JUSTIÇA FEITA COM COLA
João Eichbaum
O Luiz Inácio Lula da
Silva deve andar rindo, tanto sozinho como bem acompanhado. Graças aos favores,
papagaiadas e mancadas da Justiça, ele está livre e solto para viver no paraíso
de mel com seu novo amor, um desses que já nascem eternos, com prazo de
validade além da primeira briga.
Essa história começou a
ser escrita pelo juiz Sérgio Moro, com a pena de prisão imposta ao Lula, que
foi aumentada pelo TRF4. E o tribunal ainda mandou trancafiar o dito na cadeia,
aplicando a súmula 122: “encerrada a jurisdição criminal de segundo grau, deve
ter início a execução da pena, independentemente da eventual interposição de
recurso especial ou extraordinário”.
Pronto. Estava montado o cenário para que Lula
desempenhasse o papel de mártir, sofrendo danos e malquerenças: cadeia em
segunda instância. Pior ainda, quando entrou em cena a juíza Lebbos: botou
ordem nas visitas ao condenado, proibiu-lhe entrevistas e quis transferí-lo
para outra penitenciária. Mas o Toffoli, mostrando quem é que mandava, veio em
socorro do mártir. E a novela então tomou outro rumo: surgiu a nova namorada do
Lula, uma que nunca lhe tinha acompanhado em voos oficiais, nem privado da
suíte presidencial.
No terceiro ato da
pantomima judiciária, apareceu outra mulher na vida do Lula: a juíza Gabriela
Hardt. Matreiro, servido em manhas e artimanhas, mal tinha estabelecido seu
traseiro na cadeira dos réus, ele quis ficar à vontade, como se estivesse
bravateando em grupo de sindicato. Mas a juíza Gabriela, com jeito de quem sabe
lidar com dente de cobra, não quis emprestar seu ouvido de doutora para
bazófias: “se continuar a falar comigo desse jeito, vamos ter problemas”. E deu
problema mesmo. No final daquela peça, Lula, remetido a artigos de corrupção e
delitos ribeirinhos, acabou condenado pela juíza.
Foi o que bastou para que
a magistrada assumisse o pódio até então reservado para o Sérgio Moro. Taluda,
e bem sortida em curvas e demais partes da sua natureza, a juíza leva vantagem
de não ter a cara da Gretchen. Com essa belezura toda estampada na companhia de
manchetes, a doutora Gabriela Hardt passou a ser festejada por todas as torcidas
organizadas do magistrado transformado em ministro.
Mas, o Supremo botou fim
na prisão de segunda instância. E há poucos dias noticiou a imprensa que o
método usado pela magistrada foi o do “Ctrl+c, seguido de Ctrl+v”. Ou seja, o
famigerado “copia e cola”. Tira daqui e bota ali. Excertos de outros processos
teriam sido extraídos e usados na sentença. Uma coisa banal, que só ignora quem
não sabe como funciona a Justiça. Mas, aplicar logo contra o Lula? Ah, não, aí
já é demais...Agora, graças à nulidade da sentença, Lula está prestes a
desembaraçar um final feliz, com amor novo.
Quando contarem histórias
folclóricas da Justiça, das quais fazem parte madrastas e princesas, e onde tem
também uma Cinderela que amava um prisioneiro, de agora em diante poderão as
vovós começar assim: “era uma vez uma juíza que copiava e colava...”
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