O SENHOR FACHIN
Quem
domina o vernáculo, por não ter sido discípulo de Paulo Freire, sabe que Edson
Facchin tem dificuldades imensas no trato com o idioma português. Lendo seus
textos em voz alta, é preciso cuidado
para não enrolar a língua, de tantas voltas que Fachin dá, ao cabo das
quais não diz coisa com coisa.
Olhem
esse texto e o coloquem sob análise sintática, para ver se isso é coisa bem
resolvida num concurso público ou num exame vestibular:
“Trata-se
de questão que agora vem de ser exposta no habeas corpus impetrado em 3.11.2020
em favor de Luiz Inácio Lula da Silva, no qual se aponta como ato coator o
acórdão proferido pela Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça nos autos
do Agravo Regimental no Recurso Especial n. 1.765.139, no ponto em que foram
refutadas as alegações de incompetência do Juízo da 13ª Vara Federal da
Subseção Judiciária de Curitiba para o processo e julgamento da Ação Penal n.
5046512- 94.2016.4.04.7000, indeferindo-se, por conseguinte, a pretensão de declaração
de nulidade dos atos decisórios nesta praticados”.
E esse
outro:
“Órgão Colegiado
no qual tinha assento o saudoso Ministro Teori Zavascki até o seu trágico
falecimento em 19.1.2017, relatoria que passei a exercer em decorrência da
sucessão à Sua Excelência”.
E mais esse:
“Nessa ambiência,
cumpre perscrutar... os contornos jurisprudenciais já delineados...”
Seria cansativa,
além de ocupar todo o espaço destinado à coluna, a reprodução de mais
textos da lavra do ministro, atentando contra primárias regras de redação.
Mas, parece que as
dificuldades enfrentadas pelo ministro se estendem a outros espaços de sua
personalidade. Seus tropeços não se limitam a ocultar ideias, atrás de más
construções discursivas. Não é só na expressão do pensamento jurídico, na
análise comezinha de questiúnculas forenses, que a elegância nega companhia às
manifestações de Edson Fachin. Ao assumir a presidência do Tribunal Superior
Eleitoral, o afilhado da senhora Dilma Rousseff, apreciador dos “movimentos
sociais” e professor da Universidade do Paraná, se entregou a um escorregão,
que não se perdoa a quem assume aquele posto. Em entrevista, declarou, sem
meias palavras: “a preocupação com o
ciberespaço se avolumou imensamente nos últimos meses, e eu posso dizer a vocês
que a Justiça Eleitoral já pode estar sob ataque de hackers, não apenas de
atividades de criminosos, mas também de países, tal como a Rússia, que não têm
legislação adequada de controle”.
Que se referisse a
indivíduos, a “hacker russos”, ou de qualquer outra nacionalidade, vá lá, ainda
que a responsabilidade atribuída a um ministro do Supremo Tribunal Federal lhe negue permissão para devaneios ou
palpites furados. Mas acusar a um país de intromissão na soberania nacional,
poderia ser motivo de crise diplomática, se a Rússia emprestasse aos ministros
daquela Corte a importância que eles julgam ter.
E a puerilidade de
acreditar que “legislação” amedronta “hackers”?
Seja como for, as
manifestações do presidente do TSE, em ano eleitoral, são o termômetro da sensibilidade
do ministro aos apelos de circunspecção, ínsitos ao cargo que ele passa a
exercer.
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