AS FAKE NEWS DO
MINISTRO
Alexandre de Moraes
parece especializado nessa área: a das fake News, as falsas notícias, mas as
falsas notícias do Direito, o Direito falso, o avesso do Direito. É nesse campo
que o ministro se aventura, fazendo das suas, vestido de toga e se aproveitando
dos poderes que os senadores, depois de uma noitada num barco, lhe garantiram.
Relembrando: o Supremo
Tribunal Federal, de uns tempos a essa parte, aprontou muitas, desatando em
parcela considerável da população brasileira a desconfiança na Justiça. Daí, a
se transformar em revolta essa insatisfação, foi um passo. A Corte em geral e
vários ministros em particular passaram a ser alvos de chacota e vitupérios nas
redes sociais. Houve um grupo que avançou nesse movimento de repulsa contra
aquela instituição, organizou manifestações de rua em frente à sede da Corte,
pedindo seu fechamento, com gritos de ordem.
As manifestações
encontraram eco no Supremo e a resposta veio através de inquérito instaurado
por Dias Toffoli, para apurar “fake news e ameaças a ministros e seus
familiares”. A investigação foi confiada a Alexandre de Moraes. E o inquérito
se transformou em ato de defesa a favor do Tribunal, assumindo uma natureza
policialesca. Começou com buscas e apreensões e terminou com a prisão de
algumas pessoas tidas como líderes das manifestações contra o STF. Tudo, sem
que o inquérito tivesse em vista a perseguição de uma conduta penal definida, e
sem que os advogados tivessem acesso ao seu conteúdo. Às pessoas encarceradas,
segundo noticiou a imprensa, não se deu conhecimento do crime ou dos crimes por
elas praticados. Um jornalista preso foi impedido de exercer sua atividade. Uma
das pessoas presas está agora em liberdade, vigiada por tornozeleira
eletrônica.
Por incrível que
pareça, toda essa pantomima policialesca foi aprovada pelo Supremo Tribunal
Federal, contra o voto do ministro Marco Aurélio de Melo. E ato seguinte dessa
ópera do falso Direito foi o impedimento do exercício da liberdade de
expressão, determinado por Alexandre de Moraes, atingindo várias pessoas, que
tiveram suspenso seu acesso às redes sociais.
Não é destruindo direitos
que se constrói ou se mantém a honradez. Não é violando a lei que se preserva a
dignidade. Não é desrespeitando o ordenamento jurídico que se conquista o
respeito de quem sustenta o Estado. O país está mergulhado nas trevas de uma
pandemia. No entanto, os ministros do STF, os encantadores de si mesmos, vivem
como se tivessem luz própria, em outro mundo.
Os juízes, como os
demais servidores públicos, são investidos nos seus cargos e funções para
servirem ao Estado e não para dele se servirem. Mas parece que, dos onze
ministros do Supremo Tribunal Federal, dez deles ignoram esses elementares
pressupostos de Direito Público.
A liberdade de
expressão e de pensamento é um direito fundamental do ser humano, sendo assim
consagrado no art. 5º, incisos IV e IX da Constituição. Se o Tribunal, que é o
guardião dessa Constituição, proíbe o direito de falar, ele está negando razões
para a sua própria existência.