E NA HORA DA MORTE...
Joseph Aloisius Ratzinger, que adotou o nome de Bento XVI como papa, foi duramente criticado e acoimado de omisso, na repugnante questão da pedofilia praticada por padres e religiosos. São, por assim dizer, inúmeros os casos em que os abusos sexuais de padres e religiosos contra crianças e adolescentes passaram em branco aos olhos da Igreja. Mas, se pode mencionar alguns.
Por exemplo, o caso do padre mexicano Marcial Maciel, fundador da Congregação dos Legionários de Cristo. Essa entidade foi fundada pelo referido religioso, com o alegado objetivo de aproximar os mais jovens do “ministério da Igreja”. Mas, seja porque a ocasião faz o ladrão, ou seja porque “o espírito está preparado, mas a carne é fraca”, a tal congregação se transformou em alcova de concupiscência, onde 175 menores, foram usados como objeto sexual do padre Marcial Maciel.
Os abusos foram reconhecidos como criminosos pelas próprias autoridades eclesiásticas locais, mas Bento XVI o aposentou, impondo-lhe a pena de “penitência e oração”. Não há informações sobre a reabilitação do criminoso sacerdote, em cuja folha corrida sexual consta a paternidade de, pelo menos, quatro filhos, com mulheres diferentes. Mas, seja como for, se “penitência e oração” tivessem alguma força para bloquear as funções biológicas do animal e lhe despertar a consciência do mal, elas deveriam ter sido empregadas muito tempo antes dos atos criminosos.
As críticas voltadas contra Joseph Ratzinger se sustentam, sobretudo, nas funções eclesiásticas que ele exercia: a de superior da Congregação para a Doutrina da Fé. Essa entidade outra coisa não é, senão a sucessora da “Suprema e Sacra Congregação da Inquisição Universal”, de conhecidíssima história como ditadura eclesiástica, que se arvorava em dona da vida e da morte dos seres humanos.
O menino Joseph Aloisius nasceu e foi criado num tempo em que mãe era só mãe, como em toda a raça animal. A ela incumbia o sacerdócio da educação, a preparação do filho para a convivência social, a ministração dos valores responsáveis pela dignidade humana, enquanto ao pai, na condição de reprodutor, cabia o papel de provedor da família. Extremamente católica, ela incutia nos filhos, como dogma, a concepção de que não há razão maior do que a fé na Igreja e suas divindades.
Com base nesses ensinamentos, dotado de rara inteligência que era, Joseph Aloisius, se tornou um dos mestres mais respeitáveis em teologia. E foi então dominado pela crença de que a Igreja é uma instituição divina, que ele a colocou acima de quaisquer outros valores. A honra da Igreja, para ele, não permitia que “as portas do inferno prevalecessem contra ela”. Resultado: o problema das vítimas de abusos sexuais era delas, e não da Igreja.
Enquanto tinha saúde, vivacidade, e inteligência movida a teologia, ele viveu em paz. Mas, na hora da morte, de certo o moveu o temor de não ser recebido no paraíso. Foi provavelmente avisado pela consciência sobre o descumprimento da regra de “amar ao próximo”, que pronunciou suas últimas e flébeis palavras: “Deus, eu te amo”
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