QUANDO O PROCURADOR NÃO ACHA O DIREITO
O
PT, o PSOL, o PCdB, e um sujeitinho com jeito e fala de boneco de ventríloquo,
que o povinho do Amapá elegeu como senador, vivem levando fuxicos da oposição
ao Supremo Tribunal Federal, para meter Jair Bolsonaro no banco dos réus.
O
mais recente fuxico era para enquadrar Bolsonaro como réu por crime contra a
saúde pública. Bolsonaro se integrara num desfile de motocicletas sem máscara e
além disso teria pegado ao colo uma criança, baixando a máscara dela. Para os
fuxiqueiros ele teria descumprido duas determinações sanitárias: não usar
máscaras e promover aglomeração.
Enviada a
notícia-crime para a Procuradoria Geral da República, a doutora Lindôra Araújo,
subprocuradora, não ofereceu a denúncia, sob a alegação de que o comportamento do presidente teve ‘baixa
lesividade’. E também porque “não é possível confirmar a exata da eficácia
da máscara de proteção como meio de prevenir a propagação do novo coronavírus”.
O art. 268 do Código Penal, que
a oposição queria aplicar ao presidente, assim reza: “infringir determinação do
poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença
contagiosa”.
Esse dispositivo é a antítese de uma
tipificação penal. Não passa de uma alusão genérica a um ato qualquer do poder
público. Não retrata conduta penal definida. Mas, tal aberração tem explicação.
Ela é obra do governo ditatorial de Getúlio Vargas, de oitenta e um anos atrás,
e consta de um decreto – decreto não é lei – adotado como “Código Penal”.
Naquele tempo não havia “direitos individuais” entre os quais o “direito de ir
e vir” e o da “inviolabilidade da vida privada”.
Mas, quem procura, nem sempre acha.
A procuradora não achou o Direito. O que ela achou foi argumentos imprestáveis
como a “baixa lesividade” e a “incerta ineficácia do uso de máscara”, meras
circunstâncias, que se prestam para a individualização da pena, mas não fazem
parte da tipificação penal.
Por aí se avalia o nível de
conhecimento de Direito da procuradora. É por isso que o país navega num
tenebroso mar de insegurança jurídica, que respinga na política e leva o povo a
desacreditar das instituições.