sábado, 15 de maio de 2021

 

O GOLPE DO NAMORO

 

A malícia e a ingenuidade, embora tenham sentidos antagônicos, são propensões que podem coexistir em cada indivíduo da espécie humana. Em intensidade variável, claro, uma sobrepujando a outra. Não há maliciosos que não tenham seus momentos de bobeira. Não há ingênuos que uma hora ou outra não deixem de se antenar na bobagem que estão fazendo.

Uma coisa esse raciocínio revela: ninguém é completamente imune à bobeira das ilusões. As ilusões embriagam facilmente. São armadilhas que as pessoas armam para si mesmas, sem se darem conta disso. Não há estelionatário que não tenha atrás de si uma mulher que, por uma razão ou outra, o seduziu. E, por ela, ele faz qualquer coisa. Não há mulher estelionatária que não pratique suas fraudes, por estar perdidamente apaixonada por um homem que tem maior poder de sedução do que ela. Mesmo que seja só sobre ela.

A internet ou, mais precisamente, as redes sociais foram uma descoberta e tanto para os estelionatários, e uma armadilha facílima de pegar ingênuos – para usar o adjetivo menos pejorativo. E há estelionatários com uma facilidade tal para enganar e ingênuos com uma capacidade infinita de se deixar enganar, que nem Freud explica.

Depois do roubo mundial de dados pessoais, tudo ficou mais fácil para os estelionatários, na proporção do grau de ingenuidade de muitas pessoas. Principalmente mulheres idosas, viúvas ou separadas. Essas facilmente caem nos contos de namoro, se deixam seduzir pela ilusão de que encontraram seu príncipe sonhado, aquele que vai acabar com a solidão delas, transformando a vida num paraíso. A solidão as ensinou a navegar na internet. O ócio da aposentadoria ou da pensão lhes proporciona horas incontáveis para procurar um príncipe. Viúvo é o que morre, como diz o ditado popular. E quem procura, acha. Afinal, a internet está aí para isso mesmo, servindo de armadilha para os otários.

 

 

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