QUEREM A VERDADE?
Em editorial do dia 22 último,
atribuindo a Bolsonaro “meias-verdades e mentiras completas” ao discursar na
ONU,
o jornal Estadão diz, entre outras coisas, que “Bolsonaro
desrespeita a Constituição praticamente desde que tomou posse”.
A verdade é que o presidente está interpretando o sentido do artigo 2º da referida Constituição,
segundo as regras do vernáculo: “são poderes da União, independentes e
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
A redação desse artigo não tem teor imperativo. Dela decorre
simplesmente uma afirmação. Não é uma ordem; ela não exige terminantemente a
“independência” e a “harmonia”. Se os constituintes pretendiam impor alguma
coisa através desse artigo, erraram, porque não conhecem o vernáculo. Os
adjetivos “independentes e harmônicos”, predicados nominais, apenas se prestam
para dar qualidade ao sujeito “poderes”. O emprego do verbo no presente do modo
indicativo é descomprometido com qualquer ordem. O mandamento, a ordem, a
imposição exigem o modo imperativo ou, em teor mais ameno, o futuro. Jamais o
presente.
A “independência” decorre das atribuições que a Constituição
confere a cada um poder. E a “harmonia” é um corolário disso. Se cada um dos
poderes faz o que lhe compete, a harmonia tem sua presença garantida. Mas, se
um avança na seara do outro, vira bagunça institucional. Aí se vai o boi com a
corda e com a harmonia.
A bagunça foi desatada pelo STF. Se a “independência”, fosse
imperativa, a Corte Judiciária teria respeitado a competência do Executivo,
deixando-o nomear seus ministros. Mas, não. Na mão grande, chamada de “decisão
monocrática”, Alexandre de Moraes, impediu a posse de um ministro da Justiça.
Alguns entenderam como aceno do STF para melar o governo Bolsonaro.
Desde então, partidos derrotados nas urnas começaram a fazer
do STF um prolongamento da bancada oposicionista. Poucos foram os atos de
competência do Executivo que não precisaram do carimbo da Justiça para valer.
Até uma CPI lhe meteram goela abaixo. Essa é a intromissão vedada pela
Constituição, a que tira a “independência” de algum dos poderes.
A verdade aí está. Uma verdade que o jornal Estado de São
Paulo nunca publicou em suas páginas.
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