PENSAMENTOS DO RUI ALBERTO
Antigamente, muito antigamente, até cerca de 1.300
ainda se pensava que a Terra era plana e que as águas caíam em cascatas
engolfando barcos que se aventurassem; que as águas se aqueciam até ferverem à
medida em que se navegasse de Setentrião para o Sul e que era essa fervura das
águas que produziam as nuvens; que havia monstros horríveis no mar
suficientemente grandes para destruírem embarcações com as caudas como se
fossem crocodilos ou tubarões...
Antigamente acreditava-se em muitas bobagens ameaçadoras, que corriam de
boca em boca...
Um dia os homens resolveram enfrentar o mar como quem pega touros à
unha. Juntaram astrolábios e sextantes, lunetas, velas latinas, triangulares e
quadradas, calafetaram bem os barcos, meteram a bordo um médico, um padre e um
capitão e partiram ali da Torre de Belém, em Lisboa, perto dos estaleiros, com
pergaminhos em branco prontos pra fazer mapas, e uma tripulação obediente e
deslumbrada que ficava feliz mesmo sem não saber pra onde ia...
É incrível como temos capacidade de
imaginar monstros, temê-los, e quando os encontramos, quando eventualmente
aparecem, os adorarmos submissos como se fossemos minhocas aprendizes de cobras
... Moby Dick fica ali no meio termo só porque é uma baleia: Nem monstro nem
deusa... Se fosse uma Lula gorda cabeluda, gosmenta, encharcada de álcool,
teria que ser enjaulada até o dia do juízo final, porque têm o dom do canto das
sereias engabeladoras ...
Há que navegar... Há que navegar com
o que temos, mesmo que o cordame tenha que chiar, gemer, e as madeiras tenham
que ranger e estalar... Bom Capitão nós temos.
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