SEM ISENÇÃO, NÃO HÁ
SERIEDADE
William Waack, colunista do Estadão,
entoa hino de glória e louvor à CPI do Covid, dizendo que ela “constitui um dos
mais devastadores relatos na história brasileira sobre incompetência,
ignorância e má-fé por parte de um presidente da República”. Para esse colunista, que escreve a serviço de seus patrões, não
importa o que operadores do campo do Direito digam sobre tipificação de crimes
atribuídos a Bolsonaro.
Mas, não foi com esse exagero de
admirações que a população séria, isenta, desatrelada de vínculos com patrões,
viu na tal de CPI do Renan Calheiros, do Aziz e do Randolfo Rodrigues. O que se
viu foi um espetáculo de circo mambembe, de baixa qualidade, encenado num palco
eleitoral, onde figurantes como testemunhas foram humilhados, tratados com desdém,
coagidos sob ameaças e sem poder tapar os ouvidos para perguntas idiotas.
Quem tem critérios viu, sim,
“incompetência, ignorância e má-fé”, no desempenho teatral de políticos com
folha de antecedentes que não lhes permite investigar impurezas de
comportamento de quem quer que seja.
A primeira condição que se exige de
quem tem a incumbência de investigar atos ilegais, é a de ser possuído de moral
irreprochável. Se assim não for, nada que venha de um investigador de moral
duvidosa ou de rabo preso em outras investigações ou procedimentos de natureza
penal, poderá produzir a convicção de
que se trata de coisa séria.
A segunda condição é de que se trate
de pessoa isenta, equidistante dos fatos e de circunstâncias que abonem ou
desabonem os investigados. Não se pode acreditar piamente em juízos de valor emitidos
por quem se entrega ao trabalho de investigação preso a ideias preconcebidas ou
a finalidades outras, que não sejam as inerentes ao objeto da apuração de
irregularidades.
Todo mundo sabe, menos o senhor
William Waack, que políticos dão uma boiada para servirem como notícia ou como
atores principais nessas pantomimas a que chamam de “comissão parlamentar de
inquérito”. Sabendo que quem não é visto não é lembrado, eles fazem das tripas
coração para atrair câmeras e microfones.
O procurador geral Augusto Aras,
como todo o brasileiro que não se deixa enganar, sabe o que representa uma CPI.
Por isso, segundo ele,
“o Ministério Público poderá agora avançar em investigações”. Nada mais
natural. O Ministério Público existe para isso e para isso dispõe de estrutura.
Se alguma coisa daquela pantomima da CPI for aproveitável, aí, sim, se pode
acreditar que a investigação se tornará séria e confiável.
Pessoas que tenham nível de
inteligência normal numa criatura humana hão de perguntar: se existe polícia
preparada para investigar, e Ministério Público assentado no Direito para
denunciar, para servem as comissões parlamentares de inquérito? Por que, ao
invés de legislar, evitando que o Judiciário legisle através de jurisprudência,
os parlamentares perdem tempo com o que outras instituições podem fazer melhor?
Enquanto demagogos ignorantes ou sem
moral não forem escorraçados da política, as comissões parlamentares de
inquérito não passarão de dinheiro do contribuinte jogado fora. Que saiba
disso o senhor Waack.
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