O AFILHADO DO BOLSONARO
A essa altura do campeonato do Covid promovido pela China, o que estará
pensando Bolsonaro sobre seu afilhado Kassio Nunes? O presidente nem conhecia o
piauiense. O cara compareceu lá no Palácio do Planalto, levado pelo braço do conterrâneo
Ciro Nogueira, um senador enrolado em investigações da finada Lava Jato,
presidente do PP e figura de proa do “centrão”.
O Kassio aspirava a uma vaguinha de ministro do Superior Tribunal de
Justiça. Carreirista de apadrinhamentos e indicações, o ex-advogado já tinha
aterrisado em Brasília como desembargador do Tribunal Regional Federal, por
graça alcançada de sua madrinha Dilma Rousseff.
Dessa vez, ao lado do Ciro Nogueira, estava lá no Planalto, buscando mais
um degrauzinho nessa dura vida de favores e benefícios. Bolsonaro era o
distribuidor de togas naquele momento da vida. E Kassio esperava se encaixar no
perfil de Bolsonaro para vestir uma do STJ.
Parece que deu amor à primeira vista. Ao invés de ganhar apenas um
degrau no currículo em que amontoava padrinhos, Kassio ganhou, de graça, sem
pedir, o cume das aspirações dos bacharéis e doutores deste imenso país da
América latrina: a toga de ministro do Supremo Tribunal Federal.
Agora, no STF, ele tanto faz golo contra, como a favor. Votou contra a
suspeição de Moro, inimigo figadal de Bolsonaro. Votou a favor dos cultos a
Deus, a quem Bolsonaro atribui seu destino messiânico. Mas, em dois processos
sobre o mesmo tema, se entregou ao disparate da contradição. Votou a favor do
desengavetamento da CPI do Covid, que pretende enrascar Bolsonaro, e contra o
desengavetamento do impeachment do Alexandre de Moraes, que os eleitores de
Bolsonaro querem ver sem a toga.
Segundo o Estadão, Bolsonaro teria soltado uma gargalhada, ao saber que
o pedido de impeachment do Alexandre estava nas mãos do Kassio. Só podia ser de
nervoso... No minuto seguinte pode ter chorado feito bebê, por ter caído como
patinho, no golpe da toga, cedendo à simpatia por um sujeito delicado, bem
falante, aparentemente inofensivo...
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