sexta-feira, 30 de agosto de 2019


                                        A DEVASTAÇÃO NA HISTÓRIA

João Eichbaum

Índio tem ambição? Tem mania de grandeza? Que nada. Índio nem sabe o que é ambição. Índio só vive por viver, e mais nada. E para viver ele não precisa mais do que caçar e pescar. E para melhorar a vida, ele come a sua índia, naturalmente. Então, ele caça, pesca, volta pra casa, toma sua cachaça, come a índia, e pronto: isso é que é vida.

Mas, e o branco? Ah, o branco é outra coisa. É vinho de outra pipa. O branco é ambicioso. Não lhe basta o ouro. Quer o poder também. Tudo, ao lado de uma vida fácil.

Pois foi assim que a nossa história começou. A ambição pelo poder, pela riqueza, pela expansão dos domínios territoriais e o gosto pela pimenta do reino deram cria às grandes navegações. O pessoal saía da Europa, enchia suas caravelas com uns pobres diabos sem eira nem beira, comandados por algum aventureiro que batalhava para obter as graças do rei, e se mandava na direção da Índia, em busca de pimenta do reino. Enfrentavam procelas, raios, coriscos e trovões, arriscavam a vida, passavam mais de três meses sem mulher, tudo pela pimenta do reino e outras iguarias. Vá que encontrassem alguma terra sem dono, nesse caminho das águas, e aí a vida deles estava feita: obtinham todas as graças do rei.

Pois foi o que aconteceu com o nosso destino. Os caras, nessas idas e vindas, deram de cara com uma terra que poderia render leite e mel. Se os judeus tiveram essa sorte, antes que Jesus Cristo viesse ao mundo, porque aos europeus, que contavam com a proteção do dito Cristo, seria negada tal felicidade?

Então, descobriram essa terra que, muito mais do que pimenta do reino, tinha ouro e árvores gigantes, maciças, tão ou mais fortes do que os bíblicos cedros do Líbano. Era tudo o que o rei deles queria. Então, aqui atracaram suas caravelas, rezaram missa, atraíram os índios com espelhinhos e, depois de suas quarentenas sem sexo, tiveram a felicidade de encontrar indiazinhas nuas, sem pelo, com as partes pudendas acariciadas pelo sol.

Levaram tudo o que puderam: ouro, pedras preciosas e tudo o mais que podiam. E enquanto os índios, seduzidos com espelhos, crucifixos e outras coisinhas de crianças, derrubavam árvores e as levavam nos ombros para as caravelas, eles, os brancos se distraiam, comendo as índias.

Não contentes em devastar as florestas e levar as riquezas minerais, deixavam aqui, quando aportavam, ladrões, assassinos e condenados por outros motivos, inclusive as pobres feiticeiras banidas pela Inquisição. Com essa espécie antropológica foi colonizado o Brasil.

Agora, passados quinhentos anos, baixa o espírito de colonizador sobre Macron, descendente daqueles que, seduzindo os tamoios, tentaram devastar o nosso país, com o escambo do pau brasil, mas acabaram expulsos pelo governador Mem de Sá. Esse cara de lábios genitais de vaca, que não teve competência para impedir que o fogo consumisse a catedral de Notre Dame, deve estudar a história, antes de meter o nariz na fumaça da Amazônia.


terça-feira, 27 de agosto de 2019


PENSAMENTOS DO RUI ALBERTO
Sobre a Nau Catrineta, na versão atual brasileira
Um oceano de brasileiros patriotas foi invadido por um barco chamado "governo"que emporcalhava o mar anos a fio em nome do "pratgo de arrodz para todos" , mas que só roubavam entre prosas e versos de amor, tudo aparentando estar amoroso e ser "corretinho"...
Então, farto de porcarias, o oceano de brasileiros conseguiu botar na cabine de comando o Bolsonaro e sua equipe, mas o chefe de máquinas, o operador de radar, e o time da cozinha continuam querendo levar o barco para ver areias de Caracas, praias de Havana, com ajuda do escrivão-mor do Diário de Bordo, um certo podcast plim-plinesco...
Tem muita gente pra ser jogada "borda fora"....                                      
Obs.-1 - (A Nau Catrineta é um poema de Almeida Garrett)
Obs. 2 - #globosta é outra coisa qualquer dessas monótonas, chatas, ideia fixa, agindo como mar na pedra pra derrubar o marisco..

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sexta-feira, 23 de agosto de 2019


                                        A MÃE DA SOGRA
João Eichbaum

A figura do presidente Jair Messias Bolsonaro, com sua estampa de quase dois metros, a ponto de deixar o Wladimir Putin mais para toquinho de amarrar égua do que para desatarraxar suspiros de admiração nas comadres, tem chamado menos atenção pelo seu tamanho de atravancar sala, do que pela soltura da língua.

O presidente não é de andar engomado e de gravata todo dia, não tem jeito de moça, nem de fazer ponderações mimosas, com voz adoçada, ou de fazer uso dos regulamentos da cortesia, para tratar com certa gente. Jair Messias Bolsonaro não é de pegar tremeliques de caniço novo no vento de qualquer pergunta. Quem diz o que quer para ele, fica sujeito a ouvir o que não quer. Falante e de língua solta, é do tipo que diz primeiro, para arejar as ideias no depois do dito: vai engrossando a fala e não é de espichar conversa.

Não é do seu jeito levar qualquer um para compadre ou comadre. Nem o perfume de chucrute da Angela Merkel arranca suspiros dele. Isso lhe tem custado alguma encrenca. Seus procederes nem sempre calham bem, desencravando aplausos e foguetes de viva São João. Se o mal entendido cai nos ouvidos dum maníaco de querelas, o assunto toma o rumo do foro da Justiça, para ser resolvido na base de cifrões. Se a resposta não é aquela que agrada a quem vive de safadezas públicas e privadas, é bem nascida para virar manchete contra o presidente.

Como até agora não encontraram patifarias institucionais, do tipo contabilidade mal fechada ou mistura do dinheiro próprio com verba da Fazenda; como não é do feitio de Jair Bolsonaro levar amante em viagens oficiais, liberando cartão corporativo para ela e mandando a conta para o contribuinte; como o presidente não arreda os fundilhos para pisar o caminho que leva ao BNDES afim de, em troca de propina, salvar empresas que respiram por aparelhos, a matilha dos maledicentes, que andava amofinando o presidente, resolveu mudar o rumo das desfeitas. Com a ideia cravada na desmoralização do primeiro mandatário da nação, fuçando e fuçando, foram dar lá pelos ermos da periferia de Brasília, atrás de acontecidos, sucedidos e malfeitos da mãe da sogra dele.

A pobre senhora, de pele tisnada, com um ar de desamparo, já entrada na casa dos oitenta anos, teve sua velhice desrespeitada, sua história pessoal devassada, sua dignidade joeirada na peneira do desdém. A remessa de maldades que sobre essa infeliz criatura jogaram, desencavando do passado dela uma condenação criminal e esboçando maldosas insinuações a respeito de sua personalidade, desnudam um jornalismo de baixo nível. Abusando da liberdade de imprensa, ao ultrapassar os limites que a Constituição Federal impõe, inscrevendo como preceito fundamental o respeito à vida privada, à honra e à imagem das pessoas, o veículo de comunicação acabou jogando na lama o pouco da credibilidade que lhe restava. E de lambuja criou nova versão para a fábula do lobo e do cordeiro: se não foi tu, foi a mãe da tua sogra...


quarta-feira, 21 de agosto de 2019


PENSAMENTOS DO RUI ALBERTO
Cronica dos Cômodos...
Aí você vai num stand de vendas de casas e apartamentos e pergunta:
- Quantos cômodos tem ?
Fosse isso lá pelo ano de 190, por todo o mediterrâneo, e ficariam indignados, porque um só cômodo seria demais...
Nesse ano O Império Romano era Cômodo (Commodus), filho do Marco Aurélio. Entrou em atrito com o Senado e caiu na boca do povo como depravado sexual. Grande admirador das lutas entre gladiadores, Cômodo organizou, em 192, uma série de combates, com duração de duas semanas, chegando a participar pessoalmente deles, usando roupas e armas semelhantes às de Hércules. Apareceu inclusive no senado vestindo essas roupas.
Foi nesse ano mesmo, que, em 31 de dezembro mataram o sujeito sem predicados com muitos complementos diretos e indiretos... E foi assim, segundo a Wikipédia :
"Diante da crise de legitimidade constante, o grupo de assessores mais próximos do imperador — que incluía o futuro imperador Septímio Severo, então governador da Panônia (e um dos 25 cônsules de 189), e seu irmão Públio Septímio Geta, governador da Dácia — resolveu-se pelo afastamento do imperador. Em 31 de dezembro de 192, a pedido da favorita de Cômodo, Márcia, um campeão de lutas chamado Narciso estrangulou o imperador durante o banho com a ajuda do seu raro cavalo albino. Todos que conspiraram contra a morte do Imperador foram executados exceto Dio. Cômodo foi então enterrado no mausoléu de Adriano. Sua morte violenta marcou o início de um período de grande instabilidade política em Roma.
Quando Septímio Severo se tornou imperador, Comodo foi divinizado."
Deve haver alguma estátua de santinho romano com o nome de São Cômodo comedido em cômodos sem dragões de Comôdo em comodato...
Talvez por essa genética cheia de genica a Itália, com sede em Roma, esteja enfrentando uma séria crise política...
RR

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domingo, 18 de agosto de 2019


  PLANETACHO
             
Como diria Raul Seixas...

A notícia de que mais uma crise econômica mundial está se formando – e a guerra comercial é a causadora disso – nos faz lembrar Raul Seixas, que gravou música baseada em um filme com o mesmo nome. O Dia em a Terra Parou. Estados Unidos e China estão nesta batalha que pode estar encaminhando o planeta para tempos difíceis. Será que a terra vai parar, como na música de Raulzito? Não é necessário ser nenhum maluco beleza para perceber que o recuo será grande. Não precisa ter nascido há 10.000 anos atrás para se ter esta percepção. A coisa só está começando. Não dá para esquecer que ainda temos pela frente o início, o meio e o fim...
Podemos tentar ignorar o que está acontecendo. Não querer enxergar. Mas é bom lembrar que quem não tem colírio usa óculos escuros e quem não tem visão bate a cara contra o muro. A dura realidade em meio à terraplanagem mundial é importante não ser besta para tirar onda de herói. Temos que ir nos moldando de acordo com os acontecimentos. Como dizia Raul, “mamãe, não quero provar nada”, muito pelo contrário. “Prefiro ser esta metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”...


sexta-feira, 16 de agosto de 2019


O MITO
João Eichbaum

Como homem polêmico, Jair Messias Bolsonaro parece bater todos os recordes da história política do Brasil. E isso tem uma razão: ele não foi aceito pelas maiores empresas de comunicação, as que dominam, ou dominavam, antes do advento das redes sociais, o mercado em todo o país.

Essas empresas, às quais se costuma chamar de “grande imprensa” assumiram publicamente e sem escrúpulos o papel de oposição política, porque a eleição de Jair Bolsonaro não lhes caiu no gosto, não lhes provocou digestão saudável. E não se trata de simples oposição. É um posicionamento radical que, ultrapassando as raias da mera antipatia, bate nos limites do ódio.

O papel da oposição política se entende. Faz parte da luta pelo poder. É uma das facetas da chamada democracia, sistema no qual, teoricamente, as divergências de ideias, pensamentos e objetivos políticos contribuem para o bem estar comum. Afinal, o povo governado não pode ser tratado como gado, que é alimentado, conduzido e sacrificado de forma igual, sem ter meios de manifestar vontade própria. O povo a tem e pode se manifestar, porque nem todos têm os mesmos gostos, nem idênticas necessidades, que possam construir a homogeneidade absoluta de uma nação.

Então, os políticos, que são eleitos pelo povo para divergir do governo, mais não fazem do que o seu papel, mesmo que contrariem por birra, por burrice, simplesmente por contrariar a quem está no poder. O que lhes interessa, acima de tudo, é a fraqueza do seu adversário, que lhes fornecerá espaço para a tomada do poder no futuro: como em qualquer jogo.

Mas, que razões explícitas levam empresas de comunicação a abrirem guerra contra os poderes constituídos, especialmente contra uma pessoa, no caso, o presidente da República, cujo caráter esfolam com notícias carregadas de maledicências? Por que mais preferem os escombros do que a grandeza da nação? Elas não o dizem e esse silêncio autoriza a presumir más intenções. Ao invés de princípios, a mola mestra de quem assim se comporta são ambições, espaço para enriquecimento e poder. Para isso, agem como pitonisas da desgraça e da calamidade.

Provocado por essas atitudes, o país está dividido. Famílias perdem a unidade, a intimidade, a graça de conviver. Amigos deixam de ser amigos. Colegas de trabalho passam a não se suportar um ao outro.

Como Bolsonaro foi eleito por uma maioria expressiva, seus eleitores não deixam passar os ataques em brancas nuvens e se voltam contra o material explosivo que a “grande imprensa”, quer através de editoriais, quer através de seus cronistas e articulistas, coloca em seus noticiários e nas suas colunas tendenciosas.

Então, sentindo-se apoiado pelo povo, Bolsonaro não se abate, segue em frente. Vai levando a vida de cidadão comum, igual aos outros, respondendo o que lhe vai pela cabeça ao que lhe perguntam, pois sabe que, para perguntas idiotas, só servem respostas do mesmo nível. Continua a ser o que ele sempre foi, e muito bem definido pelo ministro Paulo Guedes: um cara de maus modos, mas de bons princípios.


domingo, 11 de agosto de 2019


  PLANETACHO
                 
                      Crer para ver...

Eu acredito que a Terra é redonda e que o nosso planeta é apenas uma poeirinha, pairando no universo em um raio de luz de um dos milhões de sóis. Quero crer que nenhuma guerra vale a pena e que a Guerra Fria não foi contra o aquecimento do planeta.

Eu acredito em fake News, mas se alguém espalhar isso eu faço como bolsonaro e digo que é fake. Eu acredito em bicho-papão, mula sem cabeça, boitatá e lobisomem, menos na classe política. Eu creio na democracia, mas desconfio que em muitos casos ela é manipulada pelo FBI e principalmente pela...CIA

Creio também em milagres e que nada acontece por acaso, a não ser ocasionalmente. Tenho certeza que no futuro o mundo entrará em guerra por água. No Brasil, o problema da crise hídrica será maior, porque aqui não se consegue fazer nada sem molhar a mão de alguém. Para mim é certo que existe vida inteligente em outros planetas, tendo a Terra como única exceção. Acredito que um zoológico é uma penitenciária de animais em que o único animal que não é inocente e que está em liberdade é o bicho homem.

Por fim eu acredito em tantas coisas, algumas até inacreditáveis. Que me perdoe São Tomé, mas sou daqueles que não precisam ver muito para crer. Pode parecer chavão, mas penso que tudo acaba bem e que se as coisas não vão bem é porque ainda não chegaram ao seu desfecho...

Ps.: Por isto, me perdoe, amigo leitor, vou deixar para terminar esta croniqueta outro dia...

sexta-feira, 9 de agosto de 2019


O FEITOR GERAL DA REPÚBLICA
João Eichbaum
Alexandre de Moraes, ministro do STF, ultrapassou todos os limites de tolerância permitidos, à conta da falibilidade humana. Impedido e com a bola na mão, saiu com ela pela linha de fundo e ainda bateu o escanteio. Nada de anormal, para quem desconhece lições básicas do Direito Romano: “ne procedat judex ex officio”. Traduzido para doutores que não conhecem latim, isso quer dizer: não se meta o juiz, onde não for chamado.

Claro, “error parit errorem” (um erro gera outro erro). Dias Toffoli havia expedido a Portaria Nº 69 na qual, considerando “a existência de notícias fraudulentas (fake news) denunciações caluniosas, ameaças e infrações revestidas de animus calumniandi, diffamandi e injuriandi, que atingem a honorabilidade do Supremo Tribunal Federal, de seus membros e familiares”, determina a instauração de “inquérito para apuração de fatos e infrações correspondentes...”.

Invocando essa mesma fonte, que é um atentado ao princípio do devido processo legal, Alexandre de Moraes a usa como tentáculo para alcançar a quem quer seja como um látego justiceiro. De ofício, invadiu área do Poder Executivo, exigindo informações sobre “processos disciplinares” instaurados pela Receita Federal. E, de posse das informações, decidiu suspender os procedimentos, por ter enxergado neles “claros os indícios de desvio de finalidade”. E meteu geometria no meio, dizendo que a Receita “de forma oblíqua e ilegal” pretendia “investigar diversos agentes públicos, inclusive autoridades do Poder Judiciário, incluídos Ministros do Supremo Tribunal Federal”. Assim, sacou uma liminar do colete, para impedir investigações que virtualmente poderiam ameaçar as pessoas intangíveis. Essas são pessoas diferentes dos demais mortais, têm regras próprias, e se alcandoram num estrato social não atingido pelo foco constitucional da igualdade de todos perante a lei.

 Alexandre de Moraes foi fiscal da lei, juiz, e advogado de defesa: três em um. Foi fiscal da lei – função que é atribuída por lei ao Ministério Público – ao meter o bedelho em procedimento interno, de caráter administrativo, da Fazenda Pública. Foi advogado de defesa dos contribuintes investigados, entre eles ministros do Supremo Tribunal Federal e respectivas caras metades, ao preservá-los dos guantes do fisco. E foi juiz: julgou por conta própria, sem que qualquer dos contribuintes supostamente prejudicados tenha postulado a prestação jurisdicional, que seria de competência do juízo de primeiro grau. E, não contente com essa tríplice função encastelada no seu ego, se arvorou, sem qualquer permissão legal, em segunda instância de matéria administrativa.

Um procedimento fiscal, de natureza investigatória, conduzido por quem tenha atribuições legais, além de não se enquadrar no molde da espúria portaria de Dias Toffoli, está na esfera do Poder Executivo, tem seus trâmites previstos em lei e, arrimado no art. 2º da Constituição Federal, repele a ingerência ex officio do Poder Judiciário.

É a primeira vez, na história do Brasil como Estado de Direito, que alguém puxa o poder para dentro do próprio ego e o exerce iluminado pela certeza de que “l’Ètat c’est moi” (o Estado sou eu), como Feitor Geral da República, combatendo ameaças à felicidade e à glória perenes dos senhores da Casa Grande.



terça-feira, 6 de agosto de 2019


PENSAMENTOS DO RUI ALBERTO

O que mais impressiona são as impressões mais impressionantes
Daquelas que nos chegam em imagens , sons, por ondas de rádio e microondas que nos cozinham os miolos se os aparelhos ou as torres de transmissão ficarem muito perto... Quando não são as ondas que nos fritam os miolos, são as notícias em si mesmas, onde em todas há uns fios de verdade pelo menos, e bastantes pegadas de mentira.
Assim como aquele pessoal que seleciona lixo para reciclagem, quem ouve notícias também separa o que lhe interessa mais e lhes apaga outro tanto desinteressante. Então emite-se uma opinião. Uns dizem que é verdade, outros que é mentira, todos querem ser "donos" da verdade...
Espera-se mesmo que as verdades passem a vir embaladas em caixinhas seladas com selo de origem, e prazo de validade, que não poderá ser menos que de 100 anos. Sim, porque toda a verdade que se preza não pode ser desmascarada de um dia para o outro, ou numa semana,... Tem que durar...
Durar bastante.

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segunda-feira, 5 de agosto de 2019

  PLANETACHO
?
A dúvida é: se não existissem mais dúvidas, existiria o ponto de interrogação.  

MITOLOGIA
No fim do corredor do labirinto, o minotauro esperava o jantar.

DEMITIDO
 Na parede a folhinha do calendário do mês passado recebeu os trinta.

INSTRUMENTO
Músico autodidata tocava cotonetes de ouvido.

CRISE POÉTICA
Vou-me embora para Passárgada. Me arruma algum aí para inteirar a passagem...

REFORMA
 Nas selvas de Bengalla, um país fictício da África, existe a lenda do Espírito que Anda, um homem que nunca morre. O Fantasma. Trabalha desde 1525. Com as novas regras da aposentadoria ainda faltam 20 anos para ele se aposentar.

sexta-feira, 2 de agosto de 2019


DE HACKERS E OUTROS DEMÔNIOS
João Eichbaum
Tudo começou porque um sujeito está preso numa cadeia que nem cadeia é, e ele nem preso parece. Seu quadrado carcerário, ao contrário dos regulamentos dos direitos humanos, nem espaço tem para visitas íntimas, e deixa o indigitado em estado pior do que bode encerrado, de castigo, obrigado a dormir com a mesma cabrita até que a morte os separe.
Mas, no concernente ao dito preso, ele goza de regalias e benemerências que a lei não concede a ladrões de galinha. E seu cárcere privado parece capela de santo milagroso, com um entra e sai de jornalistas, políticos, artistas, padres, bispos, e mulheres de variadas belezas, que vão de quadril de tanajura, e outros recurvados, a traseiro liso, de tábua de passar roupa.
Pois tudo começou com o preso, barbudo e de voz rouquenha. O entra e sai na cela dele, que nem cela é, mas uma sala, não aparentava visita de compadres, mas a preparação da maior fofocagem existente.
A conversa que dominava o recinto, com o indigitado torcendo a barba e enrolando as palavras, era sobre o juiz e o promotor, responsáveis pela mísera situação em que ele se encontra, de preso que não está preso, e de solto que está preso, porque diz a Constituição que ninguém é culpado sem a sentença final.
Num vaivém desses, com tanta gente entrando e saindo, tanto palpite furado, tanto ódio digerido contra o juiz e o promotor, apareceu um gringo, palpitando sobre meios e modos de desfeitear trabalho alheio. E, arranhando a nossa linguagem com mais erres do que ela tem, falou sobre uns abelhudos, uns tais de hackers, que vasculham a vida de todo mundo, revelando, a poder de grana, quem é que transa com quem, quem é que anda com a mulher de quem, e outras avarias de honra que calha saber sobre a vida alheia.
A ideia ganhou aplauso e os hackers foram chamados para aparar o caminho da vingança contra o juiz e o promotor, e para botar por terra a condenação do indigitado. Apareceram conversinhas dos dois, juiz e promotor, nesses aparelhinhos modernos onde fica tudo o que a gente escreve ou fala. E a grande imprensa tratou de infestar de fofocas o país.
A partir de então, o assunto mais cevado, na barbearia, no táxi, na mesa do bar, na televisão, foi quem é que fez o quê, quem contratou os abelhudos, quanto eles custaram.
Enfim, os hackers foram parar no xilindró. Na cadeia um acusou o outro. Ninguém era culpado, mas tinha rabo de saia no meio, a filha duma desembargadora. Era o que faltava: a circunstância deu ao enredo tudo o que apimenta uma fofoca.
O diz-que-diz teria estacionado nesse pé, fazendo dos assuntos de Estado cochichos de comadres e alimentando manchetes da grande imprensa, não fosse o crime organizado. Com dois espetáculos cinematográficos, um de roubo de ouro no aeroporto de Guarulhos e outro, de horror, de uma chacina no Pará, ele mostrou a verdadeira parte sofrida do povo brasileiro. Sem fofocas.