O ESTERCO DO DIABO
João Eichbaum
Uma das marcas mais gritantes da religião católica é a hipocrisia. Minha única dúvida é se ela começa nos fiéis e contamina a hierarquia da Igreja, ou vice-versa.
Sabem aquele ditado “façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço”?
Cabe como uma luva na Igreja Católica.
Precisa dizer mais alguma coisa, além de lembrar os padres e os bispos pedófilos?
E aquelas carolas que vivem rezando “terço”, tomando comunhão e se ocupando da vida do próximo? E aqueles senhores endinheirados que frequentam a lista dos benfeitores da Igreja, graças aos negócios escusos que lhes proporcionam lucros vultosos?
Pois agora, para fornecer mais argumentos que alimentam a minha tese da hipocrisia, aparece o tema desse bla-bla-bla anual, chamado “campanha da fraternidade”.
O bla-bla-bla desse ano é contra o dinheiro, que o padre Fioravante Trevisan, nos meus tempos de criança, chamava de “esterco do diabo”, contra o capitalismo e o lucro.
Algum de vocês aí tem tanto capital quanto a Igreja Católica?
E as riquezas do Vaticano? E o comércio turístico da Igreja Católica? Você entra de graça no museu do Vaticano? E o banco do Vaticano serve para quê? Para juntar dinheiro e distribuí-lo entre os pobres?
Você já mandou rezar missa por algum defunto querido, sem pagar nada? Você casou na igreja, de graça? E a catequese para as crianças, o ensino do caminho para a “salvação da alma” é de graça? E o que é que o padre faz com o dinheiro dos neófitos, quando é certo que as catequistas trabalham de graça?
E o dízimo, hein? O dízimo é lei, vocês sabiam? É lei dentro da Igreja, é um dos seus mandamentos: “pagar o dízimo, segundo os costumes”. E o dinheirinho aquele que pinga nas caixinhas de “espórtula” durante a missa?
“Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço” é a máxima que sustenta a religião católica. O lucro é pecado para os outros, isto é, para os que não pertencem à hierarquia da Igreja Católica. O dinheiro é o “esterco” do diabo. Mas sem dinheiro, isto é, sem esterco do diabo a Igreja não vive. E, pior que isso, ganha o dinheiro do diabo, sem trabalhar, sem produzir, sem esforço, sem suor no rosto.
A renúncia ao luxo e às riquezas, que o “judeu aquele” - como diria o Janer Cristaldo – pregava, não encontrou ressonância alguma no cristianismo da Igreja Católica. Ou vocês acham que o luxo e a pompa do Vaticano não despertaria os costumeiramente irascíveis discursos do Filho do Espírito Santo?
Falo da Igreja Católica, porque sua hipocrisia me incomoda. Mas, nenhuma Igreja, nenhuma religião vive sem dinheiro, nem seus dirigentes sem uma nababesca vida. Religião é negócio. Que o digam Edir Macedo e outros menos votados. A diferença está em que essas outras religiões, que não a católica, não se metem de pato a ganso, proibindo coisas que elas praticam abertamente, porque delas não podem abrir mão. Ou seja, não são hipócritas.
Ah, antes que me esqueça: a arquidiocese do Rio de Janeiro está exigindo da Columbia Pictures uma indenização pelo uso indevido do Cristo Redentor no filme “Catástrofe 2.012”.
No tempo do “apóstolo” Judas, antes da crucificação, a cota do Cristo estava em 30 dinheiros. Atualmente, já crucificado, quanto valerá ele?
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