O
ABISMO DA IGNORÂNCIA FICA LOGO ALI
Para
quem pensava que não seria capaz de se espantar com mais nada, aí está o
resultado dessa geração da era digital: o analfabetismo funcional tomando conta
da sociedade, avançando com passos de dinossauro.
Pesquisa
recente, levada a efeito pelo Núcleo Brasileiro de Estágios, da qual
participaram quase sessenta mil concorrentes, desembocou em conclusões
arrasadoras, de deixar a boca aberta.
Vamos
por partes, para não deixar ninguém engasgado. Comecemos pela ordem
decrescente, porque ela revela a fonte desse analfabetismo. 93,5%, sim
senhores, 93,5% dos acadêmicos em Pedagogia revelaram insuficiência em Língua
Portuguesa. Justamente esses profissionais, a quem será confiada a supervisão
didática na alfabetização de crianças, revelam dificuldade no domínio do
português.
Precisa
dizer mais? Claro. É preciso lembrar que ninguém pode ser reprovado. Desse modo,
o analfabeto vai sendo “promovido” para as séries seguintes com a estampa do
analfabetismo na testa. E como irá aprender matemática? Como poderá pesquisar
sobre história, ciências, geografia, etc?
Ah, para
sair dessa, ele buscará a área mais fácil quando, ainda na condição de
semialfabetizado, prestar vestibulares: o Direito ou Letras. 85,8%, benzam-se,
senhores, 85,8% dos estagiários em Direito, e 85,3% em Letras, foram eliminados nessas duas áreas, porque
apanham das letras, não dominam o vernáculo. De letrinhas só aprenderam a tomar
a sopa, na hora da merenda escolar. Quer
dizer, não dominam o fundamental, o único instrumento de trabalho que lhes é
exigido no desempenho profissional dessas áreas. E como são campos de ensino
que não exigem mais do que o blablablá dos professores, dispensando recursos
tecnológicos que custam rios de dinheiro, o diploma em universidades
particulares sai a preços módicos, para quem não consegue superar o funil das
universidades públicas, nem com as quotas.
E o
resultado disso tudo salta aos olhos de quem precisa de Justiça ou gosta de passar o tempo, entregue ao deleite de
bons textos literários, para enriquecer
seus conhecimentos.
Decisões
judiciais que se afastam da lei, comprometendo a axiologia jurídica pela falta
de capacidade de interpretação, e redigidas em mau vernáculo, já se tornaram
rotineiras. E quem as redige? Quem as lavra? Estagiários? Assessores?
Sim,
em nenhuma instância faltam estagiários: da comarca onde o diabo perdeu as
botas à mais alta Corte de Justiça. Se não são estagiários, são “assessores”,
aquinhoados com cargos de confiança que dispensam concurso público.
Ah,
e os concursos? De que área provêm os examinadores? Alguém escapará desse
avanço do analfabetismo funcional a passos de dinossauro? E os desembargadores
e ministros que vestem a toga sem haver prestado concurso?
No
fim da pesquisa, há uma surpresa. Os acadêmicos de engenharia atingidos pela
ignorância são em número menor: 73,3 %. Claro, sem bons conhecimentos do
vernáculo, não se aprende matemática.
Sendo
menos ignorantes no trato com a língua portuguesa e mais habilidosos,
naturalmente, na matemática, os profissionais da área de engenharia desenvolvem
a tecnologia. Desse modo, enquanto livrarias fecham, editoras estertoram e
jornais desaparecem por falta de leitores, a tecnologia vai servindo de bengala
para a ignorância.
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