Justiça gaúcha é surda, cega e muda
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, chamado de o mais transparente do País é, na verdade, surdo, cego e mudo. Além disso, penso que houve um pequeno equívoco etimológico, pois o termo adequado seria Traz-Parente, dada a quantidade de irmãos, filhos, sobrinhos e cônjuges que estão escondidos lá dentro, chicoteando a Súmula 13 do STF.
Por quase dez anos, fui obrigada a conviver e suportar os arroubos juvenis da parentalha lá dentro, trabalhando tal e qual um burro de carga, como, aliás, os demais concursados da Casa, que precisam “cobrir” o ócio dos demais. Mordomias, mamatas, altos cargos e salários, só para os comissionados, que hoje respondem por mais de 60% de todo o pessoal empregado naquele feudo.
A ditadura do Judiciário está aí, à vista de todos. Afinal, quem vai julgar o Judiciário? Quem vai abrir a boca e denunciar a arrogância e a ilegalidade de quem devia dar o exemplo? Cadê a imprensa livre deste País?
Ingressei em outubro de 2008 com a ação popular originária nº 1531 no STF, denunciando mais de trinta parentes escondidos no TJRS. Como eu sou representante sindical eleita, também passei a denunciar as atrocidades que acontecem lá dentro em um blog, despertando a ira de Suas Excelências, que não gostaram de ver que existia um foco de resistência. Denunciei a empresa ARSELF, do irmão do presidente do TJRS, que sistematicamente vence as licitações, e que sequer poderia delas participar; dei nome aos bois, denunciando os parentes e seus vínculos de parentesco; denunciei assédio moral e outras condutas abjetas da Administração Armínio da Rosa, como a manutenção de um Núcleo de Inteligência clandestino (leia-se capangagem) e a mudança do horário dos servidores, ao arrepio da lei.
Como agradecimento pela minha atitude, que não se coaduna com as práticas do Tribunal da Injustiça, fui demitida em um processo-relâmpago que durou 58 dias. Enquanto isso, os parentes lá continuam empregados, com seus bem-pagos salários. Existem casos de processos que foram anteriormente movidos contra eles pela Procuradoria-Geral do Estado, e que jazem em gavetas no STF, há mais de quatro anos, aguardando julgamento. Em outras palavras, a justiça só funciona onde e quando convém a Suas Excelências. Ainda por cima, estou sendo processada criminalmente pelos meus algozes, como se quem desrespeita a lei pudesse ter honra. Honra tenho eu, com a minha cara limpa e honesta, vítima da ilegalidade e abuso de poder.
Pois agora, finalmente, o recurso contra a minha demissão será julgado, no dia 14 de abril às 14h, no Tribunal que se diz de Justiça. Fosse seguida a Lei aplicável ao caso, e não o bel-prazer do presidente Armínio, meu recurso seria julgado pelo Órgão Especial e não pelo Conselho da Magistratura. Mas o pior ainda está por vir. O Desembargador Relator é Otávio Augusto de Freitas Barcellos, justamente um desembargador que tem sua irmã empregada como comissionada no próprio Tribunal de Justiça. Trata-se da oficiala de gabinete Vera Maria de Freitas Barcellos, matrícula 12513580, lotada no Memorial do Judiciário. O Ouvidor do Tribunal de Justiça, quem diria, faz ouvidos moucos à Lei e emprega sua irmã.
E eu pergunto, onde anda a imprensa neste país? Por que a imprensa local cochila enquanto casos como o meu, gravíssimos, são ignorados? Por que age como se fosse a longa manus do Tribunal de Justiça? Por que não defende o meu direito constitucional à liberdade de expressão, se também precisa dela?
(Nota distribuída por funcionário do TJRGS)
terça-feira, 31 de março de 2009
segunda-feira, 30 de março de 2009
COLUNA DO PAULO WAINBERG
CORJA DE CAMBADA
Paulo Wainberg
E o Senado da gloriosa República continua na ordem do dia, corrupção atrás de corrupção. Há anos venho combatendo a existência do Senado, um adorno caríssimo, digno da favorita do Xeique das Arábias, totalmente inútil no sistema político brasileiro.
Originalmente o senador é o representante de seu Estado e o deputado federal o representante do povo do seu Estado, no Congresso Nacional. Uma bela (sem ironia) concepção bicameral para um país que seja realmente uma federação. E o que é uma federação? O conjunto de Estados independentes que formam a União, isto é, o País.
Na verdadeira federação, cada Estado tem autonomia legislativa ampla, desde a organização partidária até a elaboração das normas que regulam os três Poderes. Exemplo perfeito de uma Federação é os Estados Unidos onde, dependendo da legislação de cada Estado, permite-se o aborto, institui-se a pena de morte, os tributos permanecem no próprio Estado e todos eles subscrevem a Constituição que representa o elo nacional e a lei geral fundamental cujos princípios não podem ser infringidos pelos Estados.
Lá a existência do Senado é essencial porque os senadores efetivamente representam os interesses dos respectivos Estados e porque os deputados federais efetivamente representam os interesses do povo dos respectivos Estados.
O Brasil é, constitucionalmente, uma federação que, na prática funciona como uma Confederação, isto é, os Estados subordinados ao Poder Central e as leis civis, penais e tributárias vigendo para todo o país. Aos Estados cabe autonomia tão somente para legislar sobre as matérias delegadas pela Constituição e que são mínimas: organização judiciária, definição de alíquotas de ICMS, IPTU, ISS e outras menores que, de forma alguma afetam ou limitam o Poder Central representado pela União Federal.
Para que serve o Senado? Quais foram as relevantes conquistas que o Rio Grande do Sul conseguiu graças à obra do Sr. Pedro Simon? De que forma o Amapá evoluiu em razão da atividade do Sr. José Sarney, maranhense a vida inteira mas senador pelo Amapá? E Alagoas valeu-se, enquanto Estado, de quais benéficos ganhos graças aos seus senadores Renan Calheiros e Collor de Mello? E assim por diante, e assim tem sido desde os tempos da ditadura que a famosa “constituição cidadã” do finado Ulisses Guimarães referendou e reverenciou.
Cito estes nomes apenas como modelos de exercício de poder em causa própria ou, no caso gaucho, de exercício de nenhum poder em causa própria.
Agora descobre-se que o Senado Federal possui mais de centro e trinta diretorias! Cada diretor recebendo elevados salários e empregando sabe-se lá quantos assessores, auxiliares, auditores, porta-vozes “et”, como dizíamos no tempo de Faculdade, “caterva”, “et caterva”, isto é, e capangas, e corja, e cambada de bandalheiros.
Temos oitenta e um senadores e centro e trinta diretores! Cada um deles, além dos salários, contam com moradia de luxo grátis, auxílios-gabinetes, passagens áreas para todo e qualquer lugar do país, para falar apenas das mordomias que me ocorrem neste exato momento e para não enfurecer de vez.
Menos mal que os olhos da imprensa voltam-se para o grande escândalo que se constitui o Senado Federal, há muito tempo um verdadeiro Senado de Calígula como escrevi num artigo publicado tempos atrás no jornal Zero Hora e que não serviu para nada.
O Senado Federal, além de sabatinar indicados para o Supremo Tribunal Federal e candidatos a presidente do Banco Central nada mais é do que um inesgotável manancial de corrupção, tráfico de influência, balcão de negócios, apadrinhamento político, uma excrescência escatológica no universo dos cartões corporativos sigilosos que se chama Brasília.
E o que mais dói é que políticos teoricamente honrados, homens sérios que jamais se envolveram em falcatruas, explícitas ou implícitas, uma vez senadores (e deputados) aderem à mordomia, dela usufruem sem pejo, não movimentam uma pestana para denunciar, delatar e acabar de vez com a farra. Estão lá quietinhos, sem fazer muita onda porque, se não praticam, compactuam e usufruem. E acham normal.
Já escrevi o que vou dizer agora – também não adiantou nada – para falar apenas no mínimo dos mínimos: se os parlamentares tivessem que pagar as passagens aéreas que utilizam todas as semanas, o Congresso funcionaria apenas três dias por semana?
Honestamente, não vejo honradez alguma em quem lá está, se beneficiando à nossa custa, com seus carros, motoristas e mordomos, enquanto discutem relevantes questões nacionais, na sua maioria colocadas sob a forma de medida provisória, instrumento legislativo que nem o mais arraigado ditador se lembrou de utilizar mas que os constituintes de 1989 acharam imprescindíveis pois queriam democracia, mas não muito.
Os senadores, além da cara dura, tem a desfaçatez de entregarem o comando da “casa” à José Sarney, o poeta dos maus bofes, Renan Calheiros que há um ano ia ser cassado por corrupção, e Fernando Collor de Mello.
Lamento dizer isto, mas nenhum membro do Congresso Nacional que não investe de forma radical, constante e permanentemente, contra a institucional corrupção, é digno de estar lá. Infelizmente não sei de algum que seja.
Paulo Wainberg
E o Senado da gloriosa República continua na ordem do dia, corrupção atrás de corrupção. Há anos venho combatendo a existência do Senado, um adorno caríssimo, digno da favorita do Xeique das Arábias, totalmente inútil no sistema político brasileiro.
Originalmente o senador é o representante de seu Estado e o deputado federal o representante do povo do seu Estado, no Congresso Nacional. Uma bela (sem ironia) concepção bicameral para um país que seja realmente uma federação. E o que é uma federação? O conjunto de Estados independentes que formam a União, isto é, o País.
Na verdadeira federação, cada Estado tem autonomia legislativa ampla, desde a organização partidária até a elaboração das normas que regulam os três Poderes. Exemplo perfeito de uma Federação é os Estados Unidos onde, dependendo da legislação de cada Estado, permite-se o aborto, institui-se a pena de morte, os tributos permanecem no próprio Estado e todos eles subscrevem a Constituição que representa o elo nacional e a lei geral fundamental cujos princípios não podem ser infringidos pelos Estados.
Lá a existência do Senado é essencial porque os senadores efetivamente representam os interesses dos respectivos Estados e porque os deputados federais efetivamente representam os interesses do povo dos respectivos Estados.
O Brasil é, constitucionalmente, uma federação que, na prática funciona como uma Confederação, isto é, os Estados subordinados ao Poder Central e as leis civis, penais e tributárias vigendo para todo o país. Aos Estados cabe autonomia tão somente para legislar sobre as matérias delegadas pela Constituição e que são mínimas: organização judiciária, definição de alíquotas de ICMS, IPTU, ISS e outras menores que, de forma alguma afetam ou limitam o Poder Central representado pela União Federal.
Para que serve o Senado? Quais foram as relevantes conquistas que o Rio Grande do Sul conseguiu graças à obra do Sr. Pedro Simon? De que forma o Amapá evoluiu em razão da atividade do Sr. José Sarney, maranhense a vida inteira mas senador pelo Amapá? E Alagoas valeu-se, enquanto Estado, de quais benéficos ganhos graças aos seus senadores Renan Calheiros e Collor de Mello? E assim por diante, e assim tem sido desde os tempos da ditadura que a famosa “constituição cidadã” do finado Ulisses Guimarães referendou e reverenciou.
Cito estes nomes apenas como modelos de exercício de poder em causa própria ou, no caso gaucho, de exercício de nenhum poder em causa própria.
Agora descobre-se que o Senado Federal possui mais de centro e trinta diretorias! Cada diretor recebendo elevados salários e empregando sabe-se lá quantos assessores, auxiliares, auditores, porta-vozes “et”, como dizíamos no tempo de Faculdade, “caterva”, “et caterva”, isto é, e capangas, e corja, e cambada de bandalheiros.
Temos oitenta e um senadores e centro e trinta diretores! Cada um deles, além dos salários, contam com moradia de luxo grátis, auxílios-gabinetes, passagens áreas para todo e qualquer lugar do país, para falar apenas das mordomias que me ocorrem neste exato momento e para não enfurecer de vez.
Menos mal que os olhos da imprensa voltam-se para o grande escândalo que se constitui o Senado Federal, há muito tempo um verdadeiro Senado de Calígula como escrevi num artigo publicado tempos atrás no jornal Zero Hora e que não serviu para nada.
O Senado Federal, além de sabatinar indicados para o Supremo Tribunal Federal e candidatos a presidente do Banco Central nada mais é do que um inesgotável manancial de corrupção, tráfico de influência, balcão de negócios, apadrinhamento político, uma excrescência escatológica no universo dos cartões corporativos sigilosos que se chama Brasília.
E o que mais dói é que políticos teoricamente honrados, homens sérios que jamais se envolveram em falcatruas, explícitas ou implícitas, uma vez senadores (e deputados) aderem à mordomia, dela usufruem sem pejo, não movimentam uma pestana para denunciar, delatar e acabar de vez com a farra. Estão lá quietinhos, sem fazer muita onda porque, se não praticam, compactuam e usufruem. E acham normal.
Já escrevi o que vou dizer agora – também não adiantou nada – para falar apenas no mínimo dos mínimos: se os parlamentares tivessem que pagar as passagens aéreas que utilizam todas as semanas, o Congresso funcionaria apenas três dias por semana?
Honestamente, não vejo honradez alguma em quem lá está, se beneficiando à nossa custa, com seus carros, motoristas e mordomos, enquanto discutem relevantes questões nacionais, na sua maioria colocadas sob a forma de medida provisória, instrumento legislativo que nem o mais arraigado ditador se lembrou de utilizar mas que os constituintes de 1989 acharam imprescindíveis pois queriam democracia, mas não muito.
Os senadores, além da cara dura, tem a desfaçatez de entregarem o comando da “casa” à José Sarney, o poeta dos maus bofes, Renan Calheiros que há um ano ia ser cassado por corrupção, e Fernando Collor de Mello.
Lamento dizer isto, mas nenhum membro do Congresso Nacional que não investe de forma radical, constante e permanentemente, contra a institucional corrupção, é digno de estar lá. Infelizmente não sei de algum que seja.
quarta-feira, 18 de março de 2009
COLUNA DO PAULO WAINBERG
REVERBERAÇÕES
Paulo Wainberg
Certas coisas eu conheço mas não sei. Outras eu sei mas não conheço. Outras ainda nem conheço nem sei. E finalmente há as coisas que conheço e sei.
Ok?
A velocidade da luz é de trezentos mil quilômetros por segundo, mas o que é a luz? Se eu acender uma lâmpada essa luz sai numa corrida desesperada rumo à galera, para ser vista um segundo depois logo ali, passando marte?
Sei que a estrela mais próxima de nós, a Alfa Centauri, está a trinta anos luz de distância, em número redondos. Isto significa – e afirmo sem estresse – que um fósforo acesso lá vai gerar uma luz que viajará pelo espaço na tal velocidade infernal e será vista por mim, na varanda lá de casa, trinta anos depois.
Não vou perder meu tempo nem o seu explicando como é que essas contas foram feitas, qualquer criança de jardim de infância entra no Google e fica sabendo.
O meu ponto é: qual o conceito de “trinta anos”? Um ano é o tempo que a Terra leva para dar uma volta completa no Sol e, durante o percurso, dá trezentos e sessenta e cinco voltas em torno de si mesma por isso concluímos, sem qualquer dificuldade, que um ano é composto de trezentos e sessenta e cinco dias. Para que eu veja a luz do fósforo aceso ali em Alfa-Centauri a Terra precisa girar trinta vezes ao redor do Sol o que eu, particularmente, considero uma demasia, uma falta de respeito e uma enorme perda de tempo.
Me impressiona o fato de estar vendo hoje de noite a luz de um fósforo aceso lá há trinta anos e não saber se o fósforo acendeu um cigarro ou a boca de um fogão à gás.
Seguindo esta linha de raciocínio decorre, com lógica insofismável que a especulada viagem no tempo está bem na nossa frente noturnamente, basta não haver nuvens cobrindo as estrelas.
Não é claro, óbvio e evidente? Cada luzinha no céu à nossa vista é uma volta no tempo, um retorno ao passado, no mínimo trinta anos e no máximo sei lá, depende da quilometragem.
E Concluo que a viagem no tempo abrange também o futuro pois a luz da lâmpada que acendi há pouco só vai chegar em Alfa-Centauri daqui a trinta anos e o reflexo dela numa panela de alumínio lá só será visto por mim daqui a outros trinta anos.
Mas – e sempre tem um mas – se eu estiver no planeta Mercúrio que circula o sol em menos tempo e circula sobre si mesmo também em menos tempo (supondo que isto seja verdade, por favor) a luz de Alfa será vista por mim muitos anos depois pois, é óbvio, quanto menor a translação e mais rápida a rotação, mais depressa o tempo passa, os dias tem menos horas, as horas tem menos minutos e os minutos tem menos segundos.
Minhas elucubrações tem sentido, penso comigo mesmo. Voltemos à Terra, sejamos realistas, deixemos de lado as abstrações: um dia terrestre tem no máximo duas horas: do momento em que o Sol nasce até o momento em que ele se põe, uma hora. Do momento em que ele se põe ao momento em que nasce, uma hora. Total: duas horas. Neste caso um ano seria composto de trinta e seis dias mais ou menos, aproximando significativamente a luz de Alfa dos meus olhos: cerca de três anos.
Cheguei a esses números aproximados considerando que reduzindo o número de horas para pouco mais de dez por cento, todo o resto se reduz igualmente a dez por cento ao passo que a velocidade da luz aumenta em noventa por cento que é a diferença entre uma hipótese ou outra.
Não tenho dúvidas e pretende ser bem entendido naquilo que digo. E estou sendo mais do que claro, estou sendo claríssimo. Lógica pura. Raciocínio dedutivo levado às últimas conseqüências, sem medo de ser feliz.
E se você ainda não entendeu, explico mais: é que a luz se move de forma unidirecional e não de forma multidirecional, portando cada raio em ação vai dar num único lugar e seu reflexo retorna ao lugar de partida, fazendo com que não se saiba exatamente quando a luz está indo ou quando está voltando.
Em suma, não há segredo na Natureza que uma boa conversa não resolva. Se tiver um chope e uma taboa de frios, melhor ainda.
Não me compreenda mal, não tenho a pretensão de ter respostas para tudo, muitas coisas ainda me causam dúvida, espanto e apreensão. Uma delas, que tem torturado minhas noites, afetado meu trabalho e impedido que eu volte a fazer ginástica consiste no seguinte: algum de vocês já conseguiu acertar o ponteiro dos segundos, no seu relógio de pulso?
Quatorze horas, vinte e sete minutos e dezesseis segundos. Só para escrever esta frase passaram mais de dezesseis segundos, passei da hora, quando clico os segundos voaram.
Experimente, você que tem um relógio de pulso. Segure-o com uma mão e com a outra, usando polegar e indicador, puxe o pino que libera os ponteiros. Acerte a hora, isso é fácil. Acerte os minutos, mais fácil ainda. Agora acerte os segundos. Fique atento, não se enerve, encare a tarefa com a frieza de um linguado no frízer. Já! E não deu... o segundo foi mais rápido do que o seu dedo.
Existem duas soluções para o caso, encarando o problema do ponto de vista pragmático: desista ou compre um relógio sem ponteiro dos segundos.
Eu mesmo posso fazer isso, mas não faço. Talvez por algum apego à auto tortura, talvez por ser de minha índole conservadora. Ademais, não é pelo dinheiro e sim pelo princípio da coisa. Foro íntimo gostam de dizer os sovinas.
Em suma: a questão filosófica remanesce.
Paulo Wainberg
Certas coisas eu conheço mas não sei. Outras eu sei mas não conheço. Outras ainda nem conheço nem sei. E finalmente há as coisas que conheço e sei.
Ok?
A velocidade da luz é de trezentos mil quilômetros por segundo, mas o que é a luz? Se eu acender uma lâmpada essa luz sai numa corrida desesperada rumo à galera, para ser vista um segundo depois logo ali, passando marte?
Sei que a estrela mais próxima de nós, a Alfa Centauri, está a trinta anos luz de distância, em número redondos. Isto significa – e afirmo sem estresse – que um fósforo acesso lá vai gerar uma luz que viajará pelo espaço na tal velocidade infernal e será vista por mim, na varanda lá de casa, trinta anos depois.
Não vou perder meu tempo nem o seu explicando como é que essas contas foram feitas, qualquer criança de jardim de infância entra no Google e fica sabendo.
O meu ponto é: qual o conceito de “trinta anos”? Um ano é o tempo que a Terra leva para dar uma volta completa no Sol e, durante o percurso, dá trezentos e sessenta e cinco voltas em torno de si mesma por isso concluímos, sem qualquer dificuldade, que um ano é composto de trezentos e sessenta e cinco dias. Para que eu veja a luz do fósforo aceso ali em Alfa-Centauri a Terra precisa girar trinta vezes ao redor do Sol o que eu, particularmente, considero uma demasia, uma falta de respeito e uma enorme perda de tempo.
Me impressiona o fato de estar vendo hoje de noite a luz de um fósforo aceso lá há trinta anos e não saber se o fósforo acendeu um cigarro ou a boca de um fogão à gás.
Seguindo esta linha de raciocínio decorre, com lógica insofismável que a especulada viagem no tempo está bem na nossa frente noturnamente, basta não haver nuvens cobrindo as estrelas.
Não é claro, óbvio e evidente? Cada luzinha no céu à nossa vista é uma volta no tempo, um retorno ao passado, no mínimo trinta anos e no máximo sei lá, depende da quilometragem.
E Concluo que a viagem no tempo abrange também o futuro pois a luz da lâmpada que acendi há pouco só vai chegar em Alfa-Centauri daqui a trinta anos e o reflexo dela numa panela de alumínio lá só será visto por mim daqui a outros trinta anos.
Mas – e sempre tem um mas – se eu estiver no planeta Mercúrio que circula o sol em menos tempo e circula sobre si mesmo também em menos tempo (supondo que isto seja verdade, por favor) a luz de Alfa será vista por mim muitos anos depois pois, é óbvio, quanto menor a translação e mais rápida a rotação, mais depressa o tempo passa, os dias tem menos horas, as horas tem menos minutos e os minutos tem menos segundos.
Minhas elucubrações tem sentido, penso comigo mesmo. Voltemos à Terra, sejamos realistas, deixemos de lado as abstrações: um dia terrestre tem no máximo duas horas: do momento em que o Sol nasce até o momento em que ele se põe, uma hora. Do momento em que ele se põe ao momento em que nasce, uma hora. Total: duas horas. Neste caso um ano seria composto de trinta e seis dias mais ou menos, aproximando significativamente a luz de Alfa dos meus olhos: cerca de três anos.
Cheguei a esses números aproximados considerando que reduzindo o número de horas para pouco mais de dez por cento, todo o resto se reduz igualmente a dez por cento ao passo que a velocidade da luz aumenta em noventa por cento que é a diferença entre uma hipótese ou outra.
Não tenho dúvidas e pretende ser bem entendido naquilo que digo. E estou sendo mais do que claro, estou sendo claríssimo. Lógica pura. Raciocínio dedutivo levado às últimas conseqüências, sem medo de ser feliz.
E se você ainda não entendeu, explico mais: é que a luz se move de forma unidirecional e não de forma multidirecional, portando cada raio em ação vai dar num único lugar e seu reflexo retorna ao lugar de partida, fazendo com que não se saiba exatamente quando a luz está indo ou quando está voltando.
Em suma, não há segredo na Natureza que uma boa conversa não resolva. Se tiver um chope e uma taboa de frios, melhor ainda.
Não me compreenda mal, não tenho a pretensão de ter respostas para tudo, muitas coisas ainda me causam dúvida, espanto e apreensão. Uma delas, que tem torturado minhas noites, afetado meu trabalho e impedido que eu volte a fazer ginástica consiste no seguinte: algum de vocês já conseguiu acertar o ponteiro dos segundos, no seu relógio de pulso?
Quatorze horas, vinte e sete minutos e dezesseis segundos. Só para escrever esta frase passaram mais de dezesseis segundos, passei da hora, quando clico os segundos voaram.
Experimente, você que tem um relógio de pulso. Segure-o com uma mão e com a outra, usando polegar e indicador, puxe o pino que libera os ponteiros. Acerte a hora, isso é fácil. Acerte os minutos, mais fácil ainda. Agora acerte os segundos. Fique atento, não se enerve, encare a tarefa com a frieza de um linguado no frízer. Já! E não deu... o segundo foi mais rápido do que o seu dedo.
Existem duas soluções para o caso, encarando o problema do ponto de vista pragmático: desista ou compre um relógio sem ponteiro dos segundos.
Eu mesmo posso fazer isso, mas não faço. Talvez por algum apego à auto tortura, talvez por ser de minha índole conservadora. Ademais, não é pelo dinheiro e sim pelo princípio da coisa. Foro íntimo gostam de dizer os sovinas.
Em suma: a questão filosófica remanesce.
terça-feira, 17 de março de 2009
RELIGIÃO NÃO SE DISCUTE
Num banquete, botaram um padre católico sentado ao lado de um rabino Judeu. O padre, querendo gozar o rabino, enche o prato com pedaços de um suculento leitão e depois oferece para o 'colega'.
O rabino recusa, dizendo: - Muito obrigado, mas...não sabe que a minha religião não permite a carne de porco?
- Noooossa! Que religião esquisita! Comer leitão é uma delííícia! Comenta o padre com ironia.
Na hora da despedida, o rabino chega e diz para o padre: - Mande minhas recomendações a sua mulher!
E o padre, horrorizado: Minha mulher? Não sabe que a minha religião não permite casamento de sacerdotes? -
E o rabino:
Noooossa! Que religião esquisita! Comer mulher é uma delííícia!!!.... Mas, se você prefere leitão...
Num banquete, botaram um padre católico sentado ao lado de um rabino Judeu. O padre, querendo gozar o rabino, enche o prato com pedaços de um suculento leitão e depois oferece para o 'colega'.
O rabino recusa, dizendo: - Muito obrigado, mas...não sabe que a minha religião não permite a carne de porco?
- Noooossa! Que religião esquisita! Comer leitão é uma delííícia! Comenta o padre com ironia.
Na hora da despedida, o rabino chega e diz para o padre: - Mande minhas recomendações a sua mulher!
E o padre, horrorizado: Minha mulher? Não sabe que a minha religião não permite casamento de sacerdotes? -
E o rabino:
Noooossa! Que religião esquisita! Comer mulher é uma delííícia!!!.... Mas, se você prefere leitão...
segunda-feira, 16 de março de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS
O QUE O “LEÃO “ FAZ COM NOSSO DINHEIRO
João Eichbaum
Você que se esfalfa, nessa época, corre daqui pra lá, à procura de comprovantes, recibos e tudo o mais que possa ser utilizado na declaração do imposto de renda, me diga: você se sente feliz? Você se sente extremamente satisfeito em perder o seu tempo, para entregar o seu dinheiro ao Fisco Federal?
O Fisco não faz nada por você. Você é que tem que fazer por ele. E a única coisa que ele faz é procurar um furo na sua declaração, para lhe arrancar mais dinheiro.
Pois olhe onde vai parar o dinheiro que você manda para o fisco:
“MPF processa entidade por repasse ilegal de R$ 3,6 mi ao MST
O MPF-SP (Ministério Público Federal em São Paulo) ingressou na Justiça, nesta quarta-feira (4/3), com uma ação de improbidade administrativa contra uma entidade educacional por suposto repasse irregular de R$ 3.642.600,00 ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). De acordo com a Procuradoria, o alvo da ação é a Anca (Associação Nacional de Cooperação Agrícola), que teria recebido os recursos do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), por meio do Programa Brasil Alfabetizado, do Governo Federal. Os recursos teriam sido recebidos em 2004, e visavam a alfabetização de 30 mil jovens e adultos, além da capacitação de 2.000 alfabetizadores em 23 unidades de ensino. No entanto, segundo o MPF-SP, o dinheiro foi repassado às secretarias estaduais do MST —sem comprovação de seu destino final.”
É mole ou quer mais?
João Eichbaum
Você que se esfalfa, nessa época, corre daqui pra lá, à procura de comprovantes, recibos e tudo o mais que possa ser utilizado na declaração do imposto de renda, me diga: você se sente feliz? Você se sente extremamente satisfeito em perder o seu tempo, para entregar o seu dinheiro ao Fisco Federal?
O Fisco não faz nada por você. Você é que tem que fazer por ele. E a única coisa que ele faz é procurar um furo na sua declaração, para lhe arrancar mais dinheiro.
Pois olhe onde vai parar o dinheiro que você manda para o fisco:
“MPF processa entidade por repasse ilegal de R$ 3,6 mi ao MST
O MPF-SP (Ministério Público Federal em São Paulo) ingressou na Justiça, nesta quarta-feira (4/3), com uma ação de improbidade administrativa contra uma entidade educacional por suposto repasse irregular de R$ 3.642.600,00 ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). De acordo com a Procuradoria, o alvo da ação é a Anca (Associação Nacional de Cooperação Agrícola), que teria recebido os recursos do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), por meio do Programa Brasil Alfabetizado, do Governo Federal. Os recursos teriam sido recebidos em 2004, e visavam a alfabetização de 30 mil jovens e adultos, além da capacitação de 2.000 alfabetizadores em 23 unidades de ensino. No entanto, segundo o MPF-SP, o dinheiro foi repassado às secretarias estaduais do MST —sem comprovação de seu destino final.”
É mole ou quer mais?
sexta-feira, 13 de março de 2009
COLUNA DO PAULO WAINBERG
A POEIRA DO AMOR
Paulo Wainberg
Um asteróide de dez andares passou a setenta dois mil quilômetros da terra na semana passada, sabia? Setenta e dois mil quilômetros! Logo ali, dobrando a esquina. E só viram que o bólido vinha em nossa direção dois dias antes!
Onde estão os enamorados que olham as estrelas? Os sonhadores cujas noites são embriagadas de luar? Os visionários a profetizar desastres? Os loucos de todo gênero, assim como eu, a mastigar poeira dos astros, alimentando egos ensandecidos e almas inexistentes? Os poetas parnasianos que conversam com as estrelas e recriminam os que não amam?
Ninguém viu, ninguém percebeu.
Dos astrônomos nem falo, que para eles a fantasia se mede em cálculos, logaritmos e física quântica, quase nenhum tempo lhes sobra para abstrações românticas e sonhos pueris.
Será que devo perder minha fé na poesia? Justamente eu, que ao longo das poucas décadas que me cabe na existência, acreditei piamente em sonhos, em amor, em paixão?
Porque, se isto acontecer, restará apenas a fria realidade, sem graça e repetida, que me fará abdicar numa derrocada fatal, sem sentido e inútil.
Tão grave e destruidora quanto o choque do asteróide aqui conosco. Tivemos sorte, estávamos em março quando ele passou. Se fosse abril estaríamos mais adiantados no cosmos e a colisão, portanto, inevitável. Dez milhões de metros quadrados devastados seriam mais ou menos do tamanho de meu coração desiludido, se desistir da poesia, dos poetas, portanto dos sonhos.
Dizem os mais cultos que a probabilidade desse choque acontecer é infinita. E eu, de baixo de minha ignorância, digo que não, não é infinita. Ao contrário é bem finita, tão finita quanto a descrença que me aguarda logo ali, a bem menos de setenta e dois mil quilômetros. Na verdade, a menos de dois quilômetros, tamanha é a desilusão que provoca minha bílis, meu fel e meus outros piores humores.
Entretanto prefiro acreditar que um asteróide não se chocará conosco, não nos devastará nem transformará em poeira nossas óperas, nossos livros e nossos quadros. Nosso carnaval e nosso futebol. Nossa alegria, nossa paixão e nossos netos.
A poeira dos tempos é trágica, muito mais que dramática. Há quem diga que a estrela de Belém foi a morte de um sistema solar que dizimou uma civilização meio assim, como a nossa. Da qual nada sobrou a não ser um raio de luz percebido há dois mil anos pelos rudes de então.
Há quem diga que a estrela de Belém foi um asteróide de oitenta e dois andares que passou a trinta e seis mil quilômetros de nós, cujos farelos incandescentes respingaram sobre as carecas dos romanos, dos rabinos e dos pescadores.
Eu não sei e - sinceramente? - não quero saber. Para mim interessa acreditar que a NASA e a Agência Espacial Russa tenham mísseis capazes de destruir, devastar, esmigalhar e pulverizar um asteróide assassino que se aproxime de nós e nos transforme e uma outra estrela de Belém a comemorar o nascimento de um outro Salvador numa distante galáxia, num planeta incipiente e carente de divindade, esperança e fé.
Coisa que, evidentemente, as agências espaciais da civilização então destruída não conseguiram.
Mas... o que posso dizer nestes tempos modernos em que ninguém percebe um asteróide chegando e se pune a vítima de um estupro incestuoso, encomendando-lhe a alma aos horrores infernais eternos?
Terei ainda como ouvir estrelas, como recomendou o poeta? Como seria possível amar para entendê-las se, a qualquer momento um bólido sideral pode demonstrar que tudo é inútil, tudo é fútil, tudo á passageiro, temporário e sem sentido?
Resta-me lamentar que os rastros brilhantes do astro celeste não estiveram ao dispor dos olhares inadvertidos, dos desejos dos amantes e dos corações febris.
Caso os tivesse visto não me ocorreriam imagens de hecatombes, imerso que estaria nas luzes fulgurantes que, como a espuma do mar ao sol, espargem a beleza aos quatro ventos, basta ter olhos para ver, basta de amor para sentir.
Paulo Wainberg
Um asteróide de dez andares passou a setenta dois mil quilômetros da terra na semana passada, sabia? Setenta e dois mil quilômetros! Logo ali, dobrando a esquina. E só viram que o bólido vinha em nossa direção dois dias antes!
Onde estão os enamorados que olham as estrelas? Os sonhadores cujas noites são embriagadas de luar? Os visionários a profetizar desastres? Os loucos de todo gênero, assim como eu, a mastigar poeira dos astros, alimentando egos ensandecidos e almas inexistentes? Os poetas parnasianos que conversam com as estrelas e recriminam os que não amam?
Ninguém viu, ninguém percebeu.
Dos astrônomos nem falo, que para eles a fantasia se mede em cálculos, logaritmos e física quântica, quase nenhum tempo lhes sobra para abstrações românticas e sonhos pueris.
Será que devo perder minha fé na poesia? Justamente eu, que ao longo das poucas décadas que me cabe na existência, acreditei piamente em sonhos, em amor, em paixão?
Porque, se isto acontecer, restará apenas a fria realidade, sem graça e repetida, que me fará abdicar numa derrocada fatal, sem sentido e inútil.
Tão grave e destruidora quanto o choque do asteróide aqui conosco. Tivemos sorte, estávamos em março quando ele passou. Se fosse abril estaríamos mais adiantados no cosmos e a colisão, portanto, inevitável. Dez milhões de metros quadrados devastados seriam mais ou menos do tamanho de meu coração desiludido, se desistir da poesia, dos poetas, portanto dos sonhos.
Dizem os mais cultos que a probabilidade desse choque acontecer é infinita. E eu, de baixo de minha ignorância, digo que não, não é infinita. Ao contrário é bem finita, tão finita quanto a descrença que me aguarda logo ali, a bem menos de setenta e dois mil quilômetros. Na verdade, a menos de dois quilômetros, tamanha é a desilusão que provoca minha bílis, meu fel e meus outros piores humores.
Entretanto prefiro acreditar que um asteróide não se chocará conosco, não nos devastará nem transformará em poeira nossas óperas, nossos livros e nossos quadros. Nosso carnaval e nosso futebol. Nossa alegria, nossa paixão e nossos netos.
A poeira dos tempos é trágica, muito mais que dramática. Há quem diga que a estrela de Belém foi a morte de um sistema solar que dizimou uma civilização meio assim, como a nossa. Da qual nada sobrou a não ser um raio de luz percebido há dois mil anos pelos rudes de então.
Há quem diga que a estrela de Belém foi um asteróide de oitenta e dois andares que passou a trinta e seis mil quilômetros de nós, cujos farelos incandescentes respingaram sobre as carecas dos romanos, dos rabinos e dos pescadores.
Eu não sei e - sinceramente? - não quero saber. Para mim interessa acreditar que a NASA e a Agência Espacial Russa tenham mísseis capazes de destruir, devastar, esmigalhar e pulverizar um asteróide assassino que se aproxime de nós e nos transforme e uma outra estrela de Belém a comemorar o nascimento de um outro Salvador numa distante galáxia, num planeta incipiente e carente de divindade, esperança e fé.
Coisa que, evidentemente, as agências espaciais da civilização então destruída não conseguiram.
Mas... o que posso dizer nestes tempos modernos em que ninguém percebe um asteróide chegando e se pune a vítima de um estupro incestuoso, encomendando-lhe a alma aos horrores infernais eternos?
Terei ainda como ouvir estrelas, como recomendou o poeta? Como seria possível amar para entendê-las se, a qualquer momento um bólido sideral pode demonstrar que tudo é inútil, tudo é fútil, tudo á passageiro, temporário e sem sentido?
Resta-me lamentar que os rastros brilhantes do astro celeste não estiveram ao dispor dos olhares inadvertidos, dos desejos dos amantes e dos corações febris.
Caso os tivesse visto não me ocorreriam imagens de hecatombes, imerso que estaria nas luzes fulgurantes que, como a espuma do mar ao sol, espargem a beleza aos quatro ventos, basta ter olhos para ver, basta de amor para sentir.
quinta-feira, 12 de março de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS
É DISSO QUE O POVO GOSTA
João Eichbaum
Leio nos jornais que os funcionários do Senado prepararam um “ desagravo” para a despedida do ex- diretor geral daquela casa, que abriga Sarney, Collor de Melo, Renan Calheiros e outros, menos votados, mas da mesma estirpe. O ex-diretor geral não é ninguém menos do que um tal de Agaciel Maia, que fez concurso para “datilófrafo” e acabou enriquecendo, levado pelo Sarney ao nicho dos melhores salários, construiu, com o nosso dinheiro, uma bela mansão, assim como um outro construiu um castelo.
Diz a notícia que o Maia “foi abraçado e afagado por mais de 250 servidores na entrada do Congresso” e que “com celulares os funcionários tiravam fotos para guardar de lembrança do chefe bonzinho”.
É, nunca tive dúvida disso: o povo gosta de corrupção e de mentiras. E é por isso que a política, no Brasil, sempre foi, para mim, sinônimo de semvergonhice. É por isso que qualquer semvergonha, qualquer analfabeto, qualquer chinelão, é eleito deputado, senador, prefeito, governador, presidente da república, senador, etc. Basta que saiba mentir e roube, mesmo que não saiba roubar: aí o povo aplaude e reelege o safado, tantas vezes quantas ele quiser.
Quando alguém, enrascado mais dos que os seus companheiros na corrupção, tem o mandato ameaçado, ele renuncia. Renuncia porque tem certeza de que o povo, tão safado quanto ele, o reelejará.
É assim que funciona essa coisa, chamada Brasil.
João Eichbaum
Leio nos jornais que os funcionários do Senado prepararam um “ desagravo” para a despedida do ex- diretor geral daquela casa, que abriga Sarney, Collor de Melo, Renan Calheiros e outros, menos votados, mas da mesma estirpe. O ex-diretor geral não é ninguém menos do que um tal de Agaciel Maia, que fez concurso para “datilófrafo” e acabou enriquecendo, levado pelo Sarney ao nicho dos melhores salários, construiu, com o nosso dinheiro, uma bela mansão, assim como um outro construiu um castelo.
Diz a notícia que o Maia “foi abraçado e afagado por mais de 250 servidores na entrada do Congresso” e que “com celulares os funcionários tiravam fotos para guardar de lembrança do chefe bonzinho”.
É, nunca tive dúvida disso: o povo gosta de corrupção e de mentiras. E é por isso que a política, no Brasil, sempre foi, para mim, sinônimo de semvergonhice. É por isso que qualquer semvergonha, qualquer analfabeto, qualquer chinelão, é eleito deputado, senador, prefeito, governador, presidente da república, senador, etc. Basta que saiba mentir e roube, mesmo que não saiba roubar: aí o povo aplaude e reelege o safado, tantas vezes quantas ele quiser.
Quando alguém, enrascado mais dos que os seus companheiros na corrupção, tem o mandato ameaçado, ele renuncia. Renuncia porque tem certeza de que o povo, tão safado quanto ele, o reelejará.
É assim que funciona essa coisa, chamada Brasil.
segunda-feira, 9 de março de 2009
COLUNA DO PAULO WAINBERG
DOIS EM UM
Paulo Wainberg
E por falar nisso, onde anda a paixão? Aquela de rasgar as veias, fibrilar os nervos e emagrecer vinte quilos?
Sim, porque o melhor regime para emagrecer é apaixonar-se, apaixonado não come e, se come, seu metabolismo está tão acelerado que consome imediatamente as energias e as gorduras.
Seria bonito de ver uma humanidade inteira permanentemente apaixonada, mas isto não acontece graças aos interesses corporativos dos nutricionistas, dos médicos especialistas em regimes e dos fabricantes de armas.
A mídia também exerce seus poderes de influência através de lobistas altamente remunerados, impedindo que os congressos nacionais legislem sobre a paixão, tornando-a obrigatória e permanente.
É óbvio, é evidente que uma humanidade apaixonada não iria se interessar por noticiários que só noticiariam coisas boas.
Eu já percebi há muito tempo que os apaixonados não se corrompem nem corrompem os outros. Não se interessam em obter e conceder favores, ocupar cargos, ganhar mais dinheiro porque estão felizes e focados na paixão.
Quando ela arrefece ou some – por falta da legislação adequada – o desapaixonado volta às origens e, se for um senador, até arranja uma empresa para pagar-lhe a pensão.
Seria muito linda uma humanidade apaixonada, gente se gostando à torto e à direito, pessoas em permanente estado de amor febril, a espera de encontrar, encontrando ou revivendo os momentos do encontro.
Numa humanidade apaixonada quem ia se preocupar em fazer guerra na África ou em qualquer lugar do mundo. Imagino a cena: um coronel desapaixonado ordenando à tropa: Atacar! E os soldados, pensando nas suas amadas, olham entre si com ar indagador: atacar? Esse cara deve estar louco, não vamos atacar ninguém, imagina se eu vou atacar, eu vou é me encontrar com minha paixão.
Pois é. Seria mesmo muito linda uma humanidade apaixonada.
Qual gremista apaixonado, por mais fanático que seja, estaria se preocupando com, bem... por exemplo, o Celso Roth? Hein?
Bem, mas isso é outro assunto, quero falar mesmo da paixão. Onde será que ela anda? Alguém pode me dizer?
...
Só existe uma coisa mais inútil do que completar uma paciência tradicional no computador: completar uma paciência spider no computador. A paciência comum é uma distração ancestral, desde que inventaram o baralho. Spider não, é produto típico da cibernética, imaginada por um cérebro eletrônico profundamente neurótico que jamais tomou prosac.
Vá em “iniciar”, “programas”, “jogos”, clique em spider e prepare-se para ingressar num universo torturante em três níveis. O fácil é fácil mesmo e sem graça, pois é jogado com um único naipe. O médio utiliza dois naipes, complicando bem a possibilidade de sucesso. E o difícil é quase impossível, usa os quatro naipes e a sua probabilidade de fechar o jogo é de uma em vinte partidas.
Vícios existem para todos os gostos como roleta, pôquer, bebida, drogas, cigarro, pregos, algemas e saltos altos. Mas ficar viciado em spider é a falência, a quebra total e irreversível da sensibilidade da alma.
O grande problema é que esse joguinho é danado, você começa a jogar as oito e às quatro da madrugada ainda está jogando “a última”. O jogo foi concebido com algum ingrediente subliminar que sugere que você jogue “a última” o tempo todo, por mais que você saiba que está perdendo tempo, que completar ou não o jogo resulta na mesma coisa, isto é, nada, você vai ser instigado, provocado e irremediavelmente compelido a jogar mais uma, a última.
Caso não ocorra um fato novo, desmaiar sobre o mouse, um dor de barriga soberba ou os gritos das crianças implorando por comida, você insiste em jogar “a última” até o fim dos tempos e quando, finalmente, joga “a definitivamente última” e vai dormir não consegue pegar no sono porque, na sua mente, os movimentos do jogo não param, você só vê sequências multi-naipes, três de ouros sob quatro de paus, a tela do computador preenchida pelas cartas tomando conta da sua atenção, exigindo estratégias e propondo alternativas para alinhar de ás a rei do mesmo naipe e formar um montinho no canto esquerdo, ali embaixo.
Qual é a graça desse jogo, por todos os cavacos do ofício? Por que ele está sempre ali, a espreita de ser jogado, quando você tem tanta coisa para fazer?
Que estranho poder é esse, tão forte quanto o de certos senadores que, muda governo, muda partido, estão sempre ali, nas bocas, presidindo isto ou aquilo, acumulando riquezas e enganando os povos?
Não sei, palavra de honra.
Se a humanidade fosse apaixonada, com toda certeza não existiria o spider e muito menos o senado.
Entre um e outro, fico com a paixão, se alguém me disser onde ela está
Paulo Wainberg
E por falar nisso, onde anda a paixão? Aquela de rasgar as veias, fibrilar os nervos e emagrecer vinte quilos?
Sim, porque o melhor regime para emagrecer é apaixonar-se, apaixonado não come e, se come, seu metabolismo está tão acelerado que consome imediatamente as energias e as gorduras.
Seria bonito de ver uma humanidade inteira permanentemente apaixonada, mas isto não acontece graças aos interesses corporativos dos nutricionistas, dos médicos especialistas em regimes e dos fabricantes de armas.
A mídia também exerce seus poderes de influência através de lobistas altamente remunerados, impedindo que os congressos nacionais legislem sobre a paixão, tornando-a obrigatória e permanente.
É óbvio, é evidente que uma humanidade apaixonada não iria se interessar por noticiários que só noticiariam coisas boas.
Eu já percebi há muito tempo que os apaixonados não se corrompem nem corrompem os outros. Não se interessam em obter e conceder favores, ocupar cargos, ganhar mais dinheiro porque estão felizes e focados na paixão.
Quando ela arrefece ou some – por falta da legislação adequada – o desapaixonado volta às origens e, se for um senador, até arranja uma empresa para pagar-lhe a pensão.
Seria muito linda uma humanidade apaixonada, gente se gostando à torto e à direito, pessoas em permanente estado de amor febril, a espera de encontrar, encontrando ou revivendo os momentos do encontro.
Numa humanidade apaixonada quem ia se preocupar em fazer guerra na África ou em qualquer lugar do mundo. Imagino a cena: um coronel desapaixonado ordenando à tropa: Atacar! E os soldados, pensando nas suas amadas, olham entre si com ar indagador: atacar? Esse cara deve estar louco, não vamos atacar ninguém, imagina se eu vou atacar, eu vou é me encontrar com minha paixão.
Pois é. Seria mesmo muito linda uma humanidade apaixonada.
Qual gremista apaixonado, por mais fanático que seja, estaria se preocupando com, bem... por exemplo, o Celso Roth? Hein?
Bem, mas isso é outro assunto, quero falar mesmo da paixão. Onde será que ela anda? Alguém pode me dizer?
...
Só existe uma coisa mais inútil do que completar uma paciência tradicional no computador: completar uma paciência spider no computador. A paciência comum é uma distração ancestral, desde que inventaram o baralho. Spider não, é produto típico da cibernética, imaginada por um cérebro eletrônico profundamente neurótico que jamais tomou prosac.
Vá em “iniciar”, “programas”, “jogos”, clique em spider e prepare-se para ingressar num universo torturante em três níveis. O fácil é fácil mesmo e sem graça, pois é jogado com um único naipe. O médio utiliza dois naipes, complicando bem a possibilidade de sucesso. E o difícil é quase impossível, usa os quatro naipes e a sua probabilidade de fechar o jogo é de uma em vinte partidas.
Vícios existem para todos os gostos como roleta, pôquer, bebida, drogas, cigarro, pregos, algemas e saltos altos. Mas ficar viciado em spider é a falência, a quebra total e irreversível da sensibilidade da alma.
O grande problema é que esse joguinho é danado, você começa a jogar as oito e às quatro da madrugada ainda está jogando “a última”. O jogo foi concebido com algum ingrediente subliminar que sugere que você jogue “a última” o tempo todo, por mais que você saiba que está perdendo tempo, que completar ou não o jogo resulta na mesma coisa, isto é, nada, você vai ser instigado, provocado e irremediavelmente compelido a jogar mais uma, a última.
Caso não ocorra um fato novo, desmaiar sobre o mouse, um dor de barriga soberba ou os gritos das crianças implorando por comida, você insiste em jogar “a última” até o fim dos tempos e quando, finalmente, joga “a definitivamente última” e vai dormir não consegue pegar no sono porque, na sua mente, os movimentos do jogo não param, você só vê sequências multi-naipes, três de ouros sob quatro de paus, a tela do computador preenchida pelas cartas tomando conta da sua atenção, exigindo estratégias e propondo alternativas para alinhar de ás a rei do mesmo naipe e formar um montinho no canto esquerdo, ali embaixo.
Qual é a graça desse jogo, por todos os cavacos do ofício? Por que ele está sempre ali, a espreita de ser jogado, quando você tem tanta coisa para fazer?
Que estranho poder é esse, tão forte quanto o de certos senadores que, muda governo, muda partido, estão sempre ali, nas bocas, presidindo isto ou aquilo, acumulando riquezas e enganando os povos?
Não sei, palavra de honra.
Se a humanidade fosse apaixonada, com toda certeza não existiria o spider e muito menos o senado.
Entre um e outro, fico com a paixão, se alguém me disser onde ela está
sexta-feira, 6 de março de 2009
COLABORAÇÃO DA CATIUCIA
RACIOCÍNIO RÁPIDO...
TUDO NA VIDA DEPENDE DE UM RACIOCINIO RÁPIDO...
O sujeito está na cama com a amante quando ouve os passos do marido.
A mulher manda-o pegar as roupas e pular pela janela.
Ele reluta, porque está caindo uma chuva forte, mas, não tendo outro jeito, pula e cai na rua, no meio de uma maratona..
Ele aproveita e corre junto com os outros, que o olham de um jeito esquisito. Afinal, ele está pelado!
Um outro corredor pergunta:
- Você sempre corre assim pelado?
- Sim! - responde o amante - Ah, é tão bom ter essa sensação de liberdade...
Outro corredor pergunta:
- Mas você sempre corre assim pelado carregando suas roupas?
O sujeito não se dá por vencido:
- Eu gosto assim. Posso me vestir no fim da corrida e pegar o carro para ir para casa...
Um terceiro corredor insiste:
- Mas você sempre corre assim pelado carregando suas roupas e com uma camisinha no pinto?
O sujeito responde:
- Só quando está chovendo!
TUDO NA VIDA DEPENDE DE UM RACIOCINIO RÁPIDO...
O sujeito está na cama com a amante quando ouve os passos do marido.
A mulher manda-o pegar as roupas e pular pela janela.
Ele reluta, porque está caindo uma chuva forte, mas, não tendo outro jeito, pula e cai na rua, no meio de uma maratona..
Ele aproveita e corre junto com os outros, que o olham de um jeito esquisito. Afinal, ele está pelado!
Um outro corredor pergunta:
- Você sempre corre assim pelado?
- Sim! - responde o amante - Ah, é tão bom ter essa sensação de liberdade...
Outro corredor pergunta:
- Mas você sempre corre assim pelado carregando suas roupas?
O sujeito não se dá por vencido:
- Eu gosto assim. Posso me vestir no fim da corrida e pegar o carro para ir para casa...
Um terceiro corredor insiste:
- Mas você sempre corre assim pelado carregando suas roupas e com uma camisinha no pinto?
O sujeito responde:
- Só quando está chovendo!
quinta-feira, 5 de março de 2009
QUEM É QUE ADMINISTRA ISSO TUDO?
João Eichbaum
Tem gente que acredita na existência de um ser superior, a quem chamam de “Deus”. Para esse “Deus” rezam, pedem, agradecem, prestam louvores e lhe atribuem a criação e a administração do mundo.
Se o mundo fosse uma beleza, com tudo funcionando certinho, no lugar, tudo bem.
Mas, ao contrário, o que se vê é injustiça, miséria, opressão, ladroagem e, nas mãos alguns poucos, muita riqueza.
Portanto, gente, o mundo não é uma beleza. A própria natureza é indomável, cega, raivosa, arma tempestades, incêndios, secas, enchentes, mata inocentes, destrói a vida de crianças, etc..
Ou seja, não há quem administre os homens, nem a natureza. Deus nenhum iria permitir injustiças, misérias, opressão, fome para muitos e riqueza para poucos. Os que acreditam na existência de um “Deus”, outra coisa não fazem senão ultrajar esse “Deus”, a quem atribuem o poder de tudo, culpando-o, contraditoriamente, pelo mal que acontece à maioria da humanidade.
Hoje, por exemplo, os jornais noticiam uma selvageria praticada, em Porto Alegre, por marginais, que moram debaixo de uma ponte, contra um indefeso homem que se atreveu se abrigar no mesmo local. Espancaram-no, chutaram-no, jogaram-lhe pedras e só o deixaram porque, tendo ele desmaiado, o imaginaram morto. Por nada. Por pura maldade.
Os mesmos jornais noticiam que o Diretor Geral do Senado – nomeado pelo Sarney, naturalmente – enriqueceu do dia para noite e construiu uma mansão de dar água na boca de qualquer empresário rico deste país.
Então, meus amigos, dá pra acreditar que algum “Deus” esteja administrando tudo isso: a miséria de quem mora debaixo da ponte e a ostentação de quem se apodera do nosso dinheiro?
É para tentar justificar sua animalidade que os homens inventam deuses.
João Eichbaum
Tem gente que acredita na existência de um ser superior, a quem chamam de “Deus”. Para esse “Deus” rezam, pedem, agradecem, prestam louvores e lhe atribuem a criação e a administração do mundo.
Se o mundo fosse uma beleza, com tudo funcionando certinho, no lugar, tudo bem.
Mas, ao contrário, o que se vê é injustiça, miséria, opressão, ladroagem e, nas mãos alguns poucos, muita riqueza.
Portanto, gente, o mundo não é uma beleza. A própria natureza é indomável, cega, raivosa, arma tempestades, incêndios, secas, enchentes, mata inocentes, destrói a vida de crianças, etc..
Ou seja, não há quem administre os homens, nem a natureza. Deus nenhum iria permitir injustiças, misérias, opressão, fome para muitos e riqueza para poucos. Os que acreditam na existência de um “Deus”, outra coisa não fazem senão ultrajar esse “Deus”, a quem atribuem o poder de tudo, culpando-o, contraditoriamente, pelo mal que acontece à maioria da humanidade.
Hoje, por exemplo, os jornais noticiam uma selvageria praticada, em Porto Alegre, por marginais, que moram debaixo de uma ponte, contra um indefeso homem que se atreveu se abrigar no mesmo local. Espancaram-no, chutaram-no, jogaram-lhe pedras e só o deixaram porque, tendo ele desmaiado, o imaginaram morto. Por nada. Por pura maldade.
Os mesmos jornais noticiam que o Diretor Geral do Senado – nomeado pelo Sarney, naturalmente – enriqueceu do dia para noite e construiu uma mansão de dar água na boca de qualquer empresário rico deste país.
Então, meus amigos, dá pra acreditar que algum “Deus” esteja administrando tudo isso: a miséria de quem mora debaixo da ponte e a ostentação de quem se apodera do nosso dinheiro?
É para tentar justificar sua animalidade que os homens inventam deuses.
quarta-feira, 4 de março de 2009
COLUNA DO PAULO WAINBERG
Crônicas adventícias
VOLTANDO AOS POUCOS
Paulo Wainberg
Quem acreditou por um segundo sequer que estava livre para sempre das minhas crônicas (sorriso sardônico), enganou-se redondamente.
Eis me aqui, como o boêmio, de regresso, a atazanar sua vida, a encher suas caixa postal, os antigos já sabem que tem que pedir para sair e, para os novos, aviso agora porque, como se sabe, quem cala consente.
Na verdade e falando sério, quem sentiu falta de vocês fui eu, palavra de honra. Mas precisei dar um tempo, sabe como é?, distância as vezes é bom para fortalecer a proximidade.
E sem delongas vou logo contando que tive uma magnífica experiência neste mês de fevereiro, que raras pessoas tem a oportunidade de vivenciar e as que tem não podem adiar mais.
Durante sete dias, vivi num formigueiro!
Exatamente, meu querido, rodeado de formigas, agindo como formiga, bebendo e comendo do bom e do melhor porque, se a metáfora é boa, o conjunto da obra também é.
Fizemos, minha senhôura e eu, um cruzeiro de navio que começou num sábado no Rio de Janeiro, parou em Maceió, voltou para Salvador e terminou no outro sábado, no mesmo Rio de Janeiro.
Lá dentro, tudo de bom o tempo inteiro, vinte e quatro horas por dia, as comidas, as bebidas, a piscina, o piano-bar, o cassino, as boates, os shows, os atendentes, o mar, o céu, a brisa, os animadores, as brincadeiras, os dois livros que li (os dois últimos volumes de Os Reis Malditos que ganhei de minha amiga Rosemary da Ed. Bertrand), o camarote, a vista, as cidades e, é claro, as formigas.
Sim, formigas humanas é claro, espero que a metáfora tenha sido entendida lá em cima. Durante as 24 horas do dia, a bordo, tem pessoas indo e vindo, subindo e descendo dos elevadores, caminhando numa ou noutra direção, pelos corredores por onde houver espaço.
Eu e minha senhôura costumávamos sentar no convés da piscina, no décimo primeiro andar da embarcação, em confortáveis cadeiras de praia onde com um simples gesto alguém da tripulação nos trazia desde água até qualquer bebida, qualquer bebida, tudo de graça (incluído no pacote) e ali, placidamente gozando das delícias do ócio absoluto, a cada dia mais ficava claro em minha mente ensolarada como é a vida dentro de um formigueiro.
Não sou lá grande coisa em estatísticas nem muito afeito a elas mas éramos dois mil passageiros e seiscentos tripulantes a bordo, a bombordo e a estibordo, acima, no meio e em baixo, nos elevadores e na casa de máquinas, nos camarotes e nos banheiros.
E todos nos movíamos, mais cedo ou mais tarde.
As formigas estão sempre em movimento, andam em filas indianas, indo e vindo sem razão aparente, param algumas e trocam antenas, seguem adiantam ou voltam de onde vinham mas não param nunca.
Sabemos, graças aos estudos dos outros, que existe um propósito no andar das formigas. Assim como existe um propósito no andar das pessoas num navio: elas estão indo para ou vindo de algum lugar. Isto é certo. O que, no caso do navio é uma vantagem porque se todos fossem para um mesmo lugar ao mesmo tempo, sei não, acho que não ia caber.
Por duas noites tentei subir ao convés superior para romanticamente olhar o céu e o mar, mas fui impedido pelo forte e quente vento que tirava o romantismo, estragava os cabelos e, bom, era bem desagradável.
Numa outra noite, andando sozinho pela embarcação (minha senhôura já se recolhera) fui fumar um cigarro apoiado na balaustrada do deck seis, mais pertinho do mar e protegido do vento.
Tal qual Gary Grant em Suplício de uma Saudade, imaginei que em poucos minutos Debora Kerr estaria ao meu lado, tomaríamos uma taça de champanha e viveríamos um tórrido romance momentaneamente interrompido porque ela deixaria de comparecer ao encontro marcado na frente do Edifício União, na Borges de Medeiros aqui em Porto Alegre.
Qual o quê. Durante a viagem aqueles foram os únicos minutos em que ninguém, absolutamente ninguém apareceu indo ou vindo de algum lugar. As formigas dormiam, no deck seis.
No cômputo geral, adorei o passeio. Só o mar – quando se está sobre ele – produz efeito tão relaxante, assim tão calmante e acalentador. Ali de cima do navio, suavemente a mercê das ondas sensuais do oceano, os pensamentos abrandam e a imaginação flui, a gente não precisa fazer nenhum esforço.
Eu vou de novo, isto é certo. E, para quem não foi, recomendo.
O bom da viagem é voltar para casa e encontrar tudo bem. E posso assegurar que, tirando os problemas, encontrei tudo bem. E, porque está tudo bem, recomeço hoje a enviar estas crônicas que, acreditem ou não, é uma forma de contato, um jeito de dizer que estou aí e que é muito, mas muito bom ter com quem falar.
VOLTANDO AOS POUCOS
Paulo Wainberg
Quem acreditou por um segundo sequer que estava livre para sempre das minhas crônicas (sorriso sardônico), enganou-se redondamente.
Eis me aqui, como o boêmio, de regresso, a atazanar sua vida, a encher suas caixa postal, os antigos já sabem que tem que pedir para sair e, para os novos, aviso agora porque, como se sabe, quem cala consente.
Na verdade e falando sério, quem sentiu falta de vocês fui eu, palavra de honra. Mas precisei dar um tempo, sabe como é?, distância as vezes é bom para fortalecer a proximidade.
E sem delongas vou logo contando que tive uma magnífica experiência neste mês de fevereiro, que raras pessoas tem a oportunidade de vivenciar e as que tem não podem adiar mais.
Durante sete dias, vivi num formigueiro!
Exatamente, meu querido, rodeado de formigas, agindo como formiga, bebendo e comendo do bom e do melhor porque, se a metáfora é boa, o conjunto da obra também é.
Fizemos, minha senhôura e eu, um cruzeiro de navio que começou num sábado no Rio de Janeiro, parou em Maceió, voltou para Salvador e terminou no outro sábado, no mesmo Rio de Janeiro.
Lá dentro, tudo de bom o tempo inteiro, vinte e quatro horas por dia, as comidas, as bebidas, a piscina, o piano-bar, o cassino, as boates, os shows, os atendentes, o mar, o céu, a brisa, os animadores, as brincadeiras, os dois livros que li (os dois últimos volumes de Os Reis Malditos que ganhei de minha amiga Rosemary da Ed. Bertrand), o camarote, a vista, as cidades e, é claro, as formigas.
Sim, formigas humanas é claro, espero que a metáfora tenha sido entendida lá em cima. Durante as 24 horas do dia, a bordo, tem pessoas indo e vindo, subindo e descendo dos elevadores, caminhando numa ou noutra direção, pelos corredores por onde houver espaço.
Eu e minha senhôura costumávamos sentar no convés da piscina, no décimo primeiro andar da embarcação, em confortáveis cadeiras de praia onde com um simples gesto alguém da tripulação nos trazia desde água até qualquer bebida, qualquer bebida, tudo de graça (incluído no pacote) e ali, placidamente gozando das delícias do ócio absoluto, a cada dia mais ficava claro em minha mente ensolarada como é a vida dentro de um formigueiro.
Não sou lá grande coisa em estatísticas nem muito afeito a elas mas éramos dois mil passageiros e seiscentos tripulantes a bordo, a bombordo e a estibordo, acima, no meio e em baixo, nos elevadores e na casa de máquinas, nos camarotes e nos banheiros.
E todos nos movíamos, mais cedo ou mais tarde.
As formigas estão sempre em movimento, andam em filas indianas, indo e vindo sem razão aparente, param algumas e trocam antenas, seguem adiantam ou voltam de onde vinham mas não param nunca.
Sabemos, graças aos estudos dos outros, que existe um propósito no andar das formigas. Assim como existe um propósito no andar das pessoas num navio: elas estão indo para ou vindo de algum lugar. Isto é certo. O que, no caso do navio é uma vantagem porque se todos fossem para um mesmo lugar ao mesmo tempo, sei não, acho que não ia caber.
Por duas noites tentei subir ao convés superior para romanticamente olhar o céu e o mar, mas fui impedido pelo forte e quente vento que tirava o romantismo, estragava os cabelos e, bom, era bem desagradável.
Numa outra noite, andando sozinho pela embarcação (minha senhôura já se recolhera) fui fumar um cigarro apoiado na balaustrada do deck seis, mais pertinho do mar e protegido do vento.
Tal qual Gary Grant em Suplício de uma Saudade, imaginei que em poucos minutos Debora Kerr estaria ao meu lado, tomaríamos uma taça de champanha e viveríamos um tórrido romance momentaneamente interrompido porque ela deixaria de comparecer ao encontro marcado na frente do Edifício União, na Borges de Medeiros aqui em Porto Alegre.
Qual o quê. Durante a viagem aqueles foram os únicos minutos em que ninguém, absolutamente ninguém apareceu indo ou vindo de algum lugar. As formigas dormiam, no deck seis.
No cômputo geral, adorei o passeio. Só o mar – quando se está sobre ele – produz efeito tão relaxante, assim tão calmante e acalentador. Ali de cima do navio, suavemente a mercê das ondas sensuais do oceano, os pensamentos abrandam e a imaginação flui, a gente não precisa fazer nenhum esforço.
Eu vou de novo, isto é certo. E, para quem não foi, recomendo.
O bom da viagem é voltar para casa e encontrar tudo bem. E posso assegurar que, tirando os problemas, encontrei tudo bem. E, porque está tudo bem, recomeço hoje a enviar estas crônicas que, acreditem ou não, é uma forma de contato, um jeito de dizer que estou aí e que é muito, mas muito bom ter com quem falar.
terça-feira, 3 de março de 2009
SENSACIONAL
COLABORAÇÃO DA VIVIAN
Hoje, refletindo sobre o efeito do nada sobre porra nenhuma, me dei conta de que o Brasil
é o único país do mundo governado por um analfabeto que assinou uma reforma
ortográfica,
e também alcoólatra, que instituiu uma lei seca.
E ele ainda teve a petulância de pedir a Deus para dar INTELIGÊNCIA ao Barack Obama, que é formado em Harvard.
Vivian
é o único país do mundo governado por um analfabeto que assinou uma reforma
ortográfica,
e também alcoólatra, que instituiu uma lei seca.
E ele ainda teve a petulância de pedir a Deus para dar INTELIGÊNCIA ao Barack Obama, que é formado em Harvard.
Vivian
segunda-feira, 2 de março de 2009
RECOMEÇANDO
PÃO e CIRCO
João Eichbaum
O pão o pessoalzinho consegue com o “bolsa-família”. E viva esse país de miseráveis, de nordestinos vivendo coma indústria da seca, de políticos nordestinos que enriquecem graças à ignorância de seus conterrâneos, de políticos gaúchos que só sabem fazer blá-blá-blá, de políticos paulistas e mineiros – todos iguais ao Sarney – que não largam jamais o poder, esteja ele nas mãos de quem estiver.
Agora, o circo, esse vem sendo mantido, fielmente pelo Lula. Vocês viram o que aconteceu no sambódromo? Eu não vi, mas os jornais me contaram: O Lula distribuindo “camisinhas” para a multidão ensandecida de prazer!
Sim, meus amigos, neste último carnaval o Lula resolveu incrementar o currículo sexual dos brasileiros, inaugurando um novo programa “social”, o “bolsa-pênis”. Agora, como esse currículo, os eleitores têm tudo para eleger a Dilma, até sem plástica.
Era o último dominó que faltava para o PT derrubar: o da vergonha na cara.
João Eichbaum
O pão o pessoalzinho consegue com o “bolsa-família”. E viva esse país de miseráveis, de nordestinos vivendo coma indústria da seca, de políticos nordestinos que enriquecem graças à ignorância de seus conterrâneos, de políticos gaúchos que só sabem fazer blá-blá-blá, de políticos paulistas e mineiros – todos iguais ao Sarney – que não largam jamais o poder, esteja ele nas mãos de quem estiver.
Agora, o circo, esse vem sendo mantido, fielmente pelo Lula. Vocês viram o que aconteceu no sambódromo? Eu não vi, mas os jornais me contaram: O Lula distribuindo “camisinhas” para a multidão ensandecida de prazer!
Sim, meus amigos, neste último carnaval o Lula resolveu incrementar o currículo sexual dos brasileiros, inaugurando um novo programa “social”, o “bolsa-pênis”. Agora, como esse currículo, os eleitores têm tudo para eleger a Dilma, até sem plástica.
Era o último dominó que faltava para o PT derrubar: o da vergonha na cara.
Assinar:
Postagens (Atom)