sexta-feira, 30 de maio de 2008

CRÔNICAS AMOROSAS

PAULO WAINBERG, escritor gaúcho, nascido em Porto Alegre, além de ser colorado e aficcionado da ópera, tem outra grande virtude: domina as palavras e os pensamentos, de modo a levá-los, já digeridos, para o intelecto do leitor. Não é desses escritores que obrigam os leitores a pensar. Pensa por eles, ou pensa exatamente o que eles pensam, sabe escrever porque escreve para distraí-los e não para fazer deles intelectualóides bestas. Essa virtude poucos escritores têm. A maioria, das duas, uma: complica ou ilude o leitor. No time desses não joga o PAULO WAINBERG, autor das seguintes obras: CONVERSAS DE VERÃO, O HOMEM DE PAPEL, crônicas. E mais A RESPOSTA FINAL, O CARRILHÃO QUEBRADO, OS MALDITOS, NEM TUDO É PODRE NO REINO DO LIXO, A MÃE JUDIA, O GÊNIO CIBERNÉTICO E OUTRAS HISTÓRIAS, UM SUSTO NA ESCURIDÃO, e em breve, aguardem, SPACESHIPBAR.
Sinto-me envaidecido com a sua colaboração para este blog.
Muito obrigado, Paulo.
João Eichbaum


OS DESÍGNIOS DA PAIXÃO
Paulo Wainberg

Quando você ama alguém pode se apaixonar por outro, mas quando está apaixonado por alguém, não se apaixona por outro.
Digo mais que é para não restar pedra sobre pedra, neste assunto: Quando você ama alguém, pode amar outro e quando você está apaixonado por alguém pode continuar amando outro.
O amor é o conjunto de várias coisas: você ama o jeitinho dela sorrir, o modo como ele coça o nariz quando está triste, o suspiro que ela dá logo depois, o cuidado dele com as crianças.
Você pode amar outro(a) ao mesmo tempo porque ele(a) diz coisas diferentes, trata você com outras ternuras, quando toca sua mão é um arrepio, você admira a inteligência dele(a), gosta do tom de voz, o cabelo, a cor do olho, o pé bonito.
O amor envolve prazer na convivência, amizade, companheirismo, gostos compatíveis, pequenos (mas enormes) momentos de convívio, brigas por bobagens, desentendimentos, respeito e compreensão mútuos.
Afirmo, do alto de minha inesgotável sabedoria amortecida por infinita modéstia, que é impossível amar duas pessoas ao mesmo tempo sem prejuízo de nenhum dos amores.
Paixão é diferente.
Apaixonados não pensam, reagem. Apaixonados não pedem, tomam. Apaixonados não resistem e se entregam.
Alguns apaixonados, em homenagem aos verdadeiros amores, postergam, recuam, hesitam, mas sabem que estão adiando o inevitável e que, mais cedo ou mais tarde, sucumbirão ao apelo da paixão.
Quando o amor é para um(a) e a paixão é para outro(a), minha doce amiga, meu prezado amigo, as culpas passam a ter nome: traição, fidelidade, honra, pecado, prurido e... medo.
A sina dos apaixonados é saber que a paixão é efêmera e o risco que correm, maior do que qualquer outro, até mesmo o de ser descoberto ou flagrado, é que ela se transforme em amor.
Quando isto acontece, de a paixão se transformar em amor, vem o tormento da escolha porque, entre dois amores, nenhum dilema é maior para o ser humano.
Apesar de parecer cinismo, não é. Entregar-se à paixão é um proveito próprio, sem prejudicar ninguém, nem mesmo à pessoa amada.
O custo é alto reconheço, porque a paixão, quanto mais proibida, mas exige em cuidados, em sigilos, em subterfúgios e em uma boa dose de prazer perverso de sentir-se acima dos demais, capaz de tamanha nobreza de sentimentos, de usufruir emoções intensas como ninguém, na opinião dos apaixonados, será capaz.
Em cada encontro, em cada olhar sub-reptício, em cada roçar eventual de braços ou mãos, em cada frase codificada, perpetua-se o desejo inerente da contravenção e do desafio ao perigo, tão natural na essência humana.
Os apaixonados rendem permanente homenagem à própria grandeza e à pureza primitiva dos seus sentimentos: o prazer pelo prazer.
Quer coisa melhor?
Quando a coisa evolui e a paixão cede, lentamente, lugar ao amor, aí começa o drama, a porca torce o rabo, a cobra vai fumar.
Dois ambientes amorosos podem co-existir por um tempo, mas são incompatíveis por definição.
O momento inevitável da escolha vai chegar por mais que você afaste a idéia do pensamento com a simplicidade de quem arranca uma felpa do dedo.
Quando você percebe que seu gesto amoroso para um(a) infesta você de culpa por causa do outro(a), pode crer, a colisão está bem ali, uma imensa parede esperando por você, pronta para esborrachar você em mil pedaços que levarão muito tempo para se reunirem novamente.
Não dá mais, você não consegue continuar assim, vem o dia dramático, a hora desesperada em que, entre dois amores, você escolhe um e abandona o outro.
Metade de você ficará um bom tempo dilacerado, mas o tempo, ele mesmo, se encarrega de recompor a ferida e mais tarde restará uma doce lembrança, acalentadora e rica, do período de sua vida em que você foi plenamente feliz.
O outro, o amor abandonado, bem, ele vai ter que se virar sozinho entre o ódio, o ciúme, a compreensão, o carinho e a própria existência.
Caso a sua paixão se esgote comme il faut, as sensações perdendo intensidade aos poucos, as emoções esfriando ao ar livre, talvez reste um resquício de culpa mística, algo assim de leve, a lembrar que você foi fraco(a) uma vez na vida, mas lá no fundo a certeza de que valeu à pena, você não podia passar a vida inteira sem saber, afinal de contas, como é que “os outros” vivem.
Pessoalmente acho que a paixão é o verdadeiro sentido da vida e o amor a sua explicação. Cada coisa no seu lugar.
Quem nunca atirou a primeira pedra que ponha um telhado de vidro, use guarda-chuva de papel, calce sapatos de lama e vista a roupa invisível do rei.
Ou finja que não está nem aí, o que vem de baixo não lhe atinge e interne-se num mosteiro.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

COISAS DA VIDA

A JUSTIÇA EM SANTA MARIA

Faz parte dos jargões jornalísticos tratar as decisões judiciais, como decisões “da justiça”. A gente abre os jornais e lá aparece: a justiça decretou a falência, a justiça decretou a prisão preventiva, a justiça concedeu “habeas corpus”, e por aí vai. A justiça. Como se “a justiça” fosse um ente etéreo, incorpóreo, desatrelado da humanidade e acima dela.
Quando dizem os jornais que “a justiça” ordenou isso ou aquilo, mandou prender, mandou soltar, mandou seqüestrar, permitiu escutas telefônicas, ordenou quebra de sigilos fiscal e bancário, etc, não passa pela cabeça de ninguém que “a justiça” possa ser uma mocinha de minissaia, bem maquiada, loira de farmácia, filhinha de papai, que nunca trabalhou na vida, mas freqüentou cursinhos pré-vestibulares, bebeu, dançou, foi pra boates e depois cursou a Ajuris, estudou, decorou, rodou no primeiro, no segundo, no terceiro e, talvez, no quinto concurso, tenha passado, tornando-se juíza. E que, com tal currículo, tenha saído a ordenar isso ou aquilo, a prender, a soltar, a seqüestrar, a ouvir escutas telefônicas, a quebrar sigilos fiscal e bancário, etc. Ou a gordinha mal-amada que, finalmente, depois de passar no concurso de juiz, pôde dar emprego de marido ao saradão aquele, com quem anda à tiracolo, para arrancar suspiros e despertar a inveja das amigas. Ou a morena gostosa, peituda e bunduda, que teve que dar pra todo mundo, a fim de passar no concurso. Ou o rapagão bonito de olhos azuis, boa pinta e bem falante, que também nunca soube o que é basquetear na vida, mas é igualmente filhinho de papai, de desembargador, de procurador, de ministro, do papai, enfim, que pôde se dar o luxo de lhe pagar cursos e mais cursos, por quantos anos foram necessários, para que o garanhão se tornasse juiz. Ou o rapazinho e a menina sérios, compenetrados, estudiosos, intelectuais, mas sem nenhuma intimidade com os revezes da vida, e cujo único objetivo era um bom emprego, à altura do seu “status”, como a magistratura, que lhes proporcionou mestrado, doutorado, especializações e um lugar de prestígio no olimpo dos juristas.
Pois a “justiça” pode ser tudo isso e mais um pouco, ou menos um pouco: gente cheia de defeitos, como qualquer um de nós, que tem a vantagem de ter o poder na mão.
Tudo isso me ocorre a propósito da “justiça” de Santa Maria que transformou o Código de Processo Penal em quermesse, convocou seguranças, imprensa, rádio, televisão, refletores, câmeras e microfones para receber uma denúncia. Só faltaram os fogos de artifício, a bandinha alemã e a bênção do bispo. Será que essa mesma “justiça” age assim também quando o réu é um pé-de-chinelo, que não dá ibope?

quarta-feira, 28 de maio de 2008

TEMA DE DIREITO

AS CÉLULAS -TRONCO

Do ponto de vista estritamente biológico - não no sentido amplo, que compreende também a fisiologia - não há diferença alguma entre o homem e o bichinho da goiaba: ambos têm funções orgânicas, ou seja, não são seres inanimados. A diferença reside nas necessidades de um e de outro, necessidades essas que determinam o desenvolvimento dessas mesmas funções.
A evolução é a prova de que o homem chegou onde chegou, por força das necessidades, a começar pela sobrevivência. O “habitat” do bichinho da goiaba não exige o mesmo desenvolvimento das funções orgânicas que o “habitat” do homem exige. Por “habitat” entenda-se o sentido pleno da palavra, encarado o homem também do ponto de vista fisiológico, como ser gregário, viva onde viver.
Donde se conclui que não basta ao homem, mercê de suas necessidades, viver pura e simplesmente como um ser animado, movido por funções orgânicas, tal qual o bichinho da goiaba.
O termo biologia tem derivação etimológica no substantivo grego “bíos, ou”, que significa “vida”. Então essa “vida” não tem senão sentido biológico, ou seja, funcionamento puramente orgânico.
Ora, na ciência do direito, o vocábulo “vida” não pode ter esse mesmo sentido, estritamente biológico, porque o direito foi feito para o homem como ser gregário, a partir, portanto, do seu “habitat”, que não é o mesmo “habitat” do bichinho da goiaba.
O homem não é um objeto do direito, mas um sujeito do direito, porque o exige o desenvolvimento de suas funções orgânicas. Então, resumindo, do ponto de vista do direito, a “vida” do homem não é a mesma do bichinho da goiaba, mas tem uma significação mais ampla, ditada também pela fisiologia do ser humano, que compreende as funções cerebrais, não desenvolvidas pelo referido bichinho.
O que se quer dizer com isso é que o direito não pode se limitar a encarar o termo “vida” do ponto de vista estritamente biológico, como o faz o autor da ADIN contra a Lei da Biosegurança de 2005, segundo o qual “o embrião é um ser humano na fase inicial da vida”. Não. O embrião é igual ao bichinho da goiaba: não passa de um ser animado, com funções orgânicas, que não se sabe se chegarão a bom termo.
A vida do ser humano, do ponto de vista jurídico, não é senão a personalidade civil, que começa do nascimento (art. 2º do Código Civil). Porque o direito existe em função desse ser gregário, que é o primata humano, e ele assim se torna apenas depois do “nascimento com vida”, como diz o Código. Os direitos do nascituro são reservados no arquivo da “expectativa”, tendo condicionada sua eficácia a esse “nascimento com vida”. Se o nascituro não nascer “com vida”, ou seja, operando funções orgânicas, aqueles direitos deixarão de existir.
Não fosse a vaidade, alimentada pela imprensa, e o fanatismo religioso, que obnubila a inteligência das pessoas, o tema da referida ADIN não exigiria mais do que uma singela leitura do artigo 2º do Código Civil.

terça-feira, 27 de maio de 2008

TEMA DE DIREITO

FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

A consulente, Dra. C.S, me propõe a seguinte questão: “ entramos com uma ação contra a TIM, ganhamos em parte, recorremos e o acórdão reverteu mais coisas em nosso favor (segue em anexo), te pergunto o que posso fazer em relação a compensação de honorários??? Achei uma uma Súmula 306 do STJ que só nos ferra, permitindo a compensação.
Achei estranho que revertemos boa parte e os nossos honorários são menores, o que devo fazer?


RESPOSTA

Determina o art. 20 do Código de Processo Civil que, na fixação dos honorários, entre 10 e 20% sobre o valor da condenação, serão consideradas as seguintes condições:
a) grau de zelo profissional;;
b) lugar da prestação do serviço;
c) a natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o serviço.

O art. 21 do mesmo Código de Processo Civil estabelece que serão recíproca e proporcionalmente distribuídos e compensados os honorários e as despesas, “se cada litigante for em parte vencedor e vencido”.

Por seu turno, o art. 93, inc. IX, da Constituição Federal ordena que sejam fundamentadas todas as decisões judiciais, sob pena de nulidade.

A sucumbência é matéria sobre a qual se deve pronunciar o julgador, por imposição legal. E deve fazê-lo, obedecendo às três regras acima transcritas.

O descumprimento de tais regras implica omissão, nos termos do art. 535, inc.II, do CPC.

No caso dos autos, a fixação dos honorários foi desproporcional e sem fundamentação.

De todos os pedidos, a autora só não obteve sucesso na questão indenizatória, sendo, portanto, vencedora na maior parte da demanda, ut dicitur:

Resolução contratual declarada. Valor devido somente até o término do prazo da notificação. Inexigibilidade de multa e de encargos de mora. Cláusula que obriga a permanência do contrato a prazo certo desconstituída. Onerosidade excessiva. Nulidade de pleno direito. Art. 51, IV, CDC. Danos morais não configurados. Meros incômodos e dissabores. Deram parcial provimento ao apelo.



Ao se pronunciar sobre a sucumbência, o acórdão se limita a dizer:

“Em conseqüência, havendo sucumbência recíproca, a parte autora arcará com 70% das custas processuais e a ré com o restante. Os honorários advocatícios vão, para tanto, arbitrados em R$800,00 (oitocentos reais) em favor do patrono da ré e em R$500,00 (quinhentos reais) em favor do patrono da autora, na forma do § 4º do art. 20 do CPC, permitida a compensação.”
Aqui se vislumbra outro fundamento para os embargos declaratórios: a contradição: em impondo 70% de ônus para a autora, atribuindo-lhe honorários de menos valia, o acórdão se desgarra de tudo quanto decidiu a favor dela, embargante: resolução contratual, redução de valores devidos, inexigibilidade de multa e encargos de mora, desconstituição de cláusula que obrigava permanência no contrato.

O provimento dos embargos declaratórios se impõe, para que seja fundamentada a decisão e desfeita a contradição.

COISAS DA VIDA

PENSAMENTO POSITIVO

O Paulo Wainberg, que é um baita escritor, afirma em uma de suas crônicas que, além de chuva, granizo, neve, aviões e bosta de passarinho, nada mais cai do céu. Então, meu amigo, mexa-se. Tire a bunda da cadeira e vá se virar, se quiser conquistar algum lugar ao sol.
Não fique aí, parado, esperando “energias positivas”, ou fazendo promessas a santos de sua devoção pra melhorar na vida. Esse negócio de “pensamento positivo” é lorota, conversa pra boi dormir, que só serve de lucro – e muito bom – para espertinhos como Paulo Coelho e Lauro Trevisan.
Ou você conhece alguém que subiu na vida só com “pensamento positivo”? Conhece algum leitor do Paulo Coelho ou do Lauro Trevisan, que não precisou dar duro pra conquistar um emprego, uma promoção, um bom espaço social?
Eu também não conheço. Em primeiro lugar, porque não conheço ninguém que tenha tempo a perder com a leitura dos livros dos tais autores.
Outra coisa. “auto-ajuda”. O que é que é mesmo isso? Sinceramente, só conheço revistas de “auto-ajuda” e essas tem muita gente, ou melhor, muito macho que usa. Pega a “Playboy”, por exemplo, a mais conhecida das revistas de “auto-ajuda”, e se manda com ela pro banheiro.
Mas se você pegar um livrinho desses, os chamados de “auto ajuda”, e se dedicar a ele, ao invés de pegar os anúncios classificados para encontrar empregos e oportunidades, deu pra você, cara. Não vai encontrar emprego nunca.
Você sabe o que custou ao velho Ford montar a sua famosa indústria automobilística? Você conhece as poucas e boas pelas quais passou o velho Mac Donald, vendendo seus “hot” doguinhos até chegar onde chegou?
Pois, saiba que, no tempo deles, não havia livros de “auto ajuda”, nem se falava de “energia positiva” ou pensamento “positivo”. Tudo isso, por uma razão muito simples: quem trabalha não tem tempo para pensar, e muito menos para ler. E é claro que ninguém bota pra perder. Qualquer investimento, qualquer empreendimento tem em vista o êxito. Ninguém banca um negócio, pensando “bah, não vai dar certo, mas eu vou em frente mesmo assim”. Todo mundo luta pra sair vitorioso e isso não é preciso que o Lauro Trevisan e o Paulo Coelho venham dizer pra gente. A gente já sabe. A gente nasce sabendo, porque nasce chorando pra poder mamar e viver. E choro só tem energia negativa.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

ELES CHEGARAM AO PODER

Aqueles que, ontem, abjuraram a legalidade e pegaram dinheiro dos bancos de forma menos ortodoxa, vamos dizer assim, pretensamente a fim de fazer revolução, ou fizeram coisas piores, seqüestrando embaixadores, se juntaram aos barbudinhos dos sindicatos, aos estudantes profissionais da UNE e às raposas políticas do norte e do nordeste, que sempre estiveram ao lado de qualquer governo, para chegar ao poder, e lá instalaram seus traseiros com “animus manendi”, ou seja, com a intenção de ficar. Ah, porque o poder é bom! O poder oferece mordomias, cartões corporativos, dinheiro a rodo, bem estar, comodidade, boas comidas, banquetes, homenagens, nome na imprensa. E isso basta.
O ideal do bem estar do povo, que eles pregavam, ficou esquecido, ficou no último lugar na tabela de suas prioridades, porque ao chegarem ao poder eles se deram conta de que o conforto pessoal, o “status”, o estrelismo, o bom dinheiro sem precisar trabalhar superam qualquer idealismo. Aliás, trabalhar, mesmo, é o que eles pouco fizeram, porque passaram boa parte da vida na clandestinidade, alguns com nomes falsos, identidades falsas e até rostos falsificados por cirurgias plásticas.
Quem pagou tudo isso? Ninguém sabe. Donde sobreviviam eles? Ninguém sabe. O certo é que surgiram no cenário político e fizeram a única coisa que sabem fazer, para chegar ao poder: blá-blá-blá. E agora, com a chave do cofre na mão, pretextando reparos de estragos pessoais, que atribuem ao governo do regime militar, estão locupletando uns aos outros, com polpudas indenizações, ou seja, com o nosso dinheiro. Nós, que não saímos do país. Nós que sempre trabalhamos. Nós que levamos uma vida normal, que pagamos nossos impostos, enquanto muitos deles estavam foragidos, nós agora temos que pagar indenizações, valores com os quais nunca sonhamos.
Os problemas da área da saúde pioraram. As filas do INSS e do SUS e multiplicaram. A nossa segurança foi pro beleléu. Estradas? Mas que estradas? E os empregos onde foram parar? Ah, sim, empregos os há, para a companheirada, nas repartições públicas federais, estaduais e municipais. O concurso público foi abolido, para a admissão de estagiários, uma figura estranha na legislação trabalhista. De educação, então, nem se fala. Qual e onde foi a última escola construída pelo governo?
Então, o que veio fazer no governo essa gente toda, que achava o comunismo um paraíso e prometia mundos e fundos para a classe operária?
As respostas estão na imprensa, todos os dias: pilhagem nos cofres públicos, corrupção.
Mas, parece que o povão não tá nem aí e passa a seguinte mensagem, através de pesquisas de opinião encomendadas: os indignados que se retirem, nós continuamos amando a “bolsa-família”.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

COISAS DA VIDA

Cartinha de Basileno Polidoro, da cidade de São Leopoldo, para seu primo Telegôncio Miranda, residente no Rio de Janeiro.

Pois inventei de remeter minha pessoinha, recém formada em bacharelismo de direito, para a vila Santo André, a fim de desfrutar dos benefícios de noivado com uma certa Eufroidiana Campos, de estado civil totalmente solteira e prendas ligeiramente domésticas.
Nem te conto, primo. A donzela não perde em castidade nem para a Virgem Maria. Basta relatar que, para lhe pegar na mão, de aliança e tudo o mais, careci de pedir licenciamento ao senhor Ergomenendes de Campos, seu distinto progenitor, guarnecido de costeletas até o encurvar do queixo e sem mostrar brilhatura nenhuma de marfim por de dentro dos beiços.
Na primeira vez que lhe encostei no cotovelo levei um choque pra mais de mil watts e só então vim a saber que a moça estava aparelhada à prova de mão boba e outros atrevimentos correlatos. E se não podia pegar na mão, nem pensar na tentativa de varejar outros compartimentos de semvergonhismo. E nada de chegamentos no ouvido ou outras secções de alta voltagem.
No dia em que quis beijar a mão da donzela à moda de cavalheiro, a mãe dela, uma matrona roliça, com umas pernas que mais parecia mapa dos rios do Brasil de tanta variz, irrompeu na sala, discursando:
- Não pense que vai melar cueca nesse sofá. Tira esse pacote de semvergonhice de cima da minha filha. Aqui é casa de família e tem intronização de Jesus Crucificado.
Logo eu, um sujeito de foro e cartório, sem contar as varas de família e as de órfãos e ausentes, tive que pedir concordata, primo, em matéria de agarramentos. E reboquei minha pessoa, recém formada em leis, para requerer atendimento no Arroio da Manteiga, onde o semvergonhismo é pago.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS - 5

CONDENAÇÃO ANTECIPADA

A imprensa, satisfeita com a repercussão comercial do seu sensacionalismo que embriaga o populacho - como se a morte da menina Isabela tivesse sido o único crime ocorrido na cidade de São Paulo nos últimos anos - já condenou o casal Nardoni. E a Justiça, que tem dobradiça na coluna dorsal, mandando às favas os princípios constitucionais, o direito e a ordem processual, disse amén.
Noticia-se que o juiz de primeiro grau, ao decretar a prisão preventiva do referido casal, o fez porque haveria “sérios indícios de crueldade e insensibilidade”.
Ora, nem a crueldade, nem a insensibilidade figuram, no art. 312 do Código Penal, como circunstâncias que autorizem a prisão preventiva. Assim reza o mencionado dispositivo:
A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
Não se pode admitir que o juiz não conheça o Código de Processo Penal e muito menos a Constituição Federal que assegura, no art. 5º, LVII:
ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
A crueldade e a insensibilidade são circunstâncias que dizem respeito ao mérito, isto é, assegurada a existência do delito e estando certa a autoria, cuida-se de examinar as circunstâncias que implicarão, por exemplo, a qualificação do crime.
Se um magistrado atalha todos os caminhos do processo e decreta a prisão preventiva em razão de circunstâncias do mérito, como se já tivesse sido julgado o casal, para que serve o Direito? Merece o nome de ciência o Direito, se o homem pode julgar simplesmente porque lhe puseram na mão a força do poder, sem extirpar seus defeitos e fraquezas?
Mas, a decisão do juiz aponta para algo que é de deixar apreensiva toda a população brasileira: a influência do poder da imprensa até na consciência dos magistrados.
Para mostrar a sua independência e sua cultura jurídica, deveria o juiz ter se valido exclusivamente da norma legal para decretar a prisão preventiva e não ter buscado nos seus sentimentos, provocados pelo sensacionalismo da imprensa, razões de que a lei não cogita no instituto da prisão preventiva.
Não conheço o inteiro teor do despacho, que pode até estar bem fundamentado. Mas me louvo na matéria da imprensa, segundo a qual a decisão do juiz apenas desnuda o ser humano, sem mostrar a frieza da toga, e verte suscetibilidades, bem ao gosto de quem só quer vender notícia.

terça-feira, 20 de maio de 2008

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS - 4

A JUSTIÇA DA IMPRENSA

Com a nítida intenção de defender o sensacionalismo comercial que a imprensa usa para injetar nas pessoas a culpa de um casal pela morte de uma menina, J.R. Guzzo escreveu na revista Veja: “Ninguém, naturalmente, pode ser condenado por antecipação: mas o pai e a madrasta de Isabella, denunciados como réus, não vão ser condenados por antecipação. Quem vai condená-los ou absolvê-los é a Justiça de São Paulo – não o inquérito policial, o Ministério Público, a mídia ou a opinião popular. Quem está propondo condenação sem provas ou sem julgamento? Quem está negando algum direito de defesa aos acusados?”. E mais adiante: “A verdadeira dificuldade para o casal Nardoni não está na violação de seus direitos. Está, isso sim, no fato de que não surgiu até agora, após quarenta dias de investigação, feita com todos os recursos da polícia e sob o intenso holofote da imprensa, o mais remoto indício de que o crime possa ter sido praticado por alguma outra pessoa.”
Além de escrever mal e sem a fluência indispensável da lógica, o jornalista nada entende de justiça. Observem a ausência de conteúdo, no primeiro parágrafo acima citado: “Ninguém, naturalmente, pode ser condenado por antecipação: mas o pai e a madrasta de Isabella, denunciados como réus, não vão ser condenados por antecipação.
São duas orações ligadas pela conjunção “mas”. Ao que parece, o jornalista ignora que essa conjunção é adversativa, apresenta a idéia básica de oposição, de contraste. A conjunção “mas”, ligando orações com o mesmo sentido, anula-as, esvazia-lhes o conteúdo. A menos que, inconscientemente, o jornalista quisesse suprimir o “não” da segunda oração, que ficaria, então, assim: “mas o pai e a madrasta de Isabella, denunciados como réus, vão ser condenados por antecipação”. Aí o “mas” estaria empregado corretamente, do ponto de vista gramatical, naturalmente.
Seguem-se outras bobagens, como se a sua palavra fosse garantia da lisura do processo e a salvaguarda do direito de defesa. E maior bobagem ele diz, quando invoca a “Justiça de São Paulo”. Ora, não sabe ele que os acusados serão julgados pelo circo chamado Tribunal do Júri? Não sabe ele que os jurados são pessoas sem vínculos com a ciência do direito e que, por isso mesmo, estarão mais submetidas aos arroubos de oratória, ao espetáculo teatral do júri, do que à armação do silogismo cientifico que desemboca na conclusão justa? Ora, vá contar lorotas para outros. Os jurados, sejam eles quais forem, já estão devidamente industriados pelo sensacionalismo da mídia. Os jurados, como todo o povo brasileiro, de olho vidrado na televisão e incapaz de formar um raciocínio independente da mídia, já condenaram antecipadamente o casal. Tal como o jornalista que, contrariando ao que ele próprio pretendia afirmar, escreve: “A verdadeira dificuldade para o casal Nardoni não está na violação de seu direitos. Está, isso sim, no fato de que não surgiu até agora, após quarenta dias de investigação, feita com todos os recursos da polícia e sob o intenso holofote da imprensa, o mais remoto indício de que o crime possa ter sido praticado por alguma outra pessoa.”
É lamentável que as pessoas, para aparecer, e a imprensa, para lucrar, tenham que subir sobre o cadáver de uma infeliz criança.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS - 3

DUAS FACES DA POBREZA

Apesar das minhas idéias e da minha desbocada irreverência, tenho amigos que são padres. Mas, notem: são amigos que se tornaram padres, e não padres que se tornaram amigos. Um deles, é o Padre Francisco Bianchin, meu conterrâneo.. É uma bela figura humana, um cara de talento extraordinário, grande orador e também grande escritor. Pois o Xiko – é com essa originalidade que ele grafa o seu apelido – escreveu uma bela crônica em que exalta ruas, prédios e instituições de nossa terra, Santa Maria, semana passada, por ocasião dos festejos dos 150 anos da dita cidade que, trocada por outros amores, já não figura na primeira linha das minhas paixões.
Arrastado pela crônica do Xiko, voltei à minha infância. Órfão de pai aos 10 anos de idade, tive que ajudar a família, ganhando algum dinheirinho que nos garantisse para nós, minha mãe e meus três irmãos menores, o pão na mesa – e várias vezes não garantiu. O que poderia fazer um menino, naquele tempo, que lhe pudesse render alguma coisa? Não, não tinha isso de ir para as sinaleiras, pedir um real pro tio e pra tia, nem encher o saco de ninguém com panfletos. Pela única e simples razão de que, naquele tempo, Santa Maria não tinha sinaleiras. Não tinha, porque não precisava. Eram muito poucos os automóveis, só os ricos os tinham. Então, o que restava era trabalhar mesmo, e não era um trabalho fácil.
Ali, na Avenida Rio Branco, que o Xiko menciona na sua crônica, se instalou certa vez o “Teatro Novo Horizonte”, um teatro de lona, que tinha na frente um letreiro explicativo: não é circo, não é parque, é o Teatro Novo Horizonte. Era inverno, quando por lá se armou o tal teatro. E inverno em Santa Maria representa frio + umidade, coisa que nenhum menino pobre tem condições de enfrentar de igual para igual. Pois nessas noites de frio, eu me postava na calçada da Avenida Rio Branco, na frente do teatro de lona, com uma cestinha de bergamotas e uns pacotinhos de amendoim torrado, para vendê-los aos privilegiados assistentes do teatro. Tiritando de frio e de medo de não vender toda a mercadoria, porque a fome não aceita desculpas, ali ficava do começo ao fim do espetáculo, na esperança de que, quem não comprasse na entrada, compraria na saída (sem referência alguma àquele axioma popular que ofende “afrodescedentão”).
Também na rua Floriano Peixoto, esquina com Manoel Ribas – essa não mencionada pelo Xiko – havia um terreno baldio, onde se instalavam os parques de diversão, e para lá ia eu todas as noites – inverno e verão vender as minhas quitandas. Ah, que inveja, que tortura! Enquanto via outros meninos se divertindo, andando de roda gigante, de aviãozinho, de carrossel, etc. minha voz se perdia no burburinho, a gritar “amendoim torrado”, “bergamota”, desafinada pelo medo de não esgotar a mercadoria oferecida.
Essas ruas, o ponto negro da minha infância – sem falar na esburacada rua Dona Luiza, com esgoto a céu aberto, são ruas que jamais me sairão da memória, porque me ensinaram a ser homem, a ser gente, a me orgulhar do que fiz, sem que fosse preciso me valer de “cotas sociais” para me formar na UFRGS, nem me proteger sob lonas do MST ou de outros “movimentos sociais”, para conquistar um (bom) espaço na vida. Os meus conterrâneos que são ministros do Lula – todos filhinhos de papai – nunca experimentaram o que eu amargamente experimentei, mas estão engajados nesse governo que usa o meu dinheiro, ganho com suor, frio, lágrimas e medo de passar forme, para estimular a indolência e a paternidade irresponsável com uma espórtula eleitoreira, chamada “bolsa família”.
Posso falar, porque tenho no currículo pobreza, fome e miséria – atributos que me conferem autoridade para verberar as mentiras que a esquerda, impudicamente, prega, afim de conquistar o poder ou nele se manter, estabelecida sobre dois pilares, de que não abre mão: a desqualificação e a indolência.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

COISAS DA VIDA

MULHER MODELO

Gostava de futebol, cerveja e mulher. Nesse terceiro item era compulsivo: não podia ver mulher, que dava em cima. Não tinha paciência, não ia devagar tipo tartaruga, partia sedento pra cima das fofas, se amarrava em sacanagens. Podia ser uma loira descomunal, dessas com o corpo mais que perfeito,.assim, tipo deusa nórdica, total, absoluta, aquele lance que deixa qualquer um doido. Podia ser um tribufu camuflado, um trambolho mascarado pelas luzes da boate. Podia até ser aquele tipo com bigode, que fica dando em cima e no escurinho ninguém nota nada, principalmente quando embalado pela cerveja.. Ou também aquelas ligeiramente acima do peso, uns doze quilos mais ou menos, que ele traçava, mesmo que estivesse tristemente sóbrio no momento. Algumas caiam na conversa e lhe enchiam de adjetivos: inteligente, bonito e boa-praça. Outras, nem tanto. Muito antes pelo contrário, lhe atiravam na cara que era o maior bofe do planeta, onde já se viu, não se enxerga esse barriga de nove meses. Colheu mulheres de todo o jeito, aquelas que gostavam de sofrer, que curtiam uma sessãosinha básica de sadomasô, aquelas com carinhos inimagináveis que curtiam um draminha de tudo bonitinho e perfeito, outras, aquelas que estão sempre no maior barato, sendo macho não importa.
Assim era ele, priápico, que sempre fazia hora extra no escritório e a esposa com a qual se unira pela Santa Madre Igreja engolia. Só que um dia se deu mal. Era um desses dias de verão escaldante e ele, ao chegar em casa, se desvencilhou do paletó, da gravata, da camisa e ainda afrouxou a cinta sobre aquele barrigão de sedentário. Não tinha se lembrado da “hora extra” e a mulher deu de olhos com aquela baita mancha de rímel pouco abaixo do umbigo dele.
Você teria explicação? Nem ele. Não é preciso dizer que a mulher armou o maior barraco. E só não teve que sair rua fora apenas com a roupa do corpo, porque seus demais pertences foram jogados pela janela do apartamente, adquirido em suaves prestações pelo sistema BNH.
Cabisbaixo e desgraçado, sem saber para onde ir, foi em direção à praia. Caminhou, caminhou e, quando lá chegou, se sentou sobre a areia, pensando na puta da vida e olhando a lua que inundava o mar de prata.
Foi aí que viu uma garrafa de cerveja. Caiu do céu, pensou. Só que tinha rolha e não tampinha. Melhor pra ele: meteu os dentes e tirou a rolha. Aí surgiu aquela enorme figura na frente dele: mais de dois metros de altura, dorso de mármore, braços e pernas mais possantes do que coxas de elefante:
-Sou um gênito – tonitroou o gigante. Obrigado por me ter libertado. Em agradecimento, posso lhe satisfazer o desejo que quiser, desde que seja o único.
Ele teve uma recaída de priapismo, não pensou duas vezes e, exaltado, pediu ao gênio, esfregando as mãos:
-Desejo aqui e agora, debaixo desse luar de prata na praia, a melhor mulher do mundo.
O gênio estalou os dedos e, naquele exato momento, apareceu, encurvada dentro do hábito azul, encarquilhada, raquítica e murcha como uma folha morta , produzindo o milagre de curar o mais granítico priapismo, a madre Tereza de Calcuttá.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS 2

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS – (2)

E tem também as ONGs. Geralmente quem não quer trabalhar, mas quer ganhar dinheiro tem grande criatividade. E deve ter sido por aí que foram criadas as tais ONGs. Eu nunca vi nenhuma. Mas sei que ganham dinheiro, isso sim. Dinheiro nosso. Dinheiro que o governo nos tira e dá pra elas. Só não me perguntem o que é que elas fazem. Ninguém sabe, a não ser que recebem dinheiro público e se metem onde não são chamadas, sem resolver bosta nenhuma, neste país cheio de problemas.
E além das ONGs tem os sindicatos. Donde, por coincidência, saiu o companheiro Lula, sem um pedaço do dedo. Pois esses sindicatos são o seguinte: não fazem nada. Melhor, só fazem barulho. Às vezes, de manhã cedo, mal a gente levantou da cama, lá estão eles, berrando, com aqueles carros de som, organizando badernas, incitando à greve, à paralização, pedindo melhores salários, melhores condições de trabalho, melhores condições de vida, se possível até com uma trepadinha na hora da merenda, essa coisa toda. Só sabem gritar. E para gritar pegam um dia de salário de cada trabalhador desta pátria amada, que eles, evidentemente idolatram. Tirando os gritos, o que a gente vê são os automóveis com os nomes da CUT, da CGT, do Sindicato disso, Sindicato daquilo, flanando por aí, enquanto o povo dá duro na firma. Seus diretores, se aproveitando do dinheiro que achacam do trabalhador, têm todos os direitos e regalias, não fazem nada na vida, a não ser uns rega-bofes volta e meia, com cervejada e bons vinhos. Muitos deles se aposentam, sem saber o que é trabalho. Tudo com o nosso dinheiro, o dinheiro que nos tiram cada ano, o dinheiro do leitinho das crianças.
E tem também a UNE, que abiscoita o nosso dinheiro. Para fazer o quê? Não me perguntem. Ninguém sabe. O Lula e o Fernando Henrique, o primeiro que dá e o segundo que já deu o dinheiro nosso pra esses vagabundos, que em vez de estudar, só sabem comandar arruaças – salvo contra os governos da esquerda, o Lula e o Fernando Henrique, dizia eu, é que devem saber. Ah, e também o Serra, que começou a sua politicagem no meio deles.
E a gente aqui, ó, dando duro pra sustentar essa vagabundagem toda.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FAIDASPUTAS 1

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS - I

O meu amigo Donato, ao ler a crônica intitulada “PORQUE NÃO ME UFANO DO MEU PAÍS”, aditou gentilmente o seguinte comentário: “ a melhor definição de Governo, que ouvi até agora, foi no programa Guerrilheiros da Notícia, dita pelo Sr. Candiota, ‘Governo é a instituição que tira dinheiro de quem trabalha para dar a quem não trabalha´
O Donato e o Candiota têm razão. Por exemplo, o MST. Quem é que sustenta essa gente? Casa (de lona, é verdade), cama, comida e mulher. E é claro que eles aproveitam a mulher para fazer a multiplicação aquela que, segundo a interpretação de rabinos e cristãos, foi uma ordem de Deus: crescei e multiplicai-vos. Na verdade, não foi bem assim, como já falei alhures. O Deus, puto da vida com Adão e Eva, porque tinham comido a maçã (maçã, hein?) ao expulsá-los do paraíso, não ia se contentar em traçar normas. O que ele disse, na verdade, foi “fodam-se”, e a ira do Criador foi interpretada biblicamente como “crescei e multiplicai-vos”. É assim que vocês dizem para aquele casal de inquilinos que vocês mandaram despejar, por falta de pagamento? É isso: crescei e multiplicai-vos, ou é “fodam-se”? Pois bem, como cristãos, patrocinados pela Igreja, pela teologia da libertação, pelos movimentos eclesiais de base e outras artimanhas que qualquer dia vão aparecer nos catecismos, o pessoal do MST cresce e se multiplica, aproveitando o dinheiro que o Lula nos tira do bolso, de nós, que trabalhamos, que não temos casa, cama, comida e mulher de graça, e ai de nós se não pagarmos imposto de renda, ipeteú, ipeveá, iceemeesse, ienesesseesse e por aí afora. E olha que eles tem umas mulherzinhas que não são de jogar fora, como aquela que apareceu nuazinha na Playboi e depois mudou de ramo.
E como se refestelam com o nosso dinheiro! Fazem excursões, vão de ônibus pra cá e pra lá, invadem fazendas, atravancam estradas, debocham da paciência dos que trabalham e nos fazem sentir idiotas porque pagamos impostos e cumprimos nossos deveres. E lá estão eles destruindo plantações, comendo o que os outros plantaram, fazendo churrasco com as rezes que outros criaram, etc.
Em suma, nós trabalhamos e eles gozam a vida: com o dinheiro que o Fernando Henrique nos tirava antes, e o Lula nos tira agora. É isso gente, é a isso que chamam de governar: tirar o dinheiro de quem trabalha, para dar a quem não faz outra coisa na vida senão comer, beber, dormir, e foder.

terça-feira, 13 de maio de 2008

É FODA

O fiadaputa do padre comeu a minha prima. Também, pudera! Ela era linda, uma tesãosinha, de cabelos encrespados pela cabelereira e bundinha saliente, com peitinhos de pomba. Tipo assim, aquela tesãosinha do Cântico dos Cânticos. Ah, não sabem o que é? Pois vão ler a bíblia, seus ignorantes!
Acontece que a minha prima começou indo na igreja, a fim de salvar a alma. Sempre lhe disseram que, sem ir à igreja, ó, neca de salvação de alma, porque o diabo anda à espreita, em busca de almas para o inferno.
Assim, a coitadinha foi tratar da alma e lá na igreja começou a gostar da coisa. O padre lhe dava alguma missão: entregar folhetos, colher esmola durante a missa, e até bater sino o padre lhe ensinou. Claro, essa estória de sino eu compreendo muito bem agora: ele se aproveitava pra pegar a mãosinha dela, colocar a dita mãosinha no sino e se encostava nela pra ensinar como se batia o sino, como se anunciava a palavra de Deus, como se chamavam os fiéis para assistir ao santo sacrifício, como dizia o sacripanta., Isto é, bolinava, cuidadosamente, a minha prima, agarrando ela e o sino ao mesmo tempo, o filho da puta.
Assim foi, um tempão. Até que a minha prima se acostumou a pegar a mão dele e, pegando a mão dele, começou a sentir tesão, como mandava a natureza, dentro de seus dezessete aninhos, benza Deus!.
A pobre da minha tia, uma ignorante, ficava feliz, pensando que filha estava salvando a alma, ajudando o padre. Por isso nem se importava que a guria ficasse horas e horas lá com ele. Nunca imaginou que os dois se encerravam na sacristia e se bolinavam e... Bem, isso aqui não é folhetim pornográfico, para eu descrever, tim-tim por tim-tim, o que ele fazia com os peitinhos, com a bundinha e com as mãosinhas da minha prima, nem o que ela fazia com aquela coisa que Deus tinha botado no meio das pernas dele, esquecido de que ele ia ser padre e não precisava daquilo.
Aí aconteceu o pior: minha prima se matou. No auto de necropsia ficou constatado que ela estava grávida, dois meses. Mas, como morto não fala, o fiadaputa do padre se safou, e ainda foi encomendar o corpo, sem um pingo de vergonha na cara!
Isso é foda, gente! Não dá para entregar as filhas da gente na mão de Deus, porque ele só presta atenção mesmo nos hosanas, nos aleluias, nos cantos de louvor e glória, - de que certamente tem muita necessidade o seu ego - e por isso seus incriados ouvidos estão sempre ligados nessas coisas. Pro resto, ele não ta nem aí.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

POR QUE NÃO ME UFANO DO MEU PAÍS

Quem é que manda neste país, mesmo? Os Sarney do Maranhão, os Calheiros das Alagoas, os Neves de Minas Gerais, os Barbalho do Pará, os Lula da Silva de Pernambuco, todos descendentes da linhagem portuguesa. E quem é que trabalha para eles, trazendo receita pra fazenda pública? Os gringos, os alemães, os polacos, os japoneses do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná e de São Paulo. Esses não mandam no país, porque não têm tempo de fazer política e precisam trabalhar. Afinal, alguém precisa movimentar as máquinas, produzir, trabalhar, dar emprego, nesta terra da qual só tiraram proveito os portugueses e continuam dela tirando proveito seus descendentes, só fazendo política e enriquecendo à custa dos que trabalham.
Já pensaram o que seria deste gigante que vive deitado em berço esplêndido se não fossem os imigrantes? Já imaginaram o que seria desta terra, salve, salve, se só a habitassem os descendentes de portugueses?
Aqui em Porto Alegre tá assim, ó, de português: todos eles vendendo cachaça e cerveja e bolinho de bacalhau; Alguém conhece algum português que toca uma indústria de peso, uma metalúrgica, ou coisa assim?
Pois é, essa mesma gente descobriu o Brasil porque atravessava os mares atrás de pimenta do reino e outras bobagens. Trabalhar, que é bom, nada. Enquanto os outros povos europeus trabalhavam a terra, se dedicavam à agricultura, na base da pá, da picareta, do arado de bois e da enxada, os fiadasputas dos portugueses só viajavam, arriscavam vidas, exploravam os coitadinhos de seus marujos, ou os degredados da inquisição, buscando iguarias nas Indias. E meses e meses sem tomar banho. E sem mulher, só batendo punheta. E graças a essa indolência, graças a esse desamor pelo trabalho, é que fomos descobertos e, a seguir, explorados.
Portanto, meus amigos, percam todas as esperanças. Enquanto esse paísinho, que só sabe jogar futebol, estiver entregue às mãos dos descendentes desses fiadasputas que aqui vieram estragar a vida dos índios, e que agora, no clima bom de Brasília e do nordeste, só ficam tomando cerveja e peidando, nada de bom acontecerá. Só vai acontecer algo diferente se os descendentes dos imigrantes italianos, alemães, polacos e japoneses deixarem de trabalhar. Aí, sim, a merda vai ser muito pior. Portanto, sintam-se felizes, brasileiros, e continuem se ufanando de toda essa bosta.

domingo, 11 de maio de 2008

UM PAÍS QUE NÃO TEM JEITO

Outro dia li, num jornal de Porto Alegre, um artigo assinado pelo professor Luiz Fernando Jobim, (a quem não conheço, mas que gostaria de conhecer e que espero não seja parente muito chegado daquele outro que gosta de aparecer fardado de milico) intitulado “Vote em branco ou pague o funeral”. Em estilo candente, o professor desanca os políticos que prendem instituir o “auxilio funeral” em benefício de seus familiares, quando partirem desta para a outra da qual, felizmente, não retornarão mais. E prega o professor o voto em branco, para quem não quiser pagar os funerais dos deputados. Mas o que me chamou a atenção mesmo, no artigo, foi uma frase muito feliz do professor, que demonstra pleno conhecimento da história deste país invadido pelos portugueses: “ esperamos pelo Xangri-lá, onde seremos todos felizes sem a política luso-brasileira, corrupta e ineficaz”.
Isso mesmo, quem conhece a história sabe que este país começou mal exatamente por ter sido invadido por portugueses, que vieram aqui comer as nossas indiazinhas e levar o nosso pau brasil (que deveriam levar, sim, no nada respeitável ânus deles). Ora, o que poderia dar de um país invadido, depois de descoberto, por portugueses? Indolentes e ambiciosos, os portugueses fizeram um Brasil à imagem e semelhança deles. Trouxeram para cá governantes e administradores corruptos e incompetentes, e até o rei deles, o tal de João VI, cujo maior gozo sexual era a punheta que lhe batia um camareiro, aqui botou os pés para oficializar os saques que a fazenda nos impõe até hoje. Foi essa a política e os políticos que herdamos, como sugeriu o professor Luiz Fernando Jobim.
Pois bem, com esse tipo de gente mandando no Brasil, alguém poderá acreditar que este país tem jeito?

sábado, 10 de maio de 2008

Livros & idéias

O trecho anterior (Que Tarde Boa Para Um Adultério) é o livro que estou prestes a lançar: quem tiver interesse, que se acuse.

Que tarde boa para um adultério

Tinha adormecido sobre as tetas generosas de Maria Apolônia.
Antes que a memória lhe devolvesse as imagens das estrepolias de leito praticadas na véspera, deu de olhos com aquele sulco de carne que se abria e se fechava, debaixo de seu nariz, ao ritmo da respiração da borregã. Só então sentiu o gosto de maresia na boca e ficou na dúvida: não sabia se liberava um flato ou um perdigoto.
Chamava-se Petrônio Amoroso de Albuquerque, vinte e cinco anos, bancário, vacinado, eleitor, tinha um tom voz manso como água de fonte e era noivo duma fofura chamada Marisette. Isso, Marisette, com dois tês, a qual, por fidelidade aos preceitos da Santa Madre Igreja, se negava à prática de sexo antes do casamento, mantendo a vulva apenas para uso externo: era dessas que preferem uma flor na mão a uma mão na bunda e, além disso, sonhava em perder a virgindade com o Espírito Santo.