UM EDITORIAL
A SERVIÇO DO VITIMISMO
A velha
imprensa disfarça, mas não consegue esconder sua repulsa por Jair Bolsonaro e todos
aqueles a quem ela se refere, em tom depreciativo, como “bolsonaristas”.
Critica o Lula, sim, mas, quando se trata do Bolsonaro, ela resvala para a
desqualificação pessoal, ainda que dissimulada com eufemismos, abandonando a
verdadeira glosa jornalística, que pode ser severa, sem deixar de ser prudentemente
criteriosa. Se olhassem para o próprio umbigo, aqueles órgãos de imprensa não
sucumbiriam à fraqueza de mostrar seus defeitos através de editoriais tendenciosos.
“Primus
inter pares” nessa parte da imprensa que se infla de grandeza, o Estadão, em
editorial encharcado de superioridade moral, soando a palmatória do mundo,
investiu na semana passada contra o governador Tarcísio Freitas. Em entrevista
para a CNN, segundo o próprio Estadão, o governador dissera: ¨teve o salve,
houve interceptação de conversa e de orientações que eram emanadas de presídios
por parte de uma organização criminosa, orientando determinadas pessoas em
determinadas áreas a votarem em detDIREITOerminados candidatos”.
Desse
dito acima, atribuído ao governador, o jornal concluiu que ele “deixou-se guiar
pela cartilha indecente do bolsonarismo no dia do segundo turno da eleição para
a Prefeitura de São Paulo, ao vincular Guilherme Boulos (Psol), o adversário de
seu candidato, prefeito Ricardo Nunes (MDB), ao PCC”.
Como se
vê, o jornal miou palavras que não saíram da boca do governador. De qualquer
leitor que conheça o vernáculo não se pode tirar o direito de perguntar: será
isso coisa da Inteligência Artificial ou é burrice natural mesmo?
Ao contrário
do que diz o Estadão, o entrevistado teve o cuidado de não citar nomes, quer de
candidatos, quer de partidos, quer da “organização criminosa”.
O
próprio jornal produz argumentos para suas contradições, informando que “o
governador foi questionado por jornalistas sobre um comunicado emitido pela
Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo, que interceptou
supostos bilhetes assinados por membros do PCC orientando o voto em algumas
cidades.” Mas, atesta solene ignorância em administração pública, ao cobrar
silêncio do governador sobre o tema. Ora, as secretarias são braços do poder e
do dever do governador. Se o governador “foi questionado” sobre ato de sua
administração, não poderia ele negar resposta.
E o fez exatamente com a discrição que o momento recomendava: sem citar
nomes.
O assunto
já era “de domínio público”, segundo informação do próprio jornal, referindo
que “os tais bilhetes” tinham sido “publicados no dia anterior pelo portal
Metrópoles”. Então, não foi conversa cavada com a finalidade específica de
angariar votos em favor do candidato Ricardo Nunes.
De tudo
isso o Estadão extraiu a seguinte conclusão: “não há nada que pareça justificar
a atitude do governador, que a um só tempo desrespeitou o cargo que ocupa, o
processo eleitoral e o adversário, tudo o que não pode acontecer numa
democracia...”
Será
preciso lembrar aos editores do jornal que o “direito de expressão” ainda não
foi riscado da Constituição e que “democracia” é um regime de governo, e não um
manual de postura política?
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