SUBSTÂNCIA NA CPI?
Pessoas de certo nível intelectual, ou pessoas
que não tenham tempo a perder com conversa fiada, porque precisam trabalhar
para pagar os impostos que sustentam a boa vida de senadores e deputados,
jamais iriam se aboletar à frente da TV para assistir a sessões de CPI do
congresso nacional, ou para olhar os paspalhões da TV Globo lendo notícias
adredemente selecionadas para domar burros.
Mas, há profissionais, os jornalistas. Esses precisam engolir aquelas
cenas, para transformá-las em notícias ou para usá-las como comentário.
A “Coluna do Estadão” do dia
28 de setembro cita um certo Roberto Podva que, segundo ela, é um criminalista
“fora da política” e “vê substância na CPI”.
O colunista não diz a qual CPI
se refere. Mas supõe-se, por falar em “vacinas”, que se trate da Comissão
Parlamentar de Inquérito do Barroso. Por que Barroso? Ah, não se lembram?
Barroso. Assim é conhecido o
ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso. Pois sua excelência,
atendendo a pedido de partidos políticos opositores de Jair Bolsonaro,
determinou ao presidente do Senado, em decisão individual, a instalação de uma
CPI para averiguar fatos ligados à pandemia do Covid, ou coisa que o valha. Em
razão do tema, essa CPI é conhecida também como “CPI do Covid”.
No dia 29 foi ouvido na tal
CPI o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan. Dessa vez tocou ao
jornalista Cláudio Humberto comentar: “Chamado de ‘bobo da corte’, Luciano Hang
acabou demonstrando, em 5 horas de interrogatório, que nada tem de bobo. Ao
contrário. Aproveitou para fazer propaganda gratuita de suas lojas Havan, nas
emissoras que transmitiam ao vivo a sessão da CPI, e ainda contou sua história
de filho de operários, que prosperou até comprar a fábrica onde os pais trabalharam
por 40 anos”.
Sim, senhores, o relator da
famigerada CPI, Renan Calheiros, incapaz de produzir florilégios retóricos,
escreveu um discurso para achincalhar um
brasileiro que dá emprego a muita gente e faz girar a roda da economia,
recolhendo os impostos que sustentam as mordomias da classe política.
Ninguém ignora que os
políticos se aproveitam dessas tais de CPI para aparecerem, para se mostrar,
para serem vistos por seus eleitores.
Mas acabam exibindo o lado pior do bicho homem e mostrando que o mau
espetáculo da política vale menos do que as partes íntimas de uma égua. Gente
que, sem preparo, assume o papel de autoridade investigadora, dá nisso.
Depoentes são tratados com menoscabo, vistos como entes de classe inferior,
porque há políticos iguais aos peixes: só são orientados pelo rabo.
Onde o Estadão encontrou um
criminalista que acha “substância” em CPI”, formada por gente que legisla em
causa própria, come, bebe, dorme, se diverte à custa do dinheiro do
contribuinte, não se sabe. Mas, Cláudio Humberto mostrou o retrato de um
brasileiro que só viveu de uma coisa que poucos políticos conhecem, e que leva
milhões de brasileiros ao sacrifício, para pagar a boa vida de deputados,
senadores, ministros do STF, etc.: o trabalho.
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