quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

COLUNA DO PAULO WAINBERG

Viu? Viu porque eu tenho que quebrar a cara desse biógrafo? É um incompetente e só conta as coisas pela metade! Foram quatro freiras que abandonaram o Hábito! O safado não perde por esperar e já pode ir encomendando a nova dentadura.


Apenas para constar, este biógrafo informa que acabou de concluir seu curso de cu-tsen-pung e já é faixa lilás...

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Deixa ele pra lá. Como dizia o Velho Sargento, se você pisar na merda, Calhorda, seu pé vai feder.
Ah o Velho Sargento, quanta saudade daquele anão que eu pegava no colo para que ele pudesse gritar ao meu ouvido....
O meu algo vinha novamente em meu socorro. Não que eu precise, mas ele veio mesmo assim. Era aquele algo a mais que não se acha em prateleira de botequim nem em loja de carros usados.
O algo me disse o que eu já sabia mas ainda não sabia que já sabia. Sem pestanejar, sem piscar nenhum dos três olhos, invadi a sala do Chefe, sentei na poltrona, cruzei as pernas mostrando um pedaço do meu tornozelo porque minha meia estava caída.
O chefe abriu a gaveta dele e tirou lá de dentro um par de socos-ingleses que depositou sobre a mesa, olhando para mim de cima para baixo porque a cadeira dele era mais alta do que a minha poltrona.
Sustentei o olhar como se fosse um retentor ou pastilha de freio.
Jogamos sério por alguns segundos e então, sem pigarrear, eu disse:
- Por que o senhor queria soltar o cossaco, hein Chefe? Qual é o seu interesse neste caso, hein Chefe? Por acaso tu é sócio do cossaco em algum esquema? Por acaso o Departamento está comprando clipes piratas e pagando como se fossem originais? Hein Chefe?
Eu sou assim, não tenho meias palavras. Para mim meia palavra é bosta, em terra de cego quem tem olho é cu, devagar não se chega nem na esquina e quem está na merda não pia. E como não sou macaco estou em todos os galhos. Entendam isso! É assim que eu sou mas eu sou assim.
Duro.
Mole.
Por fora.
E por dentro.
Não me venha de chinelas ao chuveiro e só coce as minhas costas se tiver seios de nascença.
- Então você descobriu, Eloir – disse o Chefe colocando um soco-inglês em cada mão. – Tenho que reconhecer, você é esperto e tem mais sorte do que juízo. Sim, o cossaco é meu sócio desde o tempo em que comunista comia criancinha. O que você pretende fazer agora, Eloir? – perguntou o Chefe, ajustando o soco-inglês da mão direita.
Podem me chamar de tudo, menos de burro. Até ignorante eu aceito, daí para frente é ofensa. E o último que me ofendeu nunca mais disse uma palavra. Ajustei a calça para tapar o tornozelo e respondi:
- Qual é a instrução, Chefe? Estou aberto às propostas.
- Vinte por cento.
- Trinta.
- Vinte e cinco.
- Trinta.
- Com recibo?
- Recibo só dou de cinco.
- Fechado.
O Chefe retirou lentamente as soqueiras, colocou-as dentro da gaveta, recostou-se na cadeira e disse:
- Aceita um cafezinho, sócio?
- Não obrigado, Chefe. Mas tu pode tomar um.
E levantei da poltrona. Antes de fechar a porta olhei para o Chefe que já colocava o celular no ouvido. Falei baixinho mas pra ele ouvir, que a mulher dele adorava de quatro e saí para a rua. Eu precisava de ar puro, de ar fresco, de ar.
A cidade, naquele entardecer, parecia triste mas não me importei porque eu estava alegre. Antes de ir para casa para tomar meu café com leite e bolacha Maria com meu grande gato preto que jamais miava, ainda ouvi a voz do Velho Sargento, meu antigo instrutor na mitológica Escola de Polícia, que por ser anão nunca usou cueca samba canção, berrando em meus ouvidos: - Nunca esqueça, escroto, que a única diferença entre um marginal e os outros é a instrução. Entendeu?, canalha, a instrução
OIR VAI FUNDO (conclusão)

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