sexta-feira, 31 de maio de 2019


A NAMORADA QUE SONHEI
João Eichbaum

No meu tempo de chão de fábrica, quando a vida não passava duma ressaca atrás da outra, a única coisa que eu fazia era sonhar. Sonhava na frente do martelinho de cachaça e meu namoro começava com ele. Olhava pra ele com carinho, tinha vontade de pegar, mas não pegava. Se agarrasse, acontecia aquilo que acontece a todo mundo, quando a guria dá sopa: metia a boca.

Então, pra dar tesão na língua, eu namorava o martelinho, olhava pra ele e sonhava. Era um sonho líquido. O diabo é que a cachaça sabe esperar. Ela espera no barril durante um bom tempo. Depois, na garrafa, outro tempão. Mas tesão em língua não sabe esperar. Aí eu partia pros finalmente.

Enquanto o bodegueiro me dava crédito, tudo bem. Ia mais um, mais outro martelinho da 51. Mas, quando a conta do caderno ameaçava estourar o fiado, aí a coisa ficava feia. Ia só um martelinho, aquele que faz o cara  sacudir, que nem cachorro molhado. O resto era sonho, e eu ficava absorto, olhando pra rua.

Ficava assim, olhando o melhor da paisagem paulistana, aquelas criaturas que servem de estimulante para os olhos e demais partes: as mulheres. Naquele tempo eu só tinha amores casuais e remunerados. E aí, na falta do sonho líquido, vinha o sonho da carne. E para sonhar eu escolhia as passantes. Aquelas tias varizentas e de peito caído passavam em branco. Para quebrar galho, até serviam. Mas não para sonhar.

Então, como ia dizendo, eu sonhava. Sonhava com aquelas de terninho, combinando saia e blusa, meias brilhantes, o corpo gingando em cima do salto alto. Nenhuma de corpo feio. Tudo no lugar: peitinhos empinados, bumbuns salientes, dando o ritmo.

Uma assim é que eu queria. Queria e estava necessitado. Uma que ganhasse uns dezessete mil por mês. Mas quem é que ia me querer? Com aquela barba preta, respingada de baba e de molho de cachorro quente, boa pra aninhar chato, (por que não, né?) que mulher de terninho ia me querer?

Mas, com esse potentado de boa conversa, que é minha língua enrolada, a qual sai soprando “ff” quando eu digo “ss”, mas cai bem nos ouvidos, tanto de parvos como de safados, acabei me dando bem. Enquanto o planeta girava, fui subindo. Deixei o chão de fábrica e cheguei à mesa redonda dos patrões. Ali tive chance de ver de perto moças de terninho, combinando saia e blusa. Mas isso só ficava nos olhos e nos sonhos.

Enfim, consegui subir muito alto, onde pouca gente pode chegar. Casei, viuvei, casei de novo. E aí, no paralelo, começaram a aparecer as de terninho combinando. Ajeitei as que pude ajeitar, fiquei viúvo outra vez. Por conta de injustiças de malfeitos que não fiz, acabei no xilindró.

Mas agora, por astúcias do destino, me aparece uma daquelas de terninho que eu ajeitei na vida. Uma criaturinha que parece mais inventada do que nascida, tão bem apanhada que é, em curvas e recôncavos. Veio aqui na cadeia me pedir em casamento. E ela ganha exato aquilo que eu desejava nos meus sonhos de antigo pobre: dezessete mil por mês. Ora, vá entender essas artimanhas da vida! Logo agora, que já não seguro o mijo nas calças e dezessete mil pra mim não é nada, se realiza um sonho...



quarta-feira, 29 de maio de 2019


PENSAMENTOS DO RUI ALBERTO
E Deus era brasileiro...
Pra onde foi ???
Meditando sobre o nosso orgulho de ser brasileiro, fica difícil nestes dias que passam, com um supremo tribunal federal vazado pela tergiversação jurídica, um senado cheio de rostos patibulares que dividem verbas entre si, uma câmara rota pelos arroladores de favores, vereadores que são braços estendidos de partidos, senadores e deputados, resultando em mortes por falta de empregos, de insumos em hospitas, tomadas erradas de decisão por falta de estudos, somos o país mais violento do mundo com 60 mil mortes violentas por ano...
Por outro lado, como marido traidor que compensa levando flores para a mulher traída, abrimos as portas a médicos sem diploma, a migrantes sem comprovação de antecedentes criminais, coração grande e duvidoso que abrigaram Cesare Battisti, um terrorista assassino, e um assaltante de trem que nunca devolveu o dinheiro ao governo da Inglaterra, como se aqui fosse um país de acoitamento de bandidos a quem passamos carta de corso.
E quando vamos para o lado espiritual, vemos um desfilar de "milagres" que beiram o ridículo, uma exploração do óbolo da viúva, sacerdotes pedófilos, gente que enche os alforges de dinheiro explorando o lado pueril da fé e de aceitação de verdades que jamais se podem comprovar. Neste mundo os milagres são proibidos porque é um mundo dominado pelas leis da física, da matemática e da química, com as quais, segundo os religiosos, Deus teria feito este mundo e todos os mundos que nos rodeiam.
Meditando sobre o nosso orgulho de ser brasileiro, fica difícil nestes dias que passam, com um tal de João de Deus fugitivo, raspando 35 mlhões de suas contas aqui no Brasil, que dizia curar pessoas através de curandices espetaculares, e no reservado abusava sexualment desde crianças a mulheres, algumas doentes outras não, já há mais de 300 mulheres se queixando...
Parece que somos uma nação cheia de não sei o quê, onde falta nem sei que coisa, que se move ao som de tiros gemidos e reclamações fundadas...
Parece que infelizmente somos o que dizemos que não somos.
o onde nascemos.
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domingo, 26 de maio de 2019


Chucruthe times
                                                                                       Planetacho
MENTIRAS SINCERAS
Zé Dirceu e Cunha estão juntos e “Shallow Now” em cela de Curitiba
 Quem se surpreendeu com a versão de Paula Fernandes  e Luan Santana para a música Juntos e “Shallow Now” de Lady Gaga e Bradley Cooper, fique sabendo que o Chucrute Times apurou através de sua editoria de Artes Marciais & Cultura que música será trilha de um filme sobre a convivência de Eduardo Cunha e José Dirceu em uma cela em Curitiba

Bressan faz dois pênaltis nos States e conclui seu doutorado em Dallas
 O zagueiro Bressan depois de concluir seu doutorado  em “Maximum Penalty and Nonsense in Defense” em Dallas, está sendo extraditado dos Estados Unidos. Dos States Bressan deve passar pelo futebol de outros países do planeta para comprovar sua tese de “todo mundo erra pô”.

Governo libera porte de roupas de cowboy
Estão liberadas a partir de hoje em todo o País as roupas de cowboy para outras categorias profissionais além das duplas sertanejas. De brinde os compradores receberão até 4 armas sem ter a preocupação de deixar com o xerife na entrada da cidade. Com essa medida o Brasil equipara-se com os Estados Unidos do século 19.
Alguma coisa não está cheirando bem no país?
Estava: Natura acerta compra da Avon. Esta semana o pessoal da Natura foi às compras com a revistinha da Avon em mãos e comprou a própria concorrente. Os atuais acionistas da Natura ficarão com 76% da nova companhia, com mais de US$ 10 bilhões de receita anual, enquanto os atuais detentores da Avon terão os demais cerca de 24%. Espera-se em breve uma nova flagrância para que o brasileiro volte a sentir o cheirinho do dinheiro.
Crassificados
Vendo dipromas de dotorado em Harvard, Oxford, Cambrige. Três por dez pila...

sexta-feira, 24 de maio de 2019


GIGOLÔS DE GALINHEIRO
João Eichbaum

As dissensões políticas, que se alastram pelo bulício das redes sociais, ignoram um ponto em que Lula e Bolsonaro já afinaram. Que o povo ignore ou esqueça, tudo bem. O povo é levado pelo impulso, pela paixão que cega, pelo fanatismo que bloqueia o raciocínio. Mas essa ignorância não se perdoa dos – assim chamados – analistas políticos, uma casta de profissionais especializados numa coisa que é chamada de ciência, mas não tem lógica, e não passa de um caldeirão de ganância, vaidades, egoísmo, traições, imoralidade e apetites desmesurados pelo poder. Também da imprensa agrilhoada a proveitos de que se sustenta com serviços prestados a poderosos, não se perdoa a omissão de um pensamento que foi comum aos dois personagens da política brasileira.

Sim: Lula e Bolsonaro já afinaram pelo mesmo diapasão, em seu conceito de política. Há mais de vinte anos, quando estreava nesse campo, eleito deputado federal, o então torneiro mecânico Lula Inácio Lula da Silva, saiu-se com essa, referindo-se ao Congresso nacional: são quinhentos picaretas. Semana passada foi a vez de Jair Messias Bolsonaro abrir a boca: o problema do país são os políticos.

Lula, astuto sindicalista, com uma história de liderança como a de poucos personagens da política, sentiu-se mero garnisé, no meio de galos safados, mancomunados com raposas. Bolsonaro, com mais de vinte anos de exercício parlamentar, só agora veio a descobrir que o mal do Brasil são os políticos.

Para chegar à presidência da República, Lula teve que gramar mais de uma dezena de anos, aparando seu caminho e sendo repudiado pelas elites, como ele dizia. Só depois que a sociedade brasileira, como um todo, cansou de políticos profissionais, tipo José Sarney, Collor de Melo e Fernando Henrique Cardoso, abriu-se o espaço para Lula.

E aí, na liderança, ele botou a funcionar seu faro de matreiro sindicalista, chuleando e costurando alianças. Sua convivência com empresários, junto aos quais sentava na mesa de negociações para solucionar greves, lhe rendeu certa intimidade com as raposas. Os Odebrecht e outros, por conta dos quais foi parar na cadeia ou ainda está enrascado em processos, lhe mostraram o ninho onde galinhas chocam ovos de ouro. Desde então, deixou de haver “picaretas” no congresso e ele só teve aliados para se reeleger e dominar na política.

Como Lula, Bolsonaro também foi a opção dos contribuintes, cansados da exploração das raposas que devastam esse galinheiro chamado Brasil. Mas, oriundo daquela camada que a imprensa chama desdenhosamente de “baixo clero”, e com formação castrense, não tinha jogo de cintura para manobrar políticos. Agora que lhe entregaram o poleiro, se deu conta de que, para botar ordem no galinheiro, precisa primeiro dar um jeito nas raposas.

Lula, enquanto não ajeitou as raposas sem rejeitá-las, foi olhado com desconfiança. Bolsonaro recebe tratamento diferente: é apedrejado pela grande imprensa para que dê jeito logo. E essa parte da imprensa tem pressa porque, atreita a velhos costumes, não saberá o que fazer sem os gigolôs de galinheiro, aqueles galos safados que, mancomunados com raposas, impedem as galinhas de cacarejar, quando botam ovos de ouro.


domingo, 19 de maio de 2019


Chucruthe times
                                                                                       Planetacho
FAKE NEWS PERO NO MUCHO
Justiça manda instalar porta giratória na cela de Temer
Depois de prender e soltar, prender e soltar, o ex- presidente Temer, natural da Transilvânia, a justiça mandou instalar uma porta giratória, para dar maior privacidade à cela. Os advogados tentam tirar o seu cliente da estaca. A investigação fala de milhões de litros depositados em bancos de sangue no exterior. A defesa de Temer diz que seu cliente reclamou das refeições com alho e recusou todos os banhos de sol no cativeiro. José Dirceu está pedindo providência semelhante em sua cela.

A ALB reivindica: “a metade é da laranja”.
Associação de Laranjas do Brasil afirma: “Pepino não é nosso”.
A ALB (Associação dos Laranjas do Brasil) emitiu uma nota falsa ontem contra o mais famoso de seus integrantes, Fabrício Queiroz. A entidade, que não se responsabiliza por seus atos, diz que o desaparecido político Queiroz pode ter virado suco e não faz mais parte de seu quadro social. O líder dos laranjas teria declarado que o pepino não lhes pertence, mas também há possibilidade da declaração ter sido feita pelo laranja do laranja líder dos cítricos tupiniquins.

Facto da semana
Alta da moeda americana em relação ao real pode fazer o governo mudar seu slogan para: “Brasil acima de tudo e dólar acima de todos”.

Leite chuta o balde e privatiza vaca
O governo do Estado abre temporada de cortes em solenidade onde foi interpretado o atual hino Riograndense: “Tempo de Tosquia (tipo assim: as tesouras cortam em um só compasso...) Criticado, o esquilador chefe irritou-se, chutou o balde e privatizou a vaca que já estava na rodoviária, com passagem comprada para o brejo.

Dólar sobe tanto que Bolsonaro manda chamar ministro astronauta
A alta absurda do dólar levou o presidente a convocar o ministro astronauta a intervir: “ Ó Pontes, pega um foguete lá na base de Alcântara e vai lá em cima resolver isso aí pra mim...Tá oquei?


sexta-feira, 17 de maio de 2019


QUANDO A LAGOSTA É PRESSUPOSTO DE DIGNIDADE
João Eichbaum

Acintosas, despropositadas, descosidas do tecido social brasileiro, e se servindo do combalido tesouro nacional para sustentar quimeras, as “refeições institucionais” do Supremo Tribunal Federal atiçam a ira do povo e alimentam o desdém pelas instituições do país. Diante da força das redes sociais, será muito difícil que o órgão máximo do Judiciário consiga o respeito pela lagosta que lá comem. Principalmente porque, depois de digerida, ela se transforma naquela matéria que nivela a todos: os com toga e os sem toga.

O responsável pela cozinha, ops, pelo edital, cala solenemente sobre o assunto, como se cachaça fosse só coisa de pobre. E quem defende a compra de “ bobó de camarão, camarão à baiana, medalhões de lagosta com molho de manteiga queimada, bacalhau a Gomes de Sá, frigideira de siri, moqueca e arroz de pato”, tudo devidamente acompanhado com vinhos de premiação internacional, uísque e cachaça, o faz com argumentos pobres, que funcionam como galhos secos para alimentar a fogueira das críticas.

Para cassar a liminar da ação popular ajuizada pela deputada Carla Zambelli contra a licitação do STF, o desembargador Kassio Marques atropelou as regras processuais, se entusiasmou com a própria verborragia e foi direto ao mérito, prejulgando a causa, ao dizer “que não considera que a licitação se apresente lesiva à moralidade administrativa”.

E não contente com isso, sua excelência abriu mão do Direito e do conceito de moralidade, para se deslumbrar com a estética gastronômico-social, que rola nos estratos sociais onde o povo não tem acesso. Assim: “o pregão se justifica por qualificar o STF a oferecer refeições institucionais às mais graduadas autoridades nacionais e estrangeiras em compromissos oficiais nos quais a própria dignidade da Instituição, obviamente, é exposta”. 

Nessa linha de raciocínio - se é que se pode chamar de raciocínio a um ajuntamento de substantivos e adjetivos atrelados a um inútil advérbio -  não há lugar para o silogismo jurídico. O Direito passa longe da cozinha, dos regabofes internacionais, dos prazeres da carne, da gula refinada.

Se o que importa é “qualificar” (atente-se para o verbo) o Supremo Tribunal Federal como excelente “chef” perante “graduadas autoridades nacionais e estrangeiras”, estamos falando de temperos, ao redor de panelas e frigideiras, e não sobre Direito.

Da construção do discurso do desembargador, que é do Piauí, se extrai, sim, literalmente, a ideia de que a “dignidade da Instituição” depende de lagostas, camarões, siris, e bacalhau regados a vinhos premiados internacionalmente, a “cachaças de alta qualidade” e a “uísque envelhecido”, para se firmar como objeto de respeito. 

Depois disso, só quem tem muitos parafusos soltos, rolando debaixo do couro cabeludo ou da careca encerada, se pode entregar à ilusão de que a “dignidade da Instituição” verte da sabedoria, do juízo conspícuo, do equilíbrio emocional, do espírito de justiça e da correta aplicação da lei.



domingo, 12 de maio de 2019

Chucruthe times
                                                                                       Planetacho
FAKE NEWS PERO NO MUCHO
Congresso já negocia liberação de porte de malas
Brasília – Uma fonte que não quis se identificar declarou para a reportagem do CT (Chucrute Times) que o porte de malas nesse período de negocia$$ão da reforma da previdência é muito mais importante que o porte de armas para a classe política. Segundo nosso informante, os nobres parlamentares temem que armados acabem se matando de tanto trabalhar.

Bolsonaro quer que Brasil adote o dólar furado como moeda
O presidente mais rápido no teclado, JM Bolsonaro, declarou ontem pelo Twitter presidencial que com duas medidas de bom calibre, como por exemplo a liberação das armas e a liberação de mais armas, o Brasil poderá adotar o dólar furado como moeda da pátria armada Brasil
Mec corta verba da educação...educalção edu...ah, sei  lá
Em nota enviada por WhatsApp a assessora do Ministério da edu...anunciou o corte de 30% das verbas para as universidades federais. A ministra Damares Goiabeira defende a medida utilizando a frase bíblica: “ No princípio era o verbo e o fim da falta de verbas”

EDICTHORIAL
Em meio a todo esse debate da liberação das armas, o Chucruthe Times publica seu edicthorial feito por nosso amigo no Face Clint Eastwood com nomes de filmes de bang-bang
O Brasil é o país onde os fracos não têm vez. No congresso o preço de um homem por um punhado de dólares. Os imperdoáveis é onde começa o inferno. Só nos resta dizer meu ódio será tua herança,
Olavo de Carvalho contratado para fazer o horóscopo do Chucruthe Times
O Platão de Esparta, Olavo de Carvalho, nos próximos dias deve assumir a secção de horóscopo. Olavo mandou avisar: “As previsões não são boas, seus bostas @$°#&...
Lima não assume ser laranja de Michel Temer
Mesmo espremido, coronel Lima, o melhor amigo de Temer, preferiu calar-se diante do delegado da área de hortifrutigranjeiros da PF. Temer primeiramente prefere não se pronunciar.
É

sexta-feira, 10 de maio de 2019


FILOSOFIA
João Eichbaum

Da união da mitologia com a filosofia, essa coisa inventada pelos intelectuais gregos, que não faziam outra coisa na vida senão coçar o saco, resultou a religião. Claro, a religião beneficiou o povo miserável. Iludiu-o, fê-lo sonhar, embriagado pela esperança da vida eterna num paraíso, onde não passaria fome, sem precisar lavrar a terra.

Os efeitos produzidos na plebe entusiasmaram estelionatários - que os houve desde que o mundo é mundo, sim – em todos os recantos. Utilizando o blábláblá, que é o idioma oficial da filosofia, sua base, seus fundamentos, e se valendo da liderança conquistada pela arte nata de enganar, eles foram fundando várias religiões, aqui, ali, acolá.

No ocidente prevaleceu a religião cristã que, se aproveitando da mitologia judaica, elegeu a filosofia de Jesus Cristo como base de sua pregação. Ameaçando com o diabo e seus sequazes, que exercem absoluto domínio sobre as profundezas do inferno, e prometendo o paraíso para quem amar o próximo sem desejar a mulher dele, o cristianismo plantou sua hegemonia filosófica.

As ideias de Tomás de Aquino, forjadas nas entranhas da Igreja Católica, até hoje ocupam a cabeça de quem não tem nada melhor para fazer, e são tidas como bases indestrutíveis da filosofia. A filosofia ou está umbilicalmente ligada a ideias religiosas, ou flutua no campo do etéreo, tipo nada ver com a vida suada do homem que luta para sobreviver, ou ainda serve como instrumento contundente, exatamente, para combater o deísmo. Tomás de Aquino de um lado e Nietzsche de outro seduzem neófitos.

Mas, nenhuma filosofia conseguiu mudar o homem. O homem de hoje é o mesmo de ontem, mantendo sua capacidade de produzir horrores e maravilhas, numa escala que vai de náuseas a orgasmos múltiplos. O crente não é melhor nem pior do que o descrente.

Quer dizer: até hoje a filosofia não mostrou a que veio. Alguém conhece alguém que ganhou sozinho na sena, só porque domina a filosofia? Alguém conhece alguém que viveu sempre feliz só porque conhece filosofia? Alguém conhece alguma candidata a modelo que desdenha jogador de futebol famoso, saradão e cheio da grana, só porque ama um filósofo conhecedor de Heidegger?

É a economia que move o mundo, e não a filosofia. E o que move o homem é o epicurismo. A natureza o fez epicurista. Ele se serve do pragmatismo para chegar lá, buscando o melhor para si: comer, beber e transar. Mas, ninguém precisa frequentar escolas de filosofia, para saber o que é epicurismo e pragmatismo. Isso o homem já aprende desde a primeira fome, com a boca grudada nas tetas. O resto é apanhando da vida, ou correndo atrás da glória que ele aprende.

Não é papel do Estado gastar dinheiro público com filosofia.  Não lhe cabe bancar a cultura como passatempo para acompanhar um cigarrinho. O Estado deve, sim, investir no ensino para gerar emprego, para girar a roda da economia, e não para sustentar o estado de graça de quem só quer filosofar à custa daqueles que produzem empregos e riqueza. Quem quiser filosofar, que pague. O contribuinte merece respeito.


segunda-feira, 6 de maio de 2019


Chucruthe times
                                                                                       Planetacho
Neymar Jr pode concorrer a melhor do mundo no MMA
Reincidente: craque do PSG já havia dado um mata-leão na Receita Federal do Brasil, agora agride torcedor francês.

CRISE NA GRANJA
Leite quer privatizar galinha dos ovos de ouro.

Trump e Putin disputam Venezuela no par ou ímpar.

Itamarati vai condecorar piás do presidente com ordem do mérito do Twitter e cavaleiros do Apocaplipse.

Vem aí a lei que proíbe automóveis e libera crianças
Pitolomeu Tagaurdado, líder do AR (Avante Retrógrados) propôs uma lei para solucionar os problemas do trânsito na República Federativa do Brasil. Nosso consultor na área de trânsito diz que pode ser um avanço, considerando a situação atual em nossas cidades.

EDICTHORIAL
Medidas têm que ser tomadas com urgência. Assim como estão, as coisas não podem continuar. A novela das nove não pode continuar sendo transmitida quase às 10 da noite. Temos que mudar isso daí, tá oquei?

sexta-feira, 3 de maio de 2019


A MORAL DA CACHAÇA NO SUPREMO
João Eichbaum
Na caverna das ambiguidades e evasivas, onde o inexplicável se esconde, o STF foi escarafunchar um ajuntamento de palavras: “refeições institucionais”. Para destrinchar esse contubérnio no vernáculo são necessários vocabulário e gramática. “Refeição” é comida. Ou, como queiram e exijam as circunstâncias, o ato de se alimentar. “Institucional” é o adjetivo que se refere, exclusivamente, a “instituição”, substantivo do qual deriva. A morfologia os atrela. Aonde for o adjetivo, o substantivo vai atrás. O adjetivo só cumpre sua função gramatical junto a outro substantivo, jungindo-o ao conceito de instituição.
Donde se conclui que “refeições institucionais” só podem ser as refeições feitas por uma instituição, ou seja, um ente meramente jurídico, uma entidade criada por ficção do Direito, que não respira, não sofre, não se apaixona, não transa. Mas nos últimos dias se teve notícia, a estúpida notícia de que, no Brasil, há uma instituição que não só se empanturra de comida como bebe cachaça: o Supremo Tribunal Federal.
Sim. O STF expediu pregão eletrônico para o “fornecimento de refeições institucionais”, pelas quais o povo pagará um milhão e cem mil reais: bobó de camarão, camarão à baiana, medalhões de lagosta com molho de manteiga queimada, bacalhau a Gomes de Sá, frigideira de siri, moqueca e arroz de pato, entre outros preciosíssimos acepipes. E como a “instituição” não pode morrer de sede, devem acompanhar vinhos de Tannat ou Assemblage, safra 2010, ou Merlot, safra 2011, com a condição de que tenham quatro premiações internacionais. Ah, sim, e para abrir seu imenso apetite a instituição do STF exige “cachaça de alta qualidade” e uísque “de malte envelhecido”.
Não fique pensando que tais extravagâncias sejam destinadas a saciar a destemperada gula e a sede etílica de suas excelências, os ministros e ministras. Não. Eles não são “instituição”. Eles são pessoas e, como tais, não podem se entregar a orgias gastronômicas e etílicas por conta do erário, em razão dos princípios da “impessoalidade e da moralidade”, ordenados pelo art. 37 da Constituição Federal. É a instituição, o Tribunal, (homenageado pela OAB, CNBB e CNI) que bebe cachaça, se empanturra, se banqueteia acintosamente à custa do povo de um país mergulhado na pobreza. Os ministros se esforçam, mas não conseguem atrair o respeito do povo pela Instituição porque, gulosa e cachaceira, ela não faz por merecer mesmo.