BARROSO, LULA,
BOLSONARO E A DEMOCRACIA
O homem nasce com
tendências e propensões, que podem ser aperfeiçoadas, facilitadas ou anuladas
pelo meio social, quando ele começa a se entender por gente.
O latim representa para
a linguagem, em grau de dificuldade, o mesmo que a matemática, a física e a
química representam para as, assim chamadas, ciências exatas.
Nada a ver o primeiro
parágrafo com o segundo? Calma, chegaremos lá.
O ministro Luís Roberto
Barroso é filho de promotor público. Seu pai foi membro do Ministério Público
do Rio de Janeiro e, posteriormente, advogado. Então, o ministro Barroso tem
berço. Filhinho de papai. Nasceu bem, tem pedigree. Nos seus tempos escolares
não precisou estudar latim, porque esse idioma difícil havido sido banido dos
currículos. Então prestou vestibular na Universidade Estadual (não na Federal)
do Rio de Janeiro, onde não havia as dificuldades do latim, da matemática, da
física e da química. Com o berço que tinha, estudou também nos Estados Unidos,
onde só quem é muito burro não consegue aprender inglês. Com todas essas
facilidades, porque livros não lhe faltaram, aperfeiçoou sua propensão para
armar frases de efeito, tipo “mistura do mal com o atraso” ou “ponto fora da
curva”.
Lula, contaminado pela
doença do vitimismo, fugiu da dureza da vida em Pernambuco e dos bancos
escolares, sem nunca ter sido apresentado à matemática, à física, à química e
nem à conjugação verbal. Arrumou emprego em São Paulo, onde, no meio dos
revoltados contra os patrões, descobriu sua propensão para ganhar tudo fácil,
no gogó. Pelo gogó, pelo blablabá da língua enroscada em efes, se tornou
sindicalista. Daí, de blablabá em blablabá, seguiu seu caminho para a
presidência da República.
Depois duma prisão de
mentirinha em sala cheia de direitos
humanos e de mordomias, sua maior dificuldade para concorrer às próximas
eleições, que fora arredada pelo Luiz Facchin, está sendo agora aparelhada no
TSE e no STF: tudo fácil.
O pai de Jair Messias
Bolsonaro fazia obturações, dentaduras,
extraía dentes. Preso por exercício ilegal de profissão, foi absolvido.
Jair nasceu num lugar
chamado Glicério, mas só foi registrado 10 meses depois, como se tivesse
nascido em Campinas: coisa tipicamente de pobre. Concluiu o ensino médio em
escola pública de Eldorado, também no interior de São Paulo. De lá foi
enfrentar, aos 17 anos, o que Luís Roberto Barroso nunca enfrentou: as
dificuldades da matemática, física e química da prova para ingresso na Escola
Preparatória de Cadetes e, um ano depois, na Academia de Agulhas Negras.
Não sendo bastantes as
dificuldades superadas, Bolsonaro arrostou a maior delas: a morte. A primeira
vez, quando servia no grupo de paraquedismo do Exército, sendo jogado na
avenida das Américas por uma rajada de vento. A segunda, todo mundo sabe:
disputando a eleição para presidente.
De um homem que nasceu
para enfrentar dificuldades, não se espere ternura, servilismo, simpatia
cativante, bons modos. E por querer homem assim na Presidência, o povo escolheu
Bolsonaro, em 2018. Democracia é isso, e não o que decidem os Tribunais.
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