segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

 

GOLPISTAS


Guerra é guerra”- dizia respeitável freirinha, já entrada em anos, percebendo a reação das freirinhas jovens apavoradas, quando viram soldados invadindo o convento, movidos pela animalidade sexual a que tinham sido obrigados a renunciar, em razão dos intensos e intermináveis combates, durante uma das muitas guerras da história da humanidade. Ao contrário dos soldados, privados do prazer da carne a que estavam acostumados, a vivida freirinha era ainda virgem, tal como nascera.

Sim, guerra é guerra, e é possível que também os generais, os brigadeiros e os almirantes brasileiros de hoje, tenham alguma noção disso através da história, ou porque conheçam a anedota da freirinha velha e virgem. A última guerra de que participou o Brasil terminou em 1945. Dificilmente ainda estará vivo, e plenamente consciente dos horrores da guerra, algum bravo soldado que nela tenha lutado. Sim, o adjetivo é propositado: bravo. Não há outra circunstância através da qual se possa apurar a bravura de um soldado, senão a guerra. Fora disso, a menos que seja um bombeiro ou pertença à polícia militar, não existe soldado para quem se ofereça a oportunidade de mostrar bravura.

Os militares brasileiros do exército, da marinha e da aeronáutica, hoje, estão na caserna e nem pensam em guerra, porque, por enquanto, não há guerra à vista, nem por sonhos. A única guerra de que eles têm notícia, por jornal, televisão, ou redes sociais, certamente, é a da Rússia contra a Ucrânia, onde se salientam, por sua bravura, especialmente os soldados ucranianos.

Os comandantes brasileiros de hoje estão de olho, mesmo, é na Constituição. Deus os livre da mínima desobediência à Constituição. Quem manda na Constituição é o STF, que pode fazer dela gato e sapato. E como, por ordem desse mesmo STF, não compete às Forças Armadas a missão de interpretar a dita Constituição, a elas nada mais resta senão passar o tempo na caserna, esperando que o tempo passe…

A partir do momento em que o Brasil foi dividido entre corruptos e não corrompidos, criou-se um clima de guerra. E aí, como muita gente pensa igual à velha freirinha, acharam que esse som de “guerra é guerra” chegaria aos ouvidos das Forças Armadas. Acamparam na frente dos quartéis à espera de carros de combate, fuzis e metralhadoras nas ruas, em cenas diferentes daquelas trazidas nos noticiários, em que fuzis e metralhadoras só aparecem nas mãos dos assaltantes. Queriam “intervenção militar”, para evitar que as Forças Armadas tivessem como seu comandante supremo um ex-torneiro mecânico condenado por corrução, em três instâncias judiciais. Mas não tiveram êxito. Então, surgiram depredações nos prédios do três Poderes.

Essa pobre gente foi enganada por sua falsas esperanças e pelo desconhecimento de que “o amor febril” deixou de rimar com “Brasil” para rimar com “Constituição”. Resultado: mais de mil pessoas, acusadas de atos democráticos, foram presas por ordem de um senhor chamado Alexandre. E, para deflorar o patriotismo desse povo, que “a esperança já não alcança”, a imprensa lulista lhe impinge o desprezível epíteto de “golpistas”.


terça-feira, 10 de janeiro de 2023

 

E NA HORA DA MORTE...

Joseph Aloisius Ratzinger, que adotou o nome de Bento XVI como papa, foi duramente criticado e acoimado de omisso, na repugnante questão da pedofilia praticada por padres e religiosos. São, por assim dizer, inúmeros os casos em que os abusos sexuais de padres e religiosos contra crianças e adolescentes passaram em branco aos olhos da Igreja. Mas, se pode mencionar alguns.

Por exemplo, o caso do padre mexicano Marcial Maciel, fundador da Congregação dos Legionários de Cristo. Essa entidade foi fundada pelo referido religioso, com o alegado objetivo de aproximar os mais jovens do “ministério da Igreja”. Mas, seja porque a ocasião faz o ladrão, ou seja porque “o espírito está preparado, mas a carne é fraca”, a tal congregação se transformou em alcova de concupiscência, onde 175 menores, foram usados como objeto sexual do padre Marcial Maciel.

Os abusos foram reconhecidos como criminosos pelas próprias autoridades eclesiásticas locais, mas Bento XVI o aposentou, impondo-lhe a pena de “penitência e oração”. Não há informações sobre a reabilitação do criminoso sacerdote, em cuja folha corrida sexual consta a paternidade de, pelo menos, quatro filhos, com mulheres diferentes. Mas, seja como for, se “penitência e oração” tivessem alguma força para bloquear as funções biológicas do animal e lhe despertar a consciência do mal, elas deveriam ter sido empregadas muito tempo antes dos atos criminosos.

As críticas voltadas contra Joseph Ratzinger se sustentam, sobretudo, nas funções eclesiásticas que ele exercia: a de superior da Congregação para a Doutrina da Fé. Essa entidade outra coisa não é, senão a sucessora da “Suprema e Sacra Congregação da Inquisição Universal”, de conhecidíssima história como ditadura eclesiástica, que se arvorava em dona da vida e da morte dos seres humanos.

O menino Joseph Aloisius nasceu e foi criado num tempo em que mãe era só mãe, como em toda a raça animal. A ela incumbia o sacerdócio da educação, a preparação do filho para a convivência social, a ministração dos valores responsáveis pela dignidade humana, enquanto ao pai, na condição de reprodutor, cabia o papel de provedor da família. Extremamente católica, ela incutia nos filhos, como dogma, a concepção de que não há razão maior do que a fé na Igreja e suas divindades.

Com base nesses ensinamentos, dotado de rara inteligência que era, Joseph Aloisius, se tornou um dos mestres mais respeitáveis em teologia. E foi então dominado pela crença de que a Igreja é uma instituição divina, que ele a colocou acima de quaisquer outros valores. A honra da Igreja, para ele, não permitia que “as portas do inferno prevalecessem contra ela”. Resultado: o problema das vítimas de abusos sexuais era delas, e não da Igreja.

Enquanto tinha saúde, vivacidade, e inteligência movida a teologia, ele viveu em paz. Mas, na hora da morte, de certo o moveu o temor de não ser recebido no paraíso. Foi provavelmente avisado pela consciência sobre o descumprimento da regra de “amar ao próximo”, que pronunciou suas últimas e flébeis palavras: “Deus, eu te amo”


terça-feira, 3 de janeiro de 2023

 

UM PAÍS PARTILHADO


Assumiu o inventariante do Brasil, depois de chorar no velório. Antes mesmo de tomar posse no cargo, acolitado por Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowsky, ele já havia feito a partilha do país entre os pobres e a companheirada.

Foi movido pela ideia de governar para os pobres, que Lula assumiu o poder. Mas, precisava brindar a companheirada com bilionários cargos no poder, para obter, em troca, os votos favoráveis à execução de sua solene ideia. Então, nada mais fácil: inchar a administração com trinta e sete ministérios. Com menos do que isso, não satisfaria os companheiros, nem teria cacife suficiente para atrair, só com seu gogó pegajoso, a direção dos partidos. Esses só são movidos pela ambição do poder, só sabem estender a mão para pegar os vinténs que lhes garantem tal ambição. A única regra por eles conhecida é a do “toma lá e dá cá”.

Qualificação, competência, conhecimento da causa são circunstâncias que menos contam na escolha da ministros. Nem a necessidade da criação de novos cargos é considerada. O que importa é ter dinheiro garantido pelo STF e pelos acordos políticos. E a conta, todo mundo sabe, vai parar no bolso do contribuinte.

Sim,senhores, na partilha do país só ficaram de fora os cidadãos que trabalham e os que criam empregos. Ficaram de fora os que dão vida ao país, os que pagam impostos para sustentar a quem não trabalha e as mordomias dos políticos e de outros altos funcionários a quem é conferido o privilégio de ter quem trabalhe por eles.

Na radiografia de um governo que não tem critérios específicos para compor a administração do país, mas apenas critérios políticos, movidos a interesses pessoais e de grupos, o que aparece com mais nitidez é a incompetência. É um governo que sepulta talentos e capacidades, porque a ambição pelo poder é mais forte. Não é o talento que conta, mas a fraqueza de se dobrar às ideias do inventariante.

Qualquer pessoa com conhecimentos mínimos de administração sabe que não se alcançam objetivos sem investimentos. Não é distribuindo verbas para os ornamentos dessa confraria chamada Congresso, que se governa um país. Todo o mundo sabe que tais verbas são empregadas no patrocínio de festas populares, de clubes de futebol, em qualquer coisa que divirta o povão. Só exatamente quem passa fome, fica de fora dessas atividades lúdicas.

Está escrito na Constituição, que o Brasil é uma república federativa e não uma associação de irmãs de caridade. É verdade que “erradicar a pobreza” é um dos “objetivos fundamentais” dessa república. Mas, sabendo que não se combate a pobreza sem investimento, o constituinte deixou de lado a pieguice para estabelecer “os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa”, na ordem dos “princípios fundamentais”.

Sim, é incentivando a indústria, o comércio, as atividades agrícolas e pastoris, com o fomento de obras públicas, que se respeitam os mencionados “princípios fundamentais”, valorizando o trabalho. Só dessa forma se cria instrumentos e se abre caminhos para a“erradicação da pobreza”.