A VOLTA?
Vocês se lembram da “The Intercept”, aquela do americano Glenn Greenwald, que bisbilhotava as conversas do então juiz Sérgio Moro com o procurador Deltan Dallagnol?
Parece que a moda de bisbilhotar pegou definitivamente, e agora para valer. Quando apareceu a tal de Intercept, ela virou alvo de críticas e ira, porque fazia o papel de imprensa marrom, irresponsável, a soldo de interessados em manchar honras e virgindades morais de terceiros. Mas, agora a CNN, uma empresa também americana, tida como respeitável e poderosa no ramo da comunicação, parece que está usando a tecnologia nos mesmos moldes da famigerada Intercept.
Diz-se nos mesmos moldes porque ela acaba de revelar fatos, não como mera notícia, mas com sabor de escândalo, com jeito de bisbilhotice e com força de bomba-relógio moral.
Os protestos contra a proclamação do Lula como presidente da República brasileira, sustentados por suspeitas debitadas ao sistema judiciário, ocorreram em 8 de janeiro. Mas só agora, três meses depois, quando aqueles fatos deixaram de ser notícia quente, porque a estrela dos noticiários atualmente é o Lula, vem a CNN divulgar imagens colhidas nos bastidores, mostrando o outro lado daquela matéria noticiosa. Para todo o Brasil foi exibida a figura de um senhor alto, careca e obeso, identificado como o general Gonçalves Dias.
Não. Não o confundam com o poeta, autor de obras maravilhosas como I Juca Pirama. Não. O general Gonçalves Dias não estava no palácio do Planalto para se inspirar em maravilhas, ouvindo “as aves que aqui gorjeiam e não gorjeiam como lá”, mas para comandar ações contra a desordem atribuída a grupos bolsonaristas. Nomeado por Lula, o general lá estava como ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), um nome pomposo e brilhante como as estrelas que condecoram peitos de generais.
Mas, as desordens com quebra-quebras aconteceram, como se não houvesse nada, nem alguém que as impedisse. E as imagens colhidas pela CNN mostram o general lá, de corpo presente, com sua protuberância abdominal.
A divulgação dessas imagens do general agora está acendendo um vulcão político. Ela aconteceu exatamente nos momentos cruciais, quando o governo Lula lançava suas redes para apanhar votos contrários à instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar aqueles atos, chamados antidemocráticos, de 8 de janeiro passado.
O general havia agendado seu comparecimento perante a Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, para falar sobre os tais atos, mas apresentou atestado médico para desfazer o compromisso. Pois é: os acasos sempre acontecem. O general ficou doente, por coincidência, depois da divulgação das imagens...
Outra coincidência, ou composição ardilosa dos acasos que produzem circunstâncias e acidentes, é ter tudo isso acontecido também quando o Lula destravava sua língua pegada, em favor da Rússia e da China, causando mal-estar ao Biden – nunca esquecendo que a CNN é uma empresa americana...
Será que a divulgação das conversas de Moro e Dallagnol, que acabaram causando estragos na honra do ex-juiz, atraindo-lhe o anátema da suspeição, se volta agora contra quem tirou proveito daquelas bisbilhotices?
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