quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

 

A IGUALDADE DOS SEXOS

No longo curso de sua evolução, o homem inventou a filosofia para divagar sobre si mesmo. Aristóteles e muitos outros depois dele se entregaram à tarefa de pensar sobre o bípede falante, procurando desnudá-lo sob vários prismas, surfando em elucubrações. Mas nenhum deles conseguiu o que conseguiu o homem moderno, desmascarando a humanidade através do silício puro, extraído da areia: o chip.

Sim, o chip movimenta o mundo hoje, com sua capacidade de varar o presente e o passado, sem precisar viajar na maionese. Graças ao chip, a internet, no atual estágio do planeta terra, serve como uma imensa vitrine, a vitrine mundial onde o homem se expõe tal qual ele é. Personagem de notícias que, em instantes, atravessam o referido planeta, do polo norte ao polo sul, o animal humano se apresenta como matéria de análise, sem muitas perquirições, expondo atitudes que vão do sublime ao ridículo.

Ressalvadas respeitáveis subdivisões, a maior divisão dos seres humanos é a que os distingue entre salafrários e bobos. Dessa divisão nos dão conta, não os blablabás de Aristóteles, Descartes e centenas de outros chatos, mas os noticiários dos meios de comunicação e os espelhos individuais do Instagram, do Facebook, etc. usados por milhões ou bilhões de pessoas.

Os salafrários criam: criam safadezas. Os bobos só copiam, não criam nada, porque vão na onda dos outros. Eles só fazem o que os outros bobos também fazem, porque acreditam em tudo o que veem e que ouvem

Os salafrários descobriram essa vitrine universal, onde as criaturas se expõem. Eles ficam de olho, para escolher a dedo os bobos. Começaram com novelas dramáticas, onde se ouviam berros de filhos, pedindo socorro financeiro aos pais, para resgatá-lo das mãos de assaltantes. Depois, com as gatinhas, que apareciam metidas em shortinhos apertadíssimos, pedindo amizade com cavalheiros em idade avançada. Agora, a pesca é utilizada no site de namoros.

A mais recente safadeza noticiada, tem como personagem uma senhora de Caxias do Sul, que procurou a reportagem de um jornal para contar sua história. A referida madame se coloca nas manchetes como vítima de um “golpe”que lhe levou 100 mil reais.

Uma senhora com conta bancária tão gorda, para mocinha não serve. O mais provável é que seja uma pessoa já levada, há muito tempo, para além adolescência, mas ainda sedenta por namoro. Na internet ela encontrou um jovem de 27 anos, com o qual encetou um romance sujeito a chuvas e trovoadas, entre tapas e beijos: brigaram e voltaram a se namorar, brigaram de novo e retomaram a relação. E durante as boas safras desse amor, o namorado foi levando o dinheiro dela.

Agora a distinta madame se queixa de “golpe”, porque ficou privada dos serviços de cama e travesseiro prestados por um gatão de 27 anos.

O galã já está respondendo perante a polícia, por outros namoros movidos a cifrão. Só a queixosa não sabe que, na igualdade de sexos, tão desejada pelas mulheres, pegou carona a mais antiga profissão do mundo.


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