quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

 

AS MOÇAS DO FACEBOOK

Elas entram na página do seu facebook, pedindo amizade. São gatíssimas. A maioria com umas carinhas entre a inocência e a safadeza, e um arzinho de quem está no florir da adolescência, mas com gana de descobrir as melhores coisas da vida.

Então, você é engolido pela ternura. Você se sente outro, tomado pelos ardores da mocidade, aquele tempo bom, o  tempo das paixões, daquelas de cortar os pulsos ou prometer amor eterno.

Por momentos você esquece que investiu tudo na maquinaria dessa instituição social chamada casamento. Esquece que tem uma algema no dedo, comprometendo você com a fidelidade que você vai levando, entre guerras e júbilos.

E aí, oh, o seu dedo vai ali onde está escrito “confirmar” . E em segundos recebe a resposta de uma mão lhe abanando. Pronto. Você já é amigo daquela gatinha que lhe pediu amizade.

No máximo, no dia seguinte, aparece um “oi” dela. E você se alegra, se encanta, se entusiasma e responde “oiiiiiiiiiiiii”, assim, com um monte de “is” que retratam seu contentamento. E então começam as conversas. Ela, de cara, já pergunta: “você é casado”? Nesse ponto você se entala na dúvida, sente o drama, porque não está preparado para refutar certos desejos.

À sua resposta, doída, mas sincera, que sim, que você é casado, ela engata outra pergunta: sua mulher não olha o seu face, não fiscaliza sua vida, não fica lhe perguntando mil coisas sobre o que ou para quem você está escrevendo? Aí você se acha bem dono de si para  responder que não, que esperança,  que sua mulher não se mete na sua vida de jeito nenhum.

E assim vai. A cada dia a intimidade entre você e a gatinha do Face se estreita mais. Então ela passa a enviar mensagens pelo Messenger e posta fotos sedutoras, mostrando nacos do seio, a barriguinha sarada. Pede foto sua também, e você não vacila. E ela responde: “você é um gato, um coroa atraente”. E, como retribuição, aparece metida naquele short curtíssimo, apertadinho.

Pronto. Você chegou onde que ela queria: liberado para os galanteios, para os elogios sedutores, você empunha a sua marca de conquistador daqueles velhos tempos, em que nem o mel atraía tanta mosca, quanto sua lábia, as meninas.

A resposta não tarda. Vem a conta, em cifrão que empata com seu investimento na poupança. O prazo para pagamento será de 24 horas, facilitado pelo Pix. Negado o pagamento, sua mulher vai saber de tudo.

Esse é o golpe da moda. O vasamento de dados levou seu perfil ao conhecimento da alta hierarquia das “vítimas da sociedade” trancafiadas nos presídios e amparadas pelos direitos humanos, nos quais você não está incluído.

O que você não sabia é que essa “gata” não passa de um musculoso e tatuado presidiário. Ele dispõe dos dados de muita gente e deles faz uso, através de sua rede de comparsas, no uso e gozo dos “direitos humanos” da madrinha Maria do Rosário e  de outros glúteos flácidos...

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