terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

 

RETRATO FALADO

A velha imprensa não abandona os hábitos que definem sua idade. Talvez o vocábulo “hábitos” não seja o substantivo perfeito, apropriado para definir certos comportamentos, menos arraigados por virtude do que por interesses ou necessidades. Mas, vá lá, hábitos. Afinal, a sabedoria popular recolhe ensinamentos da convivência social e os transforma em provérbios. Já diziam os romanos: manus manum lavat, ou jocosamente, asinus asinum fricat. Quer um, quer outro desses sábios provérbios populares, uma mão lava a outra, um burro coça outro burro, têm como fonte a troca de favores que é comum nas relações sociais.

Na edição do dia 29, ocupou a coluna “Direto da Redação” da ZH o senhor Antônio Carlos Macedo, que ali, usando o menoscabo como método, assolou uma personalidade.

“O megalomaníaco se julga dono da verdade. Ele rejeita críticas e opiniões sinceras, preferindo cercar-se de apoiadores incondicionais, os populares puxa-sacos. Vozes dissidentes são descartadas porque acredita na infalibilidade de suas ideias e planos. A arrogância e a prepotência são traços marcantes dessa gente, que também não hesita em recorrer à mentira na falta de fatos que justifiquem suas atitudes. Uma pessoa com tais características é perigosa e pouco confiável em qualquer ambiente”...

Qualquer brasileiro atento aos noticiários políticos e – porque não dizer? – aos comentários das redes sociais, não deixaria de ver, no texto de Antônio Carlos Macedo, o retrato do Lula, uma radiografia fidelíssima da personalidade de Luiz Inácio Lula da Silva, o atual governante do país.

Só não enxerga o Lula nesse retrato falado, quem já perdeu a capacidade de reagir aos estímulos lógicos, ou quem se entrega, por devoção, à sociedade secreta dos políticos corruptos, ou dos debiloides que se embriagam com o poder.

Ou alguém, neste Brasil, se julgará mais dono da verdade do que ele, o egocêntrico autor dos direitos autorais da frase “nunca, na história deste país...”? Alguém, alguma vez, ouviu do próprio Lula uma confissão de erro? Alguém, alguma vez, teve a oportunidade de ouvir dele, alguma retratação, admitindo engano, para evitar a mentira? Alguém, alguma vez, ouviu dele algum argumento forte e aceitável para justificar “suas atitudes”? Haverá alguém que, não fazendo parte do seu cordão de puxa-sacos, acredite “na infalibilidade de suas ideias”?

Enfim, nada, nenhuma qualificação, nenhum dos atributos que circulam pelo texto intitulado “Mau Exemplo” é estranho à personalidade do Lula. Tamanha evidência obrigou o articulista a tirar o do Lula da reta: “estou falando de Donald Trump”.

Não poderia ser diferente. A velha imprensa não usaria diatribe tão venenosa para mostrar que o país está sendo governado por “uma pessoa perigosa e pouco confiável em qualquer ambiente”. Então, mais uma vez, sobrou para o Trump um julgamento sumário, irrecorrível, mais um dos vários, a que ele foi submetido pela imprensa amiga do Lula.

Haveria outro propósito, nesse doesto que verte aversão e repulsa aos borbotões, a não ser a demonstração de fidelidade ao governo atual, lhe emprestando, em tom subserviente, uma aterradora voz de trovão, que as relações diplomáticas internacionais não permitem?

 

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