sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS

EXAME DE CRUZINHAS

João Eichbaum

Em excelente artigo, intitulado “Como Fazer Um Bom Médico”, o doutor Flávio José Kanter conclui que “sair-se bem em testes de múltipla escolha prova que o candidato é bom em responder questões de múltipla escolha”.
A tese do doutor Flávio encontra ressonância naquela outra afirmação que se faz comumente, afirmação essa que provém de professores de “cursos de preparação para concursos”: só é aprovado o candidato que aprende a fazer concurso.
Ou seja, o conhecimento é o que menos importa.
O doutor Flávio levanta a questão, para concluir que o êxito no vestibular de medicina, que é um exame de múltipla escolha, não garante o êxito do candidato como profissional da medicina.
O mesmo ocorre com os “concursos” para juiz, promotor, procurador, etc, nos quais são aprovados os candidatos que acertam o maior número de “cruzinhas”.
Em primeiro lugar, os candidatos, de um modo geral, pertencem à elite: são filhinhos e filhinhas de papai, que nunca trabalharam na vida e sua única ocupação é prestar concurso, para seguirem a mesma profissão do pai ou da mãe.
Em segundo lugar, os chamados “testes de múltipla escolha” são elaborados por empresas, cujo único objetivo é o lucro. Isto é, para elas o conhecimento não é o principal, pois o que lhes importa é o seu produto no mercado. Por isso mesmo, tais testes, geralmente, têm péssima redação e induzem em erro com a maior facilidade, pois não são elaborados por profissionais do ramo, mas por gente interessada em lucro.
Resultado: os candidatos aprovados, certamente, não serão os melhores profissionais. Prova disso são as incongruências e a instabilidade jurídica que domina o sistema: cada juiz decide como bem entende e a maioria deles entende muito pouco. Sem contar aqueles que simplesmente confiam despachos e sentenças para seus “assessores”.
É por isso que a Justiça não merece confiança. Porque não há juízes, mas funcionários públicos, de alto coturno, muito bem remunerados, garantidos por uma perversa vitaliciedade, que lhes dá “status”, poder e autoridade, mas não os obriga a fazer justiça.

Um comentário:

rogerio disse...

E o pior que esses ditos "doutores" são tão soberbos que não conseguem nem fazer uma conexão de um neurônio para outro. Pois se assim o fizessem muito do que está por ai como "justiça social" teria terminado.