segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

 

FAMA


Quem não quer fazer parte do espetáculo, fica só na arquibancada desse estádio chamado Planeta Terra, analisando os personagens das tragédias e comédias, entremeadas de atos ridículos, que são apresentadas todos os dias. Isso, enquanto o acaso não destinar ao distinto público assistente um papel digno de despertar horror ou imensas gargalhadas.

Nesse picadeiro de um tamanho incomensurável nos dias de hoje, já não há mais leões devorando as pessoas, como em outros tempos. Os personagens são apenas as criaturas humanas. Mas, umas devorando as outras, por um motivo muito simples, explicado por uns poucos sociólogos: o predador do homem é o próprio homem. Claro, além de ser ele o predador de um número quase infinito de outros animais.

Antigamente, só se tinha notícia dessas coisas através dos jornais, dos rádios e, mais tarde, através da televisão. Hoje temos presença virtual nesses espetáculos, em que muitas vezes o ridículo nos arranca mais gargalhadas do que as comédias.

Por exemplo, o ridículo dessa coisa chamada “fama”. A impressão que se tem é de que a fama, a celebridade, são espalhadas pelo mundo como se fosse um benefício para a espécie animal humana.

Tem gente que já nasce célebre, famoso. Antes mesmo de se libertarem do útero materno, já são notícia mundial, porque a mãe deles, senão é rainha é uma princesa da Inglaterra. Mas são célebres porque o povão lhes dá uma inexplicável atenção. Se não fosse a caretice do povo, ninguém seria célebre, nem famoso.

Na mesma linha de fama da rainha, do rei da Inglaterra e dos filhos deles, até para as amantes do rei ou dos príncipes sobra alguma parte.

O papa, seja ele quem for – pode ser até argentino – se torna famoso por ser papa, como se isso alterasse alguma coisa na rotina da espécie humana. E entre o povo que se aglomera na praça de São Pedro para ver o papa, e aquele ricaço fora da casinha, que arrematou um vestido da falecida princesa Diana por seiscentos mil dólares, não há diferença.

E, por aí vai. Cantores, gente de cinema, de novela da televisão, jogadores de futebol... Alguns, despreparados para a fama, principalmente entre os jogadores de futebol, não sabem o que fazer com ela, e acabam fazendo bobagem. O tal de Daniel Alves é um bom exemplo de como fazer asneiras por causa da fama. Botou sua fama em cima de uma caçadora de homem, frequentadora de boate. Traiu sua mulher, uma bela modelo, com quem qualquer homem gostaria de brincar de papai e mamãe. Mas se deu mal, porque a caçadora o denunciou e o processo caiu nas mãos de uma desconhecida juíza. Essa, é claro, não desperdiçaria a oportunidade de aparecer na imprensa do mundo inteiro. Mandou prender o famoso, que agora pode se dar por muito feliz, se levar da corneada um formidável pontapé no traseiro, ao invés de uns pares de guampa.


A fama tem preço: a perda da liberdade de viver, sem precisar dar conta para ninguém.


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