DO HOMEM E SUAS
FACETAS
Sobre as criaturas
humanas não cabem análises lineares, definições absolutas. Um ser humano não é
rigorosamente igual ao outro. Assim como existem as imensas diferenças físicas,
as há em decorrência das funções cerebrais. E a vida é dinâmica, o convívio social
é um elemento propulsor que acentua tais diferenças.
O homem de ontem
não é o homem de hoje. O homem das cavernas não é o homem das coberturas
luxuosas. O homem da floresta não é o homem do ar condicionado, aprisionado
entre quatro paredes. O homem do tempo de Jesus Cristo não é o homem do tempo
do Bill Gates, do Mark Zuckerberg. O homem do tempo de Tomás de Aquino não é o
homem dos laboratórios, que cria vírus, dando chance para outro, o que cria o
antivírus.
Como se vê, há
diferenças abissais entre os homens de ontem e os homens de hoje, graças à
evolução da humanidade, comandada pela propulsão do convívio, que vai criando
novas necessidades, novos valores e novos abismos sociais.
Então, Jesus
Cristo foi um homem do seu tempo e para o seu tempo. Mais do que isso ainda:
para o seu meio social. Só para as pessoas humildes que o tinham como líder,
suas palavras serviam de consolo e de esperança. “Olhai os lírios do campo, que
não semeiam, nem fiam, olhai as aves do céu, que não semeiam, não segam e nem ajuntam
em celeiros, mas são alimentadas pelo Pai... Pedi e recebereis, procurai e
achareis, porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e para quem
bate a porta será aberta”.
Experimente você,
hoje, ficar nessa, olhando os lírios do campo, as aves do céu, e rezando...
Diga-se o mesmo de
Tomás de Aquino, por exemplo, um sujeito que não fazia nada na vida, não
precisava pegar o bus de madrugada para ir ao batente, nem ficar em fila de
SUS. Graças à boa vida de convento, e tendo quem o sustentasse, podia se dar ao
luxo de matar o tempo com blablablás: considerava a teologia como “ciência” suprema, assentada na revelação
divina.
Compare o valor do
“tomismo”, hoje, com a utilidade de um chip, e depois diga o que lhe serve mais
para viver, para sustentar sua família. A menos que você tenha sido contemplado
com alguma “revelação divina” e ganhado sozinho na sena.
Todas essas
considerações brotam a partir do facebook, do instagram, do whatsapp, onde as
pessoas se revelam, mostram o que são, o que sentem, o que pensam. E entre
essas revelações o que mais assombra é a ingenuidade. Há pessoas que, graças à
herança intelectual de seus antepassados, continuam pensando como no tempo de Cristo ou de Tomás de Aquino:
acham que com “orações” se resolve a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Contraditoriamente, usam o chip e não as orações, para sobreviver. E não se dão
conta de que as aves do céu não semeiam, porque se servem dos melhores frutos
das bergamoteiras, que suamos para plantar e cuidar...
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