sexta-feira, 12 de outubro de 2018


AI DE VÓS, HOMENS DE MUITA FÉ!
João Eichbaum
Algum de vocês já foi procurado por abelhudos, querendo saber em quem vocês vão votar? Ou algum amigo, parente, conhecido o foi? Vocês não acham que pesquisa e prêmio na sena são coisas que a gente só vê nos jornais, ou tem conhecimento apenas por ouvir dizer?
Atentem para o vexame dos institutos de pesquisa nas eleições. Aqui no Rio Grande do Sul, quem despontava para senador, no espalhafato das pesquisas, era José Fogaça, seguido por Paulo Paim. Em terceiro lugar, distante desse, aparecia Beto Albuquerque. Os outros se perdiam na poeira.
Mas, na contramão dos prognósticos, foi eleito Luiz Carlos Heinze com respeitável votação, seguido de longe por Paulo Paim, que não ficou muito à frente de Beto Albuquerque. Carmen Flores obteve surpreendente resposta nas urnas, deixando na poeira José Fogaça.
No Rio de Janeiro, Wilson Witzel, concorrendo por um partido de pouca expressão, o PSC, não despontava com perspectiva para o segundo turno. O medalhão e político profissional Eduardo Paes era o nome que liderava. Mas, na votação, deu Witzel, com 41% dos votos válidos, contra 19% do dito Eduardo Paes.
Em Minas, Dilma Rousseff, estrela do PT, despencou do alto das pesquisas sobre o monturo da humilhação. Como candidatos a governador, Pimentel e Antônio Anastasia, ambos matreiros políticos profissionais, apareciam como preferidos. Mas o silêncio da verdade, nas urnas, desmentiu o impudico alarde das pesquisas. Venceu Romeu Zuma, sem pedigree político e sem dinheiro do fundo partidário.
Serão tais erros frutos de incompetência ou desonestidade? Sabemos que o Brasil é um país de dimensões continentais, com uma população distribuída em vários nichos sociais, que vão da miséria a fortunas incalculáveis, da ignorância total aos pós-doutorados, do isolamento à notoriedade. Haverá instrumentos de estatística capazes de triturar tais discrepâncias, para extrair desse pó um argumento científico?

Nossa história política foi conspurcada pelo “mensalão”, pelo “petrolão”, pela JBS e por outras safadezas. Os bilhões do fundo partidário lavam as burras dos grandes partidos, que estão nas mãos de velhas raposas. Com tais premissas, só aquela fé de quem acredita em milagre pode emprestar crédito às pesquisas.


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