quinta-feira, 2 de julho de 2020


O INFERNO DE UM PRESIDENTE
João Eichbaum

O Judiciário marcou território. Quem tem poder e rins funcionando faz isso. Do entrevero léxico, que é o palavrório do Fux, escorreu a obtusa ideia de que não vai haver intervenção, coisa nenhuma, porque o Presidente é, mas não é, o comandante supremo das Forças Armadas. E mais: que a missão do generais, brigadeiros e almirantes é ficar nos quartéis, hangares e capitanias só contando tempo, à espera da gorda previdência diferenciada, quando trocarão as fardas carregadas de medalhas pelo pijama, para olhar televisão.

Calados, os comandantes ouviram a proclamação de que a toga é superior à farda. Dobraram-se ao mutismo da concordância, subjugados pela prudência de quem não se mete em guerra.

 O Weintraub teve que sair escondido, por ter externado o sacrílego pensamento de botar na cadeia os ministros do STF. E se escafedeu pelos fundos, perseguido pela certeza de que, no Brasil, a única voz que manda calar a boca e baixar as armas é a do pessoal da toga.

Prenderam o Queiroz na casa do Wassef, andam à cata da coroa do Queiroz também. O Wassef está mais enroscado do que carrapicho em pelego. E a família Bolsonaro parece pendurada na corda do pânico, amedrontada pelo que pode brotar da boca deles.
Qualquer juiz dá ordens ao Presidente da República, exige que ele ande mascarado porque, se não andar, pagará multa, como reles infrator.

Agora o Celso de Mello quer botar Bolsonaro à mercê dos terríveis interrogadores da Polícia Federal, cujo chefe não lhe deram o direito de escolher. E isso tudo acontece depois que Bolsonaro, mirando o infinito com seus olhos de artilheiro e, cheio de certezas, encheu a boca para dizer “agora chega”.

Milhões de brasileiros querem um Brasil melhor. Um Brasil com políticos que respeitem o povo, que não sejam dados a falcatruas, a vendas de votos, a trocas de partido por dinheiro, por poder, por qualquer coisa que melhore a vida sobrecarregada de privilégios que só eles têm.

Milhões de brasileiros querem a transformação total deste país, com uma varredura na corrupção, na roubalheira, na ganância fiscal que os obriga a trabalhar quatro meses só para o governo.

Milhões de brasileiros querem se livrar dessa imagem de galinheiro, na qual o país se transformou, entregue à desordem dos galos. Querem um país onde os bandidos não tenham mais direitos que o povo, o povo que trabalha, sua, sofre no transporte público, sobrevive com salário mínimo e acaba morrendo na fila do Sus. Querem que o Brasil deixe de ser o eterno 7x1 em qualquer coisa.

Mas, a chamada “grande imprensa” não deixa. Abandonando o escrúpulo, o jornalismo da ética e da responsabilidade social, ela se transformou em panfletário do ódio. Sua meta é deixar milhões de brasileiros com o choro engasgado, e apagar com um cuspe o calor vulcânico de seu amor pela pátria, ao lhes dizer que o sonho acabou e que do sonho só sobreviveu Bolsonaro, por ser um político igual aos outros...


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