sábado, 9 de outubro de 2021

 

SUBSTÂNCIA NA CPI?

Pessoas de certo nível intelectual, ou pessoas que não tenham tempo a perder com conversa fiada, porque precisam trabalhar para pagar os impostos que sustentam a boa vida de senadores e deputados, jamais iriam se aboletar à frente da TV para assistir a sessões de CPI do congresso nacional, ou para olhar os paspalhões da TV Globo lendo notícias adredemente selecionadas para domar burros.

Mas, há profissionais, os  jornalistas. Esses precisam engolir aquelas cenas, para transformá-las em notícias ou para usá-las como comentário.

A “Coluna do Estadão” do dia 28 de setembro cita um certo Roberto Podva que, segundo ela, é um criminalista “fora da política” e “vê substância na CPI”.

O colunista não diz a qual CPI se refere. Mas supõe-se, por falar em “vacinas”, que se trate da Comissão Parlamentar de Inquérito do Barroso. Por que Barroso? Ah, não se lembram?

Barroso. Assim é conhecido o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso. Pois sua excelência, atendendo a pedido de partidos políticos opositores de Jair Bolsonaro, determinou ao presidente do Senado, em decisão individual, a instalação de uma CPI para averiguar fatos ligados à pandemia do Covid, ou coisa que o valha. Em razão do tema, essa CPI é conhecida também como “CPI do Covid”. 

No dia 29 foi ouvido na tal CPI o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan. Dessa vez tocou ao jornalista Cláudio Humberto comentar: “Chamado de ‘bobo da corte’, Luciano Hang acabou demonstrando, em 5 horas de interrogatório, que nada tem de bobo. Ao contrário. Aproveitou para fazer propaganda gratuita de suas lojas Havan, nas emissoras que transmitiam ao vivo a sessão da CPI, e ainda contou sua história de filho de operários, que prosperou até comprar a fábrica onde os pais trabalharam por 40 anos”.

Sim, senhores, o relator da famigerada CPI, Renan Calheiros, incapaz de produzir florilégios retóricos, escreveu um discurso para achincalhar  um brasileiro que dá emprego a muita gente e faz girar a roda da economia, recolhendo os impostos que sustentam as mordomias da classe política.

Ninguém ignora que os políticos se aproveitam dessas tais de CPI para aparecerem, para se mostrar, para serem vistos por seus eleitores.  Mas acabam exibindo o lado pior do bicho homem e mostrando que o mau espetáculo da política vale menos do que as partes íntimas de uma égua. Gente que, sem preparo, assume o papel de autoridade investigadora, dá nisso. Depoentes são tratados com menoscabo, vistos como entes de classe inferior, porque há políticos iguais aos peixes: só são orientados pelo rabo.

Onde o Estadão encontrou um criminalista que acha “substância” em CPI”, formada por gente que legisla em causa própria, come, bebe, dorme, se diverte à custa do dinheiro do contribuinte, não se sabe. Mas, Cláudio Humberto mostrou o retrato de um brasileiro que só viveu de uma coisa que poucos políticos conhecem, e que leva milhões de brasileiros ao sacrifício, para pagar a boa vida de deputados, senadores, ministros do STF, etc.: o trabalho.

 

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