quinta-feira, 5 de novembro de 2020

 

RELIGIÕES, ONTEM E HOJE

A história das grandes religiões se confunde, o mais das vezes, com a mitologia, porque essa é, na realidade, sua fonte. Lógico, sendo a mitologia fruto da imaginação humana, o homem a cria a partir das próprias experiências ou aspirações. Então ele projeta suas virtudes, vícios e defeitos naqueles deuses, heróis e vilões, que são os personagens da literatura mitológica.

A versão religiosa da criação do mundo, que serviu de base para a religião judaico-cristã, por exemplo, tem características genuinamente mitológicas, mostrando virtudes, defeitos e vícios do homem. O coitado do Adão, que não pediu para vir ao mundo, acabou, na sua ingenuidade, sendo enrolado pela mulher, que não precisara conquistar, porque lhe foi presenteada enquanto dormia.

Já a mulher, que não tinha com quem jogar conversa fora, fez amizade com a serpente. E aí, naquele paraíso onde nada de interessante acontecia para quebrar a rotina, conversa vai, conversa vem, até que a serpente, sutilmente, acabou inculcando na mulher a ambição pelo empoderamento: “se vocês comerem daquela fruta vão ficar iguais a Javé...” E a mulher, por sua vez, convenceu o homem a desobedecer às ordens lá de cima.

Então, tudo começou assim. O Adão não tinha pecado, era inocente como uma criança e foi o primeiro da espécie a sofrer assédio. Foi o primeiro a sentir a força sedutora da mulher. Usando da mentira, a serpente despertou na mulher a ambição pelo poder.

O final desse preâmbulo do homem e de suas religiões, todo mundo sabe: Adão e Eva foram expulsos do paraíso, por terem descumprido o decreto divino. Ela, por ser ambiciosa e sedutora. Ele, decerto, temendo greve de sexo.

Mas a vida fora do paraíso mostrou outros vícios humanos. As preferências de Javé pelos sacrifícios oferecidos por Abel, despertaram a inveja de Caim, que acabou matando o irmão.

As religiões reúnem animais humanos com todos esses vícios e mais alguns, inconfessáveis. Dizendo-se representantes de alguma divindade, elas criam leis e mandamentos. Nem todos os fiéis levam tais prescrições ao pé da letra. Mas os que as assimilam doentiamente, transformam em vício aquilo que deveria ser virtude. Não admitem verdades contrárias. Deixam-se governar por uma noção de certo ou errado criada por eles mesmos. Vivem compelidos por suas crenças.

O amálgama dos vícios inaugurados no Gênesis hoje espalha o terror na Europa. Em plena era do domínio da ciência, por conta de crenças se destroem vidas, se elimina quem usa o direito de expressão. Ultimamente França e  Áustria foram usadas como palco dessas barbáries.

O que ontem a Igreja Católica fazia para impor seu domínio religioso, através das cruzadas e da Inquisição, hoje o fazem os crentes fundamentalistas do maometismo. Olho por olho, dente por dente, é a lei que os impele à violência contra os adeptos daquela religião do “amor ao próximo”, que outrora mandava para a fogueira quem dela discordasse. E no curso de toda a história, o diabo, que até hoje não sabe quem lhe meteu guampas, sempre sorrindo de satisfação.

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