta aqui em casa, ou se sai para se alimentar e volta para brincar... Como lagartos precisam de sol e ele está vivo e bem, deve sair e voltar.
Acabo de vê-lo passar descendo de um cesto de vime e correndo pela sala.
Animais são muito simples e descomplicados. Pensando em dar um nome de gente para o lagarto. 

*Leia mais em "bar do chopp Grátis"...

terça-feira, 18 de julho de 2017

O JUIZ
João Eichbaum

Manda o artigo 35 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional que o juiz aja com serenidade, ao aplicar a lei. A serenidade é um estado de ânimo que exige despojamento de qualquer emoção, uma disposição de espírito desprovida de sentimentos.

Com a serenidade são incompatíveis a tristeza, a euforia, o medo, o ódio, o amor, a vaidade, a mágoa, a compunção e quaisquer outras manifestações do sistema nervoso, que desatem emoções.

A única manifestação de espírito que combina com a serenidade é a do intelecto, a que elabora o pensamento científico, a que organiza a lógica e a dialética no discurso.

Nos tempos modernos, esse condicionamento intelectual, essa reserva de espírito que serve à serenidade, é muito difícil. Redes sociais, revistas, jornais, rádio, televisão, holofotes que levam à fama, a chamada mídia, enfim, constituem verdadeiro mundo opressor, do qual só se liberta quem tiver força para fugir da glória.

Sérgio Moro caiu na cilada desse mundo opressor. Sua personalidade foi absorvida pela mídia, por ser matéria boa para produzir manchetes. O magistrado foi transformado no homem do momento, no expoente da máquina judiciária, no valor humano indispensável para o exercício do poder.

Era o prelúdio do desconcerto de uma aventura humana. E aconteceu o pior que podia acontecer a qualquer juiz. Moro foi eleito pela opinião pública como um divisor de águas: a dos que amam e a dos que odeiam Luiz Inácio Lula da Silva. Daqueles, Moro se tornou inimigo; desses, o herói trovejante, o destruidor do mito Lula.

 O turbilhão de emoções, em que foi envolvido o magistrado, se reflete na sentença condenatória de Lula.  Se o absolvesse, Moro seria despencado do alto da fama. Se o mandasse à prisão, seria odiado e exposto à execração, como o braço parcial da Justiça.

Resultado: a sentença foge do padrão processual. Ela se empobrece como juízo de valor, quando deixa vazar impertinente pedido de desculpas pela condenação, e quando se entrega ao irrefreável instinto de defesa, ocupando espaços com explicações pessoais. Aí, o julgador se mistura aos personagens da causa. Além disso, digressões estranhas comprometem o formato legal do silogismo jurídico, que deve ser limitado a três caracteres: relatório, fundamentação e conclusão.

Para o ofício de julgar, mais propriedades oferece a solidão monástica do que o palco. A exposição pública é inimiga do recato. Este, por sua vez, constitui o substrato da serenidade, imposta pela lei da magistratura. E outro não é o espírito da lei, senão evitar que magistrados sejam expostos a ovações e apupos, como o são, por contingência de seu trabalho, os juízes de futebol.


segunda-feira, 17 de julho de 2017

PLANETACHO

ISTO & AQUILO
Brasília está em cima da transação ou da transição?

PIONEIRISMO
Houve um tempo em que Maluf era o centro das atenções no noticiário. Virou até verbo: malufar. Jamais se imaginou que seria tão praticado no presente.

UM OU OUTRO
Em 2018 Lula vai ser presi...dente ou presi...diário?

EM ALTA
Doleiro disse na polícia federal que entregava malas para Geddel. Pelo que se vê, em meio a toda a recessão que vive o país, o comércio de malas continua em alta

VEREDICTO
Na realidade o veredicto de Moro tem o objetivo de transformar o tríplex do Guarujá num beliche da Papuda.

PRÊMIO
 Tem deputado esta semana que acertou na Megatemer

CANÇÃO DE NINAR
Dona Marcela, cantando para o Michelzinho dormir: dorme nenê que o Cunha vem pegar...

CONSELHO
Quando se processa um alfaiate é interessante que se tomem as medidas cabíveis...

GELINHO
O tamanho do iceberg que se desprendeu na Antárdida é a garantia que não vai faltar gelo para o whisky nos próximos 200 anos

SINTOMAS DA CRISE?
Latino não lançou até agora nenhuma versão  em português para Despacito

FIM
Terminou o veranico de julho


sexta-feira, 14 de julho de 2017

ONDE PIOLHO NÃO TEM VEZ
João Eichbaum

Piolhos. Quem já não os teve? Quem já os não abrigou sob os cachos castanhos, caprichosamente enrolados pela natureza? Ou debaixo daquela cascata de ouro que, ao sol, lhe emprestava uma beleza de fada? Ou escondidos no labirinto do cabelo pixaim?

Piolho, um bichinho desprezível, que incomoda dia e noite, faz a gente fincar as unhas no couro cabelo e tirar sangue de uma parte tão protegida pela natureza...
Onde estava Deus com a cabeça, quando inventou o piolho? E para qual finalidade os desígnios divinos destinaram tão estúpida criatura? Só para incomodar a gente? Para tirar o sono da mamãe e atormentá-la com a dúvida atroz de mandar ou não o filho para escola?

Nem Tomaz de Aquino ou seu colega Santo Agostinho, festejados “doutores” da Igreja, teriam condições de escrever algumas linhas, nos seus imensos tratados de erudição teológica, sobre esse repelente ser, viscoso, a quem Deus concede a liberdade de incomodar mamães e crianças.  

Mas, sem falar nos chatos, há outros seres piores do que os piolhos propriamente ditos: as lêndeas. São essas que dão o maior trabalho. Elas se grudam nos fios de cabelo, se agarram ali, como se ali tivessem nascido e fossem donas do pedaço. E aí, coitadas das mamães ficam, fio por fio, catando lêndeas e praticando aborto de futuros piolhinhos, com as unhas dos polegares.

Para quem não sabe, os piolhos têm suma importância nas regras vigentes dentro do sistema penitenciário. É por causa deles que as cabeleiras são raspadas. Não é por maldade da polícia, nem por gozação da guarda carcerária. É para evitar a proliferação da espécie.

Entenderam, então, por que os protetores dos direitos humanos não chiam, nem piam, quando a careca dos políticos corruptos é mostrada no face, nos jornais, nas revistas e na televisão? Por que ninguém aparece vociferando contra o sistema?

Porque os piolhos são mais chegados ao princípio da isonomia do que o STF. Para aqueles bichinhos sem serventia não há diferença entre ladrões de galinha e ladrões do dinheiro público: todos são iguais perante eles.

Portanto, não foi por maldade que os carcereiros fecharam os olhos e fizeram ouvidos moucos, quando Geddel Vieira, com um chorinho de guri borrado, suplicou que não lhe abatessem a melena. Por estrita observância aos preceitos de moda vigentes no sistema carcerário – e antes que o desembargador de plantão lhe prestasse socorro -  Geddel foi encaminhado ao único carrasco que ainda tem serviço em Brasília: o barbeiro da Papuda.