AS MOÇAS DO FACEBOOK
Elas entram na página do seu
facebook, pedindo amizade. São gatíssimas. A maioria com umas carinhas entre a
inocência e a safadeza, e um arzinho de quem está no florir da adolescência,
mas com gana de descobrir as melhores coisas da vida.
Então, você é engolido pela
ternura. Você se sente outro, tomado pelos ardores da mocidade, aquele tempo
bom, o tempo das paixões, daquelas de
cortar os pulsos ou prometer amor eterno.
Por momentos você esquece que
investiu tudo na maquinaria dessa instituição social chamada casamento. Esquece
que tem uma algema no dedo, comprometendo você com a fidelidade que você vai
levando, entre guerras e júbilos.
E aí, oh, o seu dedo vai ali
onde está escrito “confirmar” . E em segundos recebe a resposta de uma mão lhe
abanando. Pronto. Você já é amigo daquela gatinha que lhe pediu amizade.
No máximo, no dia seguinte,
aparece um “oi” dela. E você se alegra, se encanta, se entusiasma e responde
“oiiiiiiiiiiiii”, assim, com um monte de “is” que retratam seu contentamento. E
então começam as conversas. Ela, de cara, já pergunta: “você é casado”? Nesse
ponto você se entala na dúvida, sente o drama, porque não está preparado para
refutar certos desejos.
À sua resposta, doída, mas
sincera, que sim, que você é casado, ela engata outra pergunta: sua mulher não
olha o seu face, não fiscaliza sua vida, não fica lhe perguntando mil coisas
sobre o que ou para quem você está escrevendo? Aí você se acha bem dono de si
para responder que não, que
esperança, que sua mulher não se mete na
sua vida de jeito nenhum.
E assim vai. A cada dia a
intimidade entre você e a gatinha do Face se estreita mais. Então ela passa a
enviar mensagens pelo Messenger e posta fotos sedutoras, mostrando nacos do
seio, a barriguinha sarada. Pede foto sua também, e você não vacila. E ela
responde: “você é um gato, um coroa atraente”. E, como retribuição, aparece
metida naquele short curtíssimo, apertadinho.
Pronto. Você chegou onde que
ela queria: liberado para os galanteios, para os elogios sedutores, você
empunha a sua marca de conquistador daqueles velhos tempos, em que nem o mel
atraía tanta mosca, quanto sua lábia, as meninas.
A resposta não tarda. Vem a
conta, em cifrão que empata com seu investimento na poupança. O prazo para
pagamento será de 24 horas, facilitado pelo Pix. Negado o pagamento, sua mulher
vai saber de tudo.
Esse é o golpe da moda. O
vasamento de dados levou seu perfil ao conhecimento da alta hierarquia das
“vítimas da sociedade” trancafiadas nos presídios e amparadas pelos direitos
humanos, nos quais você não está incluído.
O que você não sabia é que
essa “gata” não passa de um musculoso e tatuado presidiário. Ele dispõe dos
dados de muita gente e deles faz uso, através de sua rede de comparsas, no uso
e gozo dos “direitos humanos” da madrinha Maria do Rosário e de outros glúteos flácidos...
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