SEM PROTEÇÃO
João Eichbaum
Há coisa de dois anos atrás, na Itália, um terremoto, como não poderia deixar de ser, causou destruição, matou várias pessoas, deixou outras sem moradia, etc. Mas o maior estrago, na concepção da imprensa internacional, foi o causado numa igreja de inigualável beleza arquitetônica, erguida, se não me engano, no século XII, e dedicada ao chamado São Francisco de Assis.
Há uns três meses atrás, no interior de São Paulo, uma igreja, também antiga e bela, veio abaixo, destruída pela fúria das águas que derrubaram montanhas – coisa que nunca vi a fé fazer.
No Haiti, só para relembrar o que todo mundo já está cansado de saber, impiedoso terremoto derrubou a igreja na qual estavam padres, pessoas piedosas, gente ligada à religião, como a dona Zilda Arns, irmã do arcebispo Paulo Evaristo Arns, tida e havida como heroína e missionária na causa de caridade cristã.
Num ato litúrgico em Roma, foram derrubados o papa Joseph Ratzinger e um de seus cardeais, que foi parar no hospital, com fraturas.
Na edição de ontem, o jornal Zero Hora noticia que “ a catedral gótica de Frederico Westphalen, na Região Norte, pode ganhar um elemento arquitetônico inusitado e polêmico: cercas”.
O dono da idéia da cerca não é ninguém menos do que o bispo da cidade, Antônio Carlos Rossi Keller. Diz o bispo que “já ocorreram ali destruição, agressões e roubos. Temos que pensar na segurança dos fiéis que freqüentam a catedral diocesana, nos padres que ali habitam e nas pessoas que transitam no entorno”.
O bispo, portanto, só acredita na proteção das cercas. Não disse uma palavra sobre o “Deus” aquele, a quem ele atribui bondade, misericórdia e poder e a quem teria o dever profissional de recorrer.
Bem, tudo isso só me leva a uma pergunta: qual é a de “Deus”, que faz ouvidos moucos às preces e não protege seus sagrados templos, nem as pessoas que dedicam sua vida à religião, à caridade, ao amor ao próximo, e não botam dinheiro nas cuecas, nem nas meias?
Alguém aí me explica?
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