sexta-feira, 28 de novembro de 2008

COLABORAÇÃO DA VIVIAN PARA ESQUECER OS FIADASPUTAS

JULGAMENTO

No meio de um julgamento, pergunta o Juiz: - O senhor chegou em casa mais cedo e encontrou a sua mulher na cama com outro homem, correto? - Correto, meritíssimo!- diz o réu de cabeça baixa. Continua o juiz: - Então o senhor pegou sua arma e deu um tiro na sua mulher, matando-a na hora, correto? - Correto, meritíssimo! - repete o réu. - E por que o senhor atirou nela e não no amante dela? O réu responde: - Senhor Juiz.... Me pareceu mais sensato matar uma mulher uma única vez, do que um homem diferente todos os dias. Foi absolvido na hora! C O R N O porém sensato!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

COLUNA DO PAULO WAINBERG

A SÍNTESE DA TOLERÂNCIA
Paulo Wainberg

Nome árabe, descendência muçulmana, cristão e negro, Obama é o Presidente dos Estados Unidos. Derrotou os sisudos e morenos republicanos e conquistou os loiros e joviais democratas. E suas bochechas coradas.
Para o mal e para o bem, os Estados Unidos continuam servindo de exemplo para o resto do mundo.
Hipócritas mas não cínicos há pouco mais de cinqüenta anos cultivavam explícita segregação racial e obedeciam fielmente os princípios de sua Constituição, arvorando-se em modelo de democracia e respeito aos direitos humanos.
Jamais impediram os negros de freqüentar escolas, igrejas, estádios, transportes coletivos, bares, restaurantes e qualquer outro local público, desde que respeitassem os locais a eles destinados e não ousassem misturar-se com os brancos.
Verdadeiros heróis como Mohamad Ali, Malcon X e Luther Martin King, em nome da Constituição americana que respeitavam, criaram o que se chamou de uma consciência negra, um perfil de cidadania integral pela qual lutar, com manifestações, atos públicos, movimentos políticos e principalmente palavras, até obter o reconhecimento legal à igualdade civil que, de forma definitiva, aboliu o segregacionismo institucional.
As distorções evidentes, representadas por indecentes sociedades de supremacia racial das quais a Kukluxkan foi expoente (e ainda é), tiveram amparo dissimulado por longas décadas durante as quais, sem nenhuma vergonha na cara, o sistema judiciário americano protegeu os interesses dos brancos, sempre que em conflito com os dos negros.
A extraordinária evolução da sociedade americana (ainda não alcançada pela atavicamente racista Europa) compreendeu a diferença entre racismo e discriminação racial, percebeu que o racismo é um dos piores sentimentos humanos e evoluiu gloriosamente. Como num processo analítico, aceitou-se como racista e determinou-se, não sem dor e sofrimento, a erradicar a sua mais terrível manifestação: a discriminação.
Trata-se, indubitavelmente, de uma consagradora vitória da inteligência sobre o instinto.
Países como o Brasil, que aliam hipocrisia e cinismo, hipocritamente discriminam e cinicamente negam a discriminação. A nossa sociedade multirracial infelizmente recusa-se a diagnosticar a doença e brinca de minimizar o sintoma.
Nenhum exemplo é melhor do que o recém vigente sistema de cotas para ingressos nas Universidades, medida que equivale a dizer que continuamos racistas e discriminadores, mas.... não muito.
Barak Obama pode ser um bom ou mau Presidente. Isto é que se verá brevemente quando poderemos avaliar o indivíduo, suas qualidades, sua competência, seus defeitos e fragilidades.
Porém o Obama eleito Presidente é, para felicidade do planeta Terra, a síntese da tolerância.
Este foi um bom exemplo. Mas os americanos também produzem péssimos exemplos para a Humanidade. Para ilustrar, reproduzo a crônica a seguir, escrita quando GWB resolveu invadir o Iraque:

O FANTÁSTICO DOUTOR BÚ
Paulo Wainberg
Dizem que seu poder surgiu em virtude de uma extraordinária conjunção de fenômenos naturais.
Aos seis anos brincava no seu lugar favorito da fazenda dos pais milionários, no Texas: o poço de esterco.
Era uma tarde comum como tantas outras e ele fazia seus castelos de esterco, lambuzando as mãozinhas, os pezinhos o rostinho e os cabelinhos.
O céu estava claro e sem nuvens quando raio misterioso, surgido ninguém sabe de onde, atingiu o poço, espalhando esterco para todos os lados.
O pequenino recebeu forte carga eletromagnética e o esterco grudou em seu infantil corpo, misturando as respectivas moléculas e provocando uma reação química sem precedentes.
A partir desse dia ele pode espalhar merda para onde quisesse, com um simples arquear das sobrancelhas torneadas, sobre os olhinhos apertados que herdara de seu pai.
O pai que até então desconfiava do menino e, isso não era segredo, tinha uma ponta de antipatia por ele, ao perceber o super-poder recém adquirido vaticinou, comendo arroz com leite na cadeira de balanço na varanda, para a mãe que preparava um bolo de milho no fogão a lenha:
- Este menino, jogando merda pra todo lado, tem tudo para ser Presidente da América.
O vaticínio estava certo e hoje o fantástico doutor Bú – como ficou conhecido na Universidade - espalha merda pelo mundo e não quer nem saber de quem está embaixo.
Uma coisa deve ser dita em seu favor: ele nunca prometeu que seu poder era para o bem nem que sua gestão seria fácil.
Ao contrário. Avisou, com todas as letras e para quem quisesse ouvir, que a coisa ia demorar, seria sangrenta e iria causar muitas mortes.
Documentos secretos há pouco revelados mostram que a coisa foi planejada há muitos anos, quando o jovem Bú, universitário e maconheiro, foi preso por dirigir embriagado.
Sozinho, na cela na qual foi confinado por uma noite, tirou do bolso seu brinquedo favorito: soldadinhos de chumbo. Colocou-os em posição de combate, arqueou as sobrancelhas e estercou tudo, riu e bateu palmas. Adormeceu com sua fantasia preferida: ele, lá do alto, a bordo do avião número um, franzindo as sobrancelhas e espalhando merda sobre a humanidade.
Seu maior sonho é cobrir a América de esterco, coisa que está quase conseguindo, lentamente porque seu super-poder não é tão poderoso para esmerdear tudo de uma só vez.
Enquanto isso, do outro lado do mundo, o execrável doutor Sadú, já defenestrado por seus traidores íntimos, invejoso do super-poder do desafeto, há muito estercara seu país com esterco explícito e berrava aos quatro cantos do mundo que o fantástico doutor Bú não passava de um merdinha.
Como sempre acontece quando dois estercadores entram em choque, quem paga o pato são os outros, os respingados.
Então eu pergunto: como é que se faz para sair de baixo?

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

COISAS DA VIDA

O SUPREMO “EGO” SE CHAMA “DEUS”

João Eichbaum

Assaltos são, hoje em dia, coisas quase corriqueiras. Ler notícias sobre assaltos já não causa muita emoção. Salvo quando se trata de pessoas conhecidas ou de amigos. E foi o que me aconteceu. Ao ler a notícia, levei um choque: o delegado de ensino, ao qual minha mulher tinha sido subordinada, e a esposa dele tinham sido assaltados, num fim de semana, na praia. O casal fora descansar, relaxar, aproveitar a paz que transmite o mar, quando beija a areia, sob o testemunho de um céu azul, ou de uma lua que guarda os segredos do amor, para sempre, mas foi surpreendido por malfeitores.
A mulher do chefe da minha esposa foi morta da maneira mais cruel possível: amordaçaram-na, espancaram-na, pisotearam-na. O chefe da minha mulher levou um tiro e se fingiu de morto, não para ganhar sapato novo, mas para continuar a viver. Os bandidos foram embora e levaram o que quiseram.
Entrevistado pelo reportagem do jornal que noticiou o fato, no dia seguinte, o senhor delegado de ensino se saiu com a seguinte frase:
“Deus foi bom pra mim “
É indispensável acrescentar que o senhor delegado de ensino tinha sido seminarista, ou melhor, juvenista, candidato a irmão marista, uma congregação católica que dominava o ensino no Brasil. Sua formação, portanto, era profundamente católica, apostólica, romana. E, não seria necessário acrescentar, acreditava no “Deus” judaico-cristão.
“Deus foi bom pra mim”. Pensem bem no sentido dessa frase, saída dos lábios de um cidadão de formação profundamente cristã.
Por que “Deus” teria sido bom pra ele e não pra sua mulher?
Alguém aí da platéia pode me responder, concretamente, objetivamente, sem rodeios filosóficos?
“Deus” foi bom pra ele. Ele era mais importante do que sua mulher. “Deus” o salvou das mãos dos malfeitores, lhe deu a chance de continuar vivendo (tanto que ele casou de novo, só não sei se com uma baranga ou com uma linda mulher).
Assim como ele, todo o mundo age: “se “Deus” quiser, graças a “Deus”. Tudo o que de bom acontece para as pessoas, elas o devem a “Deus”. O “Deus” judaico-cristão se preocupa com elas e manda o resto pra puta que o pariu.
O bem-estar, as conquistas de felicidade, a superação dos males das pessoas é atribuído a “Deus”. Elas se sentem felizes porque “Deus” o permitiu. Mas a felicidade é delas, e não do vizinho, do irmão, da sogra, da mãe do Badanha.
A felicidade das pessoas, portanto, está em “Deus”, o “Sumo Bem”. Em outras palavras, esse “Deus” representa tudo o que as pessoas querem, o que as pessoas, que nele acreditam, almejam. Graças a esse “Deus” elas são melhores do que os outros, têm uma vida mais feliz.
“Deus” pensa em mim. “Deus” me ama. “Deus” faz tudo por mim. EU vou gozar das delícias da vida eterna, graças a “Deus”. Ele, portanto, realiza o meu EGO. O máximo a que EU possa aspirar está em “Deus”. “Deus”, portanto, é o meu ego Supremo.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

COLUNA DO PAULO WAINBERG

MOUSSE DE CLARAS
Paulo Wainberg


Clarabela, Clarabóia e Clarimunda.
A primeira eu não conhecia, a segunda se abria no banheiro e a terceira era feia de cara e boa de bunda.
Clarabela, ao que consta, estudou filosofia na PUC, fez mestrado em Cambridge e doutorado em Harward.
Clarabóia tende a enferrujar.
Clarimunda, feia de cara, era mesmo boa de bunda.
Clarabela casou com um príncipe. Das Astúrias, dizem.
Clarabóia tende a se trincar.
Clarimunda, apesar da cara, era excelente de bunda.
Clarabela, depois de princesa, escreveu sua monografia.
Clarabóia, enferrujada e trincada, quando abria não fechava.
Clarimunda, que cara horrorosa e que ótima bunda.
Clarabela demonstrou por a mais b que Pitágoras tinha razão.
Clarabóia, enferrujada e trincada, quando fechava não abria.
Clarimunda maquiava a cara, mas brilhava pela bunda.
Clarabela e Clarimunda encontraram-se por acaso, ao lado de Clarabóia, uma na pia e outra no chuveiro.
Ao tentar abrir Clarabóia para aliviar o vapor, Clarimunda não conseguiu e pediu auxílio à Clarabela que, prontamente atendeu.
As duas juntas empurravam para cima o trinco de Clarabóia que, enferrujado, não se moveu.
- Por causa da ferrugem Clarabóia enguiçou – filosofou Clarabela.
- Fundiram-se os metais? – quis saber Clarimunda, esfregando a toalha na bunda.
- Como se foram idéias – respostou Clarabela, guardando na bolsa a Crítica da Razão Pura.
- Idéias são metais que se fundem? – perguntou Clarimunda, de costas para o espelho e admirando-se a bunda.
- E que se lançam ao éter – culminou Clarabela, pronta para sair.
Clarabóia, impávida, mais ainda enferrujava, graças à umidade e ao vapor. Quase nenhuma luz passava por seu vidro fosco, embaciado e trincado. Soberana, reinava serenamente sobre seu reino privado, justamente a privada pública do prédio municipal.
Clarabela respirou sobre o solitário, um brilhante diamante que ganhou de casamento. Um bafo halitoso para extirpar gotículas de vapor que empanavam o fulgor da jóia, à mão posta sob a luz.
- Nem sabe o que me aconteceu – disse Clarimunda, a boa de bunda.
- Nem quero saber – tornou Clarabela. – O sábio é aquele que nada sabe, ponderou.
- Derramaram sobre mim a panela de sopa de legumes, ali no refeitório. Melecaram-me de alto a baixo. Por isso tomava banho. Para me desmelecar. Melecada daquele jeito eu não ia agüentar.
Enquanto falava, Clarimunda passava batom nos lábios finos, pó-de-arroz nas faces secas, rimel nas diminutas pestanas e um lápis marrom nas sobrancelhas tortas.
A cara de Clarimunda era um conjunto disforme, peças erradas de um quebra-cabeças enfiadas à força umas nas outras. Porém, vou te contar, que bunda!
Clarabela quis mijar e, sem nenhuma cerimônia, levantou a saia, baixou as calcinhas e sentou na taboa suja da privada, com cara de nojo.
Clarabóia deu um estalo, comum nos inanimados: era o metal retraindo a dilatação anterior, causada pelo calor.
- Clarabóia desgraçada – porejou Clarabela esfregando o polegar machucado de tanto empurrar o trinco enferrujado.
- E eu, que quebrei a unha – lamentou Clarimunda, nua e de cara pintada, retirando com o mindinho um excesso de batom.
Nesse momento entrei eu na privada, quase me evacuando. Dei de cara com a cara de Clarimunda que disse “ai”, tapou-se com as mãos e virou de costas, mostrando, na íntegra, sua magnífica bunda.
Clarabela continuou mijando, filosóficamente.
- Que bafo – reclamei do vapor – por que não abrem a Clarabóia?
- Enferrujou – disse Clarimunda e, juro por Deus, ela falava pela bunda.
- Fundiram-se as idéias – disse Clarabela que era boa de cara, mas o corpo era uma laje.
- Bobagem – falei. Com meu grosso polegar e viril indicador tomei a Clarabóia pelo trinco e com másculo movimento deflorei-lhe a ferrugem, subindo-lhe o pino argola adentro. Com o punho fechado desferi-lhe um tranco pelas ancas e – voilà – abriu-se a Clarabóia como a vaca ao touro.
- Oh, festejou-me pela bunda a feia Clarimunda.
- O Übermensch! Assim Falou Zaratustra! Nietzsche tinha razão! Você é o super homem – esbaforiu-se Clarabela, levantando da privada e puxando para cima as calcinhas sobre pernas-palito brancas.
- Ô, Ô, Ô - sorri satisfeito. - As damas me dão licença? Eis que me cago.
- Eu fico!
- E eu também!
Clarabóia, definitivamente aberta, aerava, aliviada. As duas confabulavam de costas para mim, as retas de Clarabela e a bunda de Clarimunda.
Obrei-me a rodo, aliviando vísceras, cloacas e tubulações, coisa que sempre faço após um bom mocotó.
Depois, ali mesmo, aos beijos com Clarabela, esbaldei-me com Clarimunda, não sem antes proibir-lhe de me encarar com a face, só com a bunda.
Clarabóia, aberta e devassa, babava gotas da chuva que caia lá fora.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS

NÓS PAGAMOS PARA ELAS GOZAREM

João Eichbaum

Olhem só que maravilha essa comunicação feita pela ANAMAGES (Associação Nacional dos Magistrados Estaduais):

“O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios disciplinou a licença maternidade de seis meses para suas magistradas e servidoras.
A medida, de grande alcance social, como bem salientado de sua tramitação no Congresso trará, com toda certeza, benefícios à mãe magistrada e aos filhos.
A regulamentação se deu por ato administrativo por ter aquela corte entendido que a matéria não está adstrita a edição de norma legal local.
A magistratura estadual espera que o exemplo seja seguido pelos demais Tribunais.
Diretoria da Anamages”


“PORTARIA CONJUNTA N. 042, DE 02 DE OUTUBRO DE 2008.

Dispõe sobre a extensão do prazo da licença à gestante e à adotante.

O PRESIDENTE, O VICE-PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS E O CORREGEDOR DA JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS, no uso de suas competências legais e tendo em vista o disposto no art. 7º, inciso XVIII, da Constituição Federal, arts. 207 e 210 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e arts. 1º, 2º e 4º da Lei 11.770, de 09 de setembro de 2008, resolvem:
Art. 1º A licença à gestante será concedida às magistradas e servidoras pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias.
Art. 2º Em caso de adoção ou guarda judicial, o prazo de afastamento será de 135 (cento e trinta e cinco) dias, em se tratando de criança com idade igual ou inferior a 01 (um) ano.
Parágrafo Único. O prazo prescrito neste artigo será reduzido para 45 (quarenta e cinco) dias, caso a criança tenha idade superior a 01 (um) ano.
Art. 3º A licença adotante somente será deferida após requerimento da interessada, acompanhado de documentação hábil a comprovar a existência dos pressupostos à concessão do direito.
Art. 4º A magistrada e a servidora, cuja licença à gestante ou adotante tenha duração expirada a partir do dia 10 de setembro de 2008, serão contempladas com a adição do saldo remanescente da aplicação dos ditames deste ato.
Art. 5º Durante o período de extensão da licença-maternidade de que trata a Lei n. 11.770/2008, a magistrada ou a servidora não poderá exercer qualquer atividade remunerada e a criança não poderá ser mantida em creche ou organização similar.
Parágrafo único. Em caso de descumprimento do disposto no caput deste artigo, a magistrada ou a servidora perderá o direito à prorrogação, fazendo jus apenas ao período previsto nos artigos 207 e 210 da Lei nº 8.112/90, devendo haver a devida compensação financeira, caso a licença já tenha adentrado no período de extensão.
Art. 6º Esta Portaria entra em vigor a partir de 10 de setembro do corrente ano, data da publicação da Lei nº 11.770/2008.

Desembargador NÍVIO GERALDO GONÇALVES.”
Observem o que diz o texto: “a medida, de grande alcance social, como bem salientado de sua tramitação no Congresso trará, com toda certeza, benefícios à mãe magistrada e aos filhos.”
“De grande alcance social...trará benefícios à mãe magistrada e aos filhos” . Esse é o “alcance social”: o benefício da magistrada e de seus filhos.
É preciso comentar alguma coisa?
Sim, só mais uma coisa, para quem não sabe: os magistrados e magistradas gozam de sessenta dias de férias por ano, para descansar das assinaturas que apõem nas sentenças e nos acórdãos elaborados por estagiários, assessores e secretários. Uma magistrada, que tenha parido ficará, portanto, nada menos do que oito, dos doze meses do ano, curtindo seu rebento às nossas custas, relaxando e gozando...
E quem precisar de justiça célere que se foda, porque é assim que se faz filho.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

COLUNA DO PAULO WAINBERG

A BELEZA QUE PÕE MESA
Paulo Wainberg





Conheço centenas de pessoas, isto é fato. E é fato também que nenhuma delas, homens e mulheres, é vaidosa. Ao contrário, dizem que não se importam com aparência, que o que interessa é o conjunto da pessoa, que beleza não põe mesa e que a questão estética é secundária.
Por que, hein?
O que faz as pessoas se envergonharem da própria vaidade?
Parece que desejar ser bonito é vergonhoso, que a beleza pessoal tem de ser de somenos e que agradar pela aparência não vale.
Por que?
Por acaso alguém nunca se olhou no espelho e gostou do que viu? Não é que você mudou o penteado, treinou olhares e perfis, ajustou o timbre da voz, vestiu-se de forma provocante ou viril, pensou que uma pequena correção no nariz cairia bem, olhou o tamanho do muque no braço e outros tamanhos, disfarçou os lábios finos com um bigode e saiu por aí captando olhares apreciativos na sua direção?
Não é?
Hein?
Cabelos ou falta de cabelos não são um elevado momento, no seu dia a dia? Ah se você tivesse um topete, ah se você tivesse cabelo liso, ah se seu cabelo tivesse cachos! Carecas disfarçam-se raspando os cabelos das têmporas, crespos raspam-se porque carecas agradam, mulheres gastam o salário delas nos cabeleireiros, costureiros, em lojas e com berloques.
Entretanto, ao vivo, ninguém reconhece que se importa com isso, ser feio ou bonito não faz diferença, o ser humano é muito mais do que um rosto bonito.
Até parece.
Eu confesso minha vaidade. Quando eu era bonito adorava um espelho e passava um bom tempo arrumando o penteado, ensaiando poses. E vibrava com os olhares femininos admirando minha beleza.
“Que homem lindo” era coisa que eu adorava ouvir, quando passava, quando entrava e quando saia.
Quer coisa melhor do que ouvir um elogio estético?
As mulheres não adoram quando as chamam de lindas, gostosas, a nora que minha mãe sempre sonhou e outros elogios, desde que ditos com delicadeza e na hora apropriada?
Hoje não sou mais bonito, apenas elegante, charmoso e sensual, mas palavra de honra que sinto falta daqueles “que homem lindo!” que estava acostumado a ouvir.
Viste? Falei com toda a sinceridade e não doeu. Você pode fazer a mesmíssima coisa e acabar com esse teu tabu social.
A beleza física existe, é importante e merece ser mostrada e admirada. Tecnicamente falando, pouquíssimas pessoas são fisicamente feias, tomando-se a feiúra no sentido mais dramático da palavra. Eu, pessoalmente, não conheço ninguém feio, homem ou mulher. Há as mais bonitas, as deslumbrantes e tal, porque as pessoas que já vi tem sempre uma beleza a ser apreciada.
O que você não pode fazer é afrontar os outros com a sua beleza. O rosto bonito é aquele que se mostra de forma implícita, não é arrogantemente exibido como a grande verdade da vida que tudo sabe e a todos conquista. Você não pode ser um “convencido”, o chato que se acha o maioral por causa dos traços fisionômicos, do corpo musculoso ou das curavas esculturais. Se você tiver esses atributos, use-os a seu favor e não como um desafio, um repto ao restante da humanidade menos favorecida.
Mostre-se de forma adequada e aproveite a admiração alheia ou, como dizia minha avó, não se mostre, deixe que mostrem você.
Largue de mão idéias anacrônicas como: “homem não acha homem bonito” ou “mulher se enfeita para mulher” porque são frases mentirosas embutidas em preconceitos impregnadas de falsas modéstias.
Aqui entre nós dois – e que ninguém nos ouça – existe coisa mais brega do que a falsa modéstia? Além de desonesta, a falsa modéstia afronta a realidade, você nega o que a realidade mostra em nome de um... de uma... sei lá, em nome de alguma coisa qualquer que já se perdeu na famosa e sempre renovada poeira dos tempos.
Não se exiba, não ostente, não se vanglorie e você estará sendo modesto na medida certa.
Neste momento da minha vida em que o grande Poetinha está exercendo grande influência, ouso parafraseá-lo para afirmar que feias não existem e, por isso, a beleza é fundamental.
A propósito de uma brincadeira, um amigo mandou um e-mail dizendo que “doideira tem hora, tempo e espaço” para ser cometida.
Tenho que discordar porque aquilo que tem hora, tempo e espaço pode ser qualquer coisa, menos doideira. Doideira – ou a loucura saudável – é fazer algo inusitado, fora de prumo, criativa e além de hora, tempo e espaço, meu caro.
Não seja um falso modesto, você não precisa disto, admita suas loucuras, deixe de lado as condições, os imperativos e as normas. Ouse transgredir em benefício próprio sem prejudicar outrem, entendendo-se por “outrem” qualquer um que não seja você. É isso.
O que uma coisa tem a ver com a outra? Sinceramente? Não sei.
Modestamente.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS

ANISTIA PARA JOÃO GOULART
João Eichbaum

Você já tinha ouvido coisa semelhante? Anistia para defunto. Desde quando defunto necessita de “anistia”? Para que lhe irá servir uma “anistia”?
Pois o defunto João Goulart foi “anistiado”, segundo notícias de jornal.
Segundo os jornais, “a decisão foi tomada em julgamento da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça”, cujo presidente, um tal de Paulo Abrão, informa que a “anistia a Jango representa um pedido de desculpa do Estado”.
Toda essa farsa só tem uma finalidade: usar o nosso dinheiro para pagar uma pensão mensal no valor de CR$ 5.400,00 para a pobre viúva do João Goulart, a muitíssimo conhecida Maria Teresa Goulart, que já teve seus tempos de glória! Esse valor, segundo o jornal “corresponde ao salário de um advogado sênior”. E acrescenta o jornal: “Goulart era bacharel em Direito”.
Pera aí! Vamos por partes. Bacharel em direito é uma coisa. Advogado é outra. Sei que o João Goulart era bacharel em direito porque vi com meus próprios olhos, durante os cinco anos que freqüentei a Faculdade de Direito da Urgs, sua fotografia no quadro de formatura da turma de 1936. Mas daí a ser ele “advogado”, ah isso nunca foi!
João Goulart, ao que se saiba, nunca trabalhou na vida, nem como advogado, nem como qualquer outra coisa. Ele sempre foi político, criado à sombra de outro que só conheceu o batente por pouco tempo, como promotor público, nomeado de favor, sem prestar concurso, o Getúlio Vargas, o qual depois se atirou no “dolce far niente” da politicagem pelo resto da vida. Ambos, João Goulart e Getúlio eram filhos de fazendeiros, herdeiros de bens de raiz. Bens esses de que participou o cunhado Brizola, que, bem casado, também não precisou trabalhar, como nós, simples mortais.
Agora você, meu caro, que a única coisa que conheceu na vida foi o batente, e contribuiu rigorosamente para a Previdência Social, você é tratado a salário mínimo por essa mesma Previdência Social, que nunca recebeu um puto vintém do João Goulart.
Ah, e a pobre viuvinha, que hoje já não tá com nada, também foi “anistiada” com uma indenização no valor de 480 salários mínimos. Alguém aí da platéia pode me informar o que é que ela fez para ser “anistiada”? Quem tinha que anistiá-la era o próprio e manso João Goulart e não o Estado.
Só um detalhe: à testa desse “Ministério da Justiça” está um senhor chamado Tarso Genro, que também esteve no “exílio” e era companheiro político do João Goulart.
Eles chegaram ao poder, gente, e agora não nos dão segurança, saúde, educação, porque falta dinheiro. Só não falta dinheiro para a companheirada. Ah, sim, e para anistiar defuntos...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

COLUNA DO RUY BURIN

O OZIEL E O TRIBUNAL ECLESIÁSTICO DE GOIÂNIA

Ruy Luiz Burin

O Oziel é padre. Ou foi Padre. Padre Oziel. Preto, bem apesssoado, lá pelas tantas achou que tinha encontrado a sua outra metade, uma senhora branca, e com ela juntou os travesseiros. E tem, desde já vinte e poucos anos de convivência, cinco belos filhos. Nesse tempo, desde que se “casou”, continuou a merecer a confiança de seu rebanho e, convidado para ministrar batismos, núpcias e outros sacramentos, o fez com carinho e classe. Vestido a rigor em seu “clergy man” apresenta-se perante as câmaras assegurando: “cada vez que eu era convidado para ministrar os sacramentos, e os sacramentos não são meus, são da Igreja, eu sempre deixei bem claro que a minha condição era e é de padre casado, com cinco filhos”. E, mesmo assim, as ovelhas de seu rebanho nele confiaram e dele receberam os ministérios da vida. Pois, para espanto de brasileiros e brasileiras de todos os matizes, e de todas as cores, Oziel se viu metido, nessa semana, no centro de um tornado teológico, já que o Egrégio Tribunal Eclesiástico de Goiânia, arquidiocese da residência de Oziel, Pe. Oziel, comunicou ao respeitável público que o Pe. Oziel estava “demitido”. E que, além de não poder mais ministrar o que ministrava, ainda determinava que estavam cassadas todas as validades de casamentos, batizados, bênçãos e outras quinquilharias de seu já agora fajuto ministério. E o Povo de Deus, ou ao menos eu, um dos que se acreditam entre esse Povo, ouviu atônito que o Tribunal já decidira tal situação em maio desse ano, e agora, passados mais de seis meses, comunicava a demissão do Oziel. Do Pe. Oziel. E com isso o ex-celibatário sacerdote estava a perder uma de suas parcas provisões, já que os ministérios eram ou cobrados ou objeto de regalos variados, de parte dos contratantes: de casamentos, batizados, bodas de ouro, de prata, de bronze, de lata. E outras bênçãos mais baratas.
O que é fantástico, nisso tudo, é o conjunto guitarreiro dessas estrepolias de religiosos envolvidos com fiéis de todos os matizes, e não somente dos matizes mais escuros, como Oziel. Primeiro, Oziel, aliás Pe. Oziel, não é “sacerdos in aeternum secundum ordinem Melchisedec?” Só depois de vinte, vinte e cinco anos de casado, vida concubinária pública e notória, com cinco filhos bem orientados, e uma jovem senhora firme e forte, só depois disso a Santa Igreja Católica Apostólica Romana se dá ao luxo de um julgamento? E, o que é pior, só depois de seis meses da sentença pronunciada intima Oziel para dizer-lhe que está demitido. Demitido do que? Das santas ordens? Do seu ministério? Mas que ministério? Nada sabia até aí a organizada Arquidiocese de Goiânia ?
Por essas e outras estamos necessitando de um teólogo para nos dizer a definição desse imbroglio. Nenhum de nós desconhece que, através de certos trâmites, o sacerdos pode pedir a sua retirada e, apeado da vida religiosa, bandear-se para a vida leiga, formar família, seguir o seu caminho. Mas, no caso do Oziel, o que aconteceu? Por que foi ele soberbamente, olimpicamente ignorado? Por causa da cor de sua pele? Pela simpatia que transparecia e pelo carisma que ainda guardava no trato com seus fiéis? Que diabos de Tribunal Eclesiástico é esse que agora vem com essas falácias, com essas enganações? Onde fica Oziel com seu ministério? Demitido? Leva direito de aposentadoria? E os sacramentos que ministrou, e que fez questão de dizer, alto e bom som, a quem o contratava, que não eram dele mas sim da Igreja a que servia? Como ficam os corações dos que receberam tais sacramentos? Todos imprestáveis ou inválidos, mesmo? E aquelas pessoas que confessaram que entendem foram válidos e válidos estão os cristãos batizados, casados e abençoados por Oziel? Não cabe uma palavra aos devotos da Arquidiocese, aos fiéis já agora, parece, um pouco desconfiados de tudo o que faz a Igreja Católica Apostólica Romana? E ainda querem que o Judiciário seja expedito e rápido. Mas o Sacro Tribunal levou seis meses para intimar Oziel. Oziel teve a oportunidade para se defender? E o Direito Constitucional de Oziel de ampla defesa? Valham-me os teólogos, os eruditos, os fiéis de todos os credos. Só peço uma coisa: salvem o Oziel.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

COLUNA DO PAULO WAINBERG

O ENTROITO E O ASSUNTO
Paulo Wainberg



Ainda não sou avô, mas neto eu já fui. E tenho muitos amigos que já são avós e se dão muito bem.
Se por acaso minha filha e meu genro acharem que estou mandando alguma mensagem, que há segundas intenções nesta crônica ou qualquer tipo de sugestão ou pedido encarecido com implícita ameaça de deserdá-los imediatamente, estarão absolutamente certos.
Sutilmente falando, é isto mesmo!!!
Acredito firmemente que as tradições, ao lado das religiões, integram o elenco principal dos principais causadores das tragédias humanas.
Sem mais delongas vou logo afirmando que a tradição é o obscurantismo posto em prática e todo o movimento tradicionalista é um anacronismo sempre atual o que, embora pareça, não é um paradoxo.
Alguém deve ter dito antes de mim que nada melhor do que a prática para explicar a teoria. Se ninguém disse então você está diante de um ineditismo raro de se conseguir, nos dias de hoje.
Portanto, à prática, deixando claro que você não pode confundir Tradição com História. História é a memória dos fatos passados utilizada para evoluir, evitar erros repetidos e, também para compreender o presente: a História e suas versões...
Tradição é o culto repetido de hábitos antigos, ultrapassados e em desuso no contexto, evocada em datas ou locais definidos onde as pessoas agem como se o tempo não existisse, falam e se comportam como se vivessem na pré-história e nada de útil obtém, salvo um duvidoso e efêmero divertimento.
Até aí tudo bem, não fossem as trágicas conseqüências que as seitas tradicionalistas provocam.
O primeiro deles é a separação dos povos. Porque cada povo teima em preservar as próprias origens, vivendo como viviam seus antepassados, sem permitir a integração, a interação e promovendo, pois, a desconfiança, o medo e, rapidamente, a intolerância.
Por qual razão as massas estão sempre à procura de suas origens para identificar a própria existência é que coisa que não compreendo. Qual diferença positiva existe no fato de uns povos descenderem da Europa Central, outros da Índia e assim por diante? A tradição é instrumento para a discriminação, isto é, a prática do sentimento de racismo que é inerente ao ser humano. Ao choque de culturas. Aos desejos imperiosos de dominação, uma cultura prevalecendo sobre a outra, portanto a guerra.
São a História e suas versões que demonstram que as atrocidades humanas foram cometidas em nome da tradição e da religião, as piores delas, as mais mortíferas e genocidas.
Não foi em nome de preservar a grande tradição do povo alemão que Hitler conquistou a maioria no Parlamento e elegeu-se Chanceler do Reich afundando o mundo numa guerra dantesca e promovendo o Holocausto?
Não foi em nome da grande tradição francesa que Napoleão assolou a Europa?
Mais próximos de nós, não é em nome da tradição gaúcha que os seus centros de tradição não aceitam manifestações homossexuais e nem mesmo novas expressões musicais, num evidente e ilegal exercício de discriminação?
Isto ocorre porque a Tradição não aceita a mudança, recusa a evolução e exige fidelidade absoluta aos hábitos e costumes seculares sob o pretexto de “manter a identidade” que pode ser religiosa, política, racial e cultural.
Como exercício, imagino os povos desapegados de suas origens e tradições, sem prescindir – repito – do registro da História.
A humanidade, de forma natural e sem sobressaltos se auto-assimilaria unindo as diversas etnias (atributos biológicos naturais) constantemente até que, dispensando guerras, atentados e terrorismo, o planeta fosse habitado pela “raça humana”, solidária, participativa e integrada.
As diferenças estariam ao serviço das variações climáticas e seriam processadas não como cultura, religião ou tradição e sim por razões de sobrevivência, pura e simplesmente.
A imigração não levaria consigo tradições a serem cultivadas como lembrança da “boa e velha pátria mãe”, na maioria dos casos não tão boa assim e de triste lembrança. Colônias migrantes não teriam tradições a cultuar, criando núcleos fechados, pequenos países resistentes à assimilação dentro dos territórios alheios.
A palavra “xenofobia” provavelmente jamais teria sido inventada e as fronteiras seriam totalmente abertas. Crimes como o “contrabando” não existiriam, assim como movimentos separatistas ou a guerra no Oriente Médio.
Saberíamos que os gaúchos usavam bombachas, lenço no pescoço, as “prendas” usavam vestidos de tule e botinas e, nos bailes faziam a dança do pezinho. Legal, para uma festa à fantasia.
Saberíamos que em outubro, na festa do chope, ninguém precisa usar chapéu de tirolês.
As mulheres árabes andariam de rosto exposto, a África seria um continente civilizado e, muito provavelmente, sequer existiriam as bolsas de valores.
As diferenças seriam respeitadas porque existem diferenças. Os seres humanos não são exatamente iguais, porém, e nisto consiste o cerne da questão, ao meu humilde ver, as pessoas não são melhores ou piores do que as outras. Diferentes sim, melhores não. Com ressalva às patologias.
Mas os cultores das tradições justificam-se com uma frase que... vou te contar: “O que vamos dizer aos nossos netos?”. Quer dizer, eles são tradicionalistas para contar aos netos.
E desde quando avós têm algo a dizer que interesse aos netos? Avô existe para brincar com os netos e satisfazer todas as vontades deles. Nenhum neto que se preze, a partir da idade em que coisas sérias devem ser-lhes ditas, dá a mínima bola para coisas sérias que seus avós quiserem dizer.
Eu não dava, meus amigos não davam e os netos deles não dão.
De volta ao entroito: Quero netos para brincar e satisfazer todas as vontades deles.
Ouviram, vocês dois?

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

PORQUE NÃO ACREDITO NA JUSTIÇA

TUDO POR NOSSA CONTA
João Eichbaum

“O Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu a responsabilidade do Estado pela proteção e segurança dos presos sob a sua guarda. O entendimento da maioria dos integrantes da Primeira Turma garante à mãe de um jovem morto em uma carceragem do Espírito Santo receber R$ 10 mil mais uma pensão mensal de dois terços de salário mínimo até a data em que ele completaria 65 anos. Ele morreu com 20 anos. No recurso, o Estado do Espírito Santo tentava reverter sua condenação a indenizar a mãe do rapaz, assassinado em 2002, na Unidade de Integração Social de Cariacica (ES).”
Quando as pessoas reclamam que só existem direitos humanos para os presos, há um silêncio geral no palco onde desfilam os palhaços, os defensores dos marginais.
E esse silêncio só tem uma razão: não há argumento algum para sustentar esse absurdo.
Pois agora, esse templo de vaidades, conhecido como Superior Tribunal de Justiça, onde o menos que se faz é justiça, decidiu o que vocês leram acima: o Estado tem que indenizar os familiares de um preso morto, porque ele é o responsável “pela proteção e segurança dos presos”.
E a nossa segurança, pessoal, quem é responsável por ela? Experimente ir a qualquer juízo ou tribunal, responsabilizando o Estado pela assassinato de um ente querido na via pública, por exemplo, que é próprio do Estado (em sentido amplo). Os juízes deste Brasil responderão que o Estado não tem obrigação de fornecer a segurança para cada cidadão em particular.
Então, pelo cidadão em particular, o cidadão que paga impostos, o Estado não é responsável. Ele só é responsável pela segurança dos marginais, exatamente aqueles que não passam de peso morto, que não pagam imposto algum e, pelo contrário, vivem às custas da Fazenda, isto é, à custa do nosso trabalho, sem nada o que fazer na vida, com direito a casa, cama, comida, esporte, televisão e uma mulherzinha, de vez em quando, na “visita íntima”, para não perder a forma.
Em nada disso pensaram os juízes do tal Tribunal.
Ser juiz é fácil, principalmente juiz dos Tribunais Superiores. Basta ser amiguinho dos políticos. O difícil mesmo é ser responsável, é ter bom senso, é saber usar do poder em favor da sociedade, que paga o salário dos magistrados.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

COLUNA DO RUY BURIN

É com invulgar satisfação que anunciamos um novo colunista neste blog: Ruy Luiz Burin, Procurador de Justiça aposentado, músico, de excelente formação humanística, como se poderá constatar.

PENA NÃO SEJA O ARQUEIRO, ESSE GILMAR
ou
O MINISTRO QUE QUER APARECER

RUY BURIN

A bandidagem só faz festa! É um regozijo só. Pudera. Está a seu lado, com toda a sua espalancada autoridade de Chefe do Poder Judiciário da Nação, nada menos que o Ministro Gilmar. Pois Sua Excelência que também atende por Mendes, e vamos esclarecer que esse Gilmar é o Mendes e não o nosso glorioso guarda-valas campeão do Mundo que é muito melhor e muito mais confiável, deu de se meter em desaguisados vários, com o Ministro da Justiça, com a Polícia Federal, com o raio que o parta. Começou por reclamar que estava com seus telefones grampeados, e que isso era um abuso, um atentado ao estado democrático de direito, um acinte a um Chefe de Poder. Grampear os meus telefones, diz Gilmar, furioso perante as Câmaras? Mas onde estamos? Que país é esse?
Primeiro, e antes de mais nada, convém responder a Sua Excelência que o bons cidadãos desse país estranharam muito a sua colocação exageradamente legalista. Até a bandidagem mais explícita estranhou, ou melhor, ficou estupefata. Diga-se, a propósito, bandidagem de todos os naipes. Colarinho branco, políticos ladrões, mensaleiros espertos, políticos imbecis e não tão espertos assim, todos estranharam. Mas, a seguir, num coro só, exultaram. Finalmente alguém de gran coturno apoiando a turba. Finalmente.
E a nação assiste, então, perplexa, a mais uma encenação. A imprensa vendida e sem culhões, cambada de aproveitadores, todos aplaudem Sua Excelência. Ninguém lhe diz, alto e bom som, que a grampeação dos telefones do Ministro não é lá grande coisa, se o Ministro é limpo, incorruptível, não tem o rabo preso. Mas por que Sua Excelência berra? Tem o rabo preso Sua Excelência?
Dizem-me amigos que nas conversas gravadas pode ocorrer algum deslize, digamos, de falta de fidelidade explícita. Vá lá, de foro íntimo, como se diz por aí. Ou ainda, de futricas várias, coisas do Poder, fabriqueta bem fornida de invejas e malquerenças.
Mas isso justificaria o trovejar do Ministro? Parece normal a sua desbragada reação? Não foi demais? E, se foi, não teria outra forma mais elegante de estancar a ilegalidade?
Por essas e por outras Sua Excelência está, entre os cidadãos de bem, onde me incluo, graças a Deus, seriamente comprometido. E, o que é pior, comprometendo toda uma plêiade de advogados, Juízes, Promotores e Procuradores de Justiça e da República, Desembargadores, Ministros, e todos quantos fazem de nossa já desacreditada Justiça, ou melhor, Poder Judiciário Brasileiro, a obsessão de sua vida, nela servindo com pureza, dedicação ímpar, exação ao dever, seriedade completa. Salvo as desonrosas exceções, que as há sempre em qualquer covil humano.
Pois, com tudo isso a bandidagem, já até aqui assoalhada por legislação penal frouxa, leniente, vergonhosamente branda, se regozija. E esse conjunto de normas é sempre produzido com a única finalidade de facilitar os criminalistas de defesa, que tem uma força macabra no enredo dessa tessitura.
Sua Excelência o Ministro alguma vez se insurgiu contra isso? Não há registro. O que há, sim, é, novamente, ver-se Sua Excelência desancando a voz efeminada contra a Polícia Federal, acabando a Nação por assistir dobrar-se o Ministro da Justiça à voz do Chefe de Poder, que não é o dele, e transmudar o presidente do inquérito, o Delegado Protógenes, de chefe de inquérito acusador em réu. Novas boas risadas dos bandidos de todos os quadrantes. E nós, aqui, impotentes, vendo tudo isso, e rogando aos céus que nossos filhos e netos tenham um país diferente, longe das cuecas com dinheiro e desvios de todo o tipo. Valha-me Deus, Nossa Senhora! Pobre país.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

COLUNA DO PAULO WAINBERG

AIAIAIUIUIUI
Paulo Wainberg



Você aí que anda em busca de grandes momentos na vida, pode parar e experimente pensar um pouco.
Sim, é com você mesmo que estou falando, você que ainda não entendeu que ilusões não existem e, portanto, não podem ser perdidas. Você que acha que apenas o grandioso é o que vale e não consegue aproveitar nada da vida porque, em busca da “elevação superior” da alma ou do espírito, despreza as conquistas feitas e abre mão das verdadeiras emoções que, ao fim e ao cabo, são verdadeiras porque você foi capaz de senti-las.
Ouça um bom conselho, como já propôs Chico Buarque de Holanda, e reconsidere tudo, desde o início.
Vou dar alguns exemplos para ajudar nesta reflexão.
O último ganhador do Prêmio Nobel da Paz: ganhou a maior honraria do universo, atingiu o ápice da glória pessoal e do reconhecimento. Foi saudado em discursos grandiloqüentes, recebeu uma polpuda grana, participou de um jantar comemorativo com as maiores celebridades, foi ovacionado e depois de tudo para onde ele foi?
Pense, para onde ele foi? Foi para casa dormir. Talvez até tenha comido um pedaço de salame italiano na cozinha, com um refrigerante e pão. Tomou um banho, quem sabe. Conversou com a mulher sobre um filho problemático, doeram-lhe as costas e demorou a adormecer, preocupado com alguma coisa que deixou para fazer amanhã como, por exemplo, levar o carro na oficina.
Coisas semelhantes aconteceram com os convivas da festa e, provavelmente com você, depois de um bom dia de trabalho ou de uma festa maravilhosa ou de uma formatura chata.
Claro que ambicionar um prêmio Nobel é muito bom. E ganhá-lo também. Mas o bom mesmo é depois, quando você está abrigado no seu próprio mundo, conhecendo de cor e salteado o seu ambiente e as pessoas que convivem com você.
A fama e a glória, meu amigo, só têm graça se você puder exibi-la entre os seus amigos, a sua família, os seus gostares.
Já vi muita celebridade assediada por garotas deslumbradas, pedindo autógrafos em cadernos escolares. O famoso lasca um garrancho no caderno e continua o assunto com quem realmente interessa, isto é, com quem tem algo a compartilhar.
Pessoalmente – não me envergonho de admitir – já passei duras penas nessa busca por algo superior que me deixava permanentemente insatisfeito, como se nada que me acontecesse fosse suficiente, grande o bastante para a minha “grandeza”.
Ledo (ivo) engano que cometi e que me custou caro, muito caro. As moedas com que paguei foram sofrimento, perda de oportunidades, referências distorcidas.
Um dia, escovando os dentes, olhei para minha boca cheia de dentifrício e me ocorreu: olha só que coisa maravilhosa este gostinho e a sensação de limpeza em minha boca. Entrei no banho e senti cada pingo de água tépida acariciando minha pele, os cabelos, o corpo inteiro... experimentei sensações grandiosas.
E assim, de gosto em gosto, de sabor em sabor, aquele dia revelou que minha vida era repleta de grandes momentos, recheada de reuniões monumentais, jantares soberbos, glórias inesquecíveis e homenagens incomparáveis como, por exemplo, o abraço de um amigo, o beijo de uma prima, um encontro de família para cantar as canções melhores e mais bonitas de todos os tempos, com muito riso, cerveja e sanduíches.
Você aí, que ainda não entendeu, não se desespere. O primeiro passo é não se considerar assim tão especial que o torne credor de todos os favores do mundo nem que todas as mulheres ou homens estão ao seu dispor. O passo seguinte é não achar que, indo ao cinema, está perdendo a balada ou que, indo à balada, está perdendo um concerto e que, indo ao concerto, está perdendo o futebol e que indo ao futebol está perdendo uma transa e que, indo transar está deixando de transar com outra e... e... e...
Conseguindo dar esses dois passos será mais fácil aceitar que você não é obrigado a gostar de ópera ou de artes plásticas. E compreenderá também que, se gostar, isto não o torna melhor do que ninguém.
Aliás, quando você se der conta de que, na essência, ninguém é melhor do que ninguém, você ficará perplexo ao perceber que, como corolário, ninguém é pior do que ninguém.
Então você poderá conversar com o garçom, a lavadeira, a empregada doméstica, o maior maestro do mundo, o presidente da república ou Pelé do mesmo modo, sem sentir-se superior, sem sentir-se inferior.
Finalmente, diante da velha, surrada, renovada e sempre invocada poeira dos tempos, você será mais um invisível grão que será lembrado pelo que foi e não pelo que quis ser.
Até ser esquecido e nem isso terá mais importância.
Ouça um bom conselho, você aí: aproveite o que tem, tente conseguir o que deseja e não perca seu tempo com ais e uis inócuos.
Use-os para o sexo, minha filha, meu garoto.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS

OS MINISTROS VÃO ÀS COMPRAS e OS ASSESSORES CARREGAM PACOTES

João Eichbaum

Lula está na bela Itália. Foi lá beijar a mão do Papa e levar seus ministros para fazer turismo. Noticiam os jornais que os ministros aproveitaram o tempo para conferir as liquidações das luxuosas lojas de Roma e para visitar cenários onde Fellini gravou filmes como “Roma” e “La Dolce Vita”.
Ah, sim, “dolce vita” é mesmo com Lula e seus ministros.
O senhor Nelson Jobim, ministro da Defesa (o que é que ele foi fazer lá, mesmo?) aproveitou uma tarde de céu limpo e a temperatura agradável desse fim de outono na Itália para passear pelas praças e ruas históricas da bela Roma, levando a tiracolo cinco sacolas de compras. Ele esteve na loja Salvatore Ferrano, uma das mais luxuosas grifes da Itália, que ficou famosa por fabricar sapatos e bolsas para atrizes como Marilyn Monroe, Audrey Hepburn e Nicole Kidmann.
A ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef esquerdista de mão cheia, socialista mais do que convicta, também foi às compras, deslumbrada com o comunismo italiano, certamente. Segundo noticiam os jornais ela só apareceu no Hotel Raphael, onde se hospeda a luzidia comitiva do Lula, no final da tarde. Trazia consigo três sacolas, uma delas da loja Marvin &Friends. Ao ver repórteres na entrada do hotel, ela se desvencilhou dos pacotes e os atirou no colo de um assessor, entrando sem nada nas mãos no elevador.
Nessa comitiva do Lula há um ingrediente básico, ingrediente esse que não poderia faltar: mulher bonita. O Lula sabe que italiano gosta de mulher bonita. De modo que, diante da obrigação de levar a Dilma Roussef, para equilibrar levou também a deputada Cida Borghetti, do Paraná que, segundo muito boas línguas, é uma mulher lindíssima.
Não noticiam os jornais que a linda Cida Borghetti tenha ido às compras como os demais membros da comitiva, esquerdistas, comunistas, socialistas (nenhum capitalista). Certamente, ela não precisou comprar nada.
Isso é que é vida, meus amigos! Vida de esquerdista, de ex-sindicalista, ex-terrorista (terrorista pode ser ex?), tudo pago com o nosso dinheiro, até os assessores que têm colo para carregar os pacotes da Dilma.
Ou vocês não sabem que os ministros e seus assessores, quando estão a “serviço” da República ganham diárias?
Sem mais comentários.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

COLUNA DO PAULO WAINBERG

PENA DE MORTE
Paulo Wainberg


Hoje venho declarar que sou favorável à pena de morte como punição possível aplicável para determinados crimes e deferida por Júri Popular em votação unânime.
O Ditador, qualquer um e em qualquer circunstância, é um criminoso que pode ser condenado à morte e, na maioria dos casos, deve.
Estupradores em geral que, na prática, são executados pelos demais presos, nas prisões.
Terroristas de qualquer facção, credo ou corrente.
Alguns tipos de homicidas.
Latrocínio, o assassinato praticado com a finalidade de roubar.
A minha sugestão é que, caso a caso, o autor de um desses crimes possa ser condenado à morte, se assim entender a unanimidade dos jurados. Caso contrário, as penas de prisão seriam aplicadas pelo Juiz.
Surpreendo-me com esta declaração porque durante a vida inteira fui contra a pena de morte, jamais aceitei o “homicídio institucional”, muito mais por uma questão de valor, de repugnância com a idéia de tirar a vida de alguém do que por qualquer tipo de pensamento lógico.
Entretanto, como na maioria das coisas, a realidade modifica a teoria e as teorias no Direito Penal são inúmeras, variáveis e conflitantes.
O que é a pena e para que ela serve? A sociedade organizada tem o direito de vingar-se, de satisfazer o desejo comum de ser reparada pelo ato criminoso? A vingança é um conceito juridicamente aceitável no Direito Penal?
Sobre a pena em geral há os que defendem a teoria da recuperação do criminoso, transformando-o num agente útil à sociedade. É respeitável essa posição, mas a realidade demonstrou ser ela absolutamente impraticável.
Na minha opinião só é recuperável um criminoso se ele for condenado à conviver com pessoas inseridas no contexto social, para que possa conhecer e apreender os valores éticos civilizados, os princípios jurídicos que os sustentam contaminando-se assim de conceitos positivos e percebendo que o crime e a atividade criminosa rompem dramaticamente a ordem social e são assim inaceitáveis.
No entanto os criminosos condenados são confinados com outros condenados e, de tal confinamento, resulta a exacerbação transgressora e criminosa.
Não é à toa que os presídios são conhecidos como “escolas do crime” porque o convívio entre criminosos produz, como é óbvio, troca das experiências ilícitas, aperfeiçoamento de práticas ilegais com a indução necessariamente imposta à continuação criminosa, nem que seja um modo de pertencer minimamente a um grupo.
Outra corrente teórica entende que a pena é essencialmente punição, um castigo imposto ao criminoso, pura e simplesmente, sem qualquer conotação mais elevada do que a punição em si mesma.
Entretanto a realidade demonstra que a punição por si só não atinge seus objetivos pois o preso, além de gozar da ociosidade, tem garantia de alimentação, moradia, tratamentos de saúde, visitas de familiares, práticas desportivas e nenhum tipo de restrição, salvo a liberdade. Teoricamente tem também proteção policial para a segurança pessoal e integridade física. Teoricamente.
Os milhares de presos encarcerados constituem mão de obra ociosa, custando fortunas ao Estado e a assim denominada punição resta inócua, onerando a sociedade sem beneficiá-la em absolutamente nada porque, para cada criminoso preso existem centenas soltos.
Ditadores são a pior espécie de criminosos. Exercem o poder absoluto, desfrutam de todos os privilégios, não prestam contas de seus atos e exercem o verdadeiro e único assim chamado Terrorismo de Estado, prendendo e matando os próprios cidadãos por dissidências, opiniões contrárias e demais “crimes de pensamento”. Com tal espécie de gente não tenho nenhuma transigência e não reconheço a validade de qualquer melhoria que promovam ao seu país, ao custo cobrado da opressão, perseguições, censura e falta de liberdade. Os avanços sociais e tecnológicos não necessitam de ditadores a promovê-los, ao contrário, ocorrem com clareza e maior rapidez na sociedade democrática.
Pena de morte a todos os ditadores!
Estupradores são irrecuperáveis e a natureza hedionda dos crimes que cometem, sobretudo quando a vítima é menor, também aconselha aplicação da pena de morte. Não há direito humano que sustente a permanência de um estuprador desde que, mesmo doente, reconheça a natureza criminosa do ato que pratica, condição absolutamente necessária para a punição de qualquer crime. É um crime insuportável até mesmo entre os demais criminosos que, invariavelmente, matam o estuprador, quando ele é preso.
Pena de morte aos estupradores!
Terroristas são abomináveis por definição. Aliás aproveito o momento para criticar fortemente a mídia, especialmente a imprensa, que aceita a qualificação política que o terrorista pretende dar ao terror. Nada, mas absolutamente nada justifica atentados contra pessoas indefesas. O terrorismo é crime difuso por natureza, atingindo vítimas de forma aleatória, que não se sentiam ameaçadas e, de surpresa, são estraçalhadas por bombas covardes. O terrorismo usa a mídia para justificar-se e a mídia aceita ser usada, dando amplitude e divulgando “os motivos” de tão cruel e obsceno crime.
Pena de morte aos terroristas!
Existem homicidas e homicidas. Para a grande maioria dos casos não é cabível a pena de morte. Mas em alguns, poucos felizmente, não vejo outra alternativa, quando praticado com requintes de crueldade a indicar que o assassino está incluído no rol dos irrecuperáveis.
Seqüestradores que matam suas vítimas devem também ser passíveis da opção da pena de morte. Quem, durante dias, mantém um refém, seja por qual motivo for, tem suficiente tempo para acalmar-se, esvair-se de um estado emocional caótico a comandar suas ações ou de perceber que está trocando uma vida humana por dinheiro. Se assassina a vítima, trata-se de um homicida hediondo, cruel, amoral, imprestável para a sociedade.
Para seqüestradores, pena de morte!
E, dos crimes comuns, o pior deles é o latrocínio, isto é, aquele que mata para roubar. É importante considerar a ordem dos fatos: o criminoso mata alguém para roubá-lo depois.
Atualmente o latrocínio é crime julgado por Juiz e não por Júri popular. Acho este um equívoco legal porque o autor de latrocínio merece a pena de morte.
Palavra de honra: relendo este texto estou perplexo com minhas palavras. Jamais achei que ira dizê-las e muito menos defendê-las.
Mas a barbárie está além da ponderação e a selvageria atingiu ao nível do incogitável.
Não acredito que a pena de morte solucione algo, mesmo a excepcionalmente aplicada. Mas estou convencido de que a sociedade merece satisfação e tem direito a vingar-se, sim senhor, nem que seja para que o sentimento de justiça, tão relegado à planos inferiores da consideração coletiva e individual, dê ar de presença, acalme as exaltações e alivie a insuportável ardência das feridas.
Para constar: O assunto de hoje era outro. Fica para amanhã.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS

COM O PODER NA MÃO TODO MUNDO É VALENTE

João Eichbaum

Tempos houve em que o senhor Tarso Genro, que hoje leva, antes de seu nome, a palavra ministro, designado que foi pelo senhor Lula para cuidar dos Negócios da Justiça, esteve foragido. Ele e sua família. Fugiram, com medo do governo militar. Esquerdistas que eram, tanto ele como seus familiares, não tiveram coragem para manter seus discursos perante um governo ao qual se atribuía posição de direita. Então, pernas, para que vos quero?
Voltando do exílio, o senhor Tarso abriu uma banca de advocacia em Porto Alegre e vivia como um poeta bem comportado, dando pitacos em literatura, num Caderno do jornal Correio do Povo.
Quando ocorreu a chamada “abertura” aí ele soltou as asas, voltou a ser da esquerda, tornou a discursar sem temor e se elegeu prefeito de Porto Alegre. A partir daí, não ganhou mais nada em eleição, mas esteve sempre em todas as bocas do petê, esse partido que tem de tudo, menos de trabalhador. O Lula, há muito tempo não sabe o que é trabalho. O dito Tarso Genro sempre viveu de literatura e petições, sempre de terno e gravata e, ao contrário de mim, por exemplo, num teve que vestir um macacão para enfrentar o basquete.
Pois agora, arrotando poder, o senhor Tarso quer se vingar dos militares que o fizeram fugir com sua família. No seu dicionário, certamente, que deve ser um dicionário de sinônimos e antônimos, a palavra vingança é registrada como sinônimo de justiça. Ele, como ministro dessa coisa chamada Justiça, quer a punição dos “torturadores”, daqueles que faziam os esquerdistas se borrar pelas pernas, abrindo mão da coragem que é a marca dos verdadeiros machos.
Mas, “torturadores”, para o senhor Tarso, ex-literato e ex-poeta, são apenas aqueles que estavam do lado de lá, os que tinham o poder nas mãos. Os outros, os assaltantes de bancos, os seqüestradores de embaixadores, ah, esses não são torturadores, esses são vítimas, que estão recebendo polpudas indenizações.
Senhor Tarso, quem entra num Banco com um revólver na mão, acalma as pessoas? Não as tortura? Não lhes põe diante dos olhos o pavor da morte? E os que seqüestraram embaixadores, fizeram tudo numa legal, numa boa, sem armas, sem violência? Cárcere privado, senhor Tarso Genro, não é tortura?
Será que o senhor, que era poeta e literato, desaprendeu o abecê da humanística?
Não, senhor Tarso, não confunda Justiça com vingança. Se o senhor quer se vingar dos militares que o fizeram se borrar de medo, use de outros meios, faça-o por conta própria, aja como homem, pelo menos agora. Mas, se quiser fazer justiça, ah, então chame as duas partes perante os tribunais, ambos os torturadores, os da direita e os da esquerda. Aí eu até aplaudo, porque quero ver coleguinhas seus de idéias e de ministérios, respondendo pelos crimes que cometeram, torturando pessoas com armas e com cárcere privado.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

COLUNA DO PAULO WAINBERG

QUESTÕES MUNICIPAIS: UMA DIDÁTICA
Paulo Wainberg



Mildred, a governanta, tirou o seio esquerdo para fora e ofereceu-o para os beijos de Lord Cunnigham, o último sobrevivente da outrora poderosa dinastia de duques passistas da Escola de Samba Forever, sediada aos pés da santa cruz, no município de Milonga de Cima, arqui-rival de Milonga de Baixo.
Lord Cunnigham esbaforiu-se em lambidas úmidas de cuspe no bico excitado do seio esquerdo de Mildred que, gemendo, botava a língua para fora, como se fosse um tamanduá-bandeira, espécie em extinção na atribulada natureza deles dois.
Milonga de Cima ficava no sopé do morro e Milonga de Baixo no cume do mesmo morro. Os dois municípios eram inimigos mortais, inimizade que começou décadas antes quando, no concurso anual de masturbação masculina, o representante de Milonga de Baixo não aceitou a decisão da juíza, Rainha da Primavera de Milonga de Lado que fora eleita graças ao apoio dos eleitores de Milonga de Cima, no segundo turno.
A Rainha deixou de computar uma masturbada do representante de Milonga de Baixo, alegando que ela se completara com o instrumento flácido e que, flácido, não valia.
Foi uma zorra, o pau comeu solto e, desde então, os milonguenses de Baixo declararam guerra aos milonguenses de Cima.
Porém alguns milonguenses de Baixo concordaram com a decisão da Rainha e outros tantos de Cima discordaram e, assim, os dois municípios ficaram divididos entre si o que prejudicou de tal forma as decisões que, desde então, o concurso de masturbação deixou de ser realizado.
Milonga de Baixo era assim chamada porque seus habitantes, no cume do morro, olhavam para baixo quando queriam olhar Milonga de Cima. E vice-versa, isto é, os habitantes de Milonga de Cima tinham que olhar para cima quando queria olhar Milonga de Baixo.
Incapaz de conter a ansiedade, Lord Cunnigham puxou para fora o seio direito de Mildred e passou a lamber, beijar e mordiscar os dois mamilos, com rapidez e intensidade, para que Mildred tivesse a impressão que seus dois seios estavam sendo lambidos, beijados e mordiscados ao mesmo tempo.
As narinas de Mildred fumegavam como um vulcão em vias de acordar. Seu corpo tremia e, quase sem se dar conta, puxava a cabeça de Lord Cunnigham contra seus peitos a ponto de quase sufocar o indigitado que, para se ver livre do sufoco, enfiou a mão entre as coxas de Mildred, em busca de você sabe o que.
Como acontece nas grandes tragédias, o amor deles era proibido e por isso se encontravam naquele local, à sombra de um parreiral silvestre que ficava no território neutro entre as duas Milongas onde, por questões ideológicas, ninguém ia.
Desgraçadamente Mildred era milongueira de Baixo e Lord Cunnigham era milongueiro de Cima. E mesmo que ambos se declarassem pertencentes às respectivas facções dissidentes não tinham autorização das suas clãs para desenvolver o grande amor que sentiam, um pelo outro.
O mais interessante é que se conheceram por acaso em Milonga do Lado, que se beneficiava politicamente da rivalidade entre as duas Milongas, ora apoiando uma, ora outra, quando se tratava de decidir graves questões de interesse comunitário. Graças a isso Milonga do Lado era paparicada tanto por Milonga de Cima quanto por Milonga de Baixo e, numa dessas sessões de paparicação, Mildred e Lord Cunnigham puseram os olhos uma no outro e se quedaram irremediavelmente apaixonados.
Naquele momento Lord Cunnigham já massageava gostosamente as regiões, aquelas, de Mildred que correspondia, sôfrega e fogosa, uivando como um cachorro louco. O nobre homem preparava-se para o ato solene da introdução – visto que ela estava prontinha para a recepção – quando foi interrompido por uma voz masculina, irada e histriônica:
- Mas o quê que é isso, por todos os demônios do Inferno?!
Ainda com os joelhos no chão e a bunda branca para cima, Lord Cunnigham virou a cabeça em direção à voz e viu, horrorizado, que seu dono era nada mais nada menos que Wilfredo, o alfaiate de Milonga de Cima, inimigo mortal de Frédéric, o alfaiate de Milonga de Baixo.
- Fornicando a sombra do parreiral silvestre? Logo vós, Lord Cunnigham, o último sobrevivente de sua dinastia? O que ireis dizer aos vossos netos? – trovoou Wilfredo.
Com a dignidade que o momento conferia, Lord aprumou-se, deixando Mildred com as pernas abertas estendida no chão, ergueu as calças, puxou o zíper e apertou o cinto. Com voz calma, pausada e nobre, olhando Wilfredo nos olhos, afirmou em tom de censura:
- E não te avisei, Wilfredo, que estas calças estavam largas? Erraste novamente nas minhas medidas. Está decidido: a partir de hoje farei minhas roupas exclusivamente com Frédéric, o alfaiate de Milonga de Baixo.
Horrorizado com o que ouvira, Wilfredo disparou morro abaixo, rumo à Milonga de Cima onde, com notável rapidez, espalhou a notícia entre a população.
Aliviado, Lord Cunnigham voltou-se para sua amada que ali permanecia, repôs-se na posição anterior, reaqueceu e tratou de completar o serviço que, na opinião dos dois, foi muito bom.
Daquele dia em diante as relações entre as duas Milongas foram reatadas porque Frédéric, sabendo que ganhara um novo cliente, apressou-se a visitar Lord Cunnigham, carregando seus tecidos, revistas de moda, agulhas, tesouras, giz e réguas.
Mildred subiu o morro rumo a Milonga de Baixo e mal chegou em casa, recebeu um telefonema de Anastácia, decana de Milonga de Cima
querendo contratá-la como governanta de Nicolau, seu velho marido.
Em pouco tempo uma grande festa celebrou o fim da rivalidade entre as duas Milongas que, em conjunto, romperam relações com Milonga de Lado por quem, por tanto tempo, foram exploradas.
Naquele mesmo ano recomeçaram os concursos anuais de masturbação. O atual placar mostra uma leve vantagem de Milonga de Baixo sobre Milonga de Cima que promete reagir. Seu representante já iniciou a pré-temporada e afirma que chegará ao concurso na ponta dos dedos.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

CHARLES DARWIN TINHA RAZÃO

OS “FENÔMENOS “ RELIGIOSOS

João Eichbaum

Nesse último final de semana tive o privilégio de conhecer um belo exemplar de criatura humana, a doutora Christina Mitiko Ferreira. Uma jovem linda, esbelta, ostentando no rosto meigo, que lembra porcelana, a maravilhosa beleza oriental. Mas seus encantos não ficam na beleza física. Vão mais longe, a ponto de me tornar embevecido com a sua cultura. Ilustre psiquiatra de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, docente em curso de Medicina naquela bela cidade, a doutora Mitiko – prefiro chamá-la assim, porque seus acentuados traços orientais fazem esquecer seu nome brasileiro – foi uma companhia que me fez esquecer o tempo e penetrar na madrugada, como se tudo não tivesse passado de um minuto.
Senti que minhas idéias despertaram seu interesse, quando lhe confessei que tenho um fascínio por antropologia e que tenho por dogmas, sem restrição alguma, os ensinamentos de Charles Darwin.
A partir dessa minha confissão, a doutora Mitiko me fez mergulhar num mar de conhecimentos sobre o ser humano e abateu, uma por uma, as últimas dúvidas que eu tinha sobre os chamados “fenômenos” religiosos.
Foi através dela que fiquei sabendo das várias manifestações da epilepsia, que a gente, normalmente, liga a pessoas que tombam, entram em convulsão, babam e parecem movidas a choques elétricos em todo o corpo. Depois de me explicar que nem todo o epiléptico é doente mental, a doutora Mitiko se deteve numa forte corrente de neurologia, segundo a qual a epilepsia é a responsável pelo desenlace de “fenômenos” religiosos e fantasiosas visões, a partir do lobo temporal epiléptico. A epilepsia desse lobo temporal, além de tornar doentio o sentimento de religiosidade, desenvolve nessas pessoas a capacidade de tornar reais suas fantasias, a ponto de gerarem os chamados “fenômenos”, dos quais se aproveitam as religiões para enganar os incautos.
Dentre esses fenômenos se podem destacar as “chagas” de Cristo que um padre italiano, recém declarado santo, conhecido como Padre Pio, exibia. Do mesmo modo, o fenômeno da levitação atribuído ao Padre Reus, cujo túmulo, em São Leopoldo, atrai milhares de crentes, é fruto da epilepsia do lobo temporal. Resumindo, tanto o Padre Pio como o Padre Réus eram pessoas epilépticas e não santos, como querem a Igreja Católica e seus adeptos.
Fascinado pelos ensinamentos da doutora Mitiko, saí a campo e deparei com outras manifestações, como, por exemplo, da doutora Elza Yacubian, neurologista especializada em epilepsia na Universidade Federal de São Paulo. E ela reafirma que “a epilepsia do lobo temporal provoca alucinações e induz à religiosidade: pessoas com lesões nele costumam desenvolver uma religiosidade extrema”.
A partir de tais constatações científicas, segundo a doutora Mitiko, há neurologistas crentes, deístas que, não tendo argumentos para refutar a tese, resolvem atribuir a “Deus” a epilepsia do lobo temporal, para que alguns privilegiados possam gozar da presença dessa “divindade”, através dos fenômenos causados pela doença.
Enfim, graças à ciência se desmistificam não somente os “santos” como também o espiritismo, uma área muito apropriada para os efeitos da epilepsia. E eu, graças à jovem, bela e culta doutora Mitiko, chego à conclusão de que somente pessoas inteligentes e sem epilepsia podem se dar ao luxo de dispensar deuses, espíritos e religiões. Tudo isso se soma à conclusão do doutor Richard Lynn, professor emérito e chefe do Departamento de Psicologia da universidade de Ulster, de que somente pessoas de QI mais alto tendem a questionar a existência de Deus.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

COLUNA DO PAULO WAINBERG

ATENÇÃO! PAULO WAINBERG ESTARÁ AUTOGRAFANDO NA FEIRA DO LIVRO AMANHÃ, ÀS 19,30!


POR TODA A SUA VIDA
Paulo Wainberg



Muito tempo depois de tudo terminado ele conseguiu enfrentar os dias fingindo que ela não existia. Conseguiu tirar da cabeça a premência constante em vê-la, de estar com ela, ouvir sua voz e dedicar-lhe a imensa paixão que guardava escondida e que justificara sua vida.
Com esforço, remédios e tratamento, recuperou o equilíbrio e a lucidez, aceitando finalmente que a vida não seria vivida com ela e, mesmo assim, merecia continuar. Aprendeu a valorizar o que tinha e sublimar o que não era possível ter. Chegou a ter grandes alegrias, satisfações e prazeres e, em muitos momentos, até mesmo duvidar que, algum dia, tivesse amado tanto.
Entretanto duas coisas teimavam em traí-lo e faziam recrudescer o amor e, nesses momentos, o amor parecia inesgotável.
Quando alguma dessas coisas acontecia, ou ambas, ele se via novamente prisioneiro da paixão e emergia em funda melancolia, a vida perdia a graça e só lhe ficava um imponderável desejo de chorar.
Durante horas, sem forças para reagir, a tragédia de seu amor provocava pensamentos desencontrados afetava-lhe o raciocínio e sentimentos conflitantes fulminavam suas emoções.
Lembranças, recordações, fantasias, desejos a flor da pele, ímpetos mal contidos de procurar por ela, falar-lhe nem que fosse ao telefone, só para ouvir a voz amada, mesmo que a voz amada nada dissesse e, se algo dizia, era como se nada jamais tivesse acontecido. Controlava o impulso mas algumas vezes sucumbia, atrás da conhecida emoção de ouvir-lhe voz, mesmo indiferente e corriqueira que lhe respondia do outro lado da linha.
O que ele desejava era um indício, uma tonalidade, uma palavra a dizer-lhe que ainda era recíproca a paixão, que o tempo não a desfizera em pó e que de algum jeito, mínimo que fosse, ele era ainda importante na vida dela.
Em vão.
Sempre que não resistiu e tentou obter alguma resposta, encontrou nela a firmeza impiedosa de quem não queria mais falar no assunto.
Ele morria.
Passadas as horas ele reunia suas últimas reservas e saia do estado catatônico, retomando a realidade e pondo a vida para frente até aprumar-se e até que uma das duas coisas acontecesse de novo.
A primeira coisa que gerava a confusão era quando, por acaso, encontrava com ela ou a via em algum lugar. Tinha direcionado sua vida para evitar esses encontros, sabendo o sofrimento que lhe causavam. Entretanto em algumas ocasiões era inevitável embora ele evitasse tanto quanto é possível evitar.
Bastava olhar para ela que perdia o jeito, ficava nervoso, gaguejava e era possuído de monumental ansiedade a ponto de faltar-lhe o ar.
Quando, eventualmente, era forçado a um cumprimento direto o mundo sumia sob seus pés. Sentia-se dentro de uma fogueira, o fogo dissolvendo cada pedaço de pele e osso e não imaginava onde conseguia forças para não abraçá-la ou para soltar sua mão, uma das partes dela que mais amava sentir.
Mas sempre conseguia, sempre consegue, amparado em sabe-se lá qual senso, qual instinto de defesa. De uma coisa ele tinha certeza e talvez fosse este o suporte maior que lhe assegurava um mínimo de comportamento quando se via diante dela: morria à simples idéia de fazê-la sofrer, de causar-lhe constrangimento ou qualquer mal estar.
Porque ela, como acontece nas vidas, por isto ou por aquilo, tinha par. Ás vezes um, às vezes outro, mas sempre tinha par.
E ele também.
Como declarar-se a ela apaixonadamente diante de pares assim presentes sem causar um buchincho, um banzé, o maior rolo?
E ele então controlava o ímpeto com o coração partido e corroído em ácido sulfúrico, secando com a mão as bagas de suor, fingindo um ataque de tosse e escapulindo rapidamente.
E de antemão sabendo que as próximas horas seriam de profunda catatonia amorosa, de certezas e dúvidas, teria o olhar dela dito alguma coisa? Teria ela deixado a mão na sua um pouco mais de tempo? Teria ela procurado o olhar dele e nele permanecido um tantinho a mais?
O outro fato que provocava o fenômeno era os sonhos. Ele sonhava muito e, quando acordava, lembrava dos sonhos. Sonhos com enredo, começo, meio e fim, personagens variados, cenários diferentes e tudo a cores. E na maioria desses sonhos ela era a personagem principal.
Nos sonhos a única constante era o enorme amor dele por ela. As variações iam desde a rejeição explícita, por parte dela, até os sentimentos de ciúmes mais devastadores ou a deliciosa correspondência dela ao amor dele.
Os sonhos eram vividos por ele com tanta intensidade que pareciam mais reais do que a própria realidade.
Numa noite ele sonhou que estava numa sala e ela estava sentada no sofá. Ele se aproximou, sentou-se e a abraçou. E foi tão bom aquele abraço, tão emocionante e rico que ele despertou, em plena madrugada, virando-se na cama e abraçando o travesseiro.
O vazio imediato foi aniquilante ao perceber que abraçava o travesseiro e que tamanha emoção não passara de um sonho.
E não conseguiu mais dormir, envolvido por mil sensações, lutando para não pensar nela mas, delicadamente, deixando-se envolver pela doce emoção do sonho que tivera, revivendo os momentos sublimes em que esteve mais uma vez nos braços de sua amada.
Os anos passaram e foram vividos por ele como se a vida fosse a famosa canção de Vinícius de Moraes.
E por toda a eternidade, enquanto viveu, acalentou o sonho de, um dia, finalmente estar com ela.