O INFERNO DE UM PRESIDENTE
João Eichbaum
O Judiciário marcou
território. Quem tem poder e rins funcionando faz isso. Do entrevero léxico,
que é o palavrório do Fux, escorreu a obtusa ideia de que não vai haver
intervenção, coisa nenhuma, porque o Presidente é, mas não é, o comandante
supremo das Forças Armadas. E mais: que a missão do generais, brigadeiros e
almirantes é ficar nos quartéis, hangares e capitanias só contando tempo, à
espera da gorda previdência diferenciada, quando trocarão as fardas carregadas
de medalhas pelo pijama, para olhar televisão.
Calados, os comandantes
ouviram a proclamação de que a toga é superior à farda. Dobraram-se ao mutismo
da concordância, subjugados pela prudência de quem não se mete em guerra.
O Weintraub teve que sair escondido, por ter
externado o sacrílego pensamento de botar na cadeia os ministros do STF. E se
escafedeu pelos fundos, perseguido pela certeza de que, no Brasil, a única voz
que manda calar a boca e baixar as armas é a do pessoal da toga.
Prenderam o Queiroz na
casa do Wassef, andam à cata da coroa do Queiroz também. O Wassef está mais
enroscado do que carrapicho em pelego. E a família Bolsonaro parece pendurada
na corda do pânico, amedrontada pelo que pode brotar da boca deles.
Qualquer juiz dá ordens
ao Presidente da República, exige que ele ande mascarado porque, se não andar, pagará
multa, como reles infrator.
Agora o Celso de Mello
quer botar Bolsonaro à mercê dos terríveis interrogadores da Polícia Federal,
cujo chefe não lhe deram o direito de escolher. E isso tudo acontece depois que
Bolsonaro, mirando o infinito com seus olhos de artilheiro e, cheio de
certezas, encheu a boca para dizer “agora chega”.
Milhões de brasileiros querem
um Brasil melhor. Um Brasil com políticos que respeitem o povo, que não sejam
dados a falcatruas, a vendas de votos, a trocas de partido por dinheiro, por
poder, por qualquer coisa que melhore a vida sobrecarregada de privilégios que só
eles têm.
Milhões de brasileiros
querem a transformação total deste país, com uma varredura na corrupção, na
roubalheira, na ganância fiscal que os obriga a trabalhar quatro meses só para
o governo.
Milhões de brasileiros
querem se livrar dessa imagem de galinheiro, na qual o país se transformou,
entregue à desordem dos galos. Querem um país onde os bandidos não tenham mais
direitos que o povo, o povo que trabalha, sua, sofre no transporte público,
sobrevive com salário mínimo e acaba morrendo na fila do Sus. Querem que o
Brasil deixe de ser o eterno 7x1 em qualquer coisa.
Mas, a chamada “grande
imprensa” não deixa. Abandonando o escrúpulo, o jornalismo da ética e da
responsabilidade social, ela se transformou em panfletário do ódio. Sua meta é
deixar milhões de brasileiros com o choro engasgado, e apagar com um cuspe o
calor vulcânico de seu amor pela pátria, ao lhes dizer que o sonho acabou e que
do sonho só sobreviveu Bolsonaro, por ser um político igual aos outros...
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