A “OPINIÃO” DA OPOSIÇÃO
Em suas “Notas & Informações”, que outra coisa não são
senão o editorial de terça-feira da
semana passada, o jornal Estado de São Paulo começa dizendo que “o descumprimento
pelo Congresso de decisão judicial sobre a publicidade das emendas de relator é
parte do retrocesso institucional instaurado pelo bolsonarismo.”
Ingenuidade ou
sectarismo? Pergunta boba do cronista, porque todo mundo sabe que o Estadão se
entrega a um esforço de Sansão para bater panelas e fazer barulho junto com a
oposição, contra o governo Bolsonaro. Sim, bater panelas. Mais não lhe resta,
porque lhe falta a isenção jornalística para criticar, e jornalistas com
conhecimento de causa para escrever.
“Engana-se quem pensa que os ataques de Jair Bolsonaro
contra o Supremo e o descumprimento do Congresso de decisão da Corte são
fenômenos independentes. A malemolência do Legislativo em dar plena publicidade
aos dados das emendas de relator é parte do retrocesso institucional instaurado
pelo bolsonarismo. É urgente restaurar o valor do STF – e da lei”, diz o
jornal.
O texto do Estado de São Paulo tem em mira um ato
legislativo. Um ato legislativo vergonhoso, diga-se de passagem, porque esconde
do povo o que os legisladores vão fazer com o dinheiro público. Isso merece,
mais do que críticas, o repúdio nacional. Mas, a manifestação do jornal não
escapa da má qualidade, porque informa mal, intencionalmente. Culpa o
Bolsonaro, como se ele fosse o dono do Legislativo, ou mantivesse lá dentro uma
liderança absoluta. Quem lê o Estadão é testemunha de que lá, volta de meia, se
vem apregoando que Bolsonaro está perdendo o prestígio. Mas agora esse mesmo
jornal lhe concede de graça uma ascendência sobre os legisladores.
Que Bolsonaro não tem papas na língua, e solta o verbo
contra o Supremo a toda hora, todo mundo sabe. Mas quem é que começou a
bagunça? Quem é que começou o desrespeito entre os poderes? Qual foi o poder
que começou a se intrometer nos atos do executivo?
É bom avivar a memória de quem esquece, para bancar o
moralista. Quem começou a bagunça institucional foi o Supremo. Quando Sérgio
Moro deixou o Ministério da Justiça, um ato emanado de Alexandre Moraes cassou
a posse do ministro nomeado por Bolsonaro. Pode isso? Claro que não. A nomeação
de ministros do Poder Executivo é de competência do chefe desse Poder, por
ordem constitucional.
A partir dessa intromissão indevida, a porteira ficou aberta
para o Supremo fazer exatamente o que Constituição lhe proíbe: dizer como e o
quê o Poder Executivo pode fazer. E às parlapatices de Bolsonaro, o STF
responde com ameaças de guri metido a valentão:
“vou te mostrar quem pode mais”.
Sobre esse regime “semipresidencialista”, que o Dias Toffoli
andou alardeando em Portugal, o Estadão
não diz bulhufas.
“É urgente restaurar o valor do STF”. Todo mundo concorda.
Sim, os brasileiros querem provectos e profícuos ministros, que saibam se conduzir com a parcimônia exigida pelo cargo,
e saibam ler a Constituição, atraindo o respeito que um tribunal merece.
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