MORO
E LULA
Lula teve educação
intelectual deficiente, porque não completou sequer o ensino fundamental. E de muitas
de suas atitudes e manifestações na vida pública, se depreende que sua educação
social, pela pouca convivência na escola, é também deficiente. Mas, mesmo sem
cultura, foi suficientemente inteligente para colher, do meio sindical onde
viveu durante alguns anos, experiências que lhe ensinaram a desenvolver seus
dotes de liderança. E mostrou que não foi em vão que a natureza o dotou com
altíssima taxa de matreirice. Graças a ela, deixou a convivência sindical
alimentada a gírias jocosas e palavrões agressivos, para ser tratado como Vossa
Excelência.
Já Sérgio Moro é vinho de
outra pipa. Antítese cultural e social de Luiz Inácio Lula da Silva, Moro,
formado em Direito, venceu a renhida disputa para o cargo de juiz federal e
registra, em seu currículo, curso na Universidade de Harvard, ao lado de outras
referências culturais.
Se não foi obra dos
deuses do acaso, foi por manobra de muitas circunstâncias que se colocou sob a
jurisdição do juiz Sérgio Moro o julgamento de uma rede de corrupção política,
envolvendo altos funcionários de confiança do governo e respeitáveis
empresários. Prato de muito gosto público, a matéria foi adotada pela imprensa
como pauta irrenunciável, e sobre ela começaram a transbordar notícias e
comentários em todos os veículos de comunicação, diariamente. E isso serviu de
andor, para que Sérgio Moro fosse nele conduzido, honrado e aclamado como herói.
Arrastado para dentro
desse processo pela força de depoimentos de empresários e funcionários, o nome
do Lula serviu como fermento para o bolo de todas as notícias atraentes nos
meios de comunicação. Formou-se então o gigantesco duelo do bem contra o mal.
Na arena das comunicações e da opinião pública, ao juiz Sérgio Moro coube o
papel de herói e a Lula, o de vilão. E, para dotar o espetáculo com a emoção do
suspense, os meios de comunicação colocaram nele, ao lado dos personagens
principais, uma figura misteriosa, com ares sinistros atrás de óculos escuros,
que fazia muita gente buscar o banheiro, só em pensar que em sua porta pudesse
bater essa figura, com um mandado de prisão na mão: o japonês da Federal.
Dentro do espetáculo,
firmou-se então o script que cabia a Sérgio Moro: se condenasse Lula, mereceria
monumento de herói; se o absolvesse seria jogado no abismo do desprezo.
Por conta da famigerada
delação premiada, jungida a circunstâncias e presunções, sem provas materiais,
Lula foi condenado e preso. Estaria ainda na prisão, se não tivesse aparecido
um juiz de nome Fachin que, dando nós no vernáculo e serpenteando por entre citações
e jurisprudências, resolveu dar fim ao duelo, dando a Lula o direito de erguer
o cetro como vencedor.
Hoje, com o poder na mão,
Lula, recolocando em sua boca os palavrões do tempo de sindicalista, tripudia
sobre Sérgio Moro, elegendo-o como algoz único, merecedor de vingança,
esquecido de que foi condenado por dois tribunais.
Só não me perguntem onde
foi parar o japonês da Federal...
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