A DEMOCRACIA É DEFINIDA COM CIFRÕES?
Se lhes
perguntarem o nome da quarta letra do alfabeto grego, os senhores Lira, Pacheco
e os ministros do STF certamente ficarão encabulados, quando seu silêncio
confessar por eles que sua cultura não vai a tanto. E se nem eles sabem, o que
se poderá dizer do Lula?
Certamente,
é por ignorarem o grego que eles misturam alhos com bugalhos, quando chamados a
exercer seus deveres dentro de um regime democrático. Eles não sabem que a
quarta letra do alfabeto grego se denomina delta, tem uma forma de triângulo no
modo maiúsculo, e com ela se inicia o substantivo a que eles recorrem, em
qualquer papo: democracia.
Ora,
tudo o que tem acontecido de ruim neste país ultimamente, só pode ter esse
motivo: os poderosos não conhecem grego. Eles não sabem que a democracia foi
fundada pelos gregos, exatamente para combater privilégios e tornar a todos
iguais. Então, por isso, é de se relevar muita coisa, se levando em conta o
tamanho da cultura deles.
Mas,
se não conhecem grego, deveriam pelo menos conhecer a Constituição Federal, que
escreve no seu artigo 1º: “A República Federativa do Brasil... constitui-se em
Estado Democrático de Direito...” E, entre os valores sobre os quais se assenta
esse regime democrático, o referido dispositivo constitucional enumera “a
cidadania”, antes de dizer que “todo o poder emana do povo que o exerce por
meio de representantes eleitos ou diretamente...”
Sim,
senhores. A Constituição Federal não começa com a Câmara de Deputados, com o
Senado, com a Presidência da República e, muito menos, com o Poder Judiciário.
Ela começa com a “cidadania” e com o “povo”, sem os quais não haveria essa República
Federativa constituída em Estado Democrático de Direito, porque o povo é seu
alicerce, sua única razão de ser.
Os
congressistas, deputados e senadores, bem como o presidente da República são
apenas mandatários do povo. É em nome do povo que eles devem exercer o poder.
O
mandatário só deve se limitar à vontade do mandante. Mas, o que se tem visto,
não é isso. Deputados, senadores, presidente da República, e o próprio Poder
Judiciário, que nem representante do povo é, querem se tornar “tutores” do
povo, como se o poder lhes pertencesse.
O PL
da Censura é um caso típico da usurpação do poder do povo. As redes sociais são
um autêntico instrumento de exercício da cidadania, a voz do povo, seu único
canal de comunicação.
Mas,
no dia designado para suprimir esse direito, o presidente da Câmara não sentiu
firmeza. Adiou a votação e correu lépido para Lula em busca de negociação:
abrir o cofre, distribuir verbas e cargos em troca de votos.
Essa
é a “democracia” que Lira, Pacheco, Lula e o Poder Judiciário querem defender? Calar o povo, amordaçá-lo, suprimir-lhe o
direito de levantar a voz contra as imoralidades praticadas na administração
pública?
Ao
que tudo indica, essa é, sim, a “democracia” que se quer impor no país: uma
democracia sem povo, mas com cifrões.