segunda-feira, 11 de julho de 2022

 

O ABISMO DA IGNORÂNCIA FICA LOGO ALI

Para quem pensava que não seria capaz de se espantar com mais nada, aí está o resultado dessa geração da era digital: o analfabetismo funcional tomando conta da sociedade, avançando com passos de dinossauro.

Pesquisa recente, levada a efeito pelo Núcleo Brasileiro de Estágios, da qual participaram quase sessenta mil concorrentes, desembocou em conclusões arrasadoras, de deixar a boca aberta.

Vamos por partes, para não deixar ninguém engasgado. Comecemos pela ordem decrescente, porque ela revela a fonte desse analfabetismo. 93,5%, sim senhores, 93,5% dos acadêmicos em Pedagogia revelaram insuficiência em Língua Portuguesa. Justamente esses profissionais, a quem será confiada a supervisão didática na alfabetização de crianças, revelam dificuldade no domínio do português.

Precisa dizer mais? Claro. É preciso lembrar que ninguém pode ser reprovado. Desse modo, o analfabeto vai sendo “promovido” para as séries seguintes com a estampa do analfabetismo na testa. E como irá aprender matemática? Como poderá pesquisar sobre história, ciências, geografia, etc?

Ah, para sair dessa, ele buscará a área mais fácil quando, ainda na condição de semialfabetizado, prestar vestibulares: o Direito ou Letras. 85,8%, benzam-se, senhores, 85,8% dos estagiários em Direito, e 85,3% em Letras,  foram eliminados nessas duas áreas, porque apanham das letras, não dominam o vernáculo. De letrinhas só aprenderam a tomar a sopa, na hora da merenda escolar.  Quer dizer, não dominam o fundamental, o único instrumento de trabalho que lhes é exigido no desempenho profissional dessas áreas. E como são campos de ensino que não exigem mais do que o blablablá dos professores, dispensando recursos tecnológicos que custam rios de dinheiro, o diploma em universidades particulares sai a preços módicos, para quem não consegue superar o funil das universidades públicas, nem com as quotas.

E o resultado disso tudo salta aos olhos de quem precisa de Justiça ou  gosta de passar o tempo, entregue ao deleite de bons textos literários,  para enriquecer seus conhecimentos.

Decisões judiciais que se afastam da lei, comprometendo a axiologia jurídica pela falta de capacidade de interpretação, e redigidas em mau vernáculo, já se tornaram rotineiras. E quem as redige? Quem as lavra? Estagiários? Assessores?

Sim, em nenhuma instância faltam estagiários: da comarca onde o diabo perdeu as botas à mais alta Corte de Justiça. Se não são estagiários, são “assessores”, aquinhoados com cargos de confiança que dispensam concurso público.

Ah, e os concursos? De que área provêm os examinadores? Alguém escapará desse avanço do analfabetismo funcional a passos de dinossauro? E os desembargadores e ministros que vestem a toga sem haver prestado concurso?

No fim da pesquisa, há uma surpresa. Os acadêmicos de engenharia atingidos pela ignorância são em número menor: 73,3 %. Claro, sem bons conhecimentos do vernáculo, não se aprende matemática.

Sendo menos ignorantes no trato com a língua portuguesa e mais habilidosos, naturalmente, na matemática, os profissionais da área de engenharia desenvolvem a tecnologia. Desse modo, enquanto livrarias fecham, editoras estertoram e jornais desaparecem por falta de leitores, a tecnologia vai servindo de bengala para a ignorância.

 

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