RETRATO FALADO
A velha
imprensa não abandona os hábitos que definem sua idade. Talvez o vocábulo
“hábitos” não seja o substantivo perfeito, apropriado para definir certos
comportamentos, menos arraigados por virtude do que por interesses ou
necessidades. Mas, vá lá, hábitos. Afinal, a sabedoria popular recolhe
ensinamentos da convivência social e os transforma em provérbios. Já diziam os
romanos: manus manum lavat, ou jocosamente, asinus asinum fricat. Quer um, quer
outro desses sábios provérbios populares, uma mão lava a outra, um burro coça
outro burro, têm como fonte a troca de favores que é comum nas relações
sociais.
Na edição do
dia 29, ocupou a coluna “Direto da Redação” da ZH o senhor Antônio Carlos
Macedo, que ali, usando o menoscabo como método, assolou uma personalidade.
“O megalomaníaco se julga dono da verdade. Ele rejeita críticas
e opiniões sinceras, preferindo cercar-se de apoiadores incondicionais, os
populares puxa-sacos. Vozes dissidentes são descartadas porque acredita na
infalibilidade de suas ideias e planos. A arrogância e a prepotência são traços
marcantes dessa gente, que também não hesita em recorrer à mentira na falta de
fatos que justifiquem suas atitudes. Uma pessoa com tais características é
perigosa e pouco confiável em qualquer ambiente”...
Qualquer brasileiro atento aos noticiários políticos e –
porque não dizer? – aos comentários das redes sociais, não deixaria de ver, no
texto de Antônio Carlos Macedo, o retrato do Lula, uma radiografia fidelíssima
da personalidade de Luiz Inácio Lula da Silva, o atual governante do país.
Só não enxerga o Lula nesse retrato falado, quem já perdeu a
capacidade de reagir aos estímulos lógicos, ou quem se entrega, por devoção, à
sociedade secreta dos políticos corruptos, ou dos debiloides que se embriagam
com o poder.
Ou alguém, neste Brasil, se julgará mais dono da verdade do que
ele, o egocêntrico autor dos direitos autorais da frase “nunca, na história
deste país...”? Alguém, alguma vez, ouviu do próprio Lula uma confissão de erro?
Alguém, alguma vez, teve a oportunidade de ouvir dele, alguma retratação,
admitindo engano, para evitar a mentira? Alguém, alguma vez, ouviu dele algum
argumento forte e aceitável para justificar “suas atitudes”? Haverá alguém que,
não fazendo parte do seu cordão de puxa-sacos, acredite “na infalibilidade de
suas ideias”?
Enfim, nada, nenhuma qualificação, nenhum dos atributos que
circulam pelo texto intitulado “Mau Exemplo” é estranho à personalidade do
Lula. Tamanha evidência obrigou o articulista a tirar o do Lula da reta: “estou
falando de Donald Trump”.
Não poderia ser diferente. A velha imprensa não usaria diatribe tão
venenosa para mostrar que o país está sendo governado por “uma pessoa perigosa
e pouco confiável em qualquer ambiente”. Então, mais uma vez, sobrou para o Trump
um julgamento sumário, irrecorrível, mais um dos vários, a que ele foi
submetido pela imprensa amiga do Lula.
Haveria outro propósito, nesse doesto que verte aversão e
repulsa aos borbotões, a não ser a demonstração de fidelidade ao governo atual,
lhe emprestando, em tom subserviente, uma aterradora voz de trovão, que as
relações diplomáticas internacionais não permitem?
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