quinta-feira, 19 de novembro de 2020

 

O ANIMAL POLÍTICO

Povo é um substantivo coletivo que serve para designar aquela manada de macacos que, tendo perdido pelo e rabo, passaram a se achar animais cobertos de dignidade.

Estranharam? Manada? Como assim? Sim, senhores, manada. Sabem por que? Por causa da etimologia, em primeiro lugar. Manada provém do substantivo “manus”, da quarta declinação latina, que significa “mão”. Quer dizer, os bichos que têm mão não passam de uma manada, quando em grupo. Em segundo lugar porque, mesmo tendo se tornado humanos, não deixam de ser macacos, em sua composição orgânica, enquanto animais. Atualmente, macacos manipulando chips, mandando ver no Facebook.

Então, a partir daí, se completa a definição de povo: um grupo de animais vertebrados, mamíferos, falantes, bípedes, não alados, mas volúveis, movidos a crenças, paixões, necessidades e interesses.

Como grupo constituído por uma espécie que gosta de sexo – e sexo resulta em multiplicação, quando feito direitinho, segundo as leis da natureza – se multiplicou. E se multiplicou de tal maneira, que foi preciso que alguém dissesse: “calma, pessoal, pera aí, vamos organizar a suruba”. A bíblia traz um exemplo disso, quando inscreve em sua literatura mitológica a figura do Moisés. Como todo mundo sabe, Moisés, um cara que não era cristão, foi escolhido, segundo ele, por Javeh, o deus judaico, para reconduzir os judeus à pátria amada, idolatrada.

Bem, e aí houve aquele ajuntamento, como em dia de quermesse. E o povo judeu, que servira de escravo no Egito, foi conduzido por Moisés pelo caminho que levava à terra prometida, onde escorria leite e mel. Mas dá para imaginar aquela multidão, movida a crenças, paixões, necessidades e interesses, reunida. Começou a haver bagunça, e então o Moisés teve que organizar a bagunça. Surgiu de lá de trás de um foguinho, com as tábuas da lei, conhecidas como os dez mandamentos. O senso de observação o levara a detectar todas as tendências que aquelas crenças, paixões, necessidades interesses geravam nos comportamentos individuais. Daí a necessidade de leis, de regras.

Essa foi a primeira manifestação de liderança humana de que se tem notícia em determinados círculos da humanidade. De resto, a necessidade de liderança, sendo imperiosa no gênero animal, que é gregário, já se manifestava em outros animais. Hoje essa ascendência de um sobre muitos é bastante conhecida, principalmente nas abelhas e nas formigas, num modo que causa inveja aos seres humanos.

Pois é, gente. Todo esse blablablá tem sua razão de ser, por causa dos acontecimentos e das notícias que tomaram conta dos meios de comunicação no domingo último: as eleições. Domingo foi o dia em que crenças, paixões, interesses e necessidades tiveram outros motivos para levar o povo a escolher os seus moisés da vida, aqueles que farão truques com maná e o mar, e lhe meterão leis goela abaixo.

Houve pesquisas falsas, comentários de analistas políticos fajutos. Esqueceram do Bolsonaro por um dia. A sinistra pandemia foi esquecida, porque os que vivem à custa do povo decidiram que só ajuntamento de eleição faz bem para a saúde.

 

 

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