Não fosse a saliva do padre nos olhos delas e o sal em suas
boquinhas ainda sem dentes, as trezentas mil crianças submetidas a vilipêndios
sexuais por religiosos, entre 1950 e 2020 na França, poupar-se-iam daqueles
males, pois não seriam cristãs.
Salvo raríssimas exceções, foi da mãe que elas ouviram, pela
primeira vez, a palavra “Deus”. Graças
ao carinho e à dedicação maternos, tal palavra e os respectivos
consectários acabaram criando fundas raízes em seus comandos cerebrais.
Mal sabiam as mães que estavam tecendo armadilhas para seus filhos.
Elas acreditavam numa divindade poderosa, onipotente, onipresente, justa e
misericordiosa. Jamais lhes passaria pela cabeça que essa entidade divina
caísse no descuido de botar bandidos mascarados de santos a seu serviço. E a
essas perversas criaturas as mães confiaram os frutos amados de seus ventres,
porque queriam o melhor para eles: uma fé genetriz de virtudes.
Mas as crianças, atraídas pela esperança na vida eterna, acabaram
caindo na armadilha da fé. Mal sabiam
que assim, protegidas pelo tênue véu da inocência, eram exatamente a presa
desejada por homens que haviam jurado castidade, segundo os ritos da Igreja de
Roma.
Não é segredo que alta hierarquia da Igreja Católica sempre tratou
de esconder os abomináveis crimes . Para ela, mais importante é a aparência de
entidade divina em que se arvora. Paga bilionárias indenizações, condicionadas
ao silêncio das vítimas, mas remove os criminosos, que vão praticar as mesmas
atrocidades em outras paróquias ou dioceses.
Não existe vida sem sexo, nem sexo sem vida. Mas essa regra
fundamental da natureza é desprezada pela Igreja, para manter um insustentável
celibato eclesiástico, que é a causa primeira desses crimes contra inocentes.
Os safados sabem que, cantando a “mulher
do próximo” arriscam a pele, e se a desejada for uma serigaita, ela vai espalhar
na paróquia: “dei pro padre”. Mas a criança, por timidez, silenciará.
Para a Igreja o que vale é o boneco de barro da mitologia
judaico-cristã. Contraditoriamente, ela despreza os versículos 18, do capítulo
2 do Gênesis, “não é bom que o homem esteja só”, e 28 do capítulo 1:
“frutificai e multiplicai-vos”...
Em suma, nem aquilo que Deus “achou muito bom” (Gen.1:31) a Igreja
acha.
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