NA FALTA DE COMPETÊNCIA,
O ARBÍTRIO
João Eichbaum
O aluvião da desgraça,
que o coronavirus fez desabar sobre nós, está mostrando que somos governados
por gente despreparada, que não enxerga um palmo diante do nariz e que, na
falta de competência, usa da arbitrariedade para tirar o pão da boca de quem
precisa trabalhar.
O vírus veio da China, carregando
consigo o desrespeito que o Estado chinês empresta aos direitos humanos. Nunca
os direitos fundamentais, consagrados na Constituição, foram negados tão
escancaradamente, como no rabo desse coronavirus, à conta de uma “emergência”, confundida
com estado de defesa ou de sítio.
Sem comércio, indústria
e grande parte dos serviços funcionando, o que é que acontece? Primeira
resposta, óbvia: restringe-se a área
ocupacional, obsta-se o trabalho, rouba-se do cidadão, que precisa de emprego,
a sua fonte de sustento. Ou seja: nega-se-lhe o direito de viver. Segunda
resposta: nega-se ao empreendedor, o comerciante, o industrialista, o prestador
de serviço, o direito à livre iniciativa.
A paralização da
atividade econômica, imposta por estados e municípios, é arbitrária, insana,
inconsequente. Não passa de um instrumento de terror. É a filosofia macabra que
livra alguns da morte, mas ameaça a muitos com a fome. Fere direitos
individuais e viola um princípio constitucional, sem o qual nem o Estado pode
existir.
É do giro da economia
que nascem o emprego, o consumo, os elementos de que se vale o fisco, para
manter o Estado. Por isso, o artigo 1º, inciso IV, da
Constituição Federal consagra os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa entre os princípios fundamentais da república. Esses princípios
constitucionais são o alicerce da nação.
Atentar contra eles é atentar contra o próprio
Estado.
O artigo 23, inc. II, da Constituição Federal, que
muitos decretos municipais invocam, para engessar a economia, não os autoriza.
Aquele dispositivo impõe um dever para administradores municipais: cuidar da
saúde. Mas, ao invés de cumprirem esse dever, investindo na estrutura dos
serviços de saúde, eles preferem embelezar a cidade, para distrair o povo com
circo.
A chegada
do vírus chinês os surpreendeu de calça na mão e, não sabendo o que fazer,
apelaram, sim, apelaram para ignorância: negam o direito à vida, que provém do
trabalho, gerado pela livre iniciativa. Escondem sua incompetência, afrontando
a Constituição.
O maior modelo
de má gestão, de desperdício do dinheiro público, que se tem neste país, está
no estado do Amazonas. Lá foi construído majestoso estádio de futebol, para
encantar o mundo e deslumbrar os amazonenses. Agora, por conta da pompa, do
luxo, do desperdício no futebol, a pandemia está ceifando vidas: não há
hospitais suficientes, nunca houve sistema de saúde à altura das necessidades.
Estamos por conta do dólar que sobe, e da bolsa que
despenca. O povo em cativeiro, donde só sai com focinheira. O comércio fechado,
empreendimentos sufocados, a economia ameaçada por uma vertigem sem fundo. E
milhões de pessoas sem fugir desse destino, o desemprego, que arrasta para
dentro das famílias o desespero, anunciando um fantasma pior: a fome.
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