quarta-feira, 2 de março de 2022

 

DO HOMEM E SUAS FACETAS

Sobre as criaturas humanas não cabem análises lineares, definições absolutas. Um ser humano não é rigorosamente igual ao outro. Assim como existem as imensas diferenças físicas, as há em decorrência das funções cerebrais. E a vida é dinâmica, o convívio social é um elemento propulsor que acentua tais diferenças.

O homem de ontem não é o homem de hoje. O homem das cavernas não é o homem das coberturas luxuosas. O homem da floresta não é o homem do ar condicionado, aprisionado entre quatro paredes. O homem do tempo de Jesus Cristo não é o homem do tempo do Bill Gates, do Mark Zuckerberg. O homem do tempo de Tomás de Aquino não é o homem dos laboratórios, que cria vírus, dando chance para outro, o que cria o antivírus.

Como se vê, há diferenças abissais entre os homens de ontem e os homens de hoje, graças à evolução da humanidade, comandada pela propulsão do convívio, que vai criando novas necessidades, novos valores e novos abismos sociais.

Então, Jesus Cristo foi um homem do seu tempo e para o seu tempo. Mais do que isso ainda: para o seu meio social. Só para as pessoas humildes que o tinham como líder, suas palavras serviam de consolo e de esperança. “Olhai os lírios do campo, que não semeiam, nem fiam, olhai as aves do céu, que não semeiam, não segam e nem ajuntam em celeiros, mas são alimentadas pelo Pai... Pedi e recebereis, procurai e achareis, porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e para quem bate a porta será aberta”.

Experimente você, hoje, ficar nessa, olhando os lírios do campo, as aves do céu, e rezando...

Diga-se o mesmo de Tomás de Aquino, por exemplo, um sujeito que não fazia nada na vida, não precisava pegar o bus de madrugada para ir ao batente, nem ficar em fila de SUS. Graças à boa vida de convento, e tendo quem o sustentasse, podia se dar ao luxo de matar o tempo com blablablás: considerava a teologia como  “ciência” suprema, assentada na revelação divina.

Compare o valor do “tomismo”, hoje, com a utilidade de um chip, e depois diga o que lhe serve mais para viver, para sustentar sua família. A menos que você tenha sido contemplado com alguma “revelação divina” e ganhado sozinho na sena.

Todas essas considerações brotam a partir do facebook, do instagram, do whatsapp, onde as pessoas se revelam, mostram o que são, o que sentem, o que pensam. E entre essas revelações o que mais assombra é a ingenuidade. Há pessoas que, graças à herança intelectual de seus antepassados, continuam pensando como   no tempo de Cristo ou de Tomás de Aquino: acham que com “orações” se resolve a guerra entre Rússia e Ucrânia. Contraditoriamente, usam o chip e não as orações, para sobreviver. E não se dão conta de que as aves do céu não semeiam, porque se servem dos melhores frutos das bergamoteiras, que suamos para plantar e cuidar...

 

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