VOCÊ CONHECE O EDNALDO?
Não. Não o conhece. Só o conhecem
pessoas importantes, tipo Gilmar Mendes. Mas, você não passa de simples pagador
de impostos, subespécie que fica na linha de baixo do estrato social deles.
Mas, se você faz questão de
conhecê-lo, a redação de O Sul transcreveu o retrato de Ednaldo Rodrigues, fornecido
por um cartola metido a antropólogo social, mas que não quis se identificar:
“Ednaldo é uma pessoa que está sempre no lugar certo e na hora certa. É o cara
que ninguém dá nada, porque tem uma personalidade amorfa, é aquele que não se
destaca, mas também não é um Zé Ninguém. É uma pessoa daquelas sem expressão,
que as circunstâncias, certas vezes, fazem o futebol precisar”.
Há momentos em que o futebol deixa de
ser simplesmente esporte, para se tornar novela, ou incitante dramalhão de
baixo quilate, que oferece assunto até para cronista que não é da seita dos
“esportivos”.
Nem todo mundo se interessa por
futebol, ou perde saliva expedindo comentários sobre aqueles sujeitos cuja
profissão consiste em correr atrás de uma bola de couro, para garantir o pão da
filharada, para ficar rico e famoso, se juntar com mulherões que todo mundo
cobiça, ou simplesmente por nada, apenas para se divertir em fins de semana com
amigos e encher a cara com cerveja.
Mas há uma considerável parcela de
aficionados, cujo bumbum esfregado no concreto garante orçamentos
estratosféricos para o luxo, a fama e a riqueza de uma minoria. Com sua força, a
paixão futebolística cria tentáculos, favorecendo outros ramos de atividade,
tais como a indústria e o comércio, que produzem “marcas”, e empresas de
comunicação que desemprenham ídolos.
Em suma: poucos são os que escapam
dos raios dessa paixão. Mas, mesmo que o consigam, aqui no Rio Grande do Sul,
por exemplo, certamente não escaparão da pergunta sobre suas preferências, se
são gremistas ou colorados, como se isso fosse um requisito de cidadania.
Nos últimos dias, a pauta
jornalística principal, que era a eleição do novo papa, acabou na arena
esportiva. E sabem quem mudou a pauta, assim de uma hora para a outra?
Exatamente, o sujeito aquele da “personalidade
amorfa”. Tudo porque o futebol estava “precisando” de uma “circunstância” que
estava a exigir a “figura sem expressão” do Ednaldo. Ele contratou o italiano
Carlo Ancelotti, um treinador famoso, para comandar a seleção brasileira.
Mas, Ednaldo que, por conta dos
saberes jurídicos do Gilmar Mendes, se nutria com os ovos de ouro da galinha CBF,
foi defenestrado do galinheiro por ordem da Justiça carioca. Noticia-se que a
CBF pagou dez milhões a um advogado, para entregar sua escola de Gestões ao
IGP, do qual é sócio Gilmar Mendes. Pelo contrato o IGP fica com 84% do
faturamento, repassando 16% à CBF.
O ministro, embora colha dividendos
como sócio, nega conflito de interesses que o impeça de julgar a favor do
Ednaldo.
Agora vocês sabem quem é Ednaldo: um
sujeito “sem expressão”, que é capaz de produzir redomas à prova de
imoralidade...
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