quarta-feira, 31 de julho de 2019


PENSAMENTOS DO RUI ALBERTO

Antigamente, muito antigamente, até cerca de 1.300 ainda se pensava que a Terra era plana e que as águas caíam em cascatas engolfando barcos que se aventurassem; que as águas se aqueciam até ferverem à medida em que se navegasse de Setentrião para o Sul e que era essa fervura das águas que produziam as nuvens; que havia monstros horríveis no mar suficientemente grandes para destruírem embarcações com as caudas como se fossem crocodilos ou tubarões...
Antigamente acreditava-se em muitas bobagens ameaçadoras, que corriam de boca em boca...
Um dia os homens resolveram enfrentar o mar como quem pega touros à unha. Juntaram astrolábios e sextantes, lunetas, velas latinas, triangulares e quadradas, calafetaram bem os barcos, meteram a bordo um médico, um padre e um capitão e partiram ali da Torre de Belém, em Lisboa, perto dos estaleiros, com pergaminhos em branco prontos pra fazer mapas, e uma tripulação obediente e deslumbrada que ficava feliz mesmo sem não saber pra onde ia...
É incrível como temos capacidade de imaginar monstros, temê-los, e quando os encontramos, quando eventualmente aparecem, os adorarmos submissos como se fossemos minhocas aprendizes de cobras ... Moby Dick fica ali no meio termo só porque é uma baleia: Nem monstro nem deusa... Se fosse uma Lula gorda cabeluda, gosmenta, encharcada de álcool, teria que ser enjaulada até o dia do juízo final, porque têm o dom do canto das sereias engabeladoras ...
Há que navegar... Há que navegar com o que temos, mesmo que o cordame tenha que chiar, gemer, e as madeiras tenham que ranger e estalar... Bom Capitão nós temos.
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